sexta-feira, 11 de julho de 2025

Origens e significados de sobrenomes polacos


Ilustração de Paweł Jońca

Conheça os Kowalskis, Nowaks, Mickiewiczs e Lewandowskis - e descubra como esses nomes se tornaram os sobrenomes polacos mais populares, simbólicos, típicos e também os mais estranhos.

Cada nome - e sobrenome em particular - tem uma história própria. No entanto, o sistema de nomenclatura como um todo também deve ter sua história, regras e particularidades, o que, no caso dos sobrenomes polacos, o torna uma história fascinante de complexidade social, étnica e cultural.

Para começar, vamos lembrar que a maioria dos sobrenomes polacos foram originalmente formados como uma dessas três categorias (no entanto, como você verá, com sobrenomes nada é simples):

Cognominal - criado a partir de um apelido, geralmente baseado na ocupação (os chamados sobrenomes ocupacionais), uma descrição física ou traço de caráter. Compare Kowalski, Głowacz ou Bystroń.

Topônimo - esses nomes são derivados do local de residência, nascimento ou origem familiar. Como: Brzeziński.

Patronímico - geralmente derivado do nome próprio de uma pessoa e geralmente termina em um sufixo sugerindo uma relação familiar. Pense em: Piotrowicz ou Staszczyk.

Vamos usá-los para mostrar que um sobrenome é uma coisa bastante complicada. Onde começamos? Claro, com o sufixo de nome polaco mais popular - o -ski.

Os sobre nomes com -SKI: o objeto de desejo e último sobrenome polaco

Os sobrenomes -ski não são de forma alguma os mais antigos, mas se tornaram de longe o sobrenome polaco mais reconhecido em todo o mundo. É também o sobrenome mais popular no país hoje: em termos de estrutura, os sobrenomes com o sufixo -SKI (e o cognato -cki e -dzki) compreendem cerca de 35% dos 1000 nomes polacos mais populares.

De onde veio esse sobrenome e como ele se insere na Polônia?

O sufixo polaco -SKI foi originalmente usado para denotar localização topográfica ou relação de posse, propriedade. Assim, o mais antigo desses sobrenomes, que começou a se espalhar na Polônia por volta do século XIII, significava que seus portadores vinham de um determinado local: Tarnowski é de Tarnów, Chomętowski de Chomątów, Brzeziński de Brzezie, etc.

É importante ressaltar que esses eram sobrenomes originalmente usados pela nobreza polaca - os nobres eram obviamente proprietários de terras e, como tal, tinham todo o direito de usar suas terras (e seu sobrenome) como uma forma de se distinguir dos outros.

Como resultado, os nomes -ski logo se foram considerados um nome nobre por excelência, significando as origens nobres e o alto status de uma família. Em uma sociedade polaca estritamente estratificada, na qual os membros da nobreza compunham cerca de 10% da sociedade, o sobrenome com -ski em sua terminação tornou-se um objeto de desejo compreensível daqueles que queriam ostentar uma nobreza, que na maioria das vezes não possuíam.

Por volta da virada do século XVI, os sobrenomes com -ski foram adotados pela burguesia e pelos camponeses. Virou a chamada “-ski-mania”.

É quando o sufixo perde seu sentido toponímico ou possessivo original e se torna o sufixo de nome polaco mais ostentatório (e praticamente neutro no significado). É quando os (sobrenomes) polacos tradicionais de tipo cognominal, muito populares entre as pessoas, começam a se transformar com o nobre final -ski.

Assim, Skowron (cotovia) muda para Skowroński, Ryba (peixe) agora é Rybiński, Kaczmarek (dono de hospedaria) agora é Kaczmarski e Kowal (ferreiro) se tornou Kowalski.

O sobrenome -ski é sempre polaco?

Enquanto o sufixo -ski já foi uma característica gramatical totalmente eslava que resultou na formação desse tipo de nome em muitas terras eslavas (compare o sufixo popular do nome macedônio -ovski), a popularidade do nome polaco -ski na Polônia pode ter contribuído para a popularidade geral da palavra: primeiro na Europa Oriental e depois globalmente.

Hoje, o -ski no sobrenome ainda pode - com alta probabilidade - servir como uma indicação das origens polacas de alguém. Lembre-se de que quando você considera pessoas com os sobrenomes -ski na Rússia, como Konstantin Tsiolkovsky, Vaslav Nijinsky ou Felix Dzerzhinsky - pode-se ter certeza de que muitos deles têm alguma origem polaca.

Nomes conominais

Enquanto os sobrenomes polacos de -ski são, pelo menos em teoria, geneticamente conectados às classes altas da sociedade polaca, os sobrenomes são definitivamente mais democráticos, pois derivam do uso popular. Considerando que a maioria dos polacos tem suas raízes em áreas rurais, este pode ser um candidato ainda mais adequado para o tipo mais "polaco" de sobrenome na Polônia.

Os sobrenomes foram formados a partir de apelidos, geralmente baseados na ocupação, numa descrição física ou traço de caráter de uma pessoa. Você encontrará aqui: Nowak (alguém 'novo' na área), Bystroń (algém 'perspicaz'), Białas (alguém 'branco') e Głowacz (alguém com uma grande 'cabeça').

Veja também: Szyszka (pinha), Gwiazda (estrela), Noga (perna).

Kowalski (igual Smith nas línguas anglo-saxônicas):
são os sobrenomes ocupacionais polacos

Uma das subcategorias mais interessantes de nomes cognominais são os chamados sobrenomes ocupacionais. Estes são sobrenomes baseados na ocupação de um ancestral. Encontrados em provavelmente todas as culturas, os sobrenomes ocupacionais na Polônia vêm de uma grande variedade, parte disso, devido a grande produtividade de diferentes sufixos que são adicionados ao nome original, como -ski, -czyk, -ik, -ak, etc.

Por exemplo, a palavra para a profissão Kowal (que significa ferreiro), é comparado com o sobrenome inglês Smith, o que em polaco dá Kowalczyk, Kowalik, Kowalski, Kowalewski, entre outros derivados do Kowal original, que também é um sobrenome popular. A maioria dessas derivações contemplam carinhosamente o diminutivo destes sobrenomes. 

Uma lista de tais sobrenomes ocupacionais pode funcionar como uma dica sobre a hierarquia das profissões mais importantes na Polônia, no passado, como: Kowalski (ferreiro), Woźniak (zelador), Krawczyk (alfaiate), Szewczyk (sapateiro), Kaczmarek (hospedagem), Cieślak (carpinteiro), Kołodziejski (fazedor de rodas de carroça), Bednarz (fazedor de tonéis), Kucharski (cozinheiro), para citar apenas alguns.

Piotr, Pietrzak, Piotrowski...
Sobrenomes formados a partir de nomes cristãos.

A tremenda variedade e produtividade dos sufixos eslavos no sistema de nomenclatura polaco está por trás da grande variedade de sobrenomes criados a partir dos nomes das pessoas, na maioria das vezes, nomes dos apóstolos cristãos, que no século XVI haviam substituído quase inteiramente os primeiros nomes eslavos mais primitivos (antes de serem reintroduzidos no século XIX).

Saiba mais sobre os primeiros nomes polacos.

Estes não são necessariamente nomes patronímicos clássicos - um termo reservado para os sufixos de sobrenomes que carregam o sentido de "filho de", mas estes, obviamente, encaixam-se aqui também.

Um desses primeiros nomes poderia, em casos extremos, ter produzido até várias dezenas de sobrenomes. Como Piotr (Pedro) e seus derivados que incluiriam: Pietrasz, Pietraszak, Pietraszek, Pietruszko, Pietrucha, Pietroń, Pietrus, Pietrzak, Pietrzyk, Piestrzak, Pietrowiak, Peter, Peterek, Petryczek, Petras, Petraś, Petri, Petrino.

O sufixo patronímico clássico -wicz poderia produzir: Petrulewicz, Pietraszkiewicz, Pietrkiewicz, Pietrowicz, Piotrowicz, Pietrusiewicz.

Os sufixos adjetivos acrescentariam outro punhado: Piotrowski, Piotraszewski, Petrażycki, Piestrzyński, Pietracki, Pietruszyński, Pietrykowski, Pietrycki, Pietrzykowski ... e muitos mais.  

Essa produtividade incompreensível de sufixos resultou na enorme popularidade de tais sobrenomes, confirmada pelas estatísticas. Na verdade, sobrenomes como Piotrowski, Szymański (de Szymon - Simão), Jankowski (Jan - João), Wojciechowski, Michalski, Pawłowski, Jakubowski, compõem hoje mais de 25% de todos os sobrenomes polacos (em relação ao significado da raiz).

Em termos de suas origens de classe, a maioria desses sobrenomes já foram considerados sobrenomes de camponeses ou de burgueses. Embora hoje essas diferenças não sejam mais visíveis ou importantes, a sociedade polaca tradicional valorizaria certos nomes mais do que outros.

Como observou o etnógrafo Jan Stanisław Bystroń, esse tipo de hierarquia estabeleceria o nome Michałowski no topo, com Michalski trás dele e Michałowicz em terceiro lugar na hierarquia; enquanto sobrenomes como Michalik, Michałek, Michniak ou Michnik ficariam para trás na escala de valores descendentes e seriam considerados nomes comuns. No entanto, todos eles vêm de um primeiro nome polaco: Michał (Miguel em português).

Patronismos polacos
As frases patronímicas são provavelmente uma das maneiras mais antigas e universais de denotar pessoas e estabelecer seus nomes, compare:

o árabe ibn/bin; hebraico ben, bat e bar;
o escocês Mac; inglês -son;
e escandinavo -søn - que foram todos usados em nomes como indicação de que alguém é filho de alguém...

Embora os patronímios polacos possam vir em uma variedade de formas (como os sufixos -yk, -czyk, -ak, -szczak, -czak: Stach, Staszek, Stachura, Staszczyk, Stachowiak, Stasiak - são todos filhos de Stanisław), o mais importante e reconhecível é aquele formado pelo sufixo -wicz - aquele que também pode ser reconhecido no sufixo patronímico russo.

Na verdade, o sufixo polaco -wicz é de origem rutena (russos, bielorrussos e ucranianos atuais) a forma polaca mais antiga termina em -wic; pode-se encontrá-lo nos primeiros sobrenomes modernos de poetas polacos: Szymonowic, Klonowic), onde foi usado por muitos séculos pela nobreza local. Na Polônia Étnica, esse tipo de sobrenome seria mais associado à burguesia.  

Mickiewicz como típico sobrenome polonês bielorrusso

Uma certa categoria de nomes patronímicos -wicz, ou seja, aqueles que terminam em -kiewicz (o próprio sufixo deriva da Bielorrússia) também pode servir como uma lição na história cultural da Polônia, ou mais precisamente, nas realidades históricas da República das Duas Nações Polaco-Lituana.

Muitos sobrenomes, como Mickiewicz, Mackiewicz, Sienkiewicz, Iwaszkiewicz ou Wańkowicz - para citar apenas alguns, e apenas os de escritores polacos bem conhecidos - se originam nas partes orientais do antigo ducado (Lituânia, Bielorrússia, Ucrânia) e revelam uma característica bastante interessante e consistente da criação da polonidade nos territórios periféricos orientais. Na verdade, todos esses nomes patronímicos vêm dos primeiros nomes, bem como de suas variantes locais típicas de locais rutenos. Em relação a palavra ruteno, ou nação Rutenia é necessário ressaltar que estas são palavras formadas a partir da designação Viking-Sueco "Roos" para os habitantes originais dos entrepostos comerciais criados pelos nórdicos com os nomes de Nowogród, Moscou, Kiev e Lwów).

