sábado, 1 de dezembro de 2007

Karam foi pra Allures

Sempre que penso em Karam, penso em "Doce primavera", penso em "Aleluia Gretchen". Sabe por que? O culpado desses pensamentos são sempre o ator José Maria Santos. Foi com Zé Maria que conheci o Guairinha, - panteão do teatro paranaense. Foi lá, que tomado de choque vi as mais intensas e estupendas interpretações do teatro. Dizendo diálogos de Manoel Carlos Karam, Zé Maria, Lúcio Weber e principalmente Irineu Adami transformaram minha vida de estudante de telecomunicações em um futuro jornalista e ator. Depois, ou antes, não sei, Karam estava por detrás daqueles diálogos com que Zé Maria conquistou o Kikito de Ouro de Gramado pelo filme de Silvio Back. O ator José Maria Santos deve aos textos de Karam pelo menos três de seus troféus de melhor ator.
Certamente no dia de hoje, Zé Maria e Irinei Adami junto com Narciso Assumpção, Oraci Gemba, Olinda Wischeral, Maurício Tavorá, Sale Wolokita, Edy Franciosi, Lala Schneider estão recepcionando Karam lá em "Allures do Sul" como diz o cartunista Solda - amigo de todos eles. E nós ficamos aqui aturdidos com tantos que estão nos deixando. O crítico Deonísio da Silva escreveu que "Curitiba abriga um grupo de escritores inventivos, inconformados como é de praxe acontecer a pessoas lúcidas. Alguns dos maiores reconhecimentos literários brasileiros foram parar nas mãos deles. Em 1995, Manoel Carlos Karam arrebatou o Prêmio Cruz e Sousa. E ano passado, Dalton Trevisan levou para Curitiba o Prêmio Portugal Telecom. " - "Karam é mestre em desconcertar sempre mais." - "Karam insiste no absurdo da existência. Seu viés, porém, não é o desolador olhar de um Camus, de um Sartre, mas o de um brasileiro desconfiado. Muito desconfiado."
Karam nasceu em 1947 em Santa Catarina, mas vivendo em Curitiba desde 1966, tornou-se um curitibano pela longevidade em terras de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais e agora este 1° de dezembro infelizmente encerra esta caminhada.
Confesso que não li os livros que Karam publicou e que listo abaixo, mas suas peças de teatro continuam na minha memória. Além de DOCE PRIMAVERA (o melhor espetáculo teatral que assisti em minha vida e dois continente), "Fulano de Tal" (Zé Maria depois deste sucesso colocou o nome de seu sitio na Lapa de Fulano de Tal), "Urubu",
"Céu da Boca", "Esquina da Sete de Setembro com 31 de Março".

"Fulano de Tal" de Manoel Carlos Karam, com José Maria Santos e o casal de irmãos Denise e Narciso Assumpção.
Livros publicados:
  • Fontes murmurantes Rio de Janeiro: Marco Zero, 1985
  • O impostor no baile de máscaras Porto Alegre: Artes&Ofícios, 1992
  • Cebola Florianópolis: FCC Edições, 1997
  • Comendo bolacha maria no dia de são nunca São Paulo: Ciência do Acidente, 1999
  • Pescoço ladeado por parafusos São Paulo: Ciência do Acidente, 2001
  • Encrenca Cotia SP: Ateliê Editorial; Curitiba PR: Imprensa Oficial do Paraná, 2002
  • Sujeito oculto São Paulo: Barcarolla, 2004
Minha saudação posso fazer também através deste Poema de Natal de Vinicius de Moraes, que você pode ouvir aqui

Wyraźnie spółczucje i szczery kondolencji dla rodziną

Distintamente meus sentimentos comuns e sinceras condolências para a família

Nenhum comentário: