sábado, 25 de abril de 2015

Polônia perde seu último herói


Morre 74 anos após ser libertado do
Campo de Concentração e Extermínio Alemão de Auschwitz,
o herói contemporâneo polaco
Władysław Bartoszewski
"Não sou filósofo, nem teólogo.
Não tenho respostas prontas.
Sou um homem simples,
mas tento pensar!
E pode que em certo momento,
quando já não se é jovem, ou de meia idade,
ter a idéia, de se olhar pra si mesmo no espelho,
sem desgosto?
Isto também pode ser importante,
com quem se termina vagando pela terra."
Władysław Bartoszewski
no livro "Importante ser descente"

Bartoszewski morreu, em Varsóvia, com a idade de 93 anos, neste 24 de abril de 2015. Ele que nasceu em 19 de fevereiro de 1922, na mesma capital polaca.
Foi historiador, professor, jornalista, membro da resistência polaca durante a Segunda Guerra Mundial e recebeu o reconhecimento de "Justo entre as Nações" pelo povo de Israel.
Foi senador e ministro das relações exteriores da Polônia. Estudou na Universidade de Varsóvia.  Quando a guerra estourou Bartoszewski tinha 17 anos. Ele foi detido em 19 de setembro de 1940, em Żoliborz durante um ataque em massa organizada pelos nazistas e foi enviado ao campo de Auschwitz, onde recebeu o número 4427 de prisioneiro.


Foi liberado em 8 de abril de 1941, graças ao trabalho da Cruz Vermelha polaca.
Em agosto de 1942, começou a atuar junto à resistência popular, no Armia Krajowa (Exército Nacional do Povo).
Em setembro de 1942, já participava da Comissão de Ajuda aos Judeus - "Żegota". Em abril de 1943, já ajudava os insurgentes do gueto de Varsóvia.

Com a destruição da cidade, acabou se estabelecendo em Cracóvia.
Após a guerra, foi membro do PSL (União de povo polaco), a única organização política de oposição ao Partido Comunista.

Em 15 de novembro de 1946, foi preso pelos comunistas por espionagem e colocado em uma prisão do Ministério da Segurança. Foi condenado a oito anos, mas acabou liberado devido a sua saúde debilitada, em 1954.

A partir de 1955, dedicou-se ao jornalismo e em 1966, o Instituto Yad Vashem o denominou "Justo entre as Nações".

Também recebeu distinções como "Comandante da Legião de Honra", "Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno", "Ordem do Mérito de Baden-Wuerttemberg", "Ordem da Águia Branca", entre mais de uma centena de honrarias, prêmios, títulos e comendas de vários países.


"Vale à pena ser honesto,
mas nem sempre compensa.
Compensa ser desonesto,
mas não vale à pena."
Władysław Bartoszewski
fonte: rosa "Gali"
12 de novembro de 2007

Bartoszewski foi um homem que podia acalmar as emoções negativas em qualquer situação.
Ele era um homem, que passou por Auschwitz, e ainda assim, deu toda a sua vida em prol da paz.

Bartoszewski em trechos do filme documentário "Auschwitz Birkenau - Cemitério sem Tumbas", produção e direção de Ulisses Iarochinski.
Bartoszewski fala diante do Monumento ao Holocausto, no campo de Birkenau, nas comemorações de 60 anos de liberação do campo de concentração e extermínio alemão, em 27 de janeiro de 2005, em Oświęcim:



terça-feira, 21 de abril de 2015

Diretor do FBI fala bobagens sobre Holocausto

O Ministério de Relações Exteriores da Polônia convocou com urgência o Stephen Mull, neste domingo para "protestar e exigir desculpas".
embaixador dos Estados Unidos,
A medida é uma reação a fala do chefe do FBI, que sugeriu que os polacos foram cúmplices no Holocausto. O diretor do FBI James Comey fez os comentários em um artigo sobre o Holocausto que foi publicado na edição do Washington Post de quinta-feira.
O artigo era uma adaptação de um discurso feito por Comey no Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos.
No artigo, o diretor dizia que "em suas mentes, os assassinos e cúmplices da Alemanha, Polônia, Hungria e muitos, muitos outros lugares, não fizeram nada mau".
diretor do FBI - James Comey
Ele continuou afirmando que tais pessoas "se convenceram de que aquilo era o certo a fazer".
Depois desse infeliz comentário o jornal "The Washington Post" publicou uma versão de seu discurso, onde Comey foi criticado por alguns comentaristas que argumentavam que ele sugeriu que polacos e húngaros compartilharam a responsabilidade em condições de igualdade com os alemães para as atrocidades do Holocausto.
Comey é um republicano que serve a uma administração democrata. Está registrado que Comey doou dinheiro para a campanha do senador norte-americano John McCain na eleição presidencial de 2008 e para a campanha do governador Mitt Romney na eleição presidencial de 2012.