Mickiewicz < filho de Mit'ka < um diminutivo formado a partir do nome Dymitr (do grego Demétrio).
Mackiewicz < filho de Mat'ka < um diminutivo formado de Matiey [Mateus].
Sienkiewicz < filho de Sien'ka < um diminutivo formado de Syemion (Pol. Szymon = Port. Simão).
Iwaszkiewicz < filho de Ivashko < um diminutivo formado de Ivan (Pol. Jan = João). Wańkowicz < filho de Van'ka < um diminutivo formado de Ivan (Pol. Jan = John = Sean = Jean).

A etimologia desses nomes patronímicos pode servir como prova de que muitas das famílias nas regiões orientais da República das Duas Nações - Polônia Lituânia eram originalmente de origem rutena (Roos) e só se tornaram polacas no processo de polonização cultural dessas terras, um processo que durou muitos séculos.

Isso é claramente visível com sobrenomes como Iwaszkiewicz ou Wańkowicz, que derivam do nome Ivan (uma variante rutena/ortodoxa do nome João), definitivamente não é um nome que você encontraria na Polônia étnica.

O sobrenome do poeta nacional da Polônia, Adam Mickiewicz, pode ser ainda mais instrutivo, pois vem do nome Dymitr (do grego ortodoxo Demétrio) um nome que está ausente do calendário cristão polaco e do convencional da história nacional polaca.

Outros nomes
O caráter multicultural e multiétnico da Comunidade Polaco-Lituana deixou sua marca no corpo de sobrenomes usados na Polônia. Muitos nomes originalmente de origem estrangeira foram incorporados ao sistema e dificilmente são reconhecíveis hoje como estrangeiros.

Armênio: Ohanowicz (João), Agopsowicz (Jacó), Kirkorowicz (Gregório) Abgarowicz, Aksentowicz, Awakowicz, Sefarowicz, Bohosiewicz (=Paweł = Polos, Bohos,  Paulo); Ajwasowski, Torosowicz.

Tártaro: Abdulewicz, Achmatowicz, Arsłanowicz, Bohatyrewicz (de: Bogadar), Safarewicz, Szabaniewski (szban), Chalembek, Kotłubaj (bej), Mielikbaszyc, Kadyszewicz (kadi), Tochtomyszewicz.

Lituano: Żemajtis, Staniszkis, Piekuś, Pekoś, Gedroyć, Dowgird, Dowkont.

Bielorrusso: Radziwiłł, Jagiełło, Sapieha, Mickiewicz, Sienkiewicz, Paszkiewicz, Waszkiewicz, Kościuszko, Moniuszko.

Ucraniano: Horodyjski, Hołowiński, Tretiak, Mechaniów, Jacyszyn, Ometiuk, Smetaniuk, Hawryluk, Fedoruk.

Silesiano: Marniok, Przybylok, Garbaciok, Basista, Korfanty, Godula, Widera, Piszczek, Szafranek, Trąba, Jezusek, Przybyła, Brzonkalik, Buła, Drabiniok, Paterok, Gorzelik, Pyrtek, Hachuł, Uszok, Dyrda, Grziwocz, Wypchoł, Wywioł, Suchanka, Hołomka.

Sobrenomes de judeus polacos (até 1795)

Os judeus foram o último grupo da sociedade polaca a adquirir sobrenomes polonizados. Isso coincidiu com a perda da soberania da Polônia no final do século XVIII.

Como resultado, o processo de dar sobrenomes polacos aos judeus foi iniciado e executado quase exclusivamente pelas administrações governantes invasoras da Prússia, Rússia e Áustria. Isso não significa que os polacos de origem judaica não usassem sobrenomes antes desse período.

Neste período inicial, os nomes patronímicos típicos dos polacos de origem judaica foram formados com muita liberdade.

Como sugere Jan Bystroń, Moisés, filho de Jacó, poderia ser referido como: Mojżesz ben Jakub, Mojżesz Jakubowicz ou Mojżesz Jakuba, mas também como Moszek Kuby, Moszko Kuby, etc. [os últimos três são formados com a adição do nome do pai no genetivo polaco].

De forma semelhante, as toponímicas típicas poderiam ser formadas de forma diferente dependendo do idioma: como Wolf Bocheński, Aron Drohobycki, Izrael Złoczowski contra Szmul Kaliszer ou Mechele Rawer.

Como explica Jan Bystroń, a mesma pessoa poderia existir funcionalmente sob um sobrenome diferente, dependendo se ele estava se dirigindo a uma comunidade judaica ou polaca católica: “Um judeu de Poznań poderia falar de si mesmo em iídiche como Pozner, mas em polaco, ele se chamaria Poznańskim (o mesmo vale para pares como Warszauer/Warszawski, Krakauer/Krakowski, Łobzowski/Lobzower, Pacanower/Pacanowski)”, explica Bystroń.

Esses sobrenomes, formados a partir de vilas e cidades (não, necessariamente, apenas polacos), são geralmente considerados típicos (se não, exclusivamente) dos nomes dos polacos de origem judaica, pelo menos de antes do período em que estes foram oficialmente impostos aos judeus pelas administrações dos países ocupantes da Polônia.

Nomes de polacos de origem judaica sob administrações estrangeiras

A partir do final do século XVIII, os polacos de origem judaica receberam nomes oficialmente das novas administrações. Isso foi, particularmente, eficaz nos territórios administrados pela Áustria e pela Prússia, onde foram estabelecidas comissões especiais de nomenclatura com base na premissa de que dois sobrenomes idênticos não deveriam ser assentados nos livros.

