quarta-feira, 20 de julho de 2005

Porque Polaco!

*Ulisses Iarochinski
- doutorando na Uniwersytet Jagiellonski - Kraków/Polska


1. Introdução

O termo “Polaco”, no Sul do Brasil, onde se concentra grande parte dos brasileiros descendentes de imigrantes da Polônia, sofre, há pelo menos 85 anos, campanha sistemática pela sua eliminação da língua falada no país. Alguns chegam a pregar sua total extinção dos dicionários e documentos. As gerações mais antigas simplesmente abominam o termo. Não o aceitam de forma alguma como designação de nacionalidade, ou origem.
Durante toda sua vida de descendente de um imigrante originário de Wojcieszków, então Província de Siedlce, hoje Região de Lublin, o autor deste artigo “Porque Polaco” foi sempre chamado de “Polaco”. Não tinha nem idéia que, em outras regiões do Estado o termo era ofensivo. Apesar de ler a palavra “Polonês”, em livros e jornais, cresceu acreditando que as duas palavras que eram sinônimas uma da outra.
Na fase de pesquisas e entrevistas para escrever seu livro “Saga dos Polacos”, publicado em 2001, o autor deste artigo se deparou com o profundo mal-estar que causava à algumas pessoas quando pronunciava a palavra “Polaco”. O presidente de uma associação étnico-cultural do interior do Estado do Paraná chegou a interromper a entrevista quando ouviu na pergunta, o termo “Polaco”. O homem, também descendente de imigrantes da Polônia, disse que não prosseguiria a conversa se o autor insistisse em pronunciar “Polaco”. Ele se sentia terrivelmente agredido com a palavra. Ela equivalia para ele a um palavrão. O autor perguntou sobre as razões da irritação, pois não entendia tal desconforto. O entrevistado respondeu que era um termo pejorativo. O autor insistiu: Mas por quê, pejorativo? – Não sei a razão! Sempre foi assim. Meu pai sempre dizia que não aceitasse ser chamado assim, porque esta palavra era muito feia e que significava burrice e que éramos filhos da puta. É isto! Agora chega. O senhor não pode sair por aí falando “polaco, polaco”...O senhor precisa ter mais respeito!
Este incidente do autor com o presidente da associação seria apenas o primeiro. Na fase de lançamento e promoção da obra, o autor enfrentaria pelo menos outras três situações delicadas. Uma delas, inclusive, com agressão física. Irritado com o título do livro, um senhor chegou a esmurrar o braço do autor, por duas vezes, durante a seção de autógrafos. O que poderia levar o autor a recuar, ao contrário, serviu de estímulo para tentar reverter o quadro. Recuperar o termo “Polaco” como significado de nacionalidade e desfazer preconceitos é objetivo deste artigo.

2. A Etimologia

Por que, quando e quem começou a mudar o significado do termo “Polaco” no Brasil? Para responder a estas inquietações, primeiro autor buscou alicerces na lingüística, gramática e no histórico de uso das duas expressões.
A primeira atitude do autor foi buscar novamente o termo nos dicionários. Procurou o mais recente lançamento editorial, o mais rigoroso e amplo dicionário da língua portuguesa falada no Brasil, Portugal e demais países de idioma português. Organizado pelo Professor Antonio Houaiss (recentemente falecido), lingüista e membro da Academia Brasileira de Letras e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa registra assim os dois termos:
a) Dicionário no Brasil:
Polaco - adjetivo e substantivo masculino
m.q. polonês
Logo abaixo algumas informações sobre Etimologia da palavra:
pol. polak

b) Dicionário em Portugal:

Destarte os dicionários brasileiros, os portugueses, publicados em Lisboa e Porto, trazem os verbetes. No Dicionário Da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, publicado pela Academia das Ciências de Lisboa e Editorial Verbo, no ano de 2001, em seu segundo Volume de G-Z, está:POLACO, A = (do polaco polak). Que é da Polónia, país da Europa Central, ou dos seus habitantes; que lhe diz respeito.POLONÊS (Bras.), POLÔNIO. A polca é uma dança polaca tradicional.= (do polaco polak). Natural ou habitante da Polónia.= (do polaco polak). Ling. Língua indo-européia, do ramo eslavo ocidental, falada na Polónia.POLONÊS, ESA= adj. (De Polonia, top. + suf. ês). Bras. O mesmo que polaco.Já o Dicionário da Língua Portuguesa de J. Almeida Costa e A. Sampaio e Meloem sua 8ª. Edição revista e actualizada de 1999, publicada pelo Departamento de Dicionários da Porto Editora, da cidade do Porto, apresenta:POLACO= adj. da Polónia= s. m. natural ou habitante da Polónia; língua falada neste país (do al. Polake), "polaco", designaçãopejorativa no Brasil)
Como se observa na transcrição dos verbetes, a palavra Polonia é grafada com acento agudo em Portugal e não com acento circunflexo, como no Brasil.

c) Outros textos

Foram encontrados documentos que registram o termo em textos portugueses antigos, da época do Brasil colônia. Em língua portuguesa manuscrita, o adjetivo “Polaco” surgiu pela primeira vez, em 1552, sob a forma de “Polonio”, derivado do latim medieval Polonia. Até 1718, o termo era grafado sob mais duas formas: “Polaco” e “Polako”. Provavelmente tinha origem no italiano “Polac(c)o” e este por sua vez do etnônimo original “Polak”.[2]
Num texto português escrito, em Roma, lê-se em linguagem da época: “O embaixador Del Rey de Polonia fesse sua entrada neste sacro concílio a 16 de outubro de 1562 com os ditos polacos”[3]. A expressão “à polaca” é documentada em 1716. O adjetivo “Polono” também era usado em Portugal em 1566. Etimologicamente, a raiz da palavra é “pole”, que em idioma “Polaco” significa campo, campina, planície, terreno nivelado e não arborizado, suscetível de ser aproveitado economicamente (agricultura, pecuária, caça, etc). “Polana” é clareira na floresta, portanto, um pequeno campo raso. “Polano” é acha (de lenha) destinada ao fogo, colhida nas clareiras.
Foram essas as características meso e geomorfológicas da região plana onde se estabeleceram definitivamente os proto-habitantes da Polônia, de onde receberam a denominação tribal, polny, polan, polanin; o que correspondia a habitante do pole e de polana. Por sua vez, esta palavra migrou à língua alemã, originando o termo "Polen" e ao francês, sendo grafado como: “Poulaine”, “Pologne” e “Polain”. Em 1653, os franceses já empregavam o “Pollonois” e cem anos depois, “Polonais”, mais tarde “Polonese” para designar um tipo de vestimenta e em 1881, “Polonaise” espécie de música e dança “Polaca”.
Esse último vocábulo designa quase que exclusivamente as composições musicais de Fryderyk Chopin (1810-1849). O substantivo português “Polainas” migrou do francês “Polaine” e este do “Polain” (“Polaco”).
Ainda é preciso registrar que no idioma grego, “pelanos” é algo plano; Em italiano, “plano” é “piano”; Em lituano, é “plonas”; Em inglês e francês é “plain”; Em latim é “plano”. Como se pode observar apenas um pequeno passo para “pole”, “polana”, “polano”, “polono”, “polônio”, “Polaco” e recentemente “polonês” – ou seja, habitante da planície centro-européia.
As palavras “Polin” e “Poloniya” também possuem significado importante para o povo judeu. Segundo S.Y. Agnon, em seu artigo “Polin”, escrito em 1916, o termo “Po lin” já era conhecido antes da revelação e está presente no Talmude. Os judeus aprendem na Torá que quando Israel passava por terríveis sofrimentos, um pedaço de papel caiu do céu e nele estava escrito “Vá a Poloniya” (Polônia) e lá descansem até que sejam reunidos novamente na terra de Israel.[4]
Mas a questão conflitiva não passa necessariamente por verbetes de dicionários, mas sim pelo uso corrente dos termos. Os dicionários apenas reproduzem o que os falantes de uma língua registram, criam e transformam. O tema que aqui se propõe é a identificação não só das causas, mas também relatar as repercussões e principalmente inferir para que a verdade prevaleça sem a pressão das ideologias, ou preconceitos.