Seu discurso foi também criticado por autoridades polacas e Stephen D. Mull, o embaixador EUA na Polônia, foi chamado para se apresentar no Ministério das Relações Exteriores da Polônia, em Varsóvia.
A primeira-ministra da Polônia, Ewa Kopacz, afirmou que as palavras de Comey eram inaceitáveis ao seu país. "A Polônia não foi uma perpetradora, mas uma vítima da Segunda Guerra Mundial", disse ela.

Depois de encontrar o vice-ministro de Relações Exteriores polaco Leszek Soczewica, o embaixador norte-americano Stephen Mull disse que entraria em contato com o FBI sobre o problema.
Mais cedo, ele havia comentado que as declarações foram "erradas e ofensivas" e que não refletiam a visão do governo norte-americano.

Fontes: Associated Press e Wikipedia

domingo, 12 de abril de 2015

O artigo saiu no portal culture.pl nas versões em polaco e inglês. Perguntas sobre o conhecimento que as pessoas têm da cultura da Polônia.
O texto é de Wojciech Oleksiak.


O quanto você conhece bem da Cultura Polaca?

Talvez você esteja fazendo cursos em estudos eslavos, ou talvez você apenas ame a cultura polaca. Talvez você seja um turista se preparando para uma viagem a Polônia, ou talvez, um descendente de emigrante polaco, ou um cidadão de um país vizinho.
Talvez você seja apenas uma pessoa navegando aleatoriamente na internet.
Não importa quem você é.
O que importa é que você tem aqui um desafio sobre a cultura polaca.
O portal culture.pl preparou um breve, mas profundo questionário, divertido e sério, que abrange uma gama variada de temas de cultura polaca, a partir de alimentos para o cinema, incluindo literatura, teatro e terminando com música clássica contemporânea.
Tempo para descobrir o seu nível de conhecimento! Você está pronto? As perguntas aqui são em inglês.

Mas vamos lá, em português:
1. Qual figura representa um prato cheio polaco?
a) -
b) -
c) -

2. Este homem na ilustração é:
a) - um pianista e compositor francês
b) - um polaco vencedor do Prêmio Nobel de Literatura
c) - um pianista e compositor polaco
d) - um poeta autor de Senhor Tadeu/ Pan Tadeusz

3. Verdadeiro ou falso? "De acordo com a tradição, os polacos preparam 12 pratos para a ceia de Natal."
a) - Verdadeiro
b) - Falso

4. Qual dos diretores abaixo ganhou o Oscar de melhor filme em língua estrangeira?
a) - Paweł Pawlikoski (Ida 2015)
b) - Andrzej Wajda (Terra Prometida 1975)
c) - Agnieszka Holland (Na escuridão 2011)
d) - Roman Polański (Chinatown 1974)

5. Aonde primeira universidade foi fundada em?
a) - Em Varsóvia, quando ela se tornou capital em 1596
b) - Em Cracóvia, em 1364 por Rei Jadwiga da Polônia
c) - Nas Três Cidades, no século XVII pela Liga Hanseática
d) - Em Varsóvia, depois da primeira guerra mundial

6. Qual das fotos abaixo representa o traje típico do folclore polaco?
a) -
b) -
c) -

7. O aclamado músico polaco de jazz Tomasz Stańko toca o:
a) - Trombone
b) - Clarinete
c) - Saxofone tenor
d) - Trumpete

8. Jerzy Grotowski foi:
a) - Um famoso viajante que inspirou Verne a escrever Capitão Nemo
b) - Um ator popular de filme europeu no início do século XX
c) - Um revolucionário diretor e teórico do teatro do século XX
d) - Um instrumentista de fagote da Filarmônica de Berlim do século XIX

9. Rei Jorge, uma das melhores óperas do século XX, foi composta por:
a) - Karol Szymanowski
b) - Witold Lutosławski
c) - Krzysztof Penderecki
d) - Krzysztof Meyer

10. Qual dos artistas listados abaixo, nasceu e cresceu na Polônia?
a) - Vladimir Vysotsky
b) - Igor Stravinsky
c) - Tadeusz Kantor
d) - Leopold Stokowski

Tradução: Ulisses Iarochinski

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Polônia: o próximo motor europeu não pára


Enquanto vemos a tragédia da Grécia se mover entre a austeridade rígida alemã e o idealismo de Syriza, os pistões do que podem ser o próximo motor econômico da Europa não pára.
A Polônia tem 38,5 milhões de habitantes e seu PIB está classificado na 25ª posição em todo o mundo (FMI). Apesar de ter uma história atribulada e uma reputação de país pobre, poderá se posicionar como uma das próximas potências européias dentro de 10 a 20 anos.