Isso levou a um frenesi de inventividade burocrática que produziu a maioria dos sobrenomes judeus na Polônia. Aqueles que podiam pagar podiam escolher nomes que pudessem ser considerados bonitos ou augustos. As composições preferidas combinavam elementos como: Diamant, Perl, Gold-, Silber-, Rosen-, Blumen- e -berg, - tal, -baum, -band, -stein.  

Simultaneamente, alguns desses nomes podem ter sido dados com a intenção de ridicularizar os judeus: Goldberg, Rosenkranz, Gotlieb.

Particularmente notórios e ofensivos foram os nomes dados por autoridades austríacas nas terras polacas denominadas pelos austríacos de Galícia: Wohlgeruch, Geldshrank, Singmirwas, Pulverbestandteil, Temperaturwechsel, Ochcenschwanz, Kanalgeruch, Wanzenknicker.

Entre eles sobrenomes que eram totalmente obscenos: Jungfernmilch, Afterduft.

Esse tipo de sobrenome geralmente não era típico da administração polaca; No entanto, alguns nomes como os mencionados acima foram adotados no século XIX, compare:

Inwentarz, Alfabet, Kopyto, Kałamarz, até Wychodek.

Algumas composições foram usadas a partir de traduções do idioma alemão: Różanykwiat, Dobraszklanka, Książkadomodlenia.

Uma estratégia completamente diferente foi adotada na Rússia. Sob a administração russa, os nomes mais populares eram com sufixos eslavos: -ovich, -evich, -ski, -uk, -in, -ov, -ev, etc. 

A maioria dos patronímicos: Abramowicz, Berkowicz, Dawic, Dworkowicz, Dworkowicz, Dyowicz, Joselewicz, Jakubowski).

Uma característica interessante dos sobrenomes russos dos polacos de origem judaica eram os nomes formados a partir do primeiro nome da mãe (matronymica): Rywski, Rywin, etc.

Formas femininas

Uma das particularidades do sistema de sobrenomes polacos é que o sobrenome de uma mulher muitas vezes difere daquele do seu marido ou pai. Hoje, isso é mais perceptível nos nomes adjetivados como Kowalski - o nome da esposa é Kowalska.

No entanto, no passado, o sistema de sufixos de sobrenome feminino era muito mais elaborado, refletindo não apenas o sexo, mas também o estado civil de uma mulher. Isso basicamente significava que se poderia dizer se uma mulher era casada ou solteira apenas ao ouvir seu sobrenome. Veja como eram:

Donzela: Uma mulher que nunca foi casada usou o sobrenome de seu pai com o sufixo -ówna ou -anka - a forma que depende do som final do sobrenome masculino (-ówna para terminação consonantal, -anka para terminação vocal).

Exemplos: Kordziak (pai) – Kordziakówna (filha), Morawa – Morawianka.
Compare: Anna Świderkówna, Zuzanna Ginczanka, Anna Skarżanka.

Esposa: Uma mulher casada ou uma viúva usou o sobrenome de seu marido com o sufixo -owa ou -'na / -yna:

Exemplos: Nowak – Nowakowa, Koba – Kobina; Puchała – Puchalina.

Essa tradição está embutida em um uso popular mais antigo que desapareceu ao longo do século 20 e é vista, hoje, como uma relíquia de um tempo que se foi para sempre - mas ainda faz parte da cultura.

E o vencedor é...

Quais são os sobrenomes polacos mais populares hoje?

Aqui estão os 10 sobrenomes polacos mais populares (censo de 2014):

1. Nowak - 277.000
2. Kowalski - 178.000
3. Wiśniewski - 139.000
4. Wójcik - 126.500
5. Kowalczyk - 124.000
6. Kamiński - 120.500
7. Lewandowski - 118.400
8. Dąbrowski - 117.500
9. Zieliński - 116.370
10. Szymański - 114.000

Como se pode ver, Nowak é o sobrenome mais popular na Polônia. Antes de dizermos o que isso pode significar, confira os sobrenomes mais comuns em outros países europeus:




O que aprendemos com esta lista?

Em termos de construção linguística, a lista é surpreendentemente monolítica, apresentando apenas nomes com raízes eslavas polacas - um fato que obviamente reflete o caráter homogêneo da sociedade polaca após a Segunda Guerra Mundial.

Isso é levemente contrastado com o fato de que, de longe, o nome polaco mais popular é Nowak - um nome que se originou como um nome que evidenciava alguém novo na região, um possível estrangeiro ou migrante de um local diferente.

Caso contrário, a lista apresenta três nomes ocupacionais (Kowalski, Wójcik, Kowalczyk) e cinco nomes de origem toponímica: Wiśniewski, Kamiński, Lewandowski, Dąbrowski e Zieliński.

Nº 10 Szymański é o único exemplo de um sobrenome formado a partir de um primeiro nome: Szymon (Simão).

Desses 10 principais nomes na lista, sete são nomes -ski, o que corrobora a teoria de que -ski é o nome polaco definitivo.

*A maior parte do material onomástico e linguístico apresentado neste artigo vem do clássico Nazwiska polskie de Jan Stanisław Bystroń.

Fonte: cultura.pl
Texto: Mikołaj Gliński
Tradução: Ulisses iarochinski

Adendo:

Significado do sobrenome “iarochinski, em idioma polaco: "Jarosiński"

O sobrenome "Jarosiński" é de origem polaca. O nome vem do nome masculino "Jarosław", que consiste dos elementos “Jaro”: jovem, robusto, ou forte, acrescido de “sław”: glória", referindo-se ao povo eslavo. O sufixo "-ski" é frequente em nomes de nobreza, indicando o local de origem ou um relacionamento com uma região específica.

Como o nome "Jarosiński" evoluiu, tornou-se um nome hereditário, passou de geração em geração.