3. Uso do original
A noção do correto, discutida pelos responsáveis da edição de uma das mais recentes obras da gramática contemporânea portuguesa é necessária aqui. Celso Cunha e o português Luís F. Lindley Cintra em seu livro “Nova Gramática do Português Contemporâneo” se perguntam: “Em nome de que princípio se corrige, então, o falar de uma pessoa?”. O autor de “Porque Polaco” lembra que para estes dois professores, “Uma gramática que pretenda registrar e analisar os fatos da língua culta deve fundar-se num claro conceito de norma e de correção idiomática”.
Em outro momento de suas exposições, Cunha e Cintra afirmam que “Os progressos dos estudos lingüísticos vieram mostrar a falsidade dos postulados em que a gramática logícista e a latinizante esteavam a correção idiomática e, com isso, deixaram o preceptismo gramatical inerme diante da reação anticorretista que se iniciou no século passado e que vem assumindo, em nossos dias, atitudes violentas, não raro contaminadas de radicalismo ideológico”.
Dessa maneira o passado histórico do termo confere ao “Polaco” a correção e a norma mais adequada. E com esta essertiva dos gramáticos acima fica claro que as declarações feitas durante um seminário Brasil – Polônia, na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, em 2000, de que a o termo “Polaco” não existe e foi erradicado dos dicionários é prova da agressividade daqueles, que como em revanche, pretender impor de forma truculenta o termo “polonês”.[5]
Por outro lado, à idéia, sempre renovada, de que o povo tem o poder criador e a soberania em matéria de linguagem associa-se, naturalmente, outra – a de considerar elemento perturbador ou estéril a interferência da força conservadora ou repressiva dos setores cultos.”[6]
O autor deste artigo faz coro com os dois gramáticos quando eles dizem que “Sem investigações pacientes, sem métodos descritivos aperfeiçoados nunca alcançaremos determinar o que, no domínio da nossa língua ou de uma área dela, é de emprego obrigatório, o que é facultativo, o que é tolerável, o que é grosseiro, o que é inadmissível; ou, em termos radicais, o que é e o que não é correto”.[7]
Tomando como referência o fator histórico para confirmação da adequação do termo “Polaco” no idioma português falado no Brasil se faz necessário dizer que as publicações brasileiras de antes de 1930, traziam-no sempre grafado como regra e não exceção, ou sinônimo. Ele era normalmente usado na literatura, documentos e jornais da época e realmente pode se afirmar categoricamente que existia apenas uma palavra: “Polaco”.
O consagrado escritor Lima Barreto, em sua obra “Aventuras do Dr. Bogoloff”, faz uso do termo “Polaco” por duas vezes em seu texto e nenhuma vez do termo “polonês”. Ao narrar a chegada do personagem principal, Gregory Bogoloff, um ucraniano de cidadania russa, nascido em Odessa (atualmente no território da Ucrânia), no Brasil, Barreto fornece pista da origem do preconceito brasileiro em relação aos loiros eslavos. O diálogo, descrito nas páginas 27 e 28, da publicação da Editora Expressão e Cultura, ocorrido no Porto do Rio de Janeiro, ilustra muito bem, a série de agressões que os imigrantes “Polacos” sofreram ao longo dos anos: “O homem da polícia marítima pediu-me que eu escrevesse o nome num papel que me apresentou. Esteve olhando um instante o papel com as letras e, por fim, indagou de repente: - Qual é a sua profissão? O Intérprete traduziu em francês e eu o atendi: - Sou professor. O homem pareceu não se conformar, olhou-se muito e disse à queima-roupa: - Você não é cáften? Logo percebi o sentido da palavra, fiquei indignado, mas me contive e por minha vez indaguei: - Por quê? O homem da polícia explicou muito ingenuamente: - Esses nomes em “itch”, em “off”, em “sky”, quase todos são de cáftens. Não falha! Disse-lhe então que não era, nem nunca tinha sido, mas o homem não acreditou nas minhas palavras e insistiu: - Se você não é cáften, é anarquista. Ainda protestei, ainda desfiz-me em explicações, mas o sujeito teimava na sua singular idéia: - Esses nomes em “itch”, em “off”, em “sky”, polacos e russos, quando não são de cáftens, são de anarquistas.”
O Livro “A Polonia na Literatura Brasileira” publicado, em Curitiba, em 1927, pela Placido e Silva & CIA. Ltda. Editores e organizado por Fredecensis é uma outra prova inconteste da adequada tradução de “Polak” e do uso da palavra “Polaco” em português. Em suas 210 páginas, o livro emprega o termo “Polaco” 99 vezes e a forma primitiva de “polonês” (polonez) 45 vezes (às vezes poloneza, outras vezes, polonezes). Percebe-se a clara intenção dos organizadores da obra (redação do jornal Lud) de impor um novo termo, pois “polonez” só aparece nos títulos de capítulos, intertítulos, índice e legendas de ilustrações. Todos os demais textos, de autoria de diversos autores, escritos entre 1863 e 1926, apresentam somente o termo “Polaco”. Há ainda no livro, o registro da forma “polono”, que aparece 7 (sete) vezes.
“A Polônia na Literatura Brasileira” revela ainda algumas preciosidades, como os trechos de obras de reconhecidos escritores brasileiros. Reunidos em forma de coletânea estão Castro Alves, Machado de Assis, Monteiro Lobato, Nestor Victor, Silveira Netto, Rui Barbosa (que além de “Polaco” usava também o termo Polônio, provavelmente influenciado pelo elemento químico descoberto e batizado por Maria Sklodowska Curie) e outros.
Em suas defesas pela independência da Polônia em organismos internacionais Rui Barbosa se manifestava dizendo: “Os ´polacos´ eram um povo que havia conquistado as sympathias do mundo pelas injustiças políticas que, ha mais de um século, os governos autocratas da Russia, da Allemanha e da Austria faziam cair sobre a sua cabeça” (frase da conferência de Petrópolis, em 17 de março de 1917).
Monteiro Lobato, considerado o “Andersen” brasileiro, principalmente por sua obra dedicada ao mundo infantil, mas também pela sua destacada campanha “O petróleo é nosso”, que lhe valeu a prisão durante a ditadura Vargas, num artigo sobre a morte do autor da obra “Quo Vadis?”, escreveu:“Com a morte de Henrique Sienkiewicz desapparece o ´polaco´ vivo mais notável e uma verdadeira figura universal.”
O livro da editora Plácido e Silva reproduz trechos da carta que o Visconde de Taunay endereçou a colônia “Polaca” do Paraná e onde se percebe claramente o uso de um único termo: “Polaco”. “Nas minhas visitas, algumas vezes repetidas, aos núcleos ´polacos´ de Pilarzinho, Abranches, Santo Ignácio, Nova Orleans, D. Pedro e Thomas Coelho, gostei particularmente dos padres Francisco Xavier Gorowski e Ludowico Przytarski”.
Ainda segundo Visconde de Taunay, o Jornal do Commércio, do Rio de Janeiro, de 18 de novembro de 1885, publicou notícia sobre “a expulsão dos polacos das províncias orientaes da Prússia”. A carta do Visconde aos paranaenses causou reação no presidente do Conselho de Ministros do Império Brasileiro, Barão de Cotegipe, que em oficio de 10 de dezembro de 1885, pedia ao Visconde que se retratasse, pois o governo prussiano não teria gostado do teor de sua conclamação aos imigrantes e descendentes “Polacos” do Paraná. Naquela carta, o Visconde tinha também escrito que “Os ´polacos´ que aqui no Brasil gosam de todas as regalias da segurança e liberdade não podem, por certo, esquecer-se daquelles que, além-mar, supportam tão duros transes.” Em seguida conclamava os “Polacos” paranaenses a que escrevessem aos patrícios na Europa com a seguinte frase: “Escrevam a todos os malaventurados de lá, que aqui ha uma NOVA POLONIA, em que habitam a felicidade e a segurança, contrapostas ás desgraças e incertezas da VELHA POLONIA.”
Mas certamente o texto, desta coletânea, que mais se aproxima dos propósitos deste artigo é o que se inicia no capítulo seguinte, intitulado simplesmente “Polaco” e escrito por Julia Lopes de Almeida, que foi originalmente publicado no livro, “Historias da Nossa Terra”, editado no Rio de Janeiro em 1920. A seguir trecho do Conto:
“D. Virginia annotava o exercício de Daniel, quando ouviu um grito ao fundo da sala. – Que foi?! Perguntou ella erguendo-se. Então um pequeno acaboclado e rechonchudo respondeu sacudidamente, com ar desdenhoso: - Foi aquelle polaco que me atirou com a penna á cara! A maneira porque o rapazinho pronunciou – polaco – D. Virginia franziu as sobrancelhas; mas, voltando-se para o accusado, ordenou: Explique-se! O Polaco, um rapazinho de oito annos, levantou-se torcendo com desespero a aba do casaco. Era uma criança clara e cabeçuda, com olhos que nem duas continhas de vidro azul. Depois de alguma hesitação, elle começou: - desde que entrei para o collegio, que o Frederico me chama polaco, com desprezo, a modo de insulto. Tenho-me calado...mas agora...a senhora perdôe-me, mandei-lhe a resposta.”
Em momento algum a contista faz uso da palavra “polonês”. Ela termina sua história promovendo o reatamento de amizade entre o “polaquinho” e o brasileirinho.

4. As origens do preconceito

O médico e pesquisador Edwino Donato Tempski prestou vários depoimentos em vida procurando explicar as origens do preconceito e a transformação do termo “Polaco” para uma palavra com sentido pejorativo e preconceituoso.
Segundo Tempski, a origem da utilização da palavra “Polaco” como termo depreciativo teria tido início, no começo do século XX, na cidade do Rio de Janeiro, quando o proprietário do Cassino da Urca trouxe prostitutas européias para trabalhar em seu estabelecimento de jogos. Como estas mulheres eram em sua maioria loiras como as “Polacas” do Sul do Brasil, a população começou a qualificá-las de “Polacas”. Num momento imediatamente posterior, a população carioca passou a denominar qualquer prostituta fosse, loira, preta, branca, amarela ou índia com o termo “Polaca”.
No Sul do Brasil, onde se concentrava a maior parte dos imigrantes e descendentes da etnia, a nova concepção do termo passou a ser utilizada como meio para agredir e menosprezar este grupo de pessoas.
Algumas obras e pesquisas do século XIX dão números e explicações suficientes para que se possa compreender a origem da conceituação e concepção do termo “Polaco” como algo ruim e que de tanto ser repetido passou a ser evitado como designação de uma identidade, cidadania e naturalidade.
Os pesquisadores registraram que a partir de meados do século XIX o número de prostitutas brasileiras e européias cresceu assustadoramente no Brasil, especialmente na sede do Império. No ano de 1840, as cifras aumentaram devido à importação maciça de mulheres portuguesas das ilhas do Atlântico e do continente europeu.
Mas a presença destas mulheres passaria a ser percebida mesmo, somente a partir de 1860, quando francesas, “polacas”, austro-húngaras, alemãs, russas e albanesas chegavam em grupos cada vez maiores. A importação destas mulheres de outros países europeus quase interrompeu a corrente das portuguesas procedentes das ilhas dos Açores, Madeira e Portugal, como registrou o médico Pires de Almeida, em seu livro, nas páginas de 48 a 52.

