sexta-feira, 24 de março de 2017

Polônia inaugura Museu da II Guerra Mundial


Museu sobre II Guerra Mundial inaugurado em Gdańsk apesar da oposição do Governo de ultradireita.

O novo museu de Gdańsk (norte da Polônia) sobre a II Guerra Mundial abriu hoje ao público apesar da oposição do Governo polaco, que considera seu conteúdo insuficientemente patriótico.

Foto: Cezary Aszkiełowicz
"Com este museu pretendemos abrir um debate na Polônia sobre a nossa própria história, e ao mesmo tempo servir de lição de história para os visitantes estrangeiros", disse o diretor do centro, Paweł Machcewicz, que nos últimos meses se envolveu numa polêmica com o governo para garantir a abertura das instalações com os conteúdos originalmente planejados.

O Ministério da Cultura polaco criticou a vertente pouco patriótica do Museu, por não demonstrar o sofrimento que a II Guerra Mundial provocou na Polônia ao optar por um contexto mais global na narração do conflito, e sugeriu alterações no seu conteúdo.

Foto: Cezary Aszkiełowicz
O centro começou a ser construído em 2008 com um custo de mais de 100 milhões de euros e foi uma aposta pessoal do atual presidente do Conselho europeu, Donald Tusk, quando era primeiro-ministro da Polônia.

As más relações entre Tusk e o líder do partido no poder na Polônia, Jarosław Kaczyński (pronuncia-se iáróssúaf cátchenhsqui), são conhecidas no país e o diretor do museu, Paweł Machcewicz (pronuncia-se pávéu márrhtssevitch), assegurou ter sentido diversas pressões.

Foto: Cezary Aszkiełowicz
Nomeado quando Tusk ainda era primeiro-ministro, queixou-se em inúmeras ocasiões de que o novo governo de extrema-direia tentou retirar-lhe a direção do centro, com o argumento de que os conteúdos da exposição não eram patrióticos.

Em primeiro de fevereiro deste ano, os tribunais deram razão a Machcewicz na sua disputa com o Governo, permitindo a abertura das instalações. A exposição inclui três tanques (norte-americano, russo e alemão), além de recordações de famílias no decorrer da guerra, armamento, uniformes e representações da vida quotidiana, com a recriação de habitações e espaços urbanos durante o conflito e da ocupação do país.

Foto: Cezary Aszkiełowicz


Fonte: Agência Lusa

terça-feira, 21 de março de 2017

Polacas nas ruas contra governo de ultradireita

Reportagem da Euronews

Mulheres polacas protestam nas ruas da Polônia contra governo de ultradireita

Alicja Bobrowicz
é jornalista na Gazeta Wyborcza, um jornal de esquerda pró-europeu. Ela diz que os valores europeus estão em perigo na Polônia, incluindo o Estado de direito e a liberdade de imprensa:
“Estou preocupada com a minha liberdade como jornalista. Há pouco tempo, jornalistas foram expulsos do parlamento polaco, o acesso foi restringido em parte. Torna-se mais difícil fazer o nosso trabalho. A liberdade de imprensa está muito limitada, não sei o que vai acontecer a seguir. Estamos muito preocupados com o nosso futuro”, disse.

Os protestos em massa estão na primeira página dos jornais próximos da oposição, mas são ignorados pelos veículos de comunicação estatais (TV e Rádios). Os populistas, no governo, fizeram com que os veículos estatais ficassem sob controle direto do governo, o que fez a Polônia cair para o lugar número 47 no índice mundial da liberdade de imprensa, apenas um lugar à frente da Mauritânia.

Será que as forças que apoiam o governo vão também conseguir controlar os veículos privados?
O governo quer limitar a participação de capitais estrangeiros. A estratégia é a chamada “repolonização” e pode mudar a estrutura acionista da imprensa regional, antes das eleições locais.

A Associação Polaca de Jornalistas é presidida pelo diretor de uma rádio ligada com a direita, que defende o projeto:
“Quando a Polônia adotou o mercado livre, éramos pobres. Por isso, conseguimos apenas uma pequena parte dos lucros, apesar de trabalharmos muito, ao longo dos últimos 27 anos. O plano do ministro das Finanças Morawiecki vai mudar esse panorama. É a ideia principal da limitação do capital estrangeiro e da repolonização da mídia”, diz Krzysztof Skowronski.

Mas a mídia privada nas mãos de empresários polacos estão também debaixo de fogo: A nova lei coloca em risco o grupo Agora, proprietário da Gazeta Wyborcza. A viabilidade econômica está em causa. Além disso, as instituições públicas deixaram de anunciar. O diário teve de reduzir os quadros em cerca de 200 empregados.

O diretor-adjunto do jornal, Jarosław Kurski, critica a atitude do governo, que diz por em perigo a história de sucesso que é o processo de transformação pró-europeu da Polônia:
"Todas as mudanças dos últimos anos são vistas pelo governo como uma conspiração das elites pós-solidariedade e pós-comunistas. O nosso jornal, como símbolo dessa mudança, é diretamente visado: O governo e as empresas estatais retiraram toda a publicidade da Gazeta Wyborcza. Somos o alvo do ódio deste governo".