As famílias chamadas "Jarosiński" podem ter vindo de uma região ou vila específica, como por exemplo “Jarosin” na qual esse nome predominou, o que fortaleceu ainda mais seu relacionamento com este lugar.

O sobrenome "Jarosiński" tem significado cultural e histórico para quem o usa. Serve como uma conexão com seus ancestrais e raízes, combinando-os com o passado e moldando seu senso de identidade.

As famílias chamadas "Jarosiński" (iarochinski, no Brasil, por desconhecimento de cartorários) )podem se orgulhar de sua herança e status, cultivando as tradições e valores passados de geração em geração.




11 DE JULHO - Data nacional na Polônia

Lembramos que a flor de linho se tornou um símbolo da lembrança do Massacre da Volínia.

O linho já foi amplamente cultivado nestas terras, e julho é a época em que floresce. Esta delicada flor foi oficialmente reconhecida pelo Instituto da Memória Nacional da Polônia como um símbolo da lembrança dos eventos ocorridos na região da Volínia polaca.

Seu breve florescimento nos lembra das vidas interrompidas de milhares de vítimas inocentes. A cor azul da flor simboliza a perseverança, tanto na preservação quanto na transmissão da memória deste fragmento de nossa história.

As propriedades curativas do linho nos lembram da capacidade do tempo de curar feridas e aliviar o sofrimento. Ao mesmo tempo, combinar o linho com simplicidade, pureza e paciência é uma homenagem a todos aqueles que vivenciaram a violência durante aqueles tempos trágicos.

DOMINGO SANGRENTO – 11 DE JULHO DE 1943,

crânios retirados de valas comuns por arqueólogos

Este dia foi o ápice dos massacres da Volínia, um extermínio em massa sem igual de civis polacos na Volínia (região da Polônia até 1946) pela Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN-B) de Stepan Bandera, pelo Exército Insurgente Ucraniano (UPA) e pela população civil ucraniana.

Naquele dia, 99 localidades foram atacadas, principalmente nas áreas metropolitanas das cidades de Włodzimierski e Horochowski. Os massacres continuaram nos dias seguintes.

E não só nestes dias, mas até após o fim da Segunda Guerra Mundial em 8 de maio de 1945. Os assassinatos cruéis continuaram até 1947.

Estes grupos ruteno-ucranianos foram treinados pelos alemães nazistas de Adolf Hitler para não sobrar viva alma nas terras polacas devastadas por alemães e russos.

Desde 1946, as regiões polacas da Volínia, Podólia, Poesia, Lubelska e parte da Małopolska (Voivodia da Pequena Polônia) foram dadas graciosamente pelo líder soviético Józef Stalin para a atual Ucrânia.

O auge dos massacres ocorreu em julho e agosto de 1943. Essas mortes foram terrivelmente brutais, e a maioria das vítimas eram mulheres, crianças e idosos sobreviventes. As ações do Exército Insurgente Ucraniano resultaram em mais de 100.000 mortes. As estimativas do número de mortos variam entre 60.000 a 120.000.

LIMPEZA ÉTNICA

Massacre na Vila Lipniki

Entre os motivos que alimentavam a sanha de Bandera e seus liderados estavam o antipolonismo, o anticatolicismo romano e a tentativa de ucranização daquelas regiões. Mas a principal foi mesmo a limpeza étnica, uma tentativa ucraniana de impedir que o Estado polaco do pós-guerra continuasse sua soberania de mais de 800 anos sobre aquelas terras onde rutenos-ucranianos conviviam com outras etnias além da polaca, como cossacos, moldávios, polacos de origem judaica, alemães, húngaros, lemos, ciganos e romenos que faziam parte do Estado polaco pré-guerra.

A decisão de forçar a população polaca a deixar as áreas consideradas pela terrorista facção Banderita da Organização dos Nacionalistas Ucranianos como ucranianas ocorreu em uma reunião de referentes militares no outono de 1942, e foi planejado liquidar os líderes da comunidade polaca e aqueles que resistiriam.

Os comandantes locais do Exército Insurgente Ucraniano, na Volínia, juntando-se à revolta armada contra os alemães, começaram a atacar a população polaca, realizando massacres em muitas vilas.

Encontrando resistência, o comandante do Exército Insurgente Ucraniano na Volínia, Dmytro Klyachkivsky "Klym Savur", emitiu uma ordem em junho de 1943 para a "liquidação física geral de toda a população polaca."

E hoje, o governo polaco acolhe cerca de 5 milhões de refugiados ucranianos na Polônia.  

Meus parentes Jarosiński, em 1946, foram obrigados a sair de suas casas e terras na região da cidade de Lwów com a roupa do corpo e colocados em trens com destino ao sudeste da Silésia, na área rural da cidade de Bielsko-Biała, quase na fronteira com a Eslováquia.

A Polônia também é conhecida como a Terra do Linho (Lem) e o maior centro de confecções da Europa Central.

O sobrenome Lemiński tem origem num local de muito linho, que poderia ser traduzido livremente para Linhense. Sobrenome do poeta curitibano Paulo Leminski.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Polônia controla as fronteiras com Alemanha e Lituânia

Foto: Associated Press

A Polônia introduziu controle temporário nas fronteiras com a Alemanha e a Lituânia, a partir de hoje, 7 de julho. A decisão foi anunciada pelo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, em resposta às ações da Alemanha em relação aos migrantes.

A decisão polaca é em resposta às crescentes críticas à decisão alemã de reenviar para a Polônia milhares de migrantes que, segundo a Alemanha, atravessaram ilegalmente a fronteira.

O Centro de Segurança do governo polaco emitiu um alerta sobre a questão, anunciando que "o controle da Guarda de Fronteiras na fronteira com a Alemanha e a Lituânia (entrada na Polônia) passou a valer neste de 7 de julho de 2025".

