terça-feira, 29 de julho de 2025

Descoberto esqueleto de 700 anos na Polônia

Foto: Piotr Wittman

Esqueleto completo de cavaleiro medieval é descoberto sob antiga sorveteria na Polônia Enterrado há mais de 700 anos, homem possui uma lápide esculpida que indica possível posição de destaque na sociedade. 

Durante escavações no centro histórico de Gdańsk, cidade costeira no norte da Polônia, arqueólogos encontraram o esqueleto completo de um cavaleiro medieval enterrado sob o que foi, por décadas, um ponto comercial bastante conhecido da região.

O terreno abrigava a sorveteria Miś, inaugurada em 1962 e recentemente transferida para outro endereço. A descoberta começou no início deste mês, quando a equipe do Laboratório Arqueológico e de Conservação ArcheoScan identificou uma lápide de calcário gravada com a imagem de um guerreiro em armadura, empunhando espada e escudo.

A pedra, posteriormente datada entre os séculos 13 e 14, foi removida do local em 8 de julho e levada ao Museu Arqueológico de Gdańsk. Dois dias depois, os arqueólogos encontraram, um esqueleto humano em notável estado de preservação. “De acordo com análises preliminares, era um homem forte, com mais de 40 anos. Tinha cerca de 1,70 m de altura, talvez mais. Esse era o tamanho médio dos homens em Gdańsk na Idade Média. As mulheres, em média, eram 10 cm mais baixas”, disse a antropóloga Aleksandra Pudło, responsável pela análise dos restos mortais, em comunicado.

Neste comunicado foi informado que:

O esqueleto completo de um cavaleiro foi encontrado. Quem era ele? Como devemos chamá-lo? Na quinta-feira, 10 de julho, arqueólogos começaram a explorar um túmulo que data da virada dos séculos XIII e XIV no "castelo". Eles encontraram os restos de um caixão contendo um esqueleto e um crânio. De acordo com o exame preliminar, o homem era robusto, com aproximadamente 40 anos de idade e pelo menos 1,70 m de altura. Como sabemos que ele não era um morador comum de Gdansk? Graças à lápide sob a qual ele esteve enterrado por mais de 700 anos: um valioso monumento de calcário de Gdańsk esculpido com a imagem de um cavaleiro de armadura segurando um escudo. Era quase 13h quando o próprio crânio emergiu de debaixo das espátulas e escovas. Depois, a mandíbula e as vértebras cervicais. As horas seguintes revelaram o esqueleto inteiro sob as camadas de terra. A arqueóloga Sylwia Kurzyńska e a antropóloga Aleksandra Pudło, do Museu Arqueológico de Gdańsk, decidiram trabalhar incansavelmente nessa descoberta única — até recuperarem o espécime inteiro e o guardarem em sacos plásticos. Tudo isso devido às previsões meteorológicas de chuva forte em Gdańsk na sexta-feira. A água poderia ter danificado irreversivelmente o conteúdo da sepultura. "Sylwia, seu celular está tocando de novo! Deve ser seu marido!", gritou um dos trabalhadores da escavação. "Diga a ele que não posso mais! Estou na sepultura!"

Embora o crânio esteja mais desgastado, o conjunto ósseo foi descrito como “muito bem preservado”. Ainda não se sabe a identidade do cavaleiro nem a quem ele servia. “A lápide está surpreendentemente bem preservada, considerando que foi entalhada em calcário macio e ficou enterrada por séculos”, afirmou Sylwia Kurzyńska, arqueóloga e diretora da ArcheoScan.

“O cavaleiro aparece em pé, com a espada erguida. Só uma pequena parte dessas lápides incluía representações dos falecidos e, entre essas, a maioria trazia apenas gravuras simplificadas em placas planas, feitas para pisos de igrejas. Todas as evidências sugerem que o falecido pertencia à elite social – muito provavelmente um cavaleiro ou comandante altamente respeitado”, acrescentou.


Durante a Idade Média, Gdańsk foi palco de disputas entre diversas forças. A cidade foi tomada no início do século 13 pela Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, um grupo militar católico de origem alemã saxônica.

Antes disso, a região era controlada pela dinastia polaca Sobiesław, ativa entre os séculos 11 e 12. Sem uma datação precisa da sepultura, ainda não é possível afirmar se o enterro ocorreu antes ou depois da invasão teutônica.

A ausência de brasão de armas também dificulta a identificação direta do personagem. A descoberta se soma a outras importantes feitas no mesmo terreno desde que ele foi transformado em um sítio arqueológico, há dois anos.

A empresa que adquiriu o lote para futuros empreendimentos teve que realizar escavações obrigatórias antes do início das obras – e acabou revelando camadas inteiras de história soterrada sob a cidade moderna.

Em 2024, arqueólogos identificaram ali os restos de uma igreja de madeira datada de cerca de 1140, considerada a mais antiga já encontrada em Gdańsk. Com 14 por 14 metros, o templo medieval foi acompanhado por um cemitério com mais de 200 sepulturas, das quais apenas oito apresentavam lápides (incluindo a do cavaleiro).



Também foram localizados vestígios de casas do século 12 e 13 e uma antiga rua da cidade medieval. “Era um espaço de poder, fé e sepultamento – um local de importância simbólica e estratégica na de Gdańsk”, destacou Kurzyńska.

Com base na qualidade da lápide e na raridade da sepultura, os especialistas acreditam que esta pode ser a única tumba desse tipo já encontrada na Polônia. Por isso, o objeto passará por uma série análises detalhadas, incluindo modelagem em 3D, para tentar reconstituir sua aparência original e decifrar os elementos perdidos com o tempo. Já o esqueleto passará por um exame antropológico aprofundado, que deve fornecer mais pistas sobre a saúde, alimentação, possíveis doenças e até a origem geográfica do indivíduo. Segundo Pudło, os resultados podem começar a ser divulgados já no próximo ano.

Fontes: Super Interessante e gdańsk.pl

The Voice of Poland em Curitiba

Vem aí o THE VOICE OF POLAND - América do Sul em Curitiba!


Se você ama cantar e tem uma conexão com a cultura polaca, essa é sua chance!

