segunda-feira, 2 de junho de 2025

E a extrema-direita venceu na Polônia

E a Extrema-direita por pequena margem de votos conseguiu a Presidência da República da Polônia.

NAWROCKI - 10.606.877 VOTOS - 50,89%
TRZASKOWSKI - 10.237.286 - 49,11% 

Frequência dos eleitores - 71,63 %
Venceu o candidato do americano Donald Trump.

O país está completamente dividido, mas o governo continua nas mãos do partido derrotado, sob a liderança do primeiro-ministro Donald Tusk.

O vencedor Karol Nawrocki é um grande fascista, xenófobo, sionista, antissemita, antilgbt+, anti-aborto total, anti-união europeia, anti-Ucrânia e racista.

Ele foi presidente de uma excrecência chamada Instituto da Memória Nacional, que logo que o partido dele assumiu o governo pela primeira vez, em 2005, começou a perseguir professores nas universidades, que no passado eram de alguma forma, mesmo remota, ao partido comunista polaco. A instituição forçou a presidência e o governo dos gêmeos Kaczyński a demitir todos os intelectuais e funcionários públicos que não se enquadravam no espectro fascista.

E começaram uma campanha para destruir a imagem de Lech Wałęsa. Quiseram provar que o prêmio Nobel tinha sido agente infiltrado da KGB russa. Dissertações e teses nas universidade com professores de história alinhados com o Instituto foram aprovadas cheias de mentiras sobre Wałęsa. Uma dissertação de um aluno de mestrado em história da Universidade Iaguielônica de Cracóvia, virou livro. Foi publicado e ganhou as estantes de livrarias e bancas de revistas.

Tradução:Lech Wałęsa tomou uma decisão após a eleição presidencial:
"Preciso cuidar de mim mesmo. Adeus, Polônia". 

Nada foi provado até hoje, mas o Instituto da Memória Nacional e o PiS - Partido da Lei e Direito conquistou o coração do Padre Tadeusz Rydzyk da Rádio Maria e de várias congregações, até do bispo de Cracóvia, que o Papa Francisco se recusou a nomear Cardeal. O mesmo Bispo que desrespeitando as normas de saúde pública durante a Pandemia da Covid promoveu procissões durante a semana Santa e várias missas sem máscara e reclusão.

O que esperar da continuidade de uma presidência de extrema-direita na Polônia?
E esta é uma pergunta principalmente para Donald Tusk.

No momento, o governo polaco, do ponto de vista da sua coalizão, tem um trabalho para  samurais políticos. A questão é saber se esse grupo político junto ao primeiro-ministro distribuído com responsabilidade limitada, que era a coalizão até agora, é capaz de seguir um caminho de samurais políticos.

O Professor Sławomir Sowiński, cientista político da Universidade do Cardeal Stefan Wyszyński diz que sera muito difícil para o candidato vencedor cumprir sua promessa de unir toda a sociedade polaca, que ele mesmo dividiu durante a campanha.

"Nem vimos no vencedor a capacidade de enfrentar ousadamente todos os tipos de alegações ou ambiguidades em relação, por exemplo, sua participação junto aos 'hooligans'. Será muito difícil para o presidente Nawrocki reconstruir essa sociedade. Se ele quiser, é claro, porque a campanha mostrou que talvez sua missão, seja no momento, remover o PO - Partido da Plataforma da Cidadania do poder, e isso, provavelmente, significará fortalecer a ainda mais a polarização que tomou conta do país. A questão mais importante é se o presidente eleito vai querer reconstruir a sociedade polaca. E se ele quiser, parece muito, muito difícil, que consiga."


quarta-feira, 28 de maio de 2025

Ousadia: a extrema-direita dos Estados Unidos faz reunião na Polônia

A Conferência da Ação Política dos Conservadores (CPAC, na sigla em inglês), o maior encontro da extrema-direita norte-americana, realizou esta terça-feira pela primeira vez uma encontro na Polônia, a cinco dias do segundo turno das eleições presidenciais naquele país da Europa Central.

 Foto: Tom Williams/CQ-Roll Call, Inc via Getty Images

"Precisamos que elejam o líder certo. Vocês serão os líderes que farão a Europa regressar aos valores conservadores", apelou no evento Kristi Noem, secretária da Segurança Interna dos Estados Unidos e aliada do presidente norte-americano, Donald Trump.

O segundo turno polaco, neste próximo domingo, coloca em confronto Karol Nawrocki, um historiador apoiado pelo principal partido da situação, os extrema-direitas populistas do PiS - Partido Lei e Direito, com o prefeito da capital Varsóvia, o liberal e pró-europeu Rafał Trzaskowski, que é apoiado pela Coligação Cívica,liderada pelo PO - Partido da Cidadania, o mesmo do primeiro-ministro Donald Tusk.

Kristi Noem descreveu Trzaskowski como "um completo desastre de líder" e Nawrocki como alguém que liderará a Polônia num estilo semelhante ao de Trump, de quem o candidato é assumido apreciador.

O presidente norte-americano já indicou que o historiador extremista como seu favorito ao triunfo nas eleições polacas, após tê-lo recebido na Casa Branca. "Se vocês [elegerem] um líder que trabalhe com o Presidente Donald J. Trump, o povo polaco terá um aliado forte que garantirá que vocês serão capazes de lutar contra inimigos que não partilham os nossos valores", argumentou a secretária de Segurança Interna norte-americana. 

A política republicana referiu-se ainda à manutenção de fronteiras fortes se Nawrocki vencer e à continuação da presença de militares norte-americanos no país, atualmente estimada em cerca de dez mil soldados, num contexto de ameaça russa e da guerra na vizinha Ucrânia.

Na abertura do encontro, o presidente da CPAC, Matt Schlapp, afirmou que os fascistas de todo o mundo estão a travar uma batalha contra os "globalistas", que descreveu como inimigos da fé, da família e da liberdade.

Schlapp lembrou que a organização apoiou Trump durante as suas batalhas jurídicas e declarou que ameaças semelhantes estavam a ocorrer em países como a Polônia. "Quando um de nós está sob ataque, o resto de nós deve defendê-lo", acrescentou, destacando a importância dos conservadores ganharem eleições, incluindo na Polônia, para "a liberdade das pessoas em todo o lado".

As eleições presidenciais polacas colocam em disputa duas visões opostas para o país, com os liberais de Tusk e os seus aliados no Governo a alertar para um retrocesso, após o PiS ter sido retirado do poder, em outubro de 2023, ao fim de oito anos marcados por acusações de autoritarismo e confronto com a União Europeia.