5. Estatísticas

Outra fonte importante é o trabalho do também médico, Ferraz de Macedo, que organizou no primeiro semestre de 1872, uma estatística sobre as prostitutas de quatro bairros do município da Corte Imperial Brasileira. Nas tabelas preparadas por ele, percebe-se claramente a hegemonia das brasileiras no início dos anos da década de 1870, na cidade do Rio de Janeiro. A presença de mulheres brasileiras no meretrício chegava a 69,85%, enquanto o restante 30,15% era composto de estrangeiras. Entre estas, as portuguesas formavam 76,77% do total, seguidas pelas francesas com 9,34% e das espanholas com 4,24%.
Sobre as “Polacas” existem controvérsias entre os dois principais pesquisadores da época, Pires de Almeida e Ferraz de Macedo. Enquanto Almeida afirmava que as “Polacas” começaram a chegar em grande número ao Rio de Janeiro, a partir do final dos anos da década de 1860, no levantamento que fez Ferraz Macedo havia o registro de apenas uma representante da Polônia.
Segundo o médico Pires de Almeida, que não apresentou quadros estatísticos, o panorama do meretrício do Rio de Janeiro, apresentado anteriormente, iria mudar completamente no final do século XIX. Das meretrizes estrangeiras, as famosas “Polacas”, eram majoritárias, atingindo, segundo ele, 2/3 das européias importadas. Parece-nos, entretanto, que Pires de Almeida teria subestimado o contingente de meretrizes brasileiras, preocupado que estava em reduzir a prostituição a um fenômeno estrangeiro e mais particularmente e por alguma razão, aumentar deliberadamente o número das “Polacas”.
Este médico diz que, em 1867, chegaram ao Rio de Janeiro, 104 meretrizes “Polacas”. Destas, 37 seguiram para a Argentina e 67 ficaram residindo na Corte. Ainda segundo ele, a importação de “Polacas” cresceu consideravelmente nos anos seguintes o que permitia dizer que as “Polacas” eram maioria.
Esta “importação” coincidia com a chegada dos grandes grupos de imigrantes “Polacos” no Brasil, a partir de 1869 e intensificada, a partir de 1873. Pires de Almeida afirma em seu livro que a partir de 1888, um quinto das prostitutas “Polacas”, teria saído do Rio de Janeiro para residir em Santos e São Paulo. Nesta última cidade, elas se concentrariam no bairro do Bom Retiro, reconhecidamente reduto judeu. (Seria mera coincidência?)
O desencontro de informações pode ter sido causado pela falta de cruzamento de informações entre os dois autores, bem como, algum motivo político ou discriminatório (anti-semita, por exemplo, ou porque a Polônia não possuindo naquele período, uma representação diplomática no Brasil poderia ser achacada sem maiores reações e traumas).
O fato é que, enquanto Ferraz de Macedo apresentava apenas uma prostituta “Polaca”, Pires de Almeida para o mesmo ano apresentou o dobro do número de prostitutas estrangeiras, colocando as “Polacas” como sendo quase dois terços do número total das prostitutas estrangeiras.
Merecem destaque também, as informações que apontam as origens das mulheres transformadas por cafetões em prostitutas. A importação das meretrizes européias, sobretudo daquelas provenientes dos países da Europa Centro-Oriental (Polônia, Rússia, Alemanha, Áustria-Hungria e etc.), era organizada por cafetões, quase todos de origem judaica, que exploravam as mulheres e a prostituição, obtendo com isso grandes lucros e pior, fomentando o tráfico das “escravas brancas”.
Em 1880, as autoridades policiais da Corte conseguiram que 26 desses cafetões (todos judeus) fossem expulsos do país. A “chaga dos cáftens” era considerada pelas autoridades um dos principais anuladores da “concorrência de meretrizes estrangeiras, que era até certo ponto benéfica, levando-se em consideração a moralidade relativa que deveria existir nas capitais”.
Segundo outro pesquisador da época, Clímaco dos Reis, em seu estudo de 1879, consagrado aos cafetões dos anos da década de 1870, a Corte tinha sido invadida por um grupo de judeus russos, alemães e austríacos e por uma invasão de “messalinas”, que com eles, entregavam-se ao infame comércio humano. Estes cafetões recrutavam as mulheres para a prostituição nas comunidades judaicas da Europa Centro-Oriental. Muitos deles chegavam a utilizar o artifício do casamento, “segundo a lei de Moisés”, com moças de origem pobre e humilde. O embarque para o Rio de Janeiro se dava no porto de Marselha, que era o ponto de encontro de todos os cafetões do mundo. Inclusive, havia, nesta cidade do Sul da França, um mercado de compra e venda dessas mulheres, organizado pelos próprios cafetões que agiam em diversas partes dos cinco continentes. Um mercado semelhante, mas em menores proporções, foi também organizado por estes cafetões no Rio de Janeiro, em uma Casa de Leilões na Rua Uruguaiana, onde eles promoviam suas reuniões.
A prática do “casamento” com várias mulheres a eles subordinadas e por eles exploradas é relatada por Clímaco dos Reis assim: Ao mesmo tempo em que o cafetão tem uma mulher num prostíbulo, vai buscando outras por meio de compra, ou de casamento. Há aí alguns casados com cinco mulheres, com filhas delas, mantendo-as promiscuamente na prostituição, recebendo as ganâncias de todas e a todas castigando severamente, quando não ganham quantia que lhes sacie a cobiça. (Cf. Reis, op. Cit. , p. 3-9) (Clímaco dos Reis. “Os caftens ou os exploradores de mulheres” , Rio de Janeiro, Typografia de Molarinho & Mont´ Alverne. 1879.)
As mulheres “casadas” com os cafetões, ou a eles subordinadas, ao chegarem ao Rio de Janeiro, eram levadas para as “casas de aprendizagem”, localizadas em sobrados da Praça da Constituição, da rua da Carioca e da rua Sete de Setembro. Nestas casas, as moças permaneciam de 8 a 15 dias, supervisionadas por uma “professora de misteres” que fornecia toda a instrução necessária. Segundo Clímaco dos Reis, a instrução tinha duas finalidades. A primeira, libertinagem e a segunda, sujeição e submissão ao cafetão. Pelo seu trabalho como educadora, a professora chegava a receber cinco florins.