O concurso internacional "The Voice of Poland" chega pela primeira vez a América do Sul e as inscrições estão abertas até o dia 31 de julho de 2025.

Podem participar pessoas que moram na América do Sul e gostam de música polaca – basta enviar seus vídeos e preencher o formulário de inscrição no site:


Um júri profissional irá selecionar 32 participantes para a fase presencial ,em Curitiba, na Casa da Cultura Polônia Brasil, no dia 22 de agosto.

Os finalistas se apresentarão na grande final no dia 23 de agosto de 2025, às 19 horas, na Casa da Cultura Polônia Brasil (Rua Ébano Pereira, 502, Curitiba/PR).

E mais: o concurso terá um prêmio especial no valor de 1000 euros, oferecido pela Associação de Artistas Intérpretes SAWP.

A final contará com banda ao vivo sob a direção de Cezariusz Gadzina. Entrada livre para o público! Venha prestigiar e torcer pelos talentos da nossa comunidade!

Inscrições até 31/07 – Final ao vivo em 23/08, Curitiba.

Mais informações: www.thevoiceofpolonia.eu

Este projeto é financiado no âmbito do apoio do Senado da República da Polônia à diáspora polaca e aos polacos no exterior em 2025 e tem apoio da TVP Polonia, da Associação dos Artistas Intérpretes SAWP, Fundação TAK "Temat Aktualny Kultura", Casa da Cultura Polônia Brasil e Sociedade Polono-Brasileira Tadeusz Kościuszko.

Cezariusz Gadzina

Saxofonista formado pela Academia de Música Frederic Chopin, em Varsóvia, Polônia (na classe de saxofone clássico do saxofonista americano David Pituch), pelo Lemmensinstituut em Leuven, Bélgica (na classe de saxofone clássico do saxofonista holandês Ed Bogaard) e pelo Conservatório Real de Música de Bruxelas, Bélgica (na classe de saxofone jazz do saxofonista americano John Ruocco).

No Conservatório Real de Bruxelas, estudou também regência sinfônica com o maestro britânico Frank Shipway. Vencedor de diversos prêmios e distinções, entre os quais os mais importantes são: o 1º lugar no Concurso Europeu de Jazz em Sorgues/Avignon, França, e duas vezes finalista no Concurso Internacional de Jazz em Hoeilaart, Bélgica. Recebeu a Chave de Ouro para Carreira no Pomeranian Jazz Autumn.

Foi bolsista do Governo Belga. Recebeu uma bolsa do Berklee College of Music em Boston, EUA. Apresentou-se em diversos festivais de música: Festspiele em Salzburgo, Ars Musica em Bruxelas e Zagreb. Bienal, Bienal de Bonner em Bonn, Festival Aca em Maiorca, Outono de Varsóvia, Jamboree de Jazz em Varsóvia, Maratona de Jazz de Bruxelas, Jazz em Liège e Jazz Kroegentocht em Ghent, Jazz Nord em Lille, Azawane Laayunne Internacional – Marrocos e muitos outros.

Tocou como solista com diversas orquestras sinfônicas – Orquestra da Rádio Dinamarquesa, Orquestra de Câmara da Rádio Polaca, Orquestra de Câmara de Bruxelas – Ricercare, Filarmônicas do Báltico em Gdansk, Filarmônicas de Białystok, Kalisz, Wałbrzych, Koszalin, Kielce, Opole, Poznań Trabalhou também com a Filarmônica Nacional de Varsóvia, a Orquestra da Ópera Nacional de Varsóvia e a Orquestra da Ópera "De Munt" de Bruxelas, o Ictus Ensemble de Bruxelas, o Ensemble de Música Nova de Bruxelas, o Urban Sax de Paris, entre outros.

Em 2004, Cezariusz Gadzina, como primeiro saxofonista polaco, gravou com a Orquestra de Câmara da Rádio Polaca "Amadeus", regida por Agnieszka Duczmal, o primeiro concerto polaco para saxofone – Concertino de Roman Palester, escrito em 1938 e perdido durante a Segunda Guerra Mundial.



P.S. Quem não conseguir preencher o formulário, por não entender o idioma polaco, estou a disposição para ajudar.

domingo, 20 de julho de 2025

Hoje: 20 anos de existência deste blog

20 ANOS DO BLOG

JAROSIŃKI DO BRASIL

A Polônia em português

do jornalista Ulisses Iarochinski


- MAIS DE UM MILHÃO DE VISUALIZAÇÕES
- 2.977 PUBLICAÇÕES - 1.958 COMENTÁRIOS
- BLOG DEDICADO ARTE, CULTURA, CURIOSIDADE, CIDADANIA, HISTÓRIA, IDIOMA, POVO, POLÍTICA, TURISMO E NOTÍCIAS DA POLÔNIA.


Há exatos 20 anos, no dia 20 de julho de 2005, desativei o portal que mantinha em um provedor de Internet, em Curitiba, para o qual eu pagava mensalidade já há 11 anos, a fim de falar assuntos da imigração polaca no Brasil. O portal “Saga dos Polacos”, estava hospedado no endereço http:// www.ui.jor.br.

Já tinha transformado o portal em um livro, lançado em novembro de 2000, com o título “Saga dos Polacos – A Polônia e seus emigrantes no Brasil". Mas, após cinco anos na Polônia, manter o portal no provedor curitibano tornou-se oneroso e difícil.

Naquele verão polaco, eu era o único estudante na Casa de Estudantes do Przegorzały - uma colina no bairro Zwierzyniec, pertencente à Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia. Todos os outros estudantes já haviam concluído seus cursos ou estavam de férias. Restaram eu e os funcionários, já que a casa permanecia aberta pra eventuais hóspedes.



O Przegorzały está localizado a 6,5 quilômetros a oeste do centro da cidade, no Bosque Wolski, a leste do bairro de Bielany e a oeste do Monte Kościuszko, com vista para o rio Vístula
Possui várias reservas naturais e mantém um caráter semi-rural.

Mas, voltando ao tema: havia acabado de escrever um artigo acadêmico para entregar ao meu orientador do doutorado. Pesquisando na Internet, descobri que eu poderia ter um site ou algo parecido sem precisar pagar mensalidade para um provedor de Internet.