Os dois candidatos estão empatados nas sondagens. A declaração de apoio do candidato derrotado de extrema-direita Sławomir Mentzen com seus 14,8% dos votos pode fazer a diferença nesta reta final de campanha.

Rafał Trzaskowski e Karol Nawrocki, que ficaram separados por uma curta margem, 31,3% e 29,5% respetivamente, lutam nas urnas para suceder o atual presidente da República  Andrzej Duda de extrema-direita, que atingiu o limite de mandatos e tem usado amplamente o seu poder de veto para condicionar a agenda do Governo.

A reunião da CPAC, cujos encontros anuais decorrem desde 1974, teve lugar em Jasionka, perto da cidade de Rzeszów, no sudeste da Polónia, quase na fronteira com a Ucrânia, uma região fortemente conservadora.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Eleições presidenciais polacas no Brasil

No último dia 18 de maio ocorreram as eleições para a Presidência da República da Polônia, na qual se apresentaram 13 candidatos.

O resultado deu vitória no primeiro turno para o candidato do PO-Partido da Cidadania e atual prefeito da capital Varsóvia, Rafał Kazimierz Trzaskowski, e do mesmo partido do atual primeiro-ministro Donald Tusk. De centro e pró União Europeia e forte aliado da Ucrânia ele vai para um segundo turno difícil, conquistou 6.147.797 votos ou 31,36%.

Em segundo lugar, quase empatado ficou o candidato do PiS- Partido da Justiça e Direito Karol Tadeusz Nawrocki, do mesmo partido do atual presidente da República, Andrzej Duda. De extrema-direita e xenófobo e extremamente crítico da ajuda que o governo do primeiro-ministro está dando aos mais de 3 milhões de refugiados ucranianos, obteve 5.790.804 votos ou 29,54%.

DEMAIS CANDIDATOS



NO BRASIL

No Brasil, as três sessões eleitorais, Brasília, São Paulo e Curitiba também registraram a vitória de Rafał Trzaskowski, que obteve 61 votos (40,67%) contra 43 votos (28,67%) de Karol Nawrocki. Votaram 150 eleitores.

Na sessão eleitoral de Brasília, onde está sediada a Embaixada e um departamento consular, o candidato de extrema-direita Karol Nawrocki fez 16 votos contra Rafał Trzaskowski que fez 13 votos. Votaram 39 eleitores.

Na sessão eleitoral de São Paulo, coordenada pelo Consulado Geral de Curitiba, onde existe apenas um cônsul honorário, o vencedor foi o candidato de centro Rafał Trzaskowski que obteve vitória expressiva com 29 votos contra o candidato de extrema-direita Karol Nawrocki que obteve apenas 7 votos. Votaram 58 eleitores.

E na sessão eleitoral do mais antigo Consulado Geral da Polônia no Brasil, o de Curitiba, houve empate técnico. O extrema-direita Nawrocki obteve 20 votos contra o centrista Trzaskowski que fez 19 votos. Votaram 53 eleitores.

Não fossem os votos de São Paulo, o candidato do primeiro-ministro, Rafał Trzaskowski teria perdido as eleições no Brasil.

SEGUNDO TURNO

Vão para o segundo turno os dois candidatos Trzaskowski e Nawrocki. Marcado para o dia 1º. de junho de 2025. As sessões estarão abertas das 7h00 às 21h00.

Nas sessões eleitorais, no Brasil, a eleição é no dia 31 de maio das 7h00 às 21h00.

Apesar do candidato centrista ter vencido o primeiro turno, a extrema-direita juntando todos seus candidatos fez 10.031.809 votos, que somados com a direita e a centro-direita chegam a 11.161.408 votos, ou seja 56,94%.

O prefeito de Varsóvia, Trzaskowski para vencer o segundo turno vai ter que conquistar a direita e a centro-direita, pois só com o apoio da esquerda e da centro-esquerda ele teria 8.198.897 votos, ou seja, 41,82%.

ATENÇÃO
Os eleitores incluídos (no primeiro turno das eleições) nas listas de eleitores preparadas pelos cônsules não precisam se inscrever novamente para segundo turno da eleição para serem o direito de votar e serem incluídos nas listas de eleitores.
Esta obrigação aplica-se apenas aos eleitores que não foram incluídos no primeiro turno da lista de eleitores com desejo de votar.

Texto: Ulisses iarochinski

sexta-feira, 16 de maio de 2025

ELEIÇÕES PRESIDENCIAS 2025 NA POLÔNIA

As eleições acontecem neste domingo dia 18. No Brasil são três sessões eleitorais. Em Brasília, São Paulo e Curitiba.

O Consulado Geral em Curitiba, na Av. Agostinho Leão Junior, 234 - Alto da Glória, vai estar aberto, neste sábado, dia 17 de maio, das 7h00 às 21h00, para receber os eleitores aptos a votar. São eles, polacos residentes e brasileiros com cidadania polaca.

Os dois principais candidatos são:


Rafał Trzaskowski
, atual prefeito da capital Varsóvia, tem 53 anos, cientista político, já foi deputado nacional, e é considerado um membro da ala progressista do Partido PO - Plataforma Cívica, embora se autoidentifique como centrista.

Ele apoia publicamente a integração europeia, a transformação ecológica e um papel maior para os governos locais nas voivodias (Estados). Uma coligação que inclui partidos de esquerda apoia sua candidatura.


Karol Nawrocki, professor de história, é o chefe do Instituto da Memória Nacional. Também atuou como diretor do Museu da Segunda Guerra Mundial em Gdańsk de 2017 a 2021. É do partido de extrema-direita, PiS - Partido Lei e Direito, do atual presidente da República Andrzej Duda.

Seu ativismo se concentra na oposição anticomunista na Polônia. O Instituto da Memória Nacional promoveu caça as bruxas nos governos do Partido Lei e Direito demitindo professores universitários e até promovendo teses de doutoramento que acusam Lech Wałęsa de ter sido espião da KGB russa.

Em fevereiro de 2024, Karol Nawrocki foi listado como uma das pessoas procuradas pela Federação Russa por acusações criminais em relação a ações relativas à remoção de monumentos que comemoram a presença do Exército Vermelho em território polaco nos anos de 1944-1989.