A polícia, limitada no combate à expansão da prostituição, tentou uma medida que considerava de efeito imediato: prisão e expulsão do Império Brasileiro dos cafetões, todos de origem judaica, que exploravam a importação e a prostituição de mulheres européias.
A Polícia da Corte conseguiu, em 1880, que 26 dos mais importantes cafetões fossem expulsos do país. (Cf. Mattos, “Relatório...”, cit, 1880. P.14.) Os nomes dos 26 cafetões judeus expulsos do país eram: “Marcos Treiman, Guersson Baum, Herman Taitel, Marcos Schuarts, Herman Fisher ou Beijamin Meibadi, Giovani Tund ou John Tund, Moyses Redam ou Moyses Silberstein, Moritz Eisember ou Moritz Herman, David Albini ou Moritz Silberman, Marcos Shoner ou Marcos Schamer, Marco Wembuch, Adolpho Bewrneisten, Hirsch Gotliebe ou Hewrman Gottiel ou Herman Tibre, Herman Goldstein, Carlos Bercowitz, Fanchosse Henry ou Henry Fauschels, Paysah Auster ou Pedro Auster, Abrahão Robino, Tobias Saphir, Tiber Silberman, Judá Kubler, Adolpho Vissiman, Castor Zisca, Daniel Taitel, Jacob, Daitck e Moritz Stralls”.
Em sua tese “Rameiras, Ilhoas e Polacas - A Prostituição no Rio de Janeiro no séc. XIV”, Luiz Carlos Soares faz um exercício exaustivo de compilação de dados com base nas pesquisas de Clímaco dos Reis, Pires de Almeida e Ferraz de Macedo, mas não entra no aspecto etimológico, ou preconceituoso do termo.
Mais recente é a tese de doutoramento defendida por Esther Regina Largman, intitulada “Jovens Polacas”. O livro de Largman em formato de romance, apresenta uma motivação a mais, para a mudança na conceituação da palavra, “Polaco”, como designativo de nacionalidade, para algo inaceitável e ofensivo. O livro “Jovens Polacas” que já foi adaptado para o teatro como Musical teve seus direitos vendidos também para uma versão cinematográfica.
Largman, brasileira de ascendência judaica partiu de uma história verídica para construir sua tese sobre o tema da exploração de jovens judias, procedentes da Europa Central, como prostitutas na Argentina e no Brasil.
Já no prefácio, o também escritor brasileiro de origem judaica, Moacyr Scliar Faz uma confissão. Sua novela “O ciclo das águas”, publicado pela Editora Globo, promoveu pelo menos um ato de censura. Segundo Scliar, o fato dele tocar no assunto da Tzvi Migdal, organização mafiosa judia que trazia as jovens judias da Europa e as obrigava a se prostituírem na Argentina e Brasil, motivou um telefonema anônimo de alguém, que pelo sotaque, caracterizava-se por ser da comunidade judaica de Porto Alegre. A voz disse: “Isto é coisa nossa, não interessa aos outros!”.
Esta censura velada pode ter influenciado a autora Esther Largman a dar justamente o título de “Jovens Polacas” e não “Jovens Judias”, ou mesmo “Jovens Polonesas” para seu romance. O termo “Judias” com certeza enfrentaria problemas, bem como o termo “Polonesas”. Por um lado, da comunidade judaica brasileira, por outro da etnia “polonesa”. Usando “Polacas”, ela com certeza esperava ser verdadeira e não ferir ninguém. Mesmo porque, ela mesma, em resposta ao autor deste artigo, afirmou que se baseou numa música dos compositores de música popular João Bosco e Aldyr Blac, que em um de seus versos diz: “...Foi saudado no porto, Pelas mocinhas francesas, Jovens polacas, E por batalhões de mulatas...”. Esther R. Largman respondeu assim ao autor: “O termo polaca foi dado aqui no Brasil e é pejorativo, referiam-se justamente as prostitutas que vieram sobretudo da Polônia, então pertencente em parte ao Império Austro-húngaro, ou russo. O título do meu livro foi retirado de uma música com letra de Aldir Blanc, O Almirante dos Mares que fala em belas mulatas e jovens polacas.” [8]
Na página 84 de seu livro, o quarto parágrafo traz: “Bené estava morando no sobrado de frente, o de número vinte e seus, mas na rua sabia-se de tudo e, embora houvesse moças judias em quase todas as casas, as do número trinta e nove eram chamas de as russsas, quando o normal era serem denominadas de polacas”. Percebe-se aqui que as “polacas” provavelmente não eram apenas judias, mas também católicas apostólicas romanas. Fazendo uma diferença evidente, entre aquelas que nasciam na Polônia, pois enquanto umas eram judias, outras eram “polacas”. Possivelmente sem intenção, Esther Largman recuperou a agressividade que o termo contém para uma parcela expressiva da sociedade do Sul do Brasil. Baiana de nascimento e radicada há muitos anos no Rio de Janeiro, talvez não tenha tido a oportunidade de presenciar e mesmo de enfrentar o forte preconceito em relação ao termo “Polaco” existente nos três Estados do Sul do país.
Entre “Jovens Polacas” e, por exemplo, “Jovens Judias” (um outro título que bem caberia a obra), Largman preferiu o de maior apelo popular e menos censurável em sua comunidade.
Talvez seja por esta razão, que é difícil encontrar um exemplar do livro de Largman nas livrarias dos três Estados sulistas. O livro simplesmente não existe ali. Circula em poucas mãos como objeto proibido e sempre com o alerta de que não deve ser divulgado. Por sua vez, o musical teatral baseado em sua obra, em que pese o relativo sucesso, ficou restrito aos palcos da cidade de São Paulo, que embora uma megalópole não possui uma comunidade de descendentes “Polacos” representativa e por isso não chegou ao conhecimento das comunidades do Sul, as maiores do Brasil. Entretanto, quando a versão cinematográfica, ou mini-série televisa, ganhar as telas do país, com certeza, a pressão social obrigará um novo título para esta novela baseada em fatos reais.
Na falta de outros autores, estudos, ou pesquisas da época que possam cientificar nossa preposição somos levados a concluir que desses números e destas informações históricas, o termo mais adequado, sob o ponto de vista da etimologia e das origens portuguesas da língua falada no Brasil, para designar a origem dessas mulheres, “Polaca”, ganhou nova conotação e passou a servir de instrumento para agredir e desprezar os emigrantes da etnia nas décadas seguintes.