Era o Blogger, também conhecido como Blogspot, criado em agosto de 1999 pela Pyra Labs. Em 2003, a plataforma foi adquirida pelo Google, e eu não sabia nada disso.

O Blogspot tinha se tornado um dos primeiros serviços de blog gratuitos e populares. Já tinha algum conhecimento da linguagem HTML, pois vinha criando sites desde 1994, e o Blogspot, além de ser gratuito, era muito mais fácil de usar. Foi assim que postei aquele artigo, em português, intitulado “Porque Polaco”.


A princípio, eram poucos os visitantes ou leitores do blog, mas o fato dele permitir que eu continuasse exercendo minha profissão de jornalista me oferecia um mundo inteiramente novo: a Polônia recém-inserida na União Europeia, ser mostrada para os descendentes de imigrantes polacos do Brasil.

Além disso, mantinha contato com os leitores do meu portal e do livro “Saga dos Polacos” (que, em novembro próximo, completa também 25 anos de publicado...e ainda vende!).

No entanto, o acúmulo de leituras obrigatórias do doutorado e das pesquisas para artigos acadêmicos e para a tese, que viria a ser “Cruz Machado – a Lenda virou História”, consumia todo o tempo, tanto livre quanto não livre.

Assim, a segunda publicação no blog veio apenas na última semana de janeiro do ano seguinte.

Quem já passou o inverno inteiro na Polônia sabe: em outubro o céu começa a ficar nublado, a ventania bate forte nas árvores, derrubando todas as folhas. O dia fica mais curto.

O inverno chega em novembro, e com ele, as primeiras nevascas e temperaturas abaixo de zero. Em dezembro, às 15h30, já é noite. O céu continua nublado. Nada de sol, nada de lua, nada de estrelas.

Naquele domingo, ainda na cama, acordei com os raios de sol inundando meu quarto e bateram no meu rosto. Olhei através da fina cortina branca e vi o céu azul. Não podia ser.

Só podia estar sonhando com o verão. Que nada! Não era sonho. O céu realmente estava azul e o sol brilhava.

Levantei-me, nem tomei o chá da manhã. Coloquei meia de lã, ceroula, calça de alpinista forrada, camiseta de flanela, duas blusas de lã, um casacão de alpinista, uma manta (cachecol) ao redor da barba crescida, toca, capuz, luvas de couro e lã por dentro e saí correndo da casa, munido de uma pequena máquina fotográfica e de um celular.

A ideia era aproveitar para tirar o máximo de fotos com aquela visão magnífica de sol, céu azul e o branco da neve acumulada - mais de 1,5 de altura. O contraste certamente será incrível, pensei. Estava lá no meio daquele bosque, com a Baszta (torre de defesa) e o Castelo do Przegorzały ao lado. Fotos ficaram incríveis.

O dedo coberto com a luva apertava o obturador da câmera sem parar. De repente, o celular tocou. Tirei a luva para apertar o botão do celular, levei-o ao ouvido e abaixei o cachecol para falar. Não consegui movimentar a mandíbula para abrir a boca e dizer: “Sucham” (escuto).

Estava completamente travada, congelada. Dei uns grunhidos e desisti de falar.

Enquanto colocava o celular no bolso, vestia a luva e recolocava o cachecol, percebi algo endurecido no meu bigode e no cavanhaque. A respiração do nariz e o bafo da boca haviam virado gelo e estavam grudadas pedrinhas nos pelos.

Aproveitei e tirei esta foto.

Ela foi minha segunda publicação no blog.

Enviei ainda a mesma foto para o jornal Tribuna do Paraná, de Curitiba, e ela foi publicada pelo jornalista e cartunista Dante Mendonça, não só em sua coluna, mas também no jornal O Estado do Paraná.



Sim, estava muito frio.

Desci os mil metros de altitude da colina do Przegorzały e fui para o ponto de ônibus lá embaixo. Logo chegou o coletivo, quentinho lá dentro. Ao passar pela loja de departamentos Jubilat, às margens do rio Vístula, pude ver o luminoso de neon informando a temperatura: 33 graus negativos.

Foi essa a temperatura que travou minha mandíbula. Aquela temperatura se manteve por duas semanas, até o dia 10 de fevereiro. A repercussão da foto junto aos leitores da Tribuna e do Estado do Paraná foi grande. Isso me motivou a encontrar tempo para novas publicações no blog. Estes foram os textos que publiquei no blog ao completar 5, 10 e 15 anos:



Na verdade, são duas as Santas Edvirges. E ambas da Polônia.

A primeira, embora tenha nascido no Reino da Bavária, foi esposa do Duque da Silésia polaca, Henrik. Isso ocorreu em um período em que o reino da Polônia foi dividido em vários ducados, só voltando a ser reino com a reunificação feita pelo Duque Władysław I, de Cracóvia.

Em idioma polaco Edvirges é Jadwiga.

A segunda Jadwiga, embora nascida na Hungria, era sobrinha do rei Casimiro – o Grande, e foi entronizada como Rei da Polônia aos 12 anos de idade. Ela virou rainha, quando se casou com o Grão-Duque da Lituânia, que se tornou rei das duas nações.

Jadwiga, filha de Elżbieta da dinatia polaca dos Piast, foi quem criou a primeira universidade da Polônia, a Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia, nome dado em homenagem a seu esposo lituano Jagiellau.

Essa Jadwiga foi canonizada pelo Papa João Paulo II e seu sarcófago com seus restos mortais, está na Catedral de Wawel, em Cracóvia, próxima ao Palácio onde ela foi Rei e Rainha. Esta Santa Jadwiga (Edvirges) é padroeira da Polônia e da União Europeia.

Quando o blog completou 10 anos, a publicação foi a seguinte:



Além de ser intitulada a “Terra da Cerveja”, “Terra da Vódca”, “Terra do Linho”, “Terra do Âmbar”, a Polônia também é a “Terra das Sopas e Consomês e Caldos”.

As minhas preferidas são a de Cogumelos (Zupa Grzybowa), a de Farinha Azeda de Trigo Sarraceno (Żurek) e a cremoso de Pepinos Frescos (Zupa Ogórkowa). Tem lugar ainda no meu paladar o caldo, ou consomê, o “Barszcz Czerwone” (Caldo de Beterraba).