Dias atrás, Nawrocki, esteve no Salão Oval da Casa Branca, pedindo as bençãos de Donald Trump.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Refugiados ucranianos reclamam da Polônia e vice-versa

Galeria Krakowska

Mais de 5 milhões de ucranianos procuraram refúgio na Polônia desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Apesar do acolhimento, por parte dos polacos, no início do conflito no leste da Europa, a situação tem ficado insustentável. Já o Ministério do Interior e Administração da Polônia, estima que há apenas cerca de 1,5 milhão de cidadãos ucranianos.

Enquanto isso economistas do Think Tank Cenea (Grupo de Reflexões) afirmam que os refugiados ucranianos na Polônia são muito menores do que os registros do governo apresentam. É possível que existam ainda até 30 a 40% menos que os dados oficiais. Portanto, na opinião deles, a discussão política que é feita sobre esse assunto na campanha eleitoral é manipulada.

ucranianos chegando a Polônia nas primeiras semanas da invasão russa

O site money.pl calcula que, nos primeiros meses logo após o início da guerra, cerca de 8 milhões de residentes deixaram a Ucrânia, primeiro para os países vizinhos da UE — Polônia, Romênia e Eslováquia. Ao mesmo tempo, a agressão russa forçou a migração interna de cerca de 3,6 milhões de ucranianos. Mais de 6,8 milhões de ucranianos que deixaram o país em resposta ao início da guerra ainda vivem fora de suas fronteiras.

O que a população polaca discorda, pois são milhões de ucranianos nas ruas sem fazer nada, "só zanzando de um lado para o outro" afirma um estudante da Universidade Iaguielônica de Cracóvia. Ao certo, ninguém sabe quantos refugiados ucranianos estão vivendo na Polônia.

Segundo os refugiados o número de ataques a eles tem aumentado no país. Discurso de ódio na Internet contra refugiados tem crescido.

A população polaca começou a manifestar-se e a acusar o governo polaco de ser generoso demais com os refugiados ucranianos e, nos últimos dois anos, houve protestos na Polônia contra a abertura do mercado europeu aos cereais ucranianos, que estavam prejudicando os produtores rurais polacos.

De acordo com um estudo realizado em dezembro de 2024 pelo Mieroszewski Centre, sediado em Varsóvia, a simpatia pelos ucranianos está diminuindo bastante na Polônia.

Apenas 25 por cento dos inquiridos mantém uma opinião positiva sobre os refugiados ucranianos, 30 por cento tem uma opinião negativa e 41 por cento, dizem-se neutros nesta questão. Entre esta população inquirida, metade considerou que o apoio oferecido aos refugiados era “excessivo” e apenas cinco por cento o consideraram “insuficiente”.

Uma opinião comum, segundo o mesmo relatório, é que as expectativas destes refugiados de guerra em relação aos benefícios sociais e a salários “são muito altas”. E ainda há, entre a população local, quem afirme que os ucranianos na Polônia “se comportam com se fossem donos do lugar”, são barulhentos e desonestos.

Apesar de os polacos considerarem uma “atitude heroica” dos ucranianos perante a agressão russa e apoiarem os esforços para que a Ucrânia seja integrada na OTAN e na União Europeia, o estudo revela que os problemas quotidianos, de relação diária entre populações, têm vindo cada vez mais à tona. A população ucraniana é vista no mercado de trabalho como indolente, segundo alguns, "aproveitadores", e outros respondem que, são trabalhadores, o que a pesquisa concluiu que tal situação pode levar a que a população polaca receie a concorrência.

Ambiente entre polacos e ucranianos mudou

Refugiados ucranianos passeiam muito na Polônia

No início da invasão russa, milhões de ucranianos – especialmente mulheres e crianças – fugiram para a Polônia, tendo sido recebidos com bastante apoio e simpatia polaca. Naquele momento, milhares, de polacos foram para as fronteiras com comida e bens essenciais e muitos abrigaram refugiados em suas próprias casas.

Três anos depois e com a guerra na Ucrânia ainda em curso, Varsóvia continua a ser um aliado fiel de Kiev, mas internamente a relação entre polacos e ucranianos mudou

Em vésperas de eleições presidenciais na Polônia, agendada para 18 de maio, as manifestações contra o apoio do Governo polaco aos ucranianos têm aumentado e alguns candidatos tentam ganhar votos prometendo menos ajuda a estes refugiados.

“O humor da sociedade polaca mudou em relação aos refugiados de guerra ucranianos”, disse Piotr Długosz, professor de sociologia na Universidade Iaguelônica, em Cracóvia, que realizou também estudos sobre as opiniões em relação aos ucranianos na Europa Central.

“Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que ajudar refugiados após o início da guerra era um reflexo moral natural, que se deve ajudar o próximo em necessidade. Ainda mais porque os polacos se lembram dos crimes cometidos pelos russos contra os polacos durante e após as duas guerras mundiais”.

No sábado passado, milhares de pessoas manifestaram-se em Varsóvia “contra a imigração ilegal” e contra o Governo pró-europeu de Donald Tusk. Manifestantes de todo o país, convocados por organizações nacionalistas de extrema-direita, transportavam bandeiras nacionais brancas e vermelhas e gritavam “isto é a Polônia” e “não à imigração”.

A Polônia que acolhe quase dois milhões de refugiados ucranianos e está enfrentando, segundo Varsóvia, uma onda de migração orquestrada por Minsk e Moscou.

A oposição fascista acusa ainda o Governo pró-europeu de Donald Tusk de ter “abdicado” das decisões sobre migrações a favor da Alemanha, permitindo que Berlim sobrecarregasse a Polônia com migrantes.

Em relatos à BBC, uma família ucraniana refugiada na Polónia denunciou os abusos. A filha de Svitlana adorava a escola polaca onde foi integrada quando imigraram para a Polônia.
“Ela gostou muito. Não havia abusos”, contou à publicação britânica. Mas o ambiente claramente mudou e, recentemente, a filha ouviu de um colega “volta para a Ucrânia”.

O governo da Polônia obrigou as professoras de escolas maternais e de primeiro grau a aprenderem o idioma ucraniano para poderem acolher as crianças ucranianas nas escolas. A boa vontade era imensa de integrar os pequenos a um novo mundo.

"No trabalho, muitas pessoas dizem que os ucranianos vêm para aqui e se comportam mal. E os meus amigos ucranianos dizem que querem voltar para casa porque os polacos não nos aceitam. É assustador morar aqui agora”.