Rússia, Turquia, Hungria e Polônia – Há semelhanças no que diz respeito à repressão da liberdade de imprensa. As mídias privadas são pressionadas pelo poder econômico e os públicos pelo controle direto. É o que o governo da Polónia está fazendo:
“O governo despediu 250 jornalistas dos meios de comunicação públicos, sem mais nem menos. Desde a lei marcial que não havia tantas demissões assim. É o regresso da propaganda ao tempo do comunismo, mas ao contrário. O governo não suporta a mínima crítica."
Quando a Polônia se juntou à União Europeia em 2004, entrou no caminho do crescimento econômico, mas os populistas de direita ganharam apoios ao contar uma história alternativa. Falam de uma Polônia em ruínas, povoada por perdedores econômicos.

Fomos a uma aldeia chamada Krepa verificar. É aqui que vive Sylwester Imiolek, que há 20 anos herdou do avô uma quinta de produção de leite.


Ele começou com oito vacas e hoje tem 500. Como será que conseguiu?
Ao sentir o estatuto de membro da União Europeia aproximando-se, Sylwester decidiu modernizar a chácara. Muitos temiam que a entrada para a União Europeia destruísse o modelo dos pequenos sítios familiares. Para ele, foi o contrário:
“Esses medos não tinham fundamento – As chácaras pequenas ou médias, graças às políticas europeias de financiamento rural e esquemas de modernização, puderam desenvolver-se. Os agricultores tiveram essa possibilidade”, conta o agricultor.

O leite é transformado em pó e exportado para a China, Nova Zelândia e África do Sul. Os acordos comerciais da União Europeia permitiram-lhe entrar nos mercados estrangeiros:
“Quando era um jovem agricultor, os programas de apoio da União Europeia foram muito bons para mim. Permitiram-me crescer profissionalmente e tornar o meu sonho realidade. Usei todos os programas europeus de financiamento que pude”, diz.

A solidariedade é um dos princípios-chave da União Europeia e a Polônia é o maior recebedor de fundos europeus – recebe três vezes o valor com que contribui.

De regresso a Varsóvia, temos encontro com o presidente do principal “think tank” da Polônia, o Instituto de Assuntos Públicos.
Um recente relatório diz que os polacos têm mais confiança no Parlamento Europeu e na Comissão Europeia que nas instituições polacas.

Os polacos ainda gostam da União Europeia e é uma amizade baseada nos valores, não apenas no dinheiro:
“Ser membro da União europeia foi e é a melhor garantia de que fazemos parte da comunidade ocidental de nações livres, e não de países-satélite da Rússia. Esse é o principal motivo para apoiarmos o estatuto de membro da União. A União Europeia é a nossa única oportunidade de paz, de estabilidade e de prosperidade econômica num mundo globalizado”, diz o presidente do instituto, Jacek Kucharczyk.

Fala-se cada vez mais de uma Europa a várias velocidades. Vários líderes ocidentais falam de cooperação entre aqueles que têm vontade de avançar e de deixar para trás os mais relutantes. A Polônia vai ter de escolher a qual dos grupos pertence.

Assista agora a reportagem deste texto em vídeo da TV Euronews, em português:


segunda-feira, 20 de março de 2017

Palavras polacas - 15


Pronúncia

Marynarka - marênarca (paletó)
Zegarek - zérék (relógio)
Krawat - crávát (gravata)
Spinki - spinqui (abotuaduras)
Buty - butê (sapatos)
Koszula - cóchúla (camisa)
Spodnie - sdnié (calça)
Slipy - slipê (cuéca)
Skarpety - scártê (meias)

A maioria das palavras polacas são paroxítonas, portanto a sílaba tônica, ou forte é a penúltima. Estão sublinhadas as sílabas fortes, tônicas. Uma consoante sozinha no final das palavras, não é uma sílaba, portanto, não é a última.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Donald Tusk é reeleito presidente do Conselho Europeu

Donald Tusk é do partido PO - Plataforma Cívica
O único voto contra foi do governo de ultradireita que comanda a Polônia.

Uma eleição quase unânime, com os votos favoráveis de 27 estados-membros e um detalhe curioso: o único voto contra foi da própria Polônia, o país de Donald Tusk, que apresentou candidato alternativo.

Durante a reunião, de acordo com fonte diplomática, a primeira-ministra polaca, Beata Szydło, propôs que o candidato escolhido teria obrigatoriamente de ter o apoio do seu país, o que foi rejeitado, e tentou, também sem êxito, que os líderes europeus ouvissem o candidato apoiado por Varsóvia, o também polaco e eurodeputado Jacek Saryusz-Wolskien (do bloco da extrema-direita europeia). 

A presidência do Conselho Europeu é um cargo criado no Tratado de Lisboa em 2009, tendo sido ocupado pela primeira vez e por dois mandatos pelo belga Herman Van Rompuy. Tusk substituiu Van Rompuy em 2014.

Donald Franciszek Tusk, nasceu em Gdańsk, 22 de abril de 1957. Está filiado ao PO - Platforma Obywatelska (Plataforma Cívica), partido democrata-cristão de centro-direita.
Tusk venceu as eleições legislativas antecipadas de 21 de Outubro de 2007 e tomou posse como primeiro-ministro da Polônia em 16 de Novembro do mesmo ano. Manteve-se no cargo até ser anunciado em 30 de agosto 2014 como presidente do Conselho Europeu para mandato de 1 de dezembro 2014, até 31 de maio de 2017. Com sua reeleição Tusk continuará a ser o principal dirigente polaco na esfera europeia até 2019.

O Conselho Europeu é composto pelos mandatários (presidentes, primeiro-ministros, reis) dos países membros da União Europeia