Atenção: não se deve traduzir Barszcz por Borscht (isso é em inglês). A Tradução correta é Caldo de Beterraba.

Quando fez 15 anos de existência, a publicação foi esta:
Já em 2020, a Polônia estava dividida entre a extrema-direita e o centro, com apoio da esquerda.

Fato que se repetiu recentemente, em junho passado, quando o vencedor, desconhecido da extrema-direita venceu com pouco mais de 1%.

Durante esta semana que passou, fui contemplado com uma breve exposição de algumas de minhas reportagens do blog na Rua da Cidadania, do Bairro Boa Vista, em Curitiba

Algumas delas foram transformadas em painéis:

"Pisanki - ovos coloridos da Polônia",
publicada em 23 de abril de 2022.


"Orações católicas em idioma polaco",
publicada em 19 de fevereiro de 2014



"A carroça é contribuição polaco para o Brasil",
publicada em 19 de dezembro de 2010.



"Wycinanki - arte do papel recortado",
publicado em 4 de maio de 2010.


Nestes 20 anos de existência, os quatro anos que registraram o maior número de publicações foram:

- 2008 - 696 publicações
- 2009 - 472 publicações
- 2008 - 404 publicações
- 2010 - 379 publicações

Estes recordes, coincidentemente, foram registrados após o encerramento dos meus estudos de cultura e idioma polaca, o doutorado em história e o mestrado em cultura internacional. Todos eles na Universidade Iaguielônica de Cracóvia e minha volta ao Brasil.

O blog, neste 20 de julho de 2025, o  apresenta os seguintes dados de leitura, visualização, comentários, e público atingido:



166 seguidores, 2.977 publicações, 1.958 comentários
1.153.961 visualizações, sendo 28.422 no último mês de junho.

ALERTA:
Neste blog, todos os textos apresentam tão somente as palavras: POLACO e POLACA (também no plural), pois o autor É convicto que estes sejam os termos adequados e corretos para denominar o gentílico (e seus descendentes) da Polônia em língua portuguesa, como aliás, fazem os demais 7 países lusófonos ao redor do mundo.

SE POLACO É PEJORATIVO PARA ALGUNS
POLONÊS É PRECONCEITUOSO PARA OUTROS TANTOS.

E POLÔNICO E POLONIJNY SÃO TERMOS DIVISIONISTAS.

O SANGUE QUE CORRE EM ALGUÉM NASCIDO NO BRASIL, OU FORA DAS FRONTEIRAS DO ATUAL TERRITÓRIO DA POLÔNIA É O MESMO:
POLSKA KREW 

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Origens e significados de sobrenomes polacos


Ilustração de Paweł Jońca

Conheça os Kowalskis, Nowaks, Mickiewiczs e Lewandowskis - e descubra como esses nomes se tornaram os sobrenomes polacos mais populares, simbólicos, típicos e também os mais estranhos.

Cada nome - e sobrenome em particular - tem uma história própria. No entanto, o sistema de nomenclatura como um todo também deve ter sua história, regras e particularidades, o que, no caso dos sobrenomes polacos, o torna uma história fascinante de complexidade social, étnica e cultural.

Para começar, vamos lembrar que a maioria dos sobrenomes polacos foram originalmente formados como uma dessas três categorias (no entanto, como você verá, com sobrenomes nada é simples):

Cognominal - criado a partir de um apelido, geralmente baseado na ocupação (os chamados sobrenomes ocupacionais), uma descrição física ou traço de caráter. Compare Kowalski, Głowacz ou Bystroń.

Topônimo - esses nomes são derivados do local de residência, nascimento ou origem familiar. Como: Brzeziński.

Patronímico - geralmente derivado do nome próprio de uma pessoa e geralmente termina em um sufixo sugerindo uma relação familiar. Pense em: Piotrowicz ou Staszczyk.

Vamos usá-los para mostrar que um sobrenome é uma coisa bastante complicada. Onde começamos? Claro, com o sufixo de nome polaco mais popular - o -ski.

Os sobre nomes com -SKI: o objeto de desejo e último sobrenome polaco

Os sobrenomes -ski não são de forma alguma os mais antigos, mas se tornaram de longe o sobrenome polaco mais reconhecido em todo o mundo. É também o sobrenome mais popular no país hoje: em termos de estrutura, os sobrenomes com o sufixo -SKI (e o cognato -cki e -dzki) compreendem cerca de 35% dos 1000 nomes polacos mais populares.

De onde veio esse sobrenome e como ele se insere na Polônia?

O sufixo polaco -SKI foi originalmente usado para denotar localização topográfica ou relação de posse, propriedade. Assim, o mais antigo desses sobrenomes, que começou a se espalhar na Polônia por volta do século XIII, significava que seus portadores vinham de um determinado local: Tarnowski é de Tarnów, Chomętowski de Chomątów, Brzeziński de Brzezie, etc.

É importante ressaltar que esses eram sobrenomes originalmente usados pela nobreza polaca - os nobres eram obviamente proprietários de terras e, como tal, tinham todo o direito de usar suas terras (e seu sobrenome) como uma forma de se distinguir dos outros.

Como resultado, os nomes -ski logo se foram considerados um nome nobre por excelência, significando as origens nobres e o alto status de uma família. Em uma sociedade polaca estritamente estratificada, na qual os membros da nobreza compunham cerca de 10% da sociedade, o sobrenome com -ski em sua terminação tornou-se um objeto de desejo compreensível daqueles que queriam ostentar uma nobreza, que na maioria das vezes não possuíam.

Por volta da virada do século XVI, os sobrenomes com -ski foram adotados pela burguesia e pelos camponeses. Virou a chamada “-ski-mania”.

É quando o sufixo perde seu sentido toponímico ou possessivo original e se torna o sufixo de nome polaco mais ostentatório (e praticamente neutro no significado). É quando os (sobrenomes) polacos tradicionais de tipo cognominal, muito populares entre as pessoas, começam a se transformar com o nobre final -ski.