Um brasileiro que vive na Polônia desde 1985 e que possui cidadania polaca, conta que já não é mais possível tratar com delicadeza os refugiados.

"Não foi uma vez nem duas, que esbarrei nas lojas chiques dos Shopping Centers da cidade com ucranianas bem vestidas e comprando produtos caros. Em duas ocasiões fui tratado rispidamente por uma ucraniana que me respondeu em idioma russo: 'Sai da minha frente. Você está me atrapalhando'. Ao que eu respondi: - A senhora está na Polônia fale em polaco, ou então em ucraniano e não russo. Afinal a senhora é ucraniana ou russa? A senhora tem dinheiro para comprar estas joias caras? - Ela colocou o dedo diante da boca e me ordenou que me calasse ". 

Muitos os ucranianos, por sua vez, relatam experiências de maus tratos nos transportes públicos, chacotas nas escolas e discurso de ódio na Internet contra eles. Situação que estes ucranianos consideram estar se agravando desde que começou a campanha eleitoral à presidência da República da Polônia.

Os Estados Unidos e a União Europeia estão constantemente fornecendo ajuda militar e econômica para Kiev, mas quase nada de ajuda para a Polônia alimentar, dar escolas e moradias para os ucranianos. E isto, a população polaca se ressente, "cadê a ajuda humanitária dos Estados Unidos para que possamos alimentar os refugiados", disse outro brasileiro que vive na Polônia há 20 anos.

No início da invasão russa, a maioria dos ucranianos foi para a Polônia. O governo polaco rapidamente regulamentou seu status. Como resultado de uma lei ucraniana especial, em março de 2022, foi introduzido um status de residência especial para pessoas que fugiam da guerra, incluindo a emissão de um número de identificação ucraniano, baseado no banco de dados do Instituto de Identificação polaco PESEL.

De acordo com a lei, os refugiados tiveram acesso a cuidados de saúde e outros serviços públicos, como educação, além de benefícios e acesso ao mercado de trabalho. No total, desde o início da operação do sistema até o início de 2025, 1,9 milhão de cidadãos ucranianos foram registrados nele, mas, ao mesmo tempo, foi introduzido um sistema para remover pessoas que deixaram a Polônia ou estavam registradas em outro país da UE.

Os autores do relatório CENEA enfatizam, que desde o final de 2022, o número de refugiados ucranianos registrados na Polônia permaneceu em um nível relativamente estável, pouco menos de um milhão. No entanto, como observam, a retirada de um ucraniano do sistema exige um registro oficial de saída do território polaco na fronteira, um registro paralelo em outro país da UE ou um registro de saída do espaço Schengen por outro país. E essas formalidades nem sempre são cumpridas.

Esses números totais no registro PESEL, de mais de um milhão de refugiados, não parecem estar muito corretos. Isso distorce a discussão sobre quantos refugiados ucranianos estão na Polônia e qual o escopo de apoio que eles podem esperar do país no futuro, ou qual o nível de apoio que podem receber atualmente, afirma Michał Myck, diretor do CENEA. 

Enigma do mercado de trabalho

Outros dados estão relacionados ao mercado de trabalho. Sabe-se há anos que os ucranianos são o maior grupo de imigrantes no país. E isto, desde muito tempo antes da invasão russa. Tanto é verdade que as principais associações empresariais e de pequenas empresas da Polônia há alguns anos fez o governo estender a Lei da Carta Polaca para descendentes de imigrantes polacos ao redor do mundo, preocupados que estavam com a invasão da mão de obra ucraniana. A campanha dos empresários, só do Brasil queria levar 30 mil brasileiros de origem polaca, "com sangue polaco", para trabalharem na Polônia.

As estatísticas da Zus (Previdência Social) demostram que, em 2023, havia 759 mil ucranianos registrados: 396 mil homens e 363 mil mulheres.

De 2021 a 2023, esse número aumentou para 132 mil. Pessoas que, de acordo com pesquisadores da CENEA, eram de mulheres. Referindo-se a esse número, ao total de adultos de mulheres de 18 a 59 anos (não estudantes) com Pesel-UKR - Identidade ucraniana de refugiado, os registros eram  335.000, em dezembro de 2023.

Mas esses dados contradizem os dados do relatório do NBP, segundo os quais em julho de 2024 eram cerca de 70 %. Os refugiados adultos estavam ativos no mercado de trabalho e outros 19 % procuravam emprego, o que sugere que os dados do banco de dados Pesel-UKR poderiam estar incompletos.

De onde vem a diferença? Alguns podem trabalhar em empresas, nas quais as contribuições não são pagas. De qualquer forma, segundo os pesquisadores do CENEA, essa é outra premissa confirmando sua tese. Olhando para vários conjuntos de dados, parece que não se sabe realmente quantos refugiados da Ucrânia estão atualmente na Polônia.

Os dados sobre crianças de 7 a 17 anos nos registros escolares são mais 800 benefíciadas. Portanto, os refugiados da Ucrânia não teriam quase um milhão na Polônia, mas algo entre  600 a 700 mil.  

Embora provavelmente não seja mais possível retornar ao nível de atitudes positivas para com os cidadãos da Ucrânia, que se observava na Polônia em fevereiro e março de 2022, o grau de solidariedade que prevaleceu naqueles dias deve ser um importante ponto de referência na formação das relações futuras entre os dois países. Conclui Michał Mick.

Os refugiados descritos no relatório da CENEA são apenas parte dos ucranianos na Polônia e com isso todos concordam.

Com fontes das agências de notícias internacionais e jornais locais.

segunda-feira, 12 de maio de 2025

FECHAMENTO DO CONSULADO RUSSO EM CRACÓVIA


O Ministério das Relações Exteriores polaco anunciou hoje o fechamento do consulado russo em Cracóvia, localizado na rua Ulica Biskupia 7, Polônia  por suspeitas de que os serviços especiais da Rússia tenham ordenado um grande incêndio em Varsóvia no ano passado.


"Devido às provas de que os serviços especiais russos cometeram um ato repreensível de sabotagem contra o centro comercial (...) decidi retirar o meu consentimento para o funcionamento do consulado da Federação Russa em Cracóvia", escreveu Radosław Sikorski na rede social X.

A denúncia sobre a sabotagem feita pelos serviços especiais da Rússia foi tornada pública neste domingo. As autoridades polacas acreditam que a Rússia foi responsável pelo incêndio que destruiu um centro comercial da Rua Marywilska em Varsóvia.