6. Revisões

As obras acima tiveram mais recentemente, revisões, que se apresentam como definitivas sobre o tema. Ruy C. Wachowicz, historiador da etnia “Polaca” no Brasil, afirmava que outras razões para a negativa da ascendência “Polaca”, dava-se em função da própria vocação agrícola dos primeiros imigrantes. “Polaco” passou a ser um termo que se identificava de imediato, na sociedade local, com a agricultura. Ser de origem “polaca” era admitir -ips facto- que se pertencia a uma camada mais baixa da sociedade. A correlação que o meio de adoção fez do “Polaco” com baixo nível de instrução o levou, muitas vezes, a sentir vergonha de sua própria origem. Este sentimento de vergonha fez com que muitos indivíduos de ascendência “Polaca” rejeitassem sua origem étnica. Apresentavam-se na sociedade como alemães, austríacos ou russos, isto, de acordo com as regiões de procedência de seus ancestrais, na Polônia invadida pelas potências opressoras. Quando inquiridos sobre sua origem, respondiam com evasivas como:- “Não sei! Pelo menos era o que constava no passaporte do meu avô!” Tal atitude tem sua explicação no fato de muitos passaportes de imigrantes “Polacos” eram extraídos sob a nacionalidade da potência de ocupação da região “Polaca”.
Os estereótipos levaram alguns descendentes de “Polacos” a adquirirem complexo de inferioridade em relação à sua origem étnica. A constatação disto ocorria, sobretudo, em camadas sociais intermediárias, localizadas entre o camponês e o indivíduo urbanizado. O camponês, mesmo, não o possuía, porque os descendentes continuavam na própria classe de origem de seus antepassados. As camadas urbanas mais “cultas” também não o possuíam, devido à própria condição de poder avaliá-lo.

7. Discussão

Estes dados permitem entender porque nos Estados do Sul do Brasil, o termo “Polaca” deixou de ser usado para designar a nacionalidade de um povo e se transformou em sinônimo de prostituição. A expressão “Polaca” virou palavrão e passou a equivaler ao popular “Filho da Puta”. Os filhos dos primeiros imigrantes “Polacos” cresceram ouvindo ofensas dos brasileiros de outras etnias. À esta expressão “filho de Polaca”, de cunho pejorativo, juntaram-se outras como: “Polaco” burro e “Polaco” sem bandeira (em função da Polônia nesta época estar ocupada por potências estrangeiras).
Com razão, algumas das gerações de filhos de imigrantes “Polacos” rejeitam o termo. A grande maioria, sem domínio preciso do idioma português, acabava por fugir e se esconder sob o manto de outras etnias. Os mais instruídos trataram de abolir completamente qualquer vínculo com suas origens e rechaçar a denominação de descendentes de “Polacos”.
Num belo livro “Uma Cidade bem Amanhecida” sobre o papel das mulheres polacas na comunidade curitibana, Wilma de Lara Bueno, se propõe num capítulo inteiro apresentar situações onde se manifestam preconceitos e rejeições ao temo “Polaca”. No significado dos conceitos polaca ou polonesa, constatou-se para polaca a autodenominação da nacionalidade polak-polaque usado pelo povo sem restrições e transposta para o português como polaco. (...) Contudo, já no século XVII, a expressão polonesa era utilizada, e no brasil, essa foi a mais usual apesar do emprego polaca em seu sentido deprecioativo. Não se pode porém, afirmar, com precisão absoluta, o limite do uso e do significado entre essas duas terminologias. De acordo com as fontes, por vezes a imigrante era denominada de polaca; em outra situação era polonesa. Ao se referir às questões discriminatórias, ela era sempre polaca.[9]
Toda esta discussão e polêmica, toda esta história de preconceito acabou por causar o afrancesamento do termo, muito provavelmente a partir de 1927. Ano em que foi cunhado o termo polonês, derivado do franco “polonais”. Registros orais atestam que a criação do termo “polonês” teria sido obra do então Embaixador da França no Brasil, que teria sugerido ao primeiro Cônsul Geral da Polônia, em Curitiba, o uso da palavra francesa que designa o gentio daquele país, no lugar da péssima conotação do termo português “Polaco”.