Dirigindo pela estrada no Noroeste alemão me pergunto por que mais e mais caminhões aparecem com placa PL de Polônia. Na verdade, nas viagens para a Polônia, fiquei impressionado com as novas estradas que agora cruzam grandes regiões do país.
Não foram apenas projetos suportados por fundos comunitários como a auto-estrada Egnatia na Grécia; também apareceram projetos de infra-estruturas criados por governos anteriores a Donald Tusk.
Mas qual é o segredo do antigo país sempre afetado por invasões e extrema pobreza que desapareceu do mapa por 123 anos e agora está ombro a ombro com os maiores em seu bem sucedido silêncio?

Após a crise de 2008, a Polônia, às vezes chamada de superestrela Europeia, foi o único país da UE a não entrar em recessão. Patrocinou sua marca-país na Eurocopa, enquanto a crítica que caia para a Ucrânia, o outro país anfitrião. 

Quando o comunismo soviético caiu, foram privatizados alguns grupos estatais, e os polacos se apressaram a investir em infra-estrutura, removeram os controles de preços antigos e mantiveram a sua moeda, o złoty. O país passou a se beneficiar do mercado europeu integrado e criou um ambiente para a criação de empresas.

Enquanto o PIB real na Alemanha caiu 5,6% em 2009, na Polônia cresceu 2,6%. Em 2007, a Polônia cresceu mais do que o esperado pela China quer agora crescer, atingindo 7,2%.

A Polônia tem prosseguido uma política benéfica macro e dura com o indivíduo que estuda e é empregado. Com projetos financiados pelo banco estatal BGK e pela agência de investimento estatal PIR SA, a Polônia tem procurado aumentar o investimento em infra-estrutura.
Há alguns dias, o Grupo Azoty anunciou a construção da maior fábrica de propileno da Europa. O investimento, que totaliza US$ 450 milhões, ajuda a aumentar a produção de um dos insumos essenciais para a produção de plásticos, tintas, solventes, etc. A idéia é garantir a cadeia de fornecimento com o aumento da produção e da logística local, reduzindo riscos cambiais para as empresas que importam esses produtos.

O auge polaco também foi causada em parte por empresas que exportam com vantagens competitivas como os baixos salários.
Por exemplo, a logística europeia se move em caminhões polacos, romenos e búlgaros, mas a Polônia se destaca em reinvestimento sistemático dos recursos, enquanto seus transportadores continuam com seus fretes relativamente baixos. Mas essa fórmula de prosperidade com salários baixos tem limites.
Como os economistas A. Strazds e T.Grennes apontam em seu estudo sobre a competitividade e mercado de trabalho, os baixos salários não conseguiram explicar completamente a competitividade polaca nos últimos anos.
O país manteve as suas exportações e foi perdendo competitividade salarial, um fenômeno conhecido como o paradoxo Kaldor. A explicação pode estar na flexibilidade do mercado de trabalho, investimento e inovação.

Em qualquer caso, esses fatores fizeram pressão sobre os cidadãos que têm um poder de compra menor do que os seus vizinhos europeus. O índice GfK de poder de compra de 2014 mostra que enquanto a Alemanha ultrapassou €21.000 por pessoa, a Polônia continua se aproximando dos €6.000.
Com este valor, no entanto, a Polônia triplica seu poder de compra comparado ao da Bulgária. O que pode um trabalhador polaco compra ultrapassa largamente o que pode adquirir um trabalhador búlgaro, embora continue baixo em comparação com o que um trabalhador ganha na Alemanha, Áustria e França.

A Polônia também teve desafios que ameaçam a sua prosperidade. Alguns críticos argumentam que a política de investimento irá desencadear inflação. Por outro lado, a crise na zona do euro contribuiu para uma desaceleração que ficou evidente desde o final de 2012.

Apesar do golpe que levaram os agricultores polacos em razão do bloqueio russo, a indústria decidiu diversificar o risco de entrada para os mercados saturados da Europa Ocidental.
A Polônia promoveu a internacionalização de suas universidades e atraiu para além e charme da arquitetura de cidades como Cracóvia e Poznań. Não é alunos EE incomuns. UU. preferem estudar medicina na terra de Chopin, em vez de empréstimos em casa.

A Polônia é um modelo exemplar de progresso econômico, resistência às pressões sociais e enfrentamento de desafios constantes, que vai deixando ensinamentos para vários países ávidos por matar aula. Se alguém não pode e não vai aprender chinês, pode aprender polski język.

Autor: Erick Behar
Professor da Universidade Externa da Colômbia / CESA erick.behar@hotmail.com

Publicado no jornal El Tiempo, de Bogotá.

tradução: Ulisses Iarochinski