O incêndio no dia 12 de maio de 2024, aconteceu num Shopping Center com de 1.400 lojas e pontos de serviço. Muitos dos vendedores eram vietnamitas e o incêndio provocou uma tragédia em muitos membros da comunidade vietnamita de Varsóvia. Os vietnamitas estão na Polônia desde a Guerra do Vietnã, quando a República Popular da Polônia recebeu milhares de refugiados daquele país asiático.


O Ministério das Relações Exteriores da Rússia já reagiu e prometeu uma "resposta adequada". "Varsóvia continua a destruir conscientemente as relações entre os dois países (...). Uma resposta apropriada a estas medidas inadequadas seguir-se-á em breve", disse a porta-voz do ministério russo, Maria Zakharova, citada pelas agências noticiosas russas.

sábado, 3 de maio de 2025

Duas receitas polacas ótimas

 De repente recebo dois pedidos de amigos nesta manhã, uma de descendente de polacos, e outra de descendente de espanhóis.

A primeira, a polaca, queria a receita do Polski Gulasz (gulache polaco) e o outra do sanduíche comunista polaco Zapiekanka para o "espanhol".

Então, busquei no meu grande livro Kuchnia Polska, comprado numa livraria da cidade de Lublin. Traduzi e enviei aos dois e reproduzo aqui:

GULACHE (GULYÁS em húngaro)


INGREDIENTES

UNIDADES 900 gramas de paleta suína (cortada em cubos)
2 pimentões vermelhos médios (picados)
2 cenouras grandes (fatiadas)
3 cebolas médias (picadas)
4 dentes de alho grandes (picados)
2 colheres de sopa de banha (ou gordura de bacon)
2 xícaras de caldo (de carne ou de legumes)
3 colheres de sopa de extrato de tomate
2 colheres de sopa de páprica doce
1/2 colher de chá de sal
1/2 colher de chá de pimenta-do-reino
1 pitada de pimenta-malagueta
1 colher de sopa de fécula de batata (opcional para engrossar)
1 colher de sopa de farinha de trigo

INSTRUÇÕES

Doure a carne: Em uma panela grande, aqueça a banha ou a gordura de ganso em fogo médio-alto.
Adicione os cubos de carne suína, tempere com sal e pimenta e doure-os bem de todos os lados.
Faça isso em porções, se necessário, para evitar encher a panela.

Refogue os vegetais: Assim que a carne estiver dourada, reserve.
Na mesma panela, adicione a cebola, a cenoura, o pimentão e o alho.
Refogue até que a cebola fique translúcida e os vegetais comecem a amolecer.

Misture e cozinhe em fogo baixo: Coloque a carne de porco de volta na panela.
Adicione o extrato de tomate, a páprica doce e a pimenta em pó.
Misture bem para garantir que a carne e os vegetais estejam uniformemente cobertos. 

Adicione os líquidos e cozinhe: Despeje o caldo, certificando-se de que a carne e os vegetais estejam apenas cobertos.
Deixe ferver, reduza o fogo, tampe e cozinhe em fogo baixo por cerca de 1,5 a 2 horas, ou até que a carne de porco esteja macia.

Engrosse o gulache: Se desejar um molho mais espesso, recomendamos misturar a fécula de batata e a farinha com um pouco de água para criar uma pasta.
Adicione ao gulache no final do cozimento e cozinhe em fogo baixo por mais 5 a 10 minutos até que o molho atinja a consistência desejada.
Repita se necessário.

Tempere o gulache: Prove e ajuste o tempero com mais sal, pimenta ou páprica, conforme necessário.

Sirva: Saboreie este gulache substancioso com purê de batatas, pão crocante ou macarrão de ovo tradicional. Decore com salsa fresca, se desejar, para um toque de cor.

ZAPIEKANKA

INGREDIENTES

1 baguete 300 g de cogumelos (funghi sec - shytaki, na verdade Borowników)
1 cebola pequena
150 g de queijo suave
1 colher de sopa de óleo de canola (para fritar)

INSTRUÇÕES

Pré-aqueça o forno a 200 °C.
Corte a baguete no sentido do comprimento.
Retire um pouco do miolo.

Lave os cogumelos, seque-os e pique-os em pedaços pequenos.
Descasque a cebola e pique-a em pedaços pequenos.
Adicione azeite à frigideira.
Refogue a cebola picada e os cogumelos por 7 a 10 minutos.
Tempere com sal e pimenta.
Rale o queijo.
Recheie as baguetes com a cebola e os cogumelos fritos.
Cubra com queijo ralado.
Asse até dourar (aproximadamente 8 a 10 minutos).
Sirva com ketchup.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Candidato Nawrocki na Casa Branca

O fascista Karol Nawrocki

O candidato presidencial apoiado pelo partido de extrema-direita da Polônia, o Lei e Direito (PiS), compareceu ao Dia Nacional de Oração na Casa Branca, nesta quinta-feira, segundo sua equipe de campanha.

Os polacos votarão no primeiro turno das eleições presidenciais em 18 de maio (nas três sessões eleitorais no Brasil, Curitiba, São Paulo e Brasília a votação será no dia 17 de maio), e manter boas relações com os Estados Unidos será uma tarefa fundamental para o próximo chefe de Estado do país, que vê o apoio de Washington como essencial para sua segurança.

Adam Bielan, membro do PiS no Parlamento Europeu, postou uma foto na rede X de Karol Nawrocki, o historiador conservador apoiado pelo partido na campanha presidencial, na multidão do evento em frente à Casa Branca, antes de um discurso do presidente Donald Trump.

O chefe da equipe de campanha de Nawrocki zombou do favorito na corrida presidencial, Rafał Traszkowski, da Coalizão Cívica (Partido da Plataforma da Cidadania), que realizou um comício com o primeiro-ministro Donald Tusk no resort litorâneo de Sopot, cidade natal de Tusk.

"Trzaskowski com Tusk em Sopot, Nawrocki com Trump na Casa Branca", escreveu Paweł Szefernaker no X.

Não houve comentários imediatos da equipe de Trzaskowski.

Espera-se que Trzaskowski e Nawrocki se enfrentem em um segundo turno em 1º de junho, supondo que nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos no primeiro turno.