Assim, Skowron (cotovia) muda para Skowroński, Ryba (peixe) agora é Rybiński, Kaczmarek (dono de hospedaria) agora é Kaczmarski e Kowal (ferreiro) se tornou Kowalski.

O sobrenome -ski é sempre polaco?

Enquanto o sufixo -ski já foi uma característica gramatical totalmente eslava que resultou na formação desse tipo de nome em muitas terras eslavas (compare o sufixo popular do nome macedônio -ovski), a popularidade do nome polaco -ski na Polônia pode ter contribuído para a popularidade geral da palavra: primeiro na Europa Oriental e depois globalmente.

Hoje, o -ski no sobrenome ainda pode - com alta probabilidade - servir como uma indicação das origens polacas de alguém. Lembre-se de que quando você considera pessoas com os sobrenomes -ski na Rússia, como Konstantin Tsiolkovsky, Vaslav Nijinsky ou Felix Dzerzhinsky - pode-se ter certeza de que muitos deles têm alguma origem polaca.

Nomes conominais

Enquanto os sobrenomes polacos de -ski são, pelo menos em teoria, geneticamente conectados às classes altas da sociedade polaca, os sobrenomes são definitivamente mais democráticos, pois derivam do uso popular. Considerando que a maioria dos polacos tem suas raízes em áreas rurais, este pode ser um candidato ainda mais adequado para o tipo mais "polaco" de sobrenome na Polônia.

Os sobrenomes foram formados a partir de apelidos, geralmente baseados na ocupação, numa descrição física ou traço de caráter de uma pessoa. Você encontrará aqui: Nowak (alguém 'novo' na área), Bystroń (algém 'perspicaz'), Białas (alguém 'branco') e Głowacz (alguém com uma grande 'cabeça').

Veja também: Szyszka (pinha), Gwiazda (estrela), Noga (perna).

Kowalski (igual Smith nas línguas anglo-saxônicas):
são os sobrenomes ocupacionais polacos

Uma das subcategorias mais interessantes de nomes cognominais são os chamados sobrenomes ocupacionais. Estes são sobrenomes baseados na ocupação de um ancestral. Encontrados em provavelmente todas as culturas, os sobrenomes ocupacionais na Polônia vêm de uma grande variedade, parte disso, devido a grande produtividade de diferentes sufixos que são adicionados ao nome original, como -ski, -czyk, -ik, -ak, etc.

Por exemplo, a palavra para a profissão Kowal (que significa ferreiro), é comparado com o sobrenome inglês Smith, o que em polaco dá Kowalczyk, Kowalik, Kowalski, Kowalewski, entre outros derivados do Kowal original, que também é um sobrenome popular. A maioria dessas derivações contemplam carinhosamente o diminutivo destes sobrenomes. 

Uma lista de tais sobrenomes ocupacionais pode funcionar como uma dica sobre a hierarquia das profissões mais importantes na Polônia, no passado, como: Kowalski (ferreiro), Woźniak (zelador), Krawczyk (alfaiate), Szewczyk (sapateiro), Kaczmarek (hospedagem), Cieślak (carpinteiro), Kołodziejski (fazedor de rodas de carroça), Bednarz (fazedor de tonéis), Kucharski (cozinheiro), para citar apenas alguns.

Piotr, Pietrzak, Piotrowski...
Sobrenomes formados a partir de nomes cristãos.

A tremenda variedade e produtividade dos sufixos eslavos no sistema de nomenclatura polaco está por trás da grande variedade de sobrenomes criados a partir dos nomes das pessoas, na maioria das vezes, nomes dos apóstolos cristãos, que no século XVI haviam substituído quase inteiramente os primeiros nomes eslavos mais primitivos (antes de serem reintroduzidos no século XIX).

Saiba mais sobre os primeiros nomes polacos.

Estes não são necessariamente nomes patronímicos clássicos - um termo reservado para os sufixos de sobrenomes que carregam o sentido de "filho de", mas estes, obviamente, encaixam-se aqui também.

Um desses primeiros nomes poderia, em casos extremos, ter produzido até várias dezenas de sobrenomes. Como Piotr (Pedro) e seus derivados que incluiriam: Pietrasz, Pietraszak, Pietraszek, Pietruszko, Pietrucha, Pietroń, Pietrus, Pietrzak, Pietrzyk, Piestrzak, Pietrowiak, Peter, Peterek, Petryczek, Petras, Petraś, Petri, Petrino.

O sufixo patronímico clássico -wicz poderia produzir: Petrulewicz, Pietraszkiewicz, Pietrkiewicz, Pietrowicz, Piotrowicz, Pietrusiewicz.

Os sufixos adjetivos acrescentariam outro punhado: Piotrowski, Piotraszewski, Petrażycki, Piestrzyński, Pietracki, Pietruszyński, Pietrykowski, Pietrycki, Pietrzykowski ... e muitos mais.  

Essa produtividade incompreensível de sufixos resultou na enorme popularidade de tais sobrenomes, confirmada pelas estatísticas. Na verdade, sobrenomes como Piotrowski, Szymański (de Szymon - Simão), Jankowski (Jan - João), Wojciechowski, Michalski, Pawłowski, Jakubowski, compõem hoje mais de 25% de todos os sobrenomes polacos (em relação ao significado da raiz).

Em termos de suas origens de classe, a maioria desses sobrenomes já foram considerados sobrenomes de camponeses ou de burgueses. Embora hoje essas diferenças não sejam mais visíveis ou importantes, a sociedade polaca tradicional valorizaria certos nomes mais do que outros.

Como observou o etnógrafo Jan Stanisław Bystroń, esse tipo de hierarquia estabeleceria o nome Michałowski no topo, com Michalski trás dele e Michałowicz em terceiro lugar na hierarquia; enquanto sobrenomes como Michalik, Michałek, Michniak ou Michnik ficariam para trás na escala de valores descendentes e seriam considerados nomes comuns. No entanto, todos eles vêm de um primeiro nome polaco: Michał (Miguel em português).

Patronismos polacos
As frases patronímicas são provavelmente uma das maneiras mais antigas e universais de denotar pessoas e estabelecer seus nomes, compare:

o árabe ibn/bin; hebraico ben, bat e bar;
o escocês Mac; inglês -son;
e escandinavo -søn - que foram todos usados em nomes como indicação de que alguém é filho de alguém...