8. Loiro: Polaco

Ainda dentro desta perspectiva cabe lembrar, outra confusão criada no Brasil com termos e imigrantes da Polônia. A palavra, loiro, a princípio, sem função pejorativa, também colaborou para o aumento da carga preconceituosa para com o termo “Polaco”. Loiro e “Polaco” foram e são utilizados como sinônimos um do outro, apesar de não terem etimologicamente nenhuma ligação.
Embora não sejam sinôminos, “Polaco” é usado para designar qualquer pessoa, de qualquer etnia, que possua os cabelos loiros. Esta confusão sinonímica é contemporânea ao uso de “Polaco” como designativo de prostituta e deve ter tido início no fato da maioria dos imigrantes “Polacos” que chegaram no Brasil, no século XIX, serem loiros e em sua maioria procedentes da Silésia e Pomerânia “Polacas”.
Convenhamos que não é porque, um grupo de “Polacos” seja loiro, que a palavra deva ser signo da nacionalidade “Polaca”. Afinal suecos, alemães, russos, italianos, franceses, espanhóis e até os portugueses são loiros e nem por isso são originários da Polônia.
Sustentar que “Polaco” é o termo adequado para designar os imigrantes e descendentes de pessoas nascidas na Polônia e que o termo “polonês” é fruto de preconceito é objetivo deste artigo. Por isso, o autor defende a necessidade de se restabelecer o primeiro significado e restabelecimento do uso corrente do termo “Polaco” no idioma português falado no Brasil, tal como ocorre nos outros sete países de língua portuguesa.
Com relação a questão lingüística, a obra de Helena, apresenta fragmentos que buscam traçar um pouco da história desta ciência. Diz ela, baseada em diversos autores que: “Os filósofos da antiga Alexandria, nos sécs. III e II a.C. comparando diferentes manuscritos das mesmas obras procuravam restaurar o texto original e escolher entre os trabalhos genuínos e os não castiços. Devido à língua dos textos clássicos diferir em muitos aspectos do grego contemporâneo de Alexandria, passou-se a publicar comentários de textos e tratados de Gramática para aclarar as dificuldades que poderiam perturbar o leitor dos antigos poetas gregos. A admiração pelas grandes obras literárias do passado encorajou a crença de que a própria língua na qual elas tinham sido escritas era em si mais "pura", mais "correta" do que a fala coloquial cotidiana de Alexandria e de outros centros helênicos. As gramáticas escritas pelos filósofos helenistas tinham então dupla finalidade: combinavam a intenção de estabelecer e explicar a língua dos autores clássicos com o desejo de preservar o grego da corrupção por parte dos ignorantes e dos iletrados.”
Com a preocupação de entender qual das expressões seria a mais adequada, verificou-se que já na antiga Alexandria se discutia a noção do correto, como descreve Helena: Essa abordagem do estudo da língua cultivada pelo classicismo alexandrino envolvia dois erros fatais de concepção. O primeiro diz respeito à relação entre língua escrita e língua falada, e o segundo, à maneira como a própria língua evolui. Podemos colocá-los, ambos, dentro do que se pode chamar "erro clássico" no estudo da língua. O segundo erro da concepção inerente à abordagem alexandrina do estudo da língua era a suposição de que a língua dos escritores áticos do séc. V a.C. era mais "correta" do que a fala coloquial do seu tempo; e, em geral, a suposição de que a "pureza" de uma língua é mantida pelo uso das pessoas cultas e "corrompidas" pelos iletrados.[10]
Ao ser insistemente interrompido em suas intervenções por usar o termo polaco, percebeu que muito pouca coisa mudou nestes mais de dois mil anos. Que polonês seja culto e defendido por uma elite e que o termo polaco esteja mais afeito aos ignorantes é fato, que infelizmente percorre as décadas, como confirma em seu trabalho a profª. : “Por mais de dois mil anos esse preconceito ao que parece se manteve inatingível. E é mais difícil erradicá-lo pelo fato de que os termos em que é expresso - "pureza" e "correção" - são tomados como absolutos. Deveria, contudo, ficar bem claro que tais termos nada significam, a não ser em relação a um padrão estabelecido. A afirmação de que a língua de Platão é uma forma "mais pura" do grego, do que, digamos, a de algum artesão iletrado de Alexandria é, por conseguinte, não apenas falsa como também sem sentido ou tautológica.[11])
O professor argentino radicado em Curitiba há mais de 25 anos, Hugo Mengarelli, da Universidade Federal do Paraná, casado com uma filha de “Polaco”, no prefácio do livro “Saga dos Polacos”, abordou de forma contundente o que iria se confirmar após o lançamento da obra: a polêmica do termo. Mengarelli afirmava em seu texto que “pretender que Saga dos Polacos seja um livro de história é uma exigência a que a obra não se propõe e exigir que seja uma exaltação polonesa dos polacos é contrária à visão do autor”.[12] Embora argentino de origem italiana, o professor Mengarelli não se furta a assumir sua preferência. Ele foi parcial quando escreveu que o “autor do livro se preocupa em recuperar o termo polaco ao invés de polonês, pois que este surge do preconceito com os polacos, do preconceito do sofrimento desta gente. O termo polonês de alguma maneira surrupia o que de mais sacrificado, doloroso e glorioso este povo encerra. O grande poeta falou: Meu coração polaco voltou, e voltará sempre enquanto haja Leminskis, Iarochinskis, Morozowiczs, Osinskis, etc”[13].
Como demonstra o prefácio, o livro está permitindo que o termo “Polaco”, até então, considerado pejorativo no Sul do Brasil, possa recuperar sua conotação e conceituação. Embora possa ser entendido como um retorno ao passado. Alguns argumentam que o idioma é algo dinâmico e por isso, resgatar “Polaco” é retrocesso. Portanto, não é bem vindo! Outros, leitores, críticos e personalidades “Polacas” saudaram a iniciativa como corajosa e instrumento contra o preconceito étnico.
O uso do adjetivo para se referir às coisas e pessoas da Polônia ainda causa polêmica, principalmente nos Estados do Sul do Brasil. O livro, que choca pelo título, principalmente junto às gerações mais antigas, ainda não é suficientemente conhecido para que possa reverter mais de 70 anos de vergonha e rejeição. Estas gerações argumentam que “Polaco” traz em si, lembranças pouco lisonjeiras e que, portanto, deve ser extinto. Contudo, para outros descendentes, ser chamado de “Polaco” depende do tom e do jeito: “sempre que alguém os denominar assim, sugerimos dar sorrisos, atender e agradecer. A verdade é que descendem de polacos e podem ter orgulho disso, permanecendo inteligentes”[14].
Mas ainda assim, estes, que pensam deste modo estão mascarando o preconceito que dizem negar. Não o enfrentam, nem tentam extinguí-lo.
A polêmica sobre os termos já freqüentou as páginas dos jornais, principalmente de Curitiba, onde se concentra grande parte da etnia no Brasil. Apenas para citar uma reportagem, reproduzimos trechos dela no jornal Gazeta do Povo, publicada meses depois do lançamento do livro Saga dos Polacos.
O próprio redator, Carlão Kaspeczak, (também descendente de “Polacos”) no preâmbulo de seu texto justifica sua posição em relação ao tema se baseando nas explicações dos dicionários e dos lingüistas. Segundo o jornalista, trata-se de uma falsa polêmica. Pois em suas pesquisas para a reportagem, tanto nos dicionários quanto nas entrevistas com lingüistas, ele verificou que “Polaco” e “polonês” são adjetivos sinônimos. Menciona que para alguns descendentes, a palavra soa pejorativa e até mesmo ofensiva, mas para outros, isto é só um simples preconceito sem importância, como é a opinião dele próprio.
O lingüista e professor de Língua e Literatura Portuguesa, Leopoldo Scherner afirma que ainda não existe uma discussão a nível acadêmico no Paraná. “É uma questão de uso”. Segundo ele, as palavras não podem ser descontextualizadas, pois elas têm vida e evoluem como as pessoas.
Mas o próprio professor reconhece que em Portugal, o mais comum é utilizar o termo “Polaco”, tanto para a língua quanto para a pessoa. Denuncia não perceber a existência da polêmica no Brasil ao lembrar: “que em certa ocasião acabou tendo um texto revisado em Portugal. Fiz uma tradução de uma peça do Papa João Paulo II e os revisores mudaram de polonês para polaco sem o menor pudor”. Para Scherner, o parece existir é somente um preconceito não suficientemente esclarecido. Ele diz saber, que “principalmente no Paraná, o polaco ganhou um tom pejorativo”.
Scherner realmente, em que pese sua posição de lingüista reconhecido, ignora que não é só no Paraná que o preconceito subsiste, mas que também é forte nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul.
O professor Wilson Martins, sem entrar no mérito da questão, “tanto uma palavra como outra são legítimas”. Martins é aposentado pela Universidade de Nova Iorque, onde durante muitos anos foi professor da disciplina de literatura portuguesa e no passado causou polêmica com sua obra “Um Brasil Diferente”, ao não reconhecer a importância da etnia “Polaca” no desenvolvimento do Estado do Paraná. Martins desqualificou a imigração “Polaca” e com certeza foi um dos que contribuíram para que o preconceito contra os “Polacos” paranaenses se fixasse no inconsciente coletivo.
Para Geraldo Mattos, presidente da Academia Internacional de Esperanto, no Paraná, “não há diferença entre polaco e polonês. Usa-se mais polonês por aqui, mas não há motivo para se ofender com polaco. Não podemos nos prender aos preconceitos”.
Ouvido pelo mesmo jornalista para esta reportagem da Gazeta do Povo, o então presidente da maior sociedade esportiva, cultural e recreativa fundada por imigrantes polacos no Estado do Paraná, Anísio Oleksy, disse não ter nenhum problema em usar o termo “Polaco”, pois, segundo ele, “falar polonês é influência da cultura francesa, de uma elite preconceituosa, de uma szlachta (nobreza em “Polaco”), que achava polaco feio e polonês mais chique, mais bonito, pois vem de polonaise. Não me ofendo que me chamem de polaco, ao contrário... me orgulho”.[15]

