quinta-feira, 11 de junho de 2020

Eleições na Polônia marcadas para 28 de junho

Eleições presidenciais sem precedentes em tempos extraordinários.

A votação devia ter acontecido em maio, mas foi adiada para este 28 de junho por causa da emergência sanitária do coronavírus na Polônia As pesquisas de opinião apontam que os opositores do PO - Partido da Plataforma Cívica se beneficiaram do adiamento, mesmo depois de inesperadamente terem mudado de candidato no meio da campanha.

O candidato Rafał Trzaskowski é presidente da Câmara de Varsóvia. "Será uma presidência forte e independente se vencermos. E ao ver esta mobilização, acho que ganhamos!", declarou no meio de uma ação de campanha.

Foto - Jakub Kaminski
De forma a conseguir colocar o nome de Trzaskowski no boletim de voto à última da hora, o Plataforma Cívica teve de recolher 100 mil assinaturas no espaço de uma semana.

Outros partidos têm algumas preocupações. "Esperamos que as eleições decorram de uma forma democrática e universal, que todos os que querem votar tenham essa oportunidade, especialmente os expatriados. Em maio estavam impedidos de o fazer", explicou Jerzy Meysztowicz, do Partido Moderno.

Sobre os resultados, o analista Bartosz Brzyski, do Clube Jaguelônico diz que "é difícil prever o resultado porque o presidente em exercício parece estar em queda e o principal opositor, Rafał Trzaskowski, que se encontra no pico de uma onda de entusiasmo, ao juntar-se à corrida presidencial no último minuto, continua em ascensão."

Os estudos de opinião mostram quem são os favoritos na primeira volta.

Andrej Duda: 43%
Rafal Trzaskowski: 26%
Szymon Holownia: 12%

Szymon Hołownia / Foto: Marcin Obara

Um segundo turno está agendado para meados de julho. É estimada uma grande afluência de votantes, embora o voto não seja obrigatório na Polônia.

O presidente em exercício, Andrzej Duda, entretanto, ainda é o principal favorito.

Foto: Grazyna Marks / Agencja Gazeta/td>
"Estou na corrida porque não quero que nos façam retroceder 5 anos. Estou na corrida para impedir quem quer que seja que pretenda barrar o desenvolvimento e que provoque conflitos e discussões," declarou Duda, num comício.

De direita, contra o aborto, eutanásia ou casamento homossexual, Władysław Kosiniak-Kamysz concorre pelo Partido Popular Polaco. "A questão é: ainda queremos esta guerra de polacos contra polacos? Aqueles dois lados apenas afinam os machados de guerra, de campanha em campanha? Um dia dizem «vamos todos unidos», e em seguida declaram: «vamos massacrar aqueles lobos!» O cenário é esse e a questão é saber se os polacos querem continuar a ter uma Polônia assim", argumenta.

Foto - Beata Zawrzel

DUDA CONTRA OS LGBTs

O presidente, Andrzej Duda, que caiu nas recentes pesquisas, por outro lado aumentou a retórica contra a população LGBT da Polônia. Espera angariar maior apoio da parcela conservadora da população. Pesquisas eleitorais mostram um resultado apertado num segundo turno entre Duda e Trzaskowski.

Nesta quarta-feira, 10, o presidente Duda disse que casamento entre pessoas do mesmo sexo ou adoção de crianças por casais LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) fazem parte de uma “ideologia estrangeira” importada.

A Polônia é um país majoritariamente católico, cerca de 97% da população se declara católica apostólica romana e seguidora do Santo Papa João Paulo II.

O partido ultra-direitista ao qual Duda é filiado, Direito e Justiça (PiS), categoriza a população LGBT como um bando que ataca a família tradicional.

“O pacote de leis que pretende aprovar o candidato da situação é um documento radical que divide a sociedade polaca, e que inclui normas remanescentes de um dos períodos mais brutais da história polaca e europeia”, disse Robert Biedron, o candidato à Presidência por um partido esquerda e o político abertamente gay mais conhecido no país, à agência de notícias estatal PAP.

Foto - Piotr Molecki
Em 2019, um terço das cidades do país se declarou como zonas livres de LGBTs” após Trzaskowski ter se colocado publicamente à favor do direito das minorias.

Leszek Kablak, repórter da TV de notícias europeia Euronews, afirma haver "um sentimento de que esta eleição vai ser diferente por causa da pandemia de coronavirus. Mas o resultado deverá ser o mesmo, ou seja, a continuidade dos 15 anos de alternância do poder entre as principais forças políticas - conservadores e liberais".

Fontes: Euronews, AFP, Reuters e PAP