Embora os patronímios polacos possam vir em uma variedade de formas (como os sufixos -yk, -czyk, -ak, -szczak, -czak: Stach, Staszek, Stachura, Staszczyk, Stachowiak, Stasiak - são todos filhos de Stanisław), o mais importante e reconhecível é aquele formado pelo sufixo -wicz - aquele que também pode ser reconhecido no sufixo patronímico russo.

Na verdade, o sufixo polaco -wicz é de origem rutena (russos, bielorrussos e ucranianos atuais) a forma polaca mais antiga termina em -wic; pode-se encontrá-lo nos primeiros sobrenomes modernos de poetas polacos: Szymonowic, Klonowic), onde foi usado por muitos séculos pela nobreza local. Na Polônia Étnica, esse tipo de sobrenome seria mais associado à burguesia.  

Mickiewicz como típico sobrenome polonês bielorrusso

Uma certa categoria de nomes patronímicos -wicz, ou seja, aqueles que terminam em -kiewicz (o próprio sufixo deriva da Bielorrússia) também pode servir como uma lição na história cultural da Polônia, ou mais precisamente, nas realidades históricas da República das Duas Nações Polaco-Lituana.

Muitos sobrenomes, como Mickiewicz, Mackiewicz, Sienkiewicz, Iwaszkiewicz ou Wańkowicz - para citar apenas alguns, e apenas os de escritores polacos bem conhecidos - se originam nas partes orientais do antigo ducado (Lituânia, Bielorrússia, Ucrânia) e revelam uma característica bastante interessante e consistente da criação da polonidade nos territórios periféricos orientais. Na verdade, todos esses nomes patronímicos vêm dos primeiros nomes, bem como de suas variantes locais típicas de locais rutenos. Em relação a palavra ruteno, ou nação Rutenia é necessário ressaltar que estas são palavras formadas a partir da designação Viking-Sueco "Roos" para os habitantes originais dos entrepostos comerciais criados pelos nórdicos com os nomes de Nowogród, Moscou, Kiev e Lwów).

Mickiewicz < filho de Mit'ka < um diminutivo formado a partir do nome Dymitr (do grego Demétrio).
Mackiewicz < filho de Mat'ka < um diminutivo formado de Matiey [Mateus].
Sienkiewicz < filho de Sien'ka < um diminutivo formado de Syemion (Pol. Szymon = Port. Simão).
Iwaszkiewicz < filho de Ivashko < um diminutivo formado de Ivan (Pol. Jan = João). Wańkowicz < filho de Van'ka < um diminutivo formado de Ivan (Pol. Jan = John = Sean = Jean).

A etimologia desses nomes patronímicos pode servir como prova de que muitas das famílias nas regiões orientais da República das Duas Nações - Polônia Lituânia eram originalmente de origem rutena (Roos) e só se tornaram polacas no processo de polonização cultural dessas terras, um processo que durou muitos séculos.

Isso é claramente visível com sobrenomes como Iwaszkiewicz ou Wańkowicz, que derivam do nome Ivan (uma variante rutena/ortodoxa do nome João), definitivamente não é um nome que você encontraria na Polônia étnica.

O sobrenome do poeta nacional da Polônia, Adam Mickiewicz, pode ser ainda mais instrutivo, pois vem do nome Dymitr (do grego ortodoxo Demétrio) um nome que está ausente do calendário cristão polaco e do convencional da história nacional polaca.

Outros nomes
O caráter multicultural e multiétnico da Comunidade Polaco-Lituana deixou sua marca no corpo de sobrenomes usados na Polônia. Muitos nomes originalmente de origem estrangeira foram incorporados ao sistema e dificilmente são reconhecíveis hoje como estrangeiros.

Armênio: Ohanowicz (João), Agopsowicz (Jacó), Kirkorowicz (Gregório) Abgarowicz, Aksentowicz, Awakowicz, Sefarowicz, Bohosiewicz (=Paweł = Polos, Bohos,  Paulo); Ajwasowski, Torosowicz.

Tártaro: Abdulewicz, Achmatowicz, Arsłanowicz, Bohatyrewicz (de: Bogadar), Safarewicz, Szabaniewski (szban), Chalembek, Kotłubaj (bej), Mielikbaszyc, Kadyszewicz (kadi), Tochtomyszewicz.

Lituano: Żemajtis, Staniszkis, Piekuś, Pekoś, Gedroyć, Dowgird, Dowkont.

Bielorrusso: Radziwiłł, Jagiełło, Sapieha, Mickiewicz, Sienkiewicz, Paszkiewicz, Waszkiewicz, Kościuszko, Moniuszko.

Ucraniano: Horodyjski, Hołowiński, Tretiak, Mechaniów, Jacyszyn, Ometiuk, Smetaniuk, Hawryluk, Fedoruk.

Silesiano: Marniok, Przybylok, Garbaciok, Basista, Korfanty, Godula, Widera, Piszczek, Szafranek, Trąba, Jezusek, Przybyła, Brzonkalik, Buła, Drabiniok, Paterok, Gorzelik, Pyrtek, Hachuł, Uszok, Dyrda, Grziwocz, Wypchoł, Wywioł, Suchanka, Hołomka.

Sobrenomes de judeus polacos (até 1795)

Os judeus foram o último grupo da sociedade polaca a adquirir sobrenomes polonizados. Isso coincidiu com a perda da soberania da Polônia no final do século XVIII.

Como resultado, o processo de dar sobrenomes polacos aos judeus foi iniciado e executado quase exclusivamente pelas administrações governantes invasoras da Prússia, Rússia e Áustria. Isso não significa que os polacos de origem judaica não usassem sobrenomes antes desse período.

Neste período inicial, os nomes patronímicos típicos dos polacos de origem judaica foram formados com muita liberdade.

Como sugere Jan Bystroń, Moisés, filho de Jacó, poderia ser referido como: Mojżesz ben Jakub, Mojżesz Jakubowicz ou Mojżesz Jakuba, mas também como Moszek Kuby, Moszko Kuby, etc. [os últimos três são formados com a adição do nome do pai no genetivo polaco].