O alerta RCB foi ativado em todo o país.

Tradução:A partir de 7 de julho, o controle da Guarda de Fronteira será introduzido na fronteira com a Alemanha e a Lituânia (entradas na Polônia). Alerta RCB em todo o país. 

A decisão foi anunciada pelo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, na terça-feira passada, durante uma reunião do seu gabinete. "Tomamos a decisão de restabelecer o controle temporário na fronteira polaca com a Alemanha e na fronteira polaca com a Lituânia". I Informou.

Como a Polônia, Alemanha e Lituânia fazem parte do espaço Schengen, os controles fronteiriços entre elas só podem ser efetuados em circunstâncias excepcionais. Normalmente, as pessoas podem circular livremente nas fronteiras do espaço Schengen.

No entanto, os países Schengen podem introduzir controlos nas fronteiras em situações que considerem de "emergência", como aconteceu durante a pandemia de COVID-19, ou como "último recurso" para ameaças à segurança.

Estas medidas são, supostamente, temporárias, mas, na prática, podem ser renovadas várias vezes. Desde 2023, a Alemanha tem controles nas suas fronteiras com a Polônia e a República Tcheca em resposta à migração ilegal. No ano passado, alargou estes controles a todas as suas fronteiras.

O chanceler alemão reagiu às decisões de Tusk durante uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro luxemburguês, na terça-feira. "É claro que queremos preservar o espaço Schengen, mas a liberdade de circulação dentro dele só funcionará a longo prazo se não for explorada por aqueles que promovem a migração ilegal, especialmente os traficantes de migrantes", afirmou.

A Polônia também anunciou que irá implementar controles com a Lituânia, em relação aos migrantes que entram no país a oeste, vindos da Bielorrússia e dos países bálticos vizinhos. 

A Lituânia reagiu à situação apelando a uma cooperação mais estreita entre os dois países, mas sublinhou que não iria implementar os seus próprios controles ao longo da sua fronteira comum com a Polônia.

O ministro das Relações Exteriores da Lituânia disse no sábado que o país "não tem planos para reintroduzir controlos fronteiriços. No entanto, as nossas forças, ou seja, os agentes não só da guarda fronteiriça mas também da polícia, irão cooperar estreitamente", acrescentou.

Apesar das dúvidas sobre a compatibilidade das medidas com as diretrizes de Schengen, o Ministro do Interior e da Administração da Polônia, Tomasz Siemoniak, confirmou que as medidas estão sendo aplicadas. "Na noite de domingo para segunda-feira, introduzimos controles nestas fronteiras. Isto está a ser feito em conformidade com os regulamentos da UE e com o Código das Fronteiras Schengen", sublinhou em Budzisko, na fronteira entre a Polônia e a Lituânia.

"A razão para esta decisão é um problema comum que temos como Lituânia, Polônia e a União Europeia, que é a luta contra a migração ilegal", acrescentou.

Siemoniak afirmou ainda que poderá voltar a tomar as decisões "se a Alemanha suspender os controles".

Na Lituânia, os controles estão sendo efetuados em 13 locais, incluindo três postos de fronteira. Os restantes 10 locais de passagem de fronteira serão "locais de controle ad hoc", que podem ser utilizados pelos residentes locais.

Na fronteira com a Alemanha, os controles estão sendo feitos em 52 locais.

Fonte: Euronews
Texto: Katarzyna-Maria Skiba

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Donald Tusk desmente chanceler alemão sobre Mercosul

Alemanha acredita que União Europeia está pronta para assinar acordo com Mercosul, mas a  Polônia diz que isso não é verdade.

Mas de todo modo os opositores ainda não representam um grupo capaz de bloquear a medida no bloco europeu.


O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, colocou o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, numa saia justa nesta sexta-feira, 27.

Em entrevista coletiva para fazer um balanço sobre os seis meses em que ocupou a presidência rotativa da União Europeia, Tusk contrariou o alemão ao dizer que ele não foi “preciso” ao afirmar que o bloco estava praticamente pronto para assinar um acordo de livre comércio com o Mercosul.

Merz fez comentários de que nenhum líder se opunha publicamente ao acordo, Tusk sugeriu que o chanceler alemão tinha sido de fato incorreto. Fez uma careta ao dizer que a fala “não foi, como posso dizer delicadamente, precisa”.

Tusk disse que a Polônia continua “fundamentalmente” contrária ao acordo, juntamente com a França, entre outros países. Observou, no entanto, que eles não representam um um grupo capaz de bloquear a medida na União Europeia – pelo menos não ainda.

Ontem Merz tinha declarado que os líderes da União Europeia estavam “basicamente unidos” no desejo de finalizar um acordo comercial com o grupo que reúne Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia o mais rápido possível. Segundo ele, há apenas “pequenas diferenças” entre os europeus em relação ao pacto.

Merz disse ter conversado duas vezes com o presidente da França, Emmanuel Macron, sobre o assunto durante a cúpula e que sentiu que havia “grande prontidão” para concluir o acordo.

Macron, no entanto, adotou uma postura diferente, dizendo a repórteres que a França não poderia aceitar o acordo como está.

O acordo UE-Mercosul
As negociações para um pacto comercial entre a União Europeia e o Mercosul se arrastam por cerca de 25 anos. Um acordo chegou a ser anunciado em 2019, mas teve sua formalização bloqueada devido a exigências europeias por garantias mais rígidas contra o desmatamento da Amazônia e compromissos relacionados às mudanças climáticas, no contexto do governo do ex-presidente, atualmente sendo julgado pelo STF por golpe de Estado.

O acordo comercial foi finalmente assinado pelos dois blocos em dezembro passado, em Montevidéu, no Uruguai, mas sua implementação ainda depende da aprovação de outras instâncias da União Europeia.

