Alemanha acredita que União Europeia está pronta para assinar acordo com Mercosul, mas a Polônia diz que isso não é verdade.
Mas de todo modo os opositores ainda não representam um grupo capaz de bloquear a medida no bloco europeu.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, colocou o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, numa saia justa nesta sexta-feira, 27.
Em entrevista coletiva para fazer um balanço sobre os seis meses em que ocupou a presidência rotativa da União Europeia, Tusk contrariou o alemão ao dizer que ele não foi “preciso” ao afirmar que o bloco estava praticamente pronto para assinar um acordo de livre comércio com o Mercosul.
Merz fez comentários de que nenhum líder se opunha publicamente ao acordo, Tusk sugeriu que o chanceler alemão tinha sido de fato incorreto. Fez uma careta ao dizer que a fala “não foi, como posso dizer delicadamente, precisa”.
Tusk disse que a Polônia continua “fundamentalmente” contrária ao acordo, juntamente com a França, entre outros países. Observou, no entanto, que eles não representam um um grupo capaz de bloquear a medida na União Europeia – pelo menos não ainda.
Ontem Merz tinha declarado que os líderes da União Europeia estavam “basicamente unidos” no desejo de finalizar um acordo comercial com o grupo que reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia o mais rápido possível. Segundo ele, há apenas “pequenas diferenças” entre os europeus em relação ao pacto.
Merz disse ter conversado duas vezes com o presidente da França, Emmanuel Macron, sobre o assunto durante a cúpula e que sentiu que havia “grande prontidão” para concluir o acordo.
Macron, no entanto, adotou uma postura diferente, dizendo a repórteres que a França não poderia aceitar o acordo como está.
O acordo UE-Mercosul
As negociações para um pacto comercial entre a União Europeia e o Mercosul se arrastam por cerca de 25 anos. Um acordo chegou a ser anunciado em 2019, mas teve sua formalização bloqueada devido a exigências europeias por garantias mais rígidas contra o desmatamento da Amazônia e compromissos relacionados às mudanças climáticas, no contexto do governo do ex-presidente, atualmente sendo julgado pelo STF por golpe de Estado.
O acordo comercial foi finalmente assinado pelos dois blocos em dezembro passado, em Montevidéu, no Uruguai, mas sua implementação ainda depende da aprovação de outras instâncias da União Europeia.
Sob pressão de agricultores locais, receosos da concorrência dos produtos sul-americanos, o governo francês declarou ser contra o pacto. Tecnicamente, a França precisa do apoio de pelo menos outros três países da União Europeia (que representem mais de 35% da população do bloco) para um veto, mas há alternativas para impedir que o acordo entre em vigor. E aí entra, o possível Veto da Polônia, como afirmou Tusk sobre precisão dos comentários de Merz.
Os tarifaços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, porém, devem dar novo fôlego às negociações entre o Mercosul e países europeus, que buscam diversificar parceiros comerciais em meio a a uma guerra comercial.
Fonte: agências de notícias internacionais
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