De forma semelhante, as toponímicas típicas poderiam ser formadas de forma diferente dependendo do idioma: como Wolf Bocheński, Aron Drohobycki, Izrael Złoczowski contra Szmul Kaliszer ou Mechele Rawer.

Como explica Jan Bystroń, a mesma pessoa poderia existir funcionalmente sob um sobrenome diferente, dependendo se ele estava se dirigindo a uma comunidade judaica ou polaca católica: “Um judeu de Poznań poderia falar de si mesmo em iídiche como Pozner, mas em polaco, ele se chamaria Poznańskim (o mesmo vale para pares como Warszauer/Warszawski, Krakauer/Krakowski, Łobzowski/Lobzower, Pacanower/Pacanowski)”, explica Bystroń.

Esses sobrenomes, formados a partir de vilas e cidades (não, necessariamente, apenas polacos), são geralmente considerados típicos (se não, exclusivamente) dos nomes dos polacos de origem judaica, pelo menos de antes do período em que estes foram oficialmente impostos aos judeus pelas administrações dos países ocupantes da Polônia.

Nomes de polacos de origem judaica sob administrações estrangeiras

A partir do final do século XVIII, os polacos de origem judaica receberam nomes oficialmente das novas administrações. Isso foi, particularmente, eficaz nos territórios administrados pela Áustria e pela Prússia, onde foram estabelecidas comissões especiais de nomenclatura com base na premissa de que dois sobrenomes idênticos não deveriam ser assentados nos livros.

Isso levou a um frenesi de inventividade burocrática que produziu a maioria dos sobrenomes judeus na Polônia. Aqueles que podiam pagar podiam escolher nomes que pudessem ser considerados bonitos ou augustos. As composições preferidas combinavam elementos como: Diamant, Perl, Gold-, Silber-, Rosen-, Blumen- e -berg, - tal, -baum, -band, -stein.  

Simultaneamente, alguns desses nomes podem ter sido dados com a intenção de ridicularizar os judeus: Goldberg, Rosenkranz, Gotlieb.

Particularmente notórios e ofensivos foram os nomes dados por autoridades austríacas nas terras polacas denominadas pelos austríacos de Galícia: Wohlgeruch, Geldshrank, Singmirwas, Pulverbestandteil, Temperaturwechsel, Ochcenschwanz, Kanalgeruch, Wanzenknicker.

Entre eles sobrenomes que eram totalmente obscenos: Jungfernmilch, Afterduft.

Esse tipo de sobrenome geralmente não era típico da administração polaca; No entanto, alguns nomes como os mencionados acima foram adotados no século XIX, compare:

Inwentarz, Alfabet, Kopyto, Kałamarz, até Wychodek.

Algumas composições foram usadas a partir de traduções do idioma alemão: Różanykwiat, Dobraszklanka, Książkadomodlenia.

Uma estratégia completamente diferente foi adotada na Rússia. Sob a administração russa, os nomes mais populares eram com sufixos eslavos: -ovich, -evich, -ski, -uk, -in, -ov, -ev, etc. 

A maioria dos patronímicos: Abramowicz, Berkowicz, Dawic, Dworkowicz, Dworkowicz, Dyowicz, Joselewicz, Jakubowski).

Uma característica interessante dos sobrenomes russos dos polacos de origem judaica eram os nomes formados a partir do primeiro nome da mãe (matronymica): Rywski, Rywin, etc.

Formas femininas

Uma das particularidades do sistema de sobrenomes polacos é que o sobrenome de uma mulher muitas vezes difere daquele do seu marido ou pai. Hoje, isso é mais perceptível nos nomes adjetivados como Kowalski - o nome da esposa é Kowalska.

No entanto, no passado, o sistema de sufixos de sobrenome feminino era muito mais elaborado, refletindo não apenas o sexo, mas também o estado civil de uma mulher. Isso basicamente significava que se poderia dizer se uma mulher era casada ou solteira apenas ao ouvir seu sobrenome. Veja como eram:

Donzela: Uma mulher que nunca foi casada usou o sobrenome de seu pai com o sufixo -ówna ou -anka - a forma que depende do som final do sobrenome masculino (-ówna para terminação consonantal, -anka para terminação vocal).

Exemplos: Kordziak (pai) – Kordziakówna (filha), Morawa – Morawianka.
Compare: Anna Świderkówna, Zuzanna Ginczanka, Anna Skarżanka.

Esposa: Uma mulher casada ou uma viúva usou o sobrenome de seu marido com o sufixo -owa ou -'na / -yna:

Exemplos: Nowak – Nowakowa, Koba – Kobina; Puchała – Puchalina.

Essa tradição está embutida em um uso popular mais antigo que desapareceu ao longo do século 20 e é vista, hoje, como uma relíquia de um tempo que se foi para sempre - mas ainda faz parte da cultura.

E o vencedor é...

Quais são os sobrenomes polacos mais populares hoje?

Aqui estão os 10 sobrenomes polacos mais populares (censo de 2014):

1. Nowak - 277.000
2. Kowalski - 178.000
3. Wiśniewski - 139.000
4. Wójcik - 126.500
5. Kowalczyk - 124.000
6. Kamiński - 120.500
7. Lewandowski - 118.400
8. Dąbrowski - 117.500
9. Zieliński - 116.370
10. Szymański - 114.000

Como se pode ver, Nowak é o sobrenome mais popular na Polônia. Antes de dizermos o que isso pode significar, confira os sobrenomes mais comuns em outros países europeus:




O que aprendemos com esta lista?

Em termos de construção linguística, a lista é surpreendentemente monolítica, apresentando apenas nomes com raízes eslavas polacas - um fato que obviamente reflete o caráter homogêneo da sociedade polaca após a Segunda Guerra Mundial.

Isso é levemente contrastado com o fato de que, de longe, o nome polaco mais popular é Nowak - um nome que se originou como um nome que evidenciava alguém novo na região, um possível estrangeiro ou migrante de um local diferente.

Caso contrário, a lista apresenta três nomes ocupacionais (Kowalski, Wójcik, Kowalczyk) e cinco nomes de origem toponímica: Wiśniewski, Kamiński, Lewandowski, Dąbrowski e Zieliński.