Sob pressão de agricultores locais, receosos da concorrência dos produtos sul-americanos, o governo francês declarou ser contra o pacto. Tecnicamente, a França precisa do apoio de pelo menos outros três países da União Europeia (que representem mais de 35% da população do bloco) para um veto, mas há alternativas para impedir que o acordo entre em vigor. E aí entra, o possível Veto da Polônia, como afirmou Tusk sobre precisão dos comentários de Merz.

Os tarifaços do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, porém, devem dar novo fôlego às negociações entre o Mercosul e países europeus, que buscam diversificar parceiros comerciais em meio a a uma guerra comercial.

Fonte: agências de notícias internacionais

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Se a guerra chegar, a arte parte

Panorama Racławicki - pintura a óleo sobre tela 15mx8m

Ministério da Cultura da Polônia prepara evacuação de obras de arte para o exterior, perante o risco de invasão russa.

O governo polaco está preparando um plano para evacuar obras de arte para fora do país, caso a Rússia avance com uma invasão, anunciou a ministra da Cultura, Hanna Wróblewska, em entrevista ao “Financial Times”.

O plano inclui obras de cerca de 160 instituições públicas, além de museus e galerias privadas. Serão evacuadas pinturas, esculturas, livros raros e instrumentos musicais. A decisão advém da ajuda prestada à Ucrânia desde 2022.

O trabalho é coordenado por Maciej Matysiak, antigo coronel e ex-dirigente da contra-espionagem militar, agora à frente do departamento de segurança do ministério.

A evacuação de obras de arte faz parte de uma estratégia mais ampla de segurança do governo de Donald Tusk, que prevê duplicar o número de militares para 500 mil e reforçar a fronteira.

A Madona e o Arminho de Leonardo da Vinci - Símbolo da Cidade de Cracóvia

O quadro faz parte da coleção que foi fundada no início do século XIX, quando o príncipe polaco Adam Jerzy Czartoryski (1770-1861) comprou a pintura de Leonardo da Vinci numa viagem a Itália.

Sua mãe, Elżbieta Dorota Czartoryska (1746-1835), esposa do último rei da Polônia, criou em Cracóvia, em 1801, quando não era mais rainha, o primeiro museu da Polônia, com o objetivo de guardar e salvaguardar a arte deste país e da Europa.

Como se recorda em 1795, a República da Polônia foi invadida e ocupada por três monarquias totalitárias, e o país sumiu do mapa do mundo, até 11 de novembro de 1918.

Este ano, a Polônia está gastando 4,7% do PIB em defesa, a maior proporção na OTAN. A ministra enfatizou que também estão sendo atualizados os registros de inventário das obras para garantir o seu rastreio futuro. 

“É preciso evacuar também os livros de inventário”, disse.

A Polônia continua tentando recuperar obras saqueadas na Segunda Guerra Mundial. Cerca de 20 peças são devolvidas anualmente, mas grande parte do acervo ainda não foi localizado.

Durante a guerra, o país conseguiu proteger obras como “A Batalha de Grunwald”, escondida na cidade Lublin para escapar dos alemães nazistas.

A evacuação das obras arte foi discutida em abril por ministros da Cultura da UE. Os países bálticos mostraram interesse em adotar planos semelhantes.

Fonte: Rádio Renascença (Portugal)

POLÔNIA NÃO SABIA QUE EUA IRIA ATACAR O IRÃ


Os aliados de Washington na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) desconheciam os planos dos EUA de atacar o Irã, afirmou o vice-ministro da Defesa polaco, Paweł Zalewski, nesta segunda-feira (23).

Os Estados Unidos atacaram três instalações nucleares iranianas em Natanz, Fordo e Isfahan na madrugada de domingo (22). O presidente dos EUA, Donald Trump, disse após o ataque que Teerã "deve agora concordar em encerrar esta guerra" ou enfrentar consequências muito mais graves.

"Os Estados Unidos fizeram isso em absoluto sigilo", disse Zalewski à rádio RMF FM quando questionado se a Polônia sabia das intenções de Washington. Os ataques dos EUA receberam ampla condenação internacional.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, os descreveu como uma escalada perigosa e uma ameaça à paz global. A Rússia denunciou veementemente os ataques, classificando-os como graves violações do direito internacional, da Carta da ONU e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, e instou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a responder com imparcialidade.

O Irã nega a dimensão militar de seu programa nuclear.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não viu evidências concretas de que o Irã tenha um programa ativo de armas nucleares, afirmou o diretor-geral Rafael Grossi na última quarta-feira (18).

Avaliações da inteligência norte-americana chegaram a uma conclusão semelhante de que o Irã não estava buscando ativamente armas nucleares, informou a CNN no dia 17 de junho, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

O ex-embaixador do Reino Unido no Uzbequistão, o ativista de direitos humanos Craig Murray, disse que o Irã foi "extraordinariamente responsável e paciente" nos últimos anos, apesar das ações de Israel.

Fonte: Agências de Notícias Internacionais

sexta-feira, 20 de junho de 2025

RECONTAGEM DE VOTOS NA POLÔNIA



O primeiro-ministro polaco Donald Tusk solicitou uma recontagem parcial de votos na recente eleição presidencial do país devido a possíveis irregularidades.

"Onde houver dúvida, vamos contar os votos novamente", disse Tusk a repórteres em Varsóvia nesta sexta-feira, enfatizando a necessidade de investigar todas as preocupações sobre como a votação foi conduzida.

A eleição do último dia 1.º de junho viu o candidato de Tusk, Rafał Trzaskowski, perder por margem estreita para Karol Nawrocki, um historiador de extrema-direita, xenófobo, racista e ex-boxeador apoiado pelo Partido Lei e Direito, que governava anteriormente.

