domingo, 18 de abril de 2010

Casal presidencial jaz na cripta do Wawel




Após a cerimônia fúnebre na Catedral de Wawel, os caixões de Maria e Lech Kaczyński foram depositados no sarcófago, na cripta Pilskudski, no Castelo Real. Em seguida soaram 21 salvas de canhão. No pátio interno, do castelo, começaram a serem dadas as condolências e a assinatura do livro por parte dos representantes das mais altas autoridades estrangeiras aos familiares Kaczyński e aos presidentes, em exercício da república, do congresso nacional, ao primeiro-ministro e ao ministro das relações exteriores. Após a assinatura do livro, as autoridades foram convidadas ao jantar na sala do trono do Castelo Real.
O sarcófago, onde foram enterrados tem forma simples e nobre nas dimensões de 238 x 154 x 60 cm. Seu projeto arquitetônico elaborado por Marta Witosławska. Na placa superior, com peso superior a 400 kg, foi escavado um grande sinal da cruz sobre e na lateral foram colocados os nomes do casal presidencial. O sarcófago ficou próximo parede contígua da cripta românica. O sarcófago foi produzido pelo artista cracoviano Jan Siuta.
Já neste domingo, à noite, cripta do Wawel, com o sarcófago do Presidente Lech Kaczyński e sua esposa Maria estará aberto para aqueles que pretendem prestar homenagem a eles.

20 ainda sem identificação

Chegada do corpo da aeromoça Justyna em sua cidade natal, Bialystok

Enquanto acontecem os funerais do casal presidencial em Cracóvia, Paweł Grass, porta-voz do governo polaco, informa que 20 corpos, dos 96 que morreram no desastre do avião ainda não foram identificados. O processo, em Moscou, ainda deve durar alguns dias.

O enterro do ex-presidente no exílio, Ryszard Kaczorowski, será enterrado, amanhã, em Varsóvia, enquanto o vice-presidente do Sejm - Câmara dos Deputados, Krzysztof Putra, será realizado em Białystok juntamente com aeromoça Justyna Moniuszko na terça-feira.

Sodano: esperança de união

Em sua homilia, na Basílica Mariacka, em Cracóvia, durante a missa de corpo presente do casal presidencial polaco, o representante do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano, diria que o Papa Bento XVI refere-se à vontade da nação polaca, para que o país se mantivesse unido com o consentimento e a cooperação ativa de outras nações, garantindo assim ao mundo uma era de verdadeira civilização.
A homilia foi lida pelo núncio apostólico na Polônia, arcebispo Józef Kowalczyk. A homilia não pode ser lida pelo próprio Sodano, já que tanto ele como toda a delegação italiana, inclusive Silvio Berlusconi, não puderam chegar pessoalmente nesta Basílica Mariana em Cracóvia.
No texto da homília, lido pelo núncio, está dito que:
"Também a vós, chefes de Estado e de governo que vieram a Polônia, nesta hora de luto nacional a mensagem é de grande esperança para o futuro. É a esperança de que aqui na Europa, assim como em todo o mundo irão se fortalecer os laços de amizade e cooperação entre as nações. É a esperança de uma grande solidariedade entre os povos felizes e tristes no momento de sua história, no que diz respeito à sua identidade e cultura nacionais."

Polônia e Rússia: tragédia une

Os primeiros-ministros da Polônia e Rússia, Tusk e Putin,
colocam flores e velas no local onde caiu o avião
A revista Época, que circula no Brasil, neste domingo traz artigo intitulado "Uma catarse na Polônia". Nele, a revista faz uma análise do momento crucial que vivem as duas nações eslavas, desunidas a séculos, por guerras, ocupações e principalmente incompreensão de ambos os lados.

