"Acordo ortográfico entra em vigor hoje" é um dos destaques da primeira página da "Folha de São Paulo", ao salientar que as novas regras serão adoptadas de forma gradual até 2012, no Brasil.
O diário destaca que "ainda há dúvidas sobre a grafia de algumas palavras" e dedica três páginas da sua edição para explicar as principais mudanças na versão brasileira da língua portuguesa.
No editorial "A fôrma e suas ideias", o diário afirma que as mudanças "por ora são ignoradas pela maioria da população brasileira e terão impacto reduzido no cotidiano: a cada mil palavras utilizadas, cinco serão alteradas".
Nessa altura, já o Acordo Ortográfico estará a necessitar de uma nova reforma. Do que Portugal precisa, por isso, é menos de um Acordo Ortográfico e mais de uma verdadeira política diplomática baseada na sua língua - como faz, por exemplo, Espanha. O português cresceu 800% na Internet, e isso não aconteceu por causa destes dez milhões de falantes do rectângulo onde nasceu.
Para o Brasil, o desejo de afirmação da Língua Portuguesa no mundo justifica-se principalmente por uma necessidade geopolítica de poder por parte de uma nação que pretende afirmar-se como potência emergente e não como uma pátria de poetas. Para Portugal, esse pode e deve ser o ponto de partida para outras relações bem mais produtivas e interessantes tanto económica como diplomaticamente. |
Língua - mais de 95 mil assinaturas contra o acordo ortográfico
Parlamentares ignoram petição
Dos 38 deputados convidados apenas uma deputada compareceu na audição parlamentar da petição contra o Acordo Ortográfico, ontem realizada na Assembleia da República. Além de Teresa Portugal, deputada do PS, a colega de bancada Isabel Pires de Lima – que não pertence à Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura – também marcou presença, tendo a ex-ministra da Cultura dito que o fez "por razões de interesse pessoal ".'Acredito que, por razões de agenda, os deputados foram impedidos de comparecer. Mas a documentação foi distribuída aos membros da Comissão e estamos convencidos de que a ausência pode ser suprida pelo facto de todos os elementos estarem à disposição', comentou Vasco Graça Moura, primeiro subscritor da petição, relativamente à ausência dos convidados. O manifesto, que conta já com cerca de 96 mil subscritores, pretende que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 seja suspenso e revisto, uma vez que, 'além de apresentar uma série de vícios e erros, foi feito à socapa, sem ninguém dar por isso e sem um único parecer científico e académico', acrescentou o escritor e eurodeputado durante a audição.
A delegação de peticionários, liderada por Vasco Graça Moura, aguarda agora, nos termos da lei, pelo agendamento para apreciação do manifesto em plenário na Assembleia da República.
VASCO GRAÇA MOURA, SUBSCRITOR DO MANIFESTO: 'O ACORDO ESTÁ CHEIO DE ERROS'
Correio da Manhã – Os portugueses entendem o Acordo?
Vasco Graça Moura – Eu espero que tomem consciência das implicações de aceitar este acordo, mas, com quase cem mil assinaturas, parece que muitos estão esclarecidos do que está em causa.
– Levarão a cabo outras formas de protesto?
– Para já esperamos que haja uma possibilidade de reanálise desta questão. Depois, logo veremos.
– Não concorda, de todo, com um acordo ortográfico?
– Concordo. Aliás, há pormenores que se pode aplicar. Mas este acordo, especificamente, está cheio de erros e apenas pretendo que seja revisto. Só isso.
P.S. retirado da página do jornal Correio da Manhã, de Lisboa.