Nº 10 Szymański é o único exemplo de um sobrenome formado a partir de um primeiro nome: Szymon (Simão).

Desses 10 principais nomes na lista, sete são nomes -ski, o que corrobora a teoria de que -ski é o nome polaco definitivo.

*A maior parte do material onomástico e linguístico apresentado neste artigo vem do clássico Nazwiska polskie de Jan Stanisław Bystroń.

Fonte: cultura.pl
Texto: Mikołaj Gliński
Tradução: Ulisses iarochinski

Adendo:

Significado do sobrenome “iarochinski, em idioma polaco: "Jarosiński"

O sobrenome "Jarosiński" é de origem polaca. O nome vem do nome masculino "Jarosław", que consiste dos elementos “Jaro”: jovem, robusto, ou forte, acrescido de “sław”: glória", referindo-se ao povo eslavo. O sufixo "-ski" é frequente em nomes de nobreza, indicando o local de origem ou um relacionamento com uma região específica.

Como o nome "Jarosiński" evoluiu, tornou-se um nome hereditário, passou de geração em geração.

As famílias chamadas "Jarosiński" podem ter vindo de uma região ou vila específica, como por exemplo “Jarosin” na qual esse nome predominou, o que fortaleceu ainda mais seu relacionamento com este lugar.

O sobrenome "Jarosiński" tem significado cultural e histórico para quem o usa. Serve como uma conexão com seus ancestrais e raízes, combinando-os com o passado e moldando seu senso de identidade.

As famílias chamadas "Jarosiński" (iarochinski, no Brasil, por desconhecimento de cartorários) )podem se orgulhar de sua herança e status, cultivando as tradições e valores passados de geração em geração.




11 DE JULHO - Data nacional na Polônia

Lembramos que a flor de linho se tornou um símbolo da lembrança do Massacre da Volínia.

O linho já foi amplamente cultivado nestas terras, e julho é a época em que floresce. Esta delicada flor foi oficialmente reconhecida pelo Instituto da Memória Nacional da Polônia como um símbolo da lembrança dos eventos ocorridos na região da Volínia polaca.

Seu breve florescimento nos lembra das vidas interrompidas de milhares de vítimas inocentes. A cor azul da flor simboliza a perseverança, tanto na preservação quanto na transmissão da memória deste fragmento de nossa história.

As propriedades curativas do linho nos lembram da capacidade do tempo de curar feridas e aliviar o sofrimento. Ao mesmo tempo, combinar o linho com simplicidade, pureza e paciência é uma homenagem a todos aqueles que vivenciaram a violência durante aqueles tempos trágicos.

DOMINGO SANGRENTO – 11 DE JULHO DE 1943,

crânios retirados de valas comuns por arqueólogos

Este dia foi o ápice dos massacres da Volínia, um extermínio em massa sem igual de civis polacos na Volínia (região da Polônia até 1946) pela Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN-B) de Stepan Bandera, pelo Exército Insurgente Ucraniano (UPA) e pela população civil ucraniana.

Naquele dia, 99 localidades foram atacadas, principalmente nas áreas metropolitanas das cidades de Włodzimierski e Horochowski. Os massacres continuaram nos dias seguintes.

E não só nestes dias, mas até após o fim da Segunda Guerra Mundial em 8 de maio de 1945. Os assassinatos cruéis continuaram até 1947.

Estes grupos ruteno-ucranianos foram treinados pelos alemães nazistas de Adolf Hitler para não sobrar viva alma nas terras polacas devastadas por alemães e russos.

Desde 1946, as regiões polacas da Volínia, Podólia, Poesia, Lubelska e parte da Małopolska (Voivodia da Pequena Polônia) foram dadas graciosamente pelo líder soviético Józef Stalin para a atual Ucrânia.

O auge dos massacres ocorreu em julho e agosto de 1943. Essas mortes foram terrivelmente brutais, e a maioria das vítimas eram mulheres, crianças e idosos sobreviventes. As ações do Exército Insurgente Ucraniano resultaram em mais de 100.000 mortes. As estimativas do número de mortos variam entre 60.000 a 120.000.

LIMPEZA ÉTNICA

Massacre na Vila Lipniki

Entre os motivos que alimentavam a sanha de Bandera e seus liderados estavam o antipolonismo, o anticatolicismo romano e a tentativa de ucranização daquelas regiões. Mas a principal foi mesmo a limpeza étnica, uma tentativa ucraniana de impedir que o Estado polaco do pós-guerra continuasse sua soberania de mais de 800 anos sobre aquelas terras onde rutenos-ucranianos conviviam com outras etnias além da polaca, como cossacos, moldávios, polacos de origem judaica, alemães, húngaros, lemos, ciganos e romenos que faziam parte do Estado polaco pré-guerra.

A decisão de forçar a população polaca a deixar as áreas consideradas pela terrorista facção Banderita da Organização dos Nacionalistas Ucranianos como ucranianas ocorreu em uma reunião de referentes militares no outono de 1942, e foi planejado liquidar os líderes da comunidade polaca e aqueles que resistiriam.

Os comandantes locais do Exército Insurgente Ucraniano, na Volínia, juntando-se à revolta armada contra os alemães, começaram a atacar a população polaca, realizando massacres em muitas vilas.

Encontrando resistência, o comandante do Exército Insurgente Ucraniano na Volínia, Dmytro Klyachkivsky "Klym Savur", emitiu uma ordem em junho de 1943 para a "liquidação física geral de toda a população polaca."

E hoje, o governo polaco acolhe cerca de 5 milhões de refugiados ucranianos na Polônia.  

Meus parentes Jarosiński, em 1946, foram obrigados a sair de suas casas e terras na região da cidade de Lwów com a roupa do corpo e colocados em trens com destino ao sudeste da Silésia, na área rural da cidade de Bielsko-Biała, quase na fronteira com a Eslováquia.

A Polônia também é conhecida como a Terra do Linho (Lem) e o maior centro de confecções da Europa Central.

O sobrenome Lemiński tem origem num local de muito linho, que poderia ser traduzido livremente para Linhense. Sobrenome do poeta curitibano Paulo Leminski.