9. Conclusão

O autor deste artigo recoloca a questão do pejorativo polaco em discussão. Discorda ele da aferição pejorativa do termo e tranfere toda a carga do preconceito justamente para os que de forma intencionada e esclarecida se utilizam do termo polonês.
Por ter se tratado de uma imposição, surgida no princípio de um dos períodos ditatoriais brasileiros e não efetivamente de uma aceitação popular, já que as elites trataram de inferir para que o novo termo ganhasse as cores de consagrado e correto, faz-se necessário despreconceitualizar o termo “Polaco” e aclarar que “polonês” adquiriu ao longo do últimos anos um caráter impositório e até preconceitual. Já que não é premitido aos usuários da palavra Polaco a utilizarem sem serem admoestados.
À semelhança de uma patrulha ideológica, os impostores pressionam jornalistas, escritores, jornais, televisões para que não permitam a utilização do termo polaco. Numa clara afronta a liberdade de pensamento e de expressão, os dois veículos de comunicação que contrataram o autor deste artigo para atuar como correspondente em Cracóvia durante a morte e enterro do Papa João Paulo II, censuraram-no todas às vezes que puderam, mudando o texto escrito ou a fala em posterior edição. Ainda que, nas transmissões ao vivo, o autor fez uso de seu direito de se manifestar livremente utilizando a palavra polaco. Porém, qual não foi a reação de alguns telespectadores, que através de telefonemas às redações da Televisão demonstraram seu preconceito contra a palavra polaca. O autor, mesmo, chegou, a receber via correio eletrônico (E-mail) uma série de mensagens afrontosas. Uma delas, do professor João Komochinski, na Universidade de Erechim, assim traduz a contrariedade: Eu afirmo que, na língua portuguesa, a língua falada no Brasil, o termo correto, o termo oficial, é polonês e não polaco e a língua portuguesa, oficialmente estruturada aqui no Brasil, tem muito mais do que 70 anos. O preconceituoso é justamente o termo polaco, pelas razões que você conhece muito bem. A adoção, aqui no Brasil, do termo polonês, em vez de polaco, obedeceu normas e princípios lingüísticos. Não foi nenhum João Banana que resolveu escrever e pronunciar desta forma. Você quer inverter esta realidade. Se conseguir, meus parabéns, mas duvido muito, até mesmo porque seriam necessários, no mínimo uns 400 anos para se obter o consenso popular.” [16]
Em relação ao “oficioso” citado pelo professor gaúcho é necessário dizer que a tradução de “Polak” (que designa o nativo da Polônia), em todas as línguas latinas, com exceção do francês, é “polaco”. Em Portugal, e nos demais países de língua portuguesa, o único termo usado é “Polaco”. Sendo desconhecido o termo “polonês”. Foi a elite, tão ou mais ignorante que o imigrante, que passou a tratar o “Polaco” de forma ofensiva e pejorativa. “Polaco” passou a ser uma forma de chamar o imigrante de burro, de ignorante. Isso se agravou porque as comunidades de “Polacos” viviam afastadas dos centros urbanos, como Curitiba, e por serem, na maioria, lavradores acabaram convivendo pouco com outros imigrantes e até com os nativos. Por mais de 30 anos, este contato foi pouco freqüente na capital paranaense.
Esta rejeição equivocada e preconceituosa dos que advogam o termo “polonês”, abre espaço para que se elucide alguns aspectos da tradução literal e adequada do idioma “Polaco” para o português:
· Polska =Polônia
· Polak = Polaco
· Polaków = dos polacos
O autor lembra que nas demais línguas latinas, a tradução do adjetivo é justamente o termo “Polaco”, com exceção do francês:
· Portugal: Polaco
· Espanha: Polaco
· Itália: Polacco
· Argentina: Polaco
· México: Polaco
· Honduras: Polaco
· Colômbia: Polaco
· França: Polonais
Os idiomas inglês e alemão, por serem anglo-saxões, não fazem parte desta linha de argumentação, pois está claro que não são latinos e, portanto, não são motivos para se sustentar o termo “polonês” e não tampouco deram origem ao termo no Brasil:
· Inglaterra: Polish
· Alemanha: Polnisch
Ninguém no Brasil denomina o chileno, de chilinês; o mexicano, de mexicanês; o italiano, de italianês; ou mesmo, o brasileiro, de brasilês.
Não custa lembrar aqui o que os filósofos gregos discutiam: se o que regia a língua era a natureza, ou a convenção. Essa oposição de natureza e de convenção era um lugar-comum da especulação filosófica. Dizer que uma determinada instituição era natural equivalia a dizer que ela tinha sua origem em princípios eternos e imutáveis fora do próprio homem, e era por isso inviolável; dizer que era convencional equivalia a dizer que ela era o mero resultado do costume e da tradição, isto é, de algum acordo tácito, ou contrato social, entre os membros da comunidade – contrato que, por ter sido feito pelos homens, também podia ser violado pelos homens.
Crátilo no seu diálogo Crátilo, afirmava que todas as palavras eram, de fato, apropriadas por natureza às coisas que elas significavam. Para se justificar, ele reportava suas concepções a Platão. Segundo eles, ainda que isso nem sempre pudesse ser evidente ao leigo, podia ser demonstrado pelo filósofo capaz de discernir a realidade que estava por trás da aparência das coisas. Nasceu assim a prática da etimologia consciente e deliberada. O termo em si – formado do radical grego etymo, verdadeiro, real - denuncia sua origem filosófica. Estabelecer a origem de uma palavra, e por ele, o seu verdadeiro significado, era revelar uma das verdades da natureza.
A disputa entre os naturalistas e os convencionalistas se prolongou por séculos, dominando toda a especulação a respeito da origem da língua e da relação entre as palavras e seu significado. Sua importância para a evolução da teoria gramatical está em que ela deu origem a investigações etimológicas que estimularam e mantiveram o interesse dos estudiosos na classificação das relações entre as palavras. Bem ou mal, ela estabeleceu o estudo da Gramática dentro do arcabouço da indagação filosófica geral.
Não se pode negar que o termo “Polaco”, ou “Polaca” padece de um preconceito arraigado em origens pouco lisonjeiras, por uma sociedade que se acredita católica e culta. Pretender, pois, que um termo reassuma sua conotação e origem mais adequada, embora possa parecer retrocesso histórico, seja do ponto de vista da evolução do idioma, ou das relações sociais é mais do que imperativo, é necessário. Ignorar as causas e os equívocos históricos do preconceito pode estar reforçando este mesmo preconceito, porque a substituição de um termo por outro apenas esconde um preconceito e definitivamente não o elimina.
O termo “Polaco” pode reverter o mesmo preconceito que, por exemplo, o termo composto “coxa-branca”, ou simplesmente “coxa”, logrou nos últimos anos. “Coxa”, o atual grito de guerra e designação dos torcedores do Coritiba FootBall Club, teve um passado bastante tumultuado. Até a década de 1940, o clube fundado em 1909, não aceitava jogadores que tivessem outra origem que não fosse germânica, ou caucasianos. Os torcedores das equipes adversárias com o objetivo de depreciar e mesmo ofender os simpatizantes do Coritiba cunharam o termo “coxa-branca”. Brigas, confusões e revides foram causados, em Curitiba, nas décadas seguintes, devido a este xingamento.
Na década de 70, quando o clube foi sete vezes campeão do Estado do Paraná, começou a se processar uma transformação no conceito dos termos “coxa-branca” e “coxa”. De ofensivos, tornaram-se motivo de honraria. Alguns dos torcedores, que além de gritarem a plenos pulmões com orgulho nos estádios a palavra “coxa”, chegam ao exagero de equivocadamente responderem a brasileiros de outras cidades que são “coxas” e não curitibanos, quando perguntados sobre qual é a sua naturalidade (Curitibano é aquele que nasce na cidade de Curitiba e “coxa” aquele que torce pelo clube de futebol, Coritiba).
Como os fatos recentes registram, de palavra ofensiva, “coxa” passou a ser considerada carinhosa. O que comprova que o dinamismo de uma língua também pode significar reversão. “Polaco”, portanto pode readquirir sua originalidade e passar a ser respeitado e encarado pelo que é em sua essência e não pela transformação preconceituosa. Muito além, da polêmica do título do livro, ou da discussão e proposição do autor, a revelação do sofrimento, das frustrações e da identidade do povo que se manteve fiel à sua própria língua, credo e sentimento de nacionalidade não pode ser relegada. As atrocidades impetradas pelos invasores germânicos e russos, aos “Polacos” ainda são pouco conhecidas no Brasil. E o sofrimento que acompanhou estes imigrantes “Polacos” em terras brasileiras não feneceu, ao contrário, continuam os imigrantes e seus descendentes sendo objeto de discriminações e agressões. A situação de desamparo que foi ampliada com a conotação recebida, inicialmente no Rio de Janeiro, acabou causando preconceito dos próprios descendentes contra a adequação etimológica do termo “Polaco”. O quê, sem dúvida, deve ser revertido, pois o preconceito embutido no termo “polonês” (ainda não discutido) se configura em mais uma agressão que se comete contra aqueles que são e se sentem “Polacos”. Não os do preconceito, mas daqueles que, com seu suor e lágrimas ajudam a construir duas nações distantes.
O termo “Polaco” não tem culpa de ser o que tem sido, como tampouco tem responsabilidade pelo conceito pejorativo que lhe foi impingido e, portanto, nada mais justo é que deixe de existir o mau-conceito, ou preconceito e não ele.

10. Bibliografia

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[1] CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira S/A, 1991
[2] CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira S/A, 1991
[3] Idem
[4] POLIN, Studies in Polish Jewry, Volume Tem. Jews in Early Modern Poland. The Littman Library of Jewish Civilization. 1977. pág.IX

[5] Em discussão com o ator deste artigo, o empresário Jorge Bembnowski, depois de uma série de interrupções das manifestações do autor, o instou a se calar e não ousar pronunciar a palavra polaco, pois segundo o empresário, esta não existe e foi erradicada da norma culta vigente no país.
[6] Cunha, Celso – Cintra, Luís F. Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo – 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001
[7].Ibd, pág.5
[8] LARGMAN, Esther Regina. Jovens Polacas. Rio de Janeiro.Editora Rosa dos Tempos. 2ª. Edição.1994.
[9] Bueno, Wilma de Lara. Uma cidade bem amanhecida: vivência e trabalho das mulheres polonesas em Curitiba. Wilma de Lara Bueno. Curitiba. Aos Quatro Ventos, 1999. (pág.6)
[10] Artigo “Linguagem”. Elena...UFPR
[11] Expressão que repete o mesmo conceito já emitido, ou que só desenvolve uma idéia citada, sem aclarar ou aprofundar sua compreensão.
[12] Mengarelli, Hugo Daniel, prefácio do livro Saga dos Polacos, edição do autor, Curitiba, 2001.
[13] Idem.
[14] Anisio Oleksy, presidente da Sociedade União Juventus, saudando o lançamento do livro, em fereveiro de 2001, No Centro Polônico do Paraná, em Curitiba.
[15] Kaspeczak, Carlão. Caderno G , Jornal Gazeta do Povo, Abril 2001. Curitiba.
[16] O João Komochinski é professor de geografia, na URI – Universidade de Erechim e descendente de imigrantes polacos da região de Mlawa, na Polônia. E-mail recebido em 05 de abril de 2005, do endereço joaomarciano@hotmail.com destinado a uli@ui.jor.br.