segunda-feira, 10 de outubro de 2016

WAJDA NIE ŻYJE - Wajda morreu


O maior cineasta polaco de todos os tempos e um dos maiores do mundo ANDRZEJ WAJDA morreu na noite deste domingo aos 90 anos de idade, em plena atividade profissional.

O cineasta estava internado, num hospital de Varsóvia, há alguns dias devido a problemas pulmonares e foi colocado em coma induzido. Wajda acabou morrendo, no início da noite deste domingo, de insuficiência pulmonar.

Andrzej Witold Wajda nasceu em 6 de março de 1926, na cidade de Suwałki (Nordeste da Polônia). Filho de Jakub Wajda, oficial do exército polaco, assassinado pelos soviéticos em Katyń (Rússia) durante a II Guerra Mundial e de Aniela (Białowąs), uma professora do ensino fundamental.

Wajda deixa sua filha Karolina e sua quarta esposa Krystyna Zachwatowicz. Suas três primeiras esposas foram Gabriela Obremba (casados entre 1949 a 1959), Sofia Żuchowska (1959 a 1967) e Beata Tyszkiewicz (1967 a 1969), a mãe de Karolina.


Depois da guerra, Wajda estudou pintura, na Academia de Belas Artes de Cracóvia e direção de cinema, em uma das mais importantes universidades de cinema de todo o mundo, A Escola Superior de Cinema de Łódż (pronuncia-se uúdji), a mesma onde se formaram Romań Polański, Krzysztof Kieślowski, Krzysztof Zanussi, Agnieszka Holland, Piotr Sobociński (diretor de fotografia) e tantos outros.

Wajda foi agraciado com o Oscar (por sua contribuição ao cinema mundial e conjunto de sua obra, em 2000) quando foi descrito como "homem cujos filmes deram a plateias do mundo inteiro uma visão artística da história, da democracia e da liberdade, e que assim, tornou-se ele mesmo um símbolo de coragem e esperança para milhões de pessoas no pós-guerra da Europa".

Foram mais de 40 filmes, verdadeiras obras de arte, premiados em festivais de cinema de todo o mundo. Três de suas mais importantes estatuetas (Oscar, Palma de Ouro, Leão de Ouro), ele doou para o museu da Universidade Iaguielônica de Cracóvia, a mais antiga da Polônia.


Em 1990, Andrzej Wajda foi homenageado pelo "European Film Awards" por sua vida de realizações cinematográficas. Apenas, outros dois diretores receberam tal honraria: o italiano Federico Fellini e o sueco Ingmar Bergman.

O primeiro momento de reconhecimento internacional chegou com O Homem de Mármore (1977), uma crítica à Polônia comunista que Wajda chegou a apresentar em Cannes. O filme retrata a história de uma jovem estudante de cinema de Cracóvia, Agnieszka – esta procura fazer um documentário sobre Mateusz Birku, um pedreiro que se tornou um herói operário e a quem chegou a ser construída uma estátua de mármore. Só que, entretanto, sem que se saiba bem porquê, Birkut caiu em desgraça e desapareceu do mapa durante anos. A jovem realizadora acaba por refazer o seu percurso até chegar ao filho deste, Maciej Tomczyk, nos estaleiros de Gdańsk, onde se vivem momentos de agitação. É Maciej que lhe conta que o pai está morto há anos.

O Homem de Ferro nasceria poucos anos depois e é neste filme que fica claro que Mateusz Birkut foi uma das vítimas do massacre de Dezembro de 1970 em Gdańsk, em que pelo menos 42 pessoas foram mortas pelas forças do regime polaco quando protestavam contra o aumento de preços dos produtos alimentares. Wajda voltou a Gdańsk em 1980 e em 1981 já estava lançando este filme em que acompanha a história de Maciej.

Urso de Ouro do Festival de Berlim
Agora, o percurso do jovem protagonista é intencionalmente semelhante ao de Lech Wałęsa, fundador do Solidarność, ou Solidariedade, que nasceu em 1980 e foi o primeiro movimento cívico e sindical livre na chamada “cortina de ferro”. O próprio Wałęsa, que foi o primeiro presidente da Polônia após à queda do mundo soviético (em 1989), chega a aparecer no filme.

“Eu sabia que era necessário filmar o que se estava se passando lá em baixo [em Gdańsk]”, contou certa vez o realizador aos microfones da emissora francesa RFI. “Assim que entrei nos estaleiros, um operário veio sentar-se ao meu lado e disse-me: - Senhor Andrzej, tem de fazer um filme sobre nós. Já fez O Homem de Mármore, agora faça O Homem de Ferro, recordou Wajda. “Não tenho por hábito fazer filmes por encomenda, mas se a encomenda é de um operário, sim”, afirmou o realizador polaco.

Oscar 2000

Seu último filme "Powidoki" (imagens residuais) estreou oficialmente agora em setembro. Filme sobre o pintor Władysław Strzemiński, interpretado por Bogusław Linda, está previsto para ser lançado mundialmente no início de 2017.

É o filme polaco candidato ao "Oscar" do próximo ano. Foi premiado no recente Festival de Cinema de Gdynia. Wajda ao receber o troféu declarou que este não era seu último projeto, já que estava já trabalhando num próximo filme.

No último dia 9 de junho deste ano, publiquei em meu blog uma longa entrevista com o cineasta de "Kanał (1956)". Leia "Andrzej Wajda: nacionalistas na Polônia dizem NÃO"...em:

http://iarochinski.blogspot.com.br/…/andrzej-wjada-nacional

… A televisão TVN24 detalha a morte e a vida do monumento "Wajda":



Filmes

1954 – Geração (Pokolenie)
1957 –  Canal (Kanał)
1958 – Cinzas e diamantes (Popiół i diament)
1959 – Lotna
1962 – Um Amor aos Vinte Anos (L'Amour à Vingt Ans)
1969 – Tudo a Venda (Wszystko na sprzedaż)
1970 – Paisagem após a Batalha (Krajobraz po bitwię)
1970 – O Bosque de Bétulas (Brzezina)
1973 – Bodas (Wesele)
1975 – Terra Prometida (Ziemia obiecana)
1976 – O Homem de Mármore (Człowiek z marmuru)
1978 – Sem anestesia (Bez znieczulenia)
1979 – As Senhoritas de Wilko (Panny z Wilka)
1980 – O Maestro (Dyrygent)
1981 – O homem de ferro (Człowiek z żelaza)
1983 – Danton
1983 – Um Amor na Alemanha (Eine Liebe in Deutschland)
1988 – Os Possessos (Les possédés)
1990 – As 200 Crianças do Dr. Korczak (Korczak)
1995 – Semana Santa (Wielki tydzien)
1997 – Senhorita Ninguém (Panna Nikt)
1999 – O Senhor Tadeu (Pan Tadeusz)
2002 – A Vingança (Zemsta)
2007 – Katyń
2009 – Doce Perfume (Tatarak)
2013 – Wałęsa
2016 - Imagens Residuais (Powidoki)

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