O Supremo Tribunal da Polônia, responsável pela validação dos resultados eleitorais, recebeu aproximadamente 30.000 reclamações após a disputa acirrada. Tusk indicou que, com base na avaliação inicial do governo, "algo estava errado" em 800 seções eleitorais.

Membros da coalizão governante haviam afirmado anteriormente que, em alguns casos, votos destinados a Trzaskowski foram atribuídos a Nawrocki e vice-versa, potencialmente beneficiando Nawrocki na contagem final.

O Supremo Tribunal agora precisará abordar essas reclamações como parte do processo de validação da eleição.

Nawroski venceu com 369.591 votos a mais que o prefeito de Varsóvia, Trzaskowski, ou apenas 1,78 por cento.

Fonte: Investing.com

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Robert De Niro cria Distrito Cultural em Cracóvia


Robert De Niro está expandindo seu império de luxo para Cracóvia com um amplo empreendimento perto do Centro Histórico, que incluirá um hotel cinco estrelas, residências particulares e o que sua empresa chama de Distrito Cultural com teatro, galeria de artes plásticas, estúdio de gravação, espaços de "coworking", cinema e restaurante de culinária sofisticada.

O ator americano que já é coproprietário do luxuoso Nobu Hotel Varsóvia, na capital da Polônia, desde 2020, e agora planeja um novo investimento em Cracóvia, localizada no sul do país.

O novo conjunto de edifícios será erguido no Parque Błonia,  perto do Estádio do Clube de Futebol Cracovia (sem acento no o) e do Museu Nacional será mais do que um hotel comum.

O Nobu Kraków também será o primeiro investimento residencial da marca na Europa Central e Oriental, com oitenta residências com acesso a serviços de hotel, reservas prioritárias em restaurantes e suporte de concierge dedicado, O Nobu Kraków oferecerá cem quartos e apartamentos.

O projeto Nobu Kraków é anunciado como algo muito mais do que um hotel padrão. A nova instalação deve se tornar um centro dinâmico de cultura e vida urbana, atraindo hóspedes de todo o mundo e moradores locais.

"Coworking" (traduzindo): uso de um escritório ou outro ambiente de trabalho por pessoas que são autônomas ou trabalham para diferentes empregadores, normalmente para compartilhar equipamentos, ideias e conhecimento.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

E a extrema-direita venceu na Polônia

E a Extrema-direita por pequena margem de votos conseguiu a Presidência da República da Polônia.

NAWROCKI - 10.606.877 VOTOS - 50,89%
TRZASKOWSKI - 10.237.286 - 49,11% 

Frequência dos eleitores - 71,63 %
Venceu o candidato do americano Donald Trump.

O país está completamente dividido, mas o governo continua nas mãos do partido derrotado, sob a liderança do primeiro-ministro Donald Tusk.

O vencedor Karol Nawrocki é um grande fascista, xenófobo, sionista, antissemita, antilgbt+, anti-aborto total, anti-união europeia, anti-Ucrânia e racista.

Ele foi presidente de uma excrecência chamada Instituto da Memória Nacional, que logo que o partido dele assumiu o governo pela primeira vez, em 2005, começou a perseguir professores nas universidades, que no passado eram de alguma forma, mesmo remota, ao partido comunista polaco. A instituição forçou a presidência e o governo dos gêmeos Kaczyński a demitir todos os intelectuais e funcionários públicos que não se enquadravam no espectro fascista.

E começaram uma campanha para destruir a imagem de Lech Wałęsa. Quiseram provar que o prêmio Nobel tinha sido agente infiltrado da KGB russa. Dissertações e teses nas universidade com professores de história alinhados com o Instituto foram aprovadas cheias de mentiras sobre Wałęsa. Uma dissertação de um aluno de mestrado em história da Universidade Iaguielônica de Cracóvia, virou livro. Foi publicado e ganhou as estantes de livrarias e bancas de revistas.

Tradução:Lech Wałęsa tomou uma decisão após a eleição presidencial:
"Preciso cuidar de mim mesmo. Adeus, Polônia". 

Nada foi provado até hoje, mas o Instituto da Memória Nacional e o PiS - Partido da Lei e Direito conquistou o coração do Padre Tadeusz Rydzyk da Rádio Maria e de várias congregações, até do bispo de Cracóvia, que o Papa Francisco se recusou a nomear Cardeal. O mesmo Bispo que desrespeitando as normas de saúde pública durante a Pandemia da Covid promoveu procissões durante a semana Santa e várias missas sem máscara e reclusão.

O que esperar da continuidade de uma presidência de extrema-direita na Polônia?
E esta é uma pergunta principalmente para Donald Tusk.

No momento, o governo polaco, do ponto de vista da sua coalizão, tem um trabalho para  samurais políticos. A questão é saber se esse grupo político junto ao primeiro-ministro distribuído com responsabilidade limitada, que era a coalizão até agora, é capaz de seguir um caminho de samurais políticos.

O Professor Sławomir Sowiński, cientista político da Universidade do Cardeal Stefan Wyszyński diz que sera muito difícil para o candidato vencedor cumprir sua promessa de unir toda a sociedade polaca, que ele mesmo dividiu durante a campanha.

"Nem vimos no vencedor a capacidade de enfrentar ousadamente todos os tipos de alegações ou ambiguidades em relação, por exemplo, sua participação junto aos 'hooligans'. Será muito difícil para o presidente Nawrocki reconstruir essa sociedade. Se ele quiser, é claro, porque a campanha mostrou que talvez sua missão, seja no momento, remover o PO - Partido da Plataforma da Cidadania do poder, e isso, provavelmente, significará fortalecer a ainda mais a polarização que tomou conta do país. A questão mais importante é se o presidente eleito vai querer reconstruir a sociedade polaca. E se ele quiser, parece muito, muito difícil, que consiga."