A queda do Tupolev Tu-154 da Força Aérea Polonesa em Smolensk, na Rússia, no sábado passado (10), entrelaçou os destinos da Polônia e da Rússia mais uma vez. A aeronave que carregava o presidente Lech Kaczynski, a primeira-dama, Maria, o presidente do Banco Central, toda a cúpula militar, 18 parlamentares e outras personalidades importantes caiu no fim de uma viagem que serviria para celebrar o aniversário de 70 anos do massacre de Katyn, no qual 22 mil poloneses foram mortos pela polícia secreta soviética. Ao contrário do que se podia imaginar, poloneses e russos, tomados pela incredulidade da coincidência, se aproximaram na dor.
Rússia e Polônia compartilham uma história trágica desde o fim do século XVIII, quando o Império Russo teve papel determinante na divisão dos territórios poloneses. O episódio mais tétrico nessa rivalidade talvez tenha sido o massacre de Katyn, cujo objetivo era minar o futuro da Polônia, facilitando a permanência do país como um Estado satélite da União Soviética após a Segunda Guerra Mundial. Nas últimas décadas, o rancor não foi superado. E um bastião da mágoa era justamente Lech Kaczynski.
Em seu período na presidência, ele fez de tudo para aproximar a Polônia da Ucrânia e da Geórgia, duas ex-repúblicas soviéticas, e trabalhou para que os dois países fossem incluídos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar da qual a Rússia não faz parte. Nacionalista combativo, Kaczynski também fez campanha para que a Polônia recebesse uma parte do escudo anti-mísseis que a administração de George W. Bush na Casa Branca queria construir em países próximos à Rússia.
A relação de Kaczynski com Moscou era tão ruim que o evento do qual ele participaria em Smolensk não era oficial. Mas o massacre de Katyn é um assunto importante na Polônia. Tanto é que Kaczynski teria pressionado o piloto do Tupolev a pousar mesmo sem boas condições de visibilidade. Segundo os controladores de voo russos, o piloto foi avisado quatro vezes de que a névoa atrapalharia o pouso, mas mesmo assim prosseguiu.
Logo após a tragédia, o presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, e o primeiro-ministro, Vladimir Putin, se apressaram em enviar mensagens de condolências aos poloneses. As autoridades dos dois países cooperaram no resgate e no reconhecimento dos corpos e a TV russa até transmitiu o filme Katyn, indicado ao Oscar, mas até então censurado no país.As demonstrações amistosas entre os vizinhos foram uma novidade. "Essa tragédia pode servir como uma catarse na relação entre a Polônia e a Rússia", avalia Piotr Maciej Kaczynski, analista do Centro Europeu de Estudos Políticos (CEPS), baseado em Bruxelas. "Os países dividem uma história que não pode ser esquecida, mas que precisa ser compreendida pelas duas partes", afirma. Segundo o analista, ainda é cedo para falar saber o futuro do diálogo russo-polonês, mas é certo que pela primeira vez na história há poloneses falando "nos amigos do leste".
Dentro da Polônia, a morte de Kaczynski lembrou a comoção com a morte do papa João Paulo II, em 2005. O país viveu momentos de união nacional, mas logo as divisões apareceram. O estopim foi o anúncio de que o presidente e a primeira-dama seriam enterrados na Catedral de Wawel, em Cracóvia, um santuário para os heróis do país. Pequenos protestos foram realizados nas ruas da cidade, enquanto uma comunidade no Facebook contra o enterro em Wawel reuniu 30 mil pessoas. "O país está unido da tragédia, mas quando o luto passar, vai começar um novo período turbulento na política", diz Kaczynski, do CEPS.
Antes de morrer, o presidente desfrutava de uma popularidade de apenas 28%, mas concorreria à reeleição mesmo assim. Agora, o partido conservador que comandava, o Lei e Justiça, ficou sem candidato e terá que se reorganizar. O presidente interino, Bronislaw Komorowski, que comandava a câmara baixa, é o favorito para as eleições, que serão realizadas em 20 de junho.

Dziwisz para Miedwiediew: reconciliação


Durante sua homilia na Basílica de Santa Maria, o cardeal Stanisław Dziwisz, voltou-se para o presidente russo, Dimitry Miedwiediew:

"70 anos atrás Katyn afastou duas nações, e ao esconder a verdade sobre o derramamento de sangue inocente não tiveram permissão para curar as feridas dolorosas. Oito dias atrás uma outra tragédia desencadeou várias sentimentos de bondade, inerentes aos povos e as nações, a compaixão e apoio que temos vivido nestes dias de irmandade com os Russos, dão a esperança de reaproximação e reconciliação das duas nações eslavas - estas palavras dirijo a você que é o presidente da Rússia. Esta é uma tarefa para a nossa geração, nós devemos nos tornar generosos, rezar para o presidente falecido. No discurso, que ele não fez em Katyn, ele diria, "o Caminho que traz nossas nações aqui, deve ir em frente, sem parar sobre ele, nem recuar."

Missa está sendo rezada na Mariacka

A filha Marta e o irmão gêmeo Jarosław


Chegada do presidente da Letônia, Valdis Zatlers na Mariacka

Os caixões do casal presidencial entram na Basílica Mariacka, em Cracóvia, para missa de corpo presente.

Controle: só entra no rynek quem retirou bilhete no sábado

Os polacos que não conseguiram bilhete para o Rynek,
acompanham nas ruas que dão acesso à praça central de Cracóvia

Os polacos acompanham a missa, no telão, no Rynek, do outro lado do prédio Sukiennice