Fonte: Reuters
Texto: Alan Charlish
Tradudução: Ulisses Iarochinski

quinta-feira, 17 de abril de 2025

"Dores da Polônia" emociona público e resgata memória histórica em Castro

Ulisses Iarochinski se apresentando ao público antes da exibição

Castro voltou a respirar cultura na noite desta quarta-feira (26) com a exibição de documentários e vídeos-poemas do cineasta e jornalista Ulisses Iarochinski. O evento, intitulado "Dores da Polônia", ocorreu na Casa da Praça e integrou a programação comemorativa dos 321 anos do município. A iniciativa promovida pelo jornal Página Um News, teve o apoio da Prefeitura de Castro, através da Secretaria Municipal de Cultura.

O auditório da Casa da Praça, com capacidade para 40 pessoas, recebeu bom público, e contou com a presença de descendentes de polacos, alguns vindos de outras cidades, além de lideranças empresariais e políticas. Entre os presentes, o prestigiamento de secretários municipais de Cultura, Ronie Cardoso Filho; do Governo, Ricardo Cardoso Filho, que também preside a Associação Comercial e Empresarial de Castro (Acecastro); de Administração, Rodrigo Morais da Silva, entre outros.



A programação teve pouco mais de duas horas de duração e incluiu a exibição de quatro documentários dirigidos por Iarochinski – “Wojcieszków – Minhas Origens”; “Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau”; “80 anos de Libertação de Birkenau” e “Levante de Varsóvia – 1944”. Além disso, o público acompanhou a exibição de três vídeos-poemas – “Aos que vão nascer”, de Bertolt Brecht; “Nós, Polacos Judeus”, de Julian Tuwin e “Versos Íntimos”, de Augusto dos Anjos.

Todos os filmes apresentados foram roteirizados, produzidos, dirigidos, montados e narrados pelo próprio Ulisses Iarochinski. Os vídeos-poemas também foram recitados por ele. Após a exibição, houve sessão de autógrafos de dois dos 19 livros escritos pelo cineasta, seguida de um coquetel.

Iarochinski respondendo a uma série de perguntas da platéia


Identidade polaca em Castro

Em entrevista ao Página Um News, Iarochinski destacou a importância do evento e seu vínculo pessoal com a história da Polônia e de Castro. “Em agosto passado, completaram-se 80 anos da libertação dos campos de extermínio nazistas. Em 2005, estive lá registrando os 60 anos desse marco. Agora, produzi um novo documentário para somar àquele material e criar uma sessão única. Como esses filmes retratam muito sofrimento, nomeei o evento como ‘Dores da Polônia’”, explicou.

O cineasta também compartilhou sua conexão familiar com a cidade. Seus bisavós imigraram da Polônia para Castro em 1911, onde formaram família e ajudaram a construir a identidade cultural do município. “Eu não sou de Castro, sou de Harmonia, Monte Alegre. Mas estar nesta casa histórica me remete tanto às minhas origens em Monte Alegre quanto às minhas raízes polacas. Castro tem uma identidade polaca muito forte, com cinco colônias de imigrantes polacos. Estou aqui exibindo um documentário inédito para que meus parentes possam conhecer melhor a trajetória de nossa família”, afirmou.

Ao final da exibição, Iarochinski apresentou o documentário “Levante de Varsóvia – 1944”, relembrando um dos episódios mais trágicos da Segunda Guerra Mundial. Ele relatou o heroísmo da população polaca, que resistiu por dois meses contra 40 mil soldados nazistas, enquanto tropas russas e ucranianas assistiam do outro lado do rio Vístula sem intervir.

Alguns parentes do cineasta vieram de Pirai do Sul, Arapoti e Telêmaco Borba
e ele conheceu outros de Castro

Cultura em movimento

Para o secretário municipal de Cultura, Ronie Cardoso Filho, eventos como esse reforçam a importância do resgate histórico e da valorização da cultura local. “Castro sempre teve uma forte influência de imigrantes polacos e ucranianos, que trouxeram grandes contribuições para o município. O Ulisses retornou da Polônia com um material riquíssimo, e decidimos exibí-lo aqui, na Casa da Praça, um espaço que queremos reativar com uma programação mais intensa. O objetivo é movimentar o setor cultural, melhorar os espaços, capacitar funcionários e levar as atividades para todo o município, incluindo o interior”, destacou.

Publicado no Jornal PáginaUmNews
da Redação

quarta-feira, 12 de março de 2025

Trump volta a dar armas para Ucrânia através da Polônia

O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radosław Sikorski, confirmou nesta quarta-feira, 12/03/25 que o fornecimento de armas dos Estados Unidos para Ucrânia voltou a ocorrer.
 
O fornecimento de armas americanas para a Ucrânia utilizando-se de um corredor na Polônia foi retomado.
 
Os emissários dos Estados Unidos presentes na reunião na Arábia Saudita após oito horas de conversações com autoridades ucranianas concordaram a continuar fornecendo armamento para a Ucrânia se defender da invasão russa.
 
"Eu confirmo isso. As entregas de armas através do aeroporto de Jasionka voltaram aos níveis anteriores." O aeroporto polaco está situado no sudeste do país, e é o principal centro de abastecimento por onde passa quase toda a ajuda dos demais países para a Ucrânia.
 
 

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, por sua vez, disse que a Polônia está satisfeita com as novas propostas sobre a Ucrânia.
 
Sybiha, reiterou que a Ucrânia apoiou e aceitou a proposta dos EUA para uma trégua de 30 dias. "Estamos prontos para criar a equipe apropriada do nosso lado que trabalhará nesse roteiro sobre como chegar a essa trégua, se ela acontecer", disse ele.

 
Fonte: Agência de Notícias Reuters
 

segunda-feira, 10 de março de 2025

DORES DA POLÔNIA NA CASA DA CULTURA


Aguardando o início das exibições
 
Na sexta-feira, dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, a Casa da Cultura Polônia Brasil, recebeu o cineasta e jornalista Ulisses Iarochinski para exibição de seus documentários e vídeos-poemas.
 
 
Casa da Cultura Polônia Brasil

Noite concorrida na Sociedade Polono-Brasileira Tadeusz Kościuszko, sede da Casa da Cultura Polônia Brasil, onde compareceram, além dos associados das duas instituições vários jornalistas, atores e cineastas para assistir os filmes “Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau”, “80 anos de Libertação de Birkenau”, “Levante de Varsóvia – 1944” e “Mulher – 8 de Março”, além dos vídeos poemas “Aos que vão nascer” de Bertolt Brecht, “Nós, Polacos Judeus” de Julian Tuwin, “Versos Íntimos” de Augusto dos Anjos e “Mulher – Samba da Benção” de Vinícius de Moraes. Todos os filmes têm roteiro, produção, direção, montagem e narração de Ulisses Iarochinski, e os vídeos-poemas são também recitados pelo cineasta.
 

