sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Mensagem a meu irmão

Na foto de Celso Honorato Pereira, Eunice ladeada de seus filhos Ulisses e Cicero (à direita)

Meu irmão
Sim, estou acompanhando as notícias do Brasil e por isso mesmo é que acho que a mais importante notícia do ano é esta mesmo:

Em Curitiba, neste sábado, 18 de agosto, Eunice Pereira Iarochinski, completa 70 anos. Sete décadas de luta com muitas perdas, mas também com algumas das mais importantes vitórias das famílias Pereira da Silva e Hazelski Jarosinski. Entre estas vitórias, duas delas foram ter você e eu como filhos.
Eunice, que nasceu em Palmeiral, no Estado de Minas Gerais, jovem ainda imigrou com sua família para o Norte do Paraná. Dali, alguns anos mais tarde, chegou a Monte Alegre, onde viria encontrar o companheiro fugidio de poucos anos, Cassemiro, que assassinado morreu pouco mais de três anos após o casamento.
Eunice, não desanimou, apesar das tragédias, sempre se manteve firme e convicta de que sua vida estava entregue aos filhos. Mas as doenças teriam que surgir initerruptamente logo após sua aposentadoria. A forte Eunice, com sua candura e simpatia segue a vida com afinco e disposição, mesmo que as ladeiras da vida estejam tão próximas de casa.
Curitiba, está em festa, neste sábado, ao comemorar os 70 anos de vida de Eunice, pois sabe reconhecer que entre seus moradores, vive uma heroína.

Meu irmão, peço que dês um grande e forte abraço em nossa mãe. O seu abraço ...e o meu! Sim, porque ninguém, mais do que você, nesta vida, pode ser portador do meu amor, do meu afeto, do meu reconhecimento, da minha honra e do meu orgulho à pessoa mais importante da minha vida. Faça isso, por favor, e dê também um grande beijo em sua testa de heroína.
Apesar da distância, dos 11.500 km, que me separam desta festa, estou o dia todo, aqui em Cracóvia, comemorando o aniversário de nossa mãe.
Teu irmão que te ama e venera nossa mãe.ULISSES IAROCHINSKI

A cracoviana Helena

Fotos: arquivos da Fundação Helena Rubinstein

Foi no bairro do Kazimierz, em Cracóvia, num sobrado da ulica (rua) Szeroka, nº. 14, que nasceu a mundialmente famosa Helena Rubinstein (dos cosméticos), em 25 de dezembro de 1871, com o nome de Chaja.

Primogênita do casal Gitte (Gitel) Scheindel Silberfeld Rubinstein esposa de Hercla(Horace) Rubinstein teve 7 irmãs: Paulina, Róża, Regina, Stella, Ceśka, Mańka e Erna.

Em Cracóvia, Helena estudou matemática, idiomas antigos e teologia. Era interessada também em química, física e biologia.

Na Suíça, para onde se mudou, estudou medicina e trabalhou num consultório médico e num hospital. Mas ao que tudo indica, foi impedida de terminar os estudos por ser mulher.


Seu pai, que amava as artes, tinha em sua casa livros de escultura, arquitetura e pintura. Estes livros tiveram grande influência no futuro de Helena.


Chegando a Austrália, ela foi morar com seu tio, em Corelaine, cidadezinha a 100 km de Melbourne. Com seus conhecimentos de medicina, acabou trabalhando numa farmácia, onde aviava receitas.

Foi então que, aliando seus conhecimentos de medicina, química, biologia e o senso artístico do belo (legado dos livros de seu pai), ela preparou um creme com a ajuda dos irmãos Lykulski (químicos polacos), ao qual deu o nome de "Krem Valaze".

Um amigo, o jornalista americano, de descendência polaca, Edward Titus, escreveu um artigo elogiando as propriedades do creme. A jovem Chaja acabou mudando seu nome para Helena, após Titus, que viria a ser seu marido mais tarde, escrever uma propaganda e colocar o nome Helena, como a criadora do segredo do creme "Valaze".

Em pouco tempo, Helena recebeu encomenda para produzir 15 mil unidades do creme. Ela própria prepara o creme, envasava e colocava as etiquetas.

Em 1902, Helena abriu, em Melbourne, o salão de beleza "Valaze", onde atendia individualmente seus clientes. Trabalhava longa e pesadamente noite adentro.
Em 1905, sua irmã Ceśka, chegou para ajudá-la e ela aproveitou para ir a Europa estudar sobre pele e enfermagem.

Esta viagem alimentava seus propósitos e em 1908, ela abriu outro salão em Londres. Logo em seguida, outro em Paris, em 1912. Finalmente abre o salão de Nova Iorque, em 1914.
Em 1917, Helena Rubinstein começou fabricar e distribui seus produtos em grande escala, fundando a Helena Rubinstein Incorporated e se tornando uma das pessoas mais ricas do mundo.

Morreu em Nova Iorque em 1965.

Recentemente um prédio ao lado da casa, onde ela nasceu, na rua Szeroka foi restaurado e transformado no Hotel Rubinstein. Mas o local onde sua mãe deu à luz a pequena Chaja ainda continua em ruínas.

Casa nº 14, na ulica Szeroka, em Cracóvia (em ruínas) onde nasceu Chaja / Helena Rubinstein
Não consta que a cracoviana tenha algum dia retornado à sua cidade natal.

À noite no bairro judeu

Foto: Paweł Mazur

Esta é ulica Józefa, uma das ruelas do bairro do Kazimierz, em Cracóvia, ainda tranquila, sem o alvoroço e a algazarra que toma conta do bairro boêmio da cidade. E isto porque, ainda não tem nenhum bar. O bairro judeu de Cracóvia nos últimos anos está se transformando num similar aos, "Quartier Latin" de Paris, "Village" de Nova Iorque e/ou "Soho" de Londres. Porém (e sempre tem um porém), talvez com mais encanto e magia. O que facilmente se constata na sua particular atmosfera, marcada por seu passado de grandes alegrias e profundas tragédias.