 Iarochinski explicando sobre as agressões que sofreu por só usar o termo "Polaco"
 
“Dores da Polônia” é um evento criado pelo cineasta para comemorar datas significativas da Polônia, como os 80 anos de Libertação dos Campos de Concentração e Extermínio de Auschwitz, os 80 anos do Levante de Varsóvia, a participação das mulheres polacas na criação do Dia Internacional da Mulher, dos 215 anos de nascimento de Fryderyk Chopin e dos 1000 anos de coroação do primeiro rei da Polônia, Bolesław I.
 
O ano de 1944 foi marcante na história da Polônia, que viveu intensamente a Segunda Guerra Mundial, a qual terminaria em 8 de maio de 1945. A primeira lembrança da resistência polaca naquele ano é a revolta popular dos habitantes de Varsóvia, que teve lugar entre agosto e outubro. Durante esse período, os varsovianos enfrentaram 40 mil soldados das forças armadas nazistas alemãs, apesar de contarem com um número muito menor de combatentes. A chamada "Powstanie Warszawskie" ou Levante de 1944 foi a insurgência da "AK - Armia Krajowa" (Exército Paisano), na qual mulheres, crianças, jovens, adultos, idosos, católicos, protestantes, ciganos, polacos de origem judaica e alguns estrangeiros ousaram contra-atacar os ocupantes alemães.
 


A revolta explodiu no dia 1.º de agosto de 1944 e se estendeu até 2 de outubro quando os líderes da AK assinaram a rendição. Morreram 166 mil varsovianos, entre eles 11.500 polacos de origem judaica. De uma população de 1,7 milhão de pessoas antes da guerra, restaram menos de 6% dos habitantes da cidade. Como consequência dessa ousadia, a capital da Polônia foi devastada quase completamente ao final da Segunda Guerra Mundial. 
 
O segundo documentário exibido, "Cemitério sem Tumbas – Auschwitz Birkenau", foi produzido em 2005, quando Iarochinski registrou as comemorações dos 60 anos da libertação dos campos de concentração e extermínio nazistas. O filme apresenta cenas chocantes dos experimentos do médico Josef Mengele, a história dos campos nas cidades polacas de Oświęcim e Brzezinka, e a presença de líderes mundiais no Monumento das Vítimas do Holocausto.
 
O terceiro documentário apresenta os 80 anos de libertação de Auschwitz comemorados neste 27 de janeiro de 2025.
 
O quarto documentário conta que apesar da ONU só ter oficializado o 8 de março como Dia Internacional da Mulher, ele já era comemorado desde 1911 e teve nas polacas Rozalia Luksenburg, Klementina Hoffmanowa, Maria Dulębianka e Narciza Żmichowska suas ativistas, não só pelo dia da mulher, mas também pelo voto feminino.
 
Também forão apresentados trechos de poemas dos poetas Bertolt Brecht (alemão) e Julian Tuwim (polaco) sobre os horrores da segunda guerra mundial em terras polacas; versos de Vinícius de Moraes sobre a beleza da mulher, encerrando-se com o célebre poema de Augusto dos Anjos.
 
Ulisses Iarochinski

Ulisses Iarochinski, jornalista, historiador, cineasta, produziu e dirigiu mais 15 documentários de curta-metragem e 5 de longa-metragem. Também já escreveu e publicou mais de 16 livros sobre a imigração polaca, a guerra do contestado e o descobrimento do Brasil.
 
Fotos: Luiz Araújo

domingo, 9 de fevereiro de 2025

9 de Fevereiro - 82 anos do Massacre da Volínia

1943 - Crimes da Volínia - A verdade e a memória
 
Há 82 anos, os ucranianos iniciaram o massacre em massa de polacos na região da Volínia.
 
Em 9 de fevereiro de 1943, um destacamento do Exército Insurgente Ucraniano massacrou a população polaca da vila de Parośla I (voivodia de Volínia), assassinando bestialmente entre 149 e 173 pessoas, incluindo crianças, mulheres e idosos.
 
Os historiadores consideram esses eventos sangrentos como o início dos crimes hediondos da Volínia. O comandante do ataque - Hryhorij Perehijniak - foi condenado à prisão perpétua por assassinato por um tribunal polaco antes da guerra.
 
Apenas uma dezena de moradores sobreviveu ao crime. Já em setembro de 1939. Os ucranianos estavam cometendo assassinatos contra polacos nas fronteiras, mas o crime em Parośla foi o primeiro de natureza em massa.
 
No verão e no outono de 1943, o terror da OUN-UPA atingiu proporções enormes. O mês de julho foi particularmente sangrento, especialmente o domingo, 11 de julho de 1943. Nesse dia, ao amanhecer, unidades do Exército Insurgente Ucraniano - muitas vezes com o apoio ativo da população ucraniana local - cercaram e atacaram simultaneamente 99 vilarejos polacos.
 
Lá ocorreram massacres desumanos de civis e destruição de casas. As vilas rurais foram queimadas e os bens saqueados. Os pesquisadores calculam que cerca de 8.000 polacos - principalmente mulheres, crianças e idosos - foram mortos somente naquele dia.
 
A população polaca foi morta com balas, machados, foices, facas e outras ferramentas, muitas vezes em igrejas durante missas e cultos.
 
De acordo com as descobertas dos historiadores, um total de aproximadamente 100.000 polacos foram mortos pelas mãos dos nacionalistas ucranianos entre 1943 e 1945.
 
O Instituto de Memória Nacional coleta informações sobre os assassinados dentro da estrutura da Base de Vítimas do Massacre da Volínia. Uma parte integrante do projeto é um mapa interativo dos crimes, que marca os locais de morte vinculados aos dados e fatos das vítimas descritos na base.
 
A família Szwed (apelidada de Selvagens) de Wola Ostrowiecka. Da esquerda para a direita: Karolina (morta em Wola Ostrowiecka), Marianna (morta junto com seu marido), Wincentyna, Anaztacja, Anna (morta junto com seus cinco filhos), Michał (morto em Wola Ostrowiecka), Jadwiga.

O que foi o Massacre da Volínia?

Foi uma limpeza étnica antipolaca perpetrada por nacionalistas ucranianos, com caráter genocida. Incluiu não apenas a Volínia, mas também as voivodias de Lwów, Tarnopol e Stanisławów e até mesmo parte das voivodias que faziam fronteira com a Volínia: a região de Lublin (do oeste) e a Podláquia (do norte).

O Massacre da Volínia durou de 1943 a 1945. O genocídio de polacos indefesos foi obra da Organização dos Nacionalistas Ucranianos, a facção do líder fascista Stepan Bandera (OUN-B) e seu braço armado, o Exército Insurgente Ucraniano (UPA).

Nos seus próprios documentos estes enlouquecidos genocidas se referiram ao extermínio planejado da população polaca como uma "ação antipolaca".

 Capítulo do livro "Terras da Polônia"

Agressor ucraniano, na vila da Mina Stepańska, município de Kostopol, na voivodia da Volínia, em julho de 1943. Desenho feito pelo professor e vice-comandante de autodefesa da mina, Władysław Kurkowski. Fonte: Ewa Siemaszko.

Os massacres cometidos contra polacos nas regiões da Volínia, Podólia, Małopolska (Pequena Polônia) Oriental, voivodia Lubelska e voivodia da Podláquia cometidos pelo UPA-Exército Insurgente Ucraniano com o apoio de partes da população ucraniana, de 1943 a 1945, foram das mais covardes agressões executadas durante a Segunda Guerra Mundial.

A maior alta dos massacres ocorreu em julho e agosto de 1943. A maioria das vítimas era de mulheres e crianças. Muitas das vítimas polacas, foram torturadas até a morte. Estupravam, desmembravam, imolavam, entre outros métodos desumanos. Os crimes do UPA resultaram em cerca de 100.000 mortes.

Segundo Timothy Snyder, a limpeza étnica foi uma tentativa rutena-ucraniana de impedir que o Estado polaco do pós-guerra reafirmasse sua soberania sobre as aquelas terras seculares polacas.

Henryk Komański e Szczepan Siekierka afirmam que os assassinatos estavam diretamente ligados às políticas da facção de Stepan Bandera na OUNB-Organização dos Nacionalistas Ucranianos e seu braço militar, o Exército Insurgente Ucraniano.

 O objetivo dos guerrilheiros conforme especificado na Segunda Conferência da OUN-B, entre 17 a 23 de fevereiro de 1943 foi para expurgar todos os não-ucranianos do futuro Estado da Ucrânia.

A organização ilegal dos nacionalistas ucranianos que operava desde 1929 tinha como objetivo principal criar um Estado da "Ucrânia para os ucranianos". A OUN intensificou os planos organizacionais, de propaganda e de combate depois de 1935. Mas eles foram implementados somente depois que a Polônia foi atacada pelas fronteiras Oeste e Leste, respectivamente, pelas forças nazistas, soviéticas. Ataques cometidos contra camponeses desarmados.

Antes da grande guerra circulavam rumores sobre a prontidão de combate para uma revolta geral ucraniana, no caso, de um confronto armado polaco-alemão previsto pela OUN. Após a invasão alemã, em setembro de 1939, nas terras habitadas tantos por polacos, rutenos e “ucranianos”, a OUN-UPA passou a aniquilar a população polaca com assassinatos cruéis em grande escala, através de incêndios, saques e destruição de propriedades.

O resultado das investigações conduzidas pela Comissão de Acusação de Crimes contra a Nação Polaca do Instituto da Memória Nacional da Polônia, o massacre contra populações indefesas de polacos foi classificado como genocídio.

As dimensões dos crimes da OUN-UPA contra os polacos nas quatro voivodias pré-guerra, Volínia, Lwów, Stanisławów e Tarnopol foram determinadas pelos registros detalhados das atrocidades cometidas nas cidades e eventos individuais. Isto foi documentado considerando listas de nomes das vítimas.

A revolta ucraniana foi considerada uma das variantes da Polônia sendo tomada pela Alemanha, o que tinha sido acordado com o ramo emigrante da OUN (que cooperava com a Alemanha).

Quando as tropas soviéticas entraram na Polônia, em 17 de setembro de 1939, a Alemanha deixou de inspirar e apoiar a revolta ucraniana. No entanto, a revogação da rebelião não atingiu todos os elos da OUN. Subversões, brigas e assassinatos, provaram que a OUN estava pronta para agir contra o Estado polaco e contra os polacos indefesos.

Milícias ucranianas agiram na Volínia, Leste da Małopolska e na Podólia, desarmando soldados e policiais, roubando propriedades estatais e privadas, principalmente polacos fugindo dos nazistas para o Oriente.

Estas milícias assassinaram não apenas indivíduos, mas também grandes grupos. Os autores dos crimes, no Leste da Małopolska, onde a OUN preparou o levante foi onde obtiveram maior impacto sobre a população ucraniana que passou a apoiá-los. Já na Volínia, os polacos foram assassinados tanto por nacionalistas quanto comunistas, que anteriormente estavam associados ao Partido Comunista da Ucrânia Ocidental. Partido que dissolvido em 1938. 

Somente em 1939, os assassinatos e brigas cometidas pelos ucranianos totalizaram a morte de pelo menos 1036 polacos, na Volínia, e outras 2242 polacos, na Podólia.

Os crimes covardes dos ucranianos foram mais visível em cinco municípios, Brzeżany e Podhajecki, na voivodia de Tarnopol, em Łuck e Lubomel, na Volínia, e em Drohobyckie na voivodia de Lwów.

Mesmo antes da guerra, as regiões de Brzeżany e Podhajecki se distinguiam pela agressividade dos nacionalistas ucranianos contra os polacos. Em outras regiões, a ameaça era tão grande que soldados polacos se renderam aos soviéticos, para não cair em mãos ucranianas. Inclusive, pediram proteção reforçada em Bursztyń, no distrito de Rohatyń, na voivodia de Stanisławów (atualmente chamada de Iwano Frankiwski).

Os ataques contra os polacos incentivados pelos soviéticos com panfletos, assumiram dimensões inesperadas até mesmo para os russos. Estes acreditavam que os ucranianos iriam exterminar apenas os cavalheiros e meio-mestres, mas não todo e qualquer polaco. Em setembro, instruções apropriadas e um novo folheto foram emitidas para o exército soviético, estreitando o "incentivo" para exterminar os polacos proprietários de terras e casas

* Para saber mais sobre estes massacres, o livro "Terras da Polônia" de Ulisses Iarochinski está à venda na amazon.com (sem o .br):

 Terras da Polônia - Ulisses Iarochinski