Quando o premiê e o chefe da diplomacia da Polônia assinavam o tratado de adesão à União Europeia, nem imaginavam que os benefícios seriam tão vastos, tanto para a Polônia quanto para a Europa.
Há uma década, a Polônia e outros 9 países aderiram à União Europeia. Isso foi possível graças ao esforço enorme para satisfazer os critérios de adesão. Nós não nos juntamos à UE por um capricho. Nós nos tornamos parte da União, porque realizamos reformas abrangentes, praticamente remodelando nosso país de baixo para cima. Em menos de uma década, construímos uma democracia e uma economia de mercado livre - dois pilares de uma Europa unificada.
O progresso foi possível graças à entrada da Polônia no caminho da transformação sistêmica, que começou em 1989. No dia 4 de Junho, vamos celebrar o 25 º aniversário das primeiras eleições pluralistas e parcialmente livres no nosso país. Foram as primeiras eleições nesta parte da Europa, abertas aos representantes da oposição anticomunista, após décadas de totalitarismo.
Naquela época, após 40 anos de regime comunista, a Polônia era economicamente e politicamente falida. Hoje, estamos ajudando a solucionar problemas na Europa e fora dela. Somos uma prova de que com determinação e boa conjuntura, é possível mudar o curso da história.
Orgulhosos dos êxitos alcançados estamos dispostos a servir de inspiração - seja para a Ucrânia, Tunísia ou Myanmar - independentemente da nacionalidade, cor ou crença.
Neste ano especial, no qual a Polônia comemora vários aniversários das grandes conquistas do país, vale a pena conhecer o nosso caminho à liberdade e à integração europeia. Basta dizer que durante estes dez anos na União Europeia, o PIB da Polônia disparou, com aumento de 48,7%. Mesmo em 2008-2013, durante a profunda crise financeira global, a nossa economia cresceu 20% - de longe o melhor resultado na UE. Tudo isso serve para mostrar que os polacos fizeram bom uso dessa oportunidade histórica. Em 2012, os investimentos estrangeiros acumulados na Polônia valiam cerca de 178 bilhões de euros, quase quadruplicando desde 2003. Durante os dez anos da adesão à UE, a Polônia gerou dois milhões de empregos. Os números falam por si.
A integração também trouxe benefícios aos nossos parceiros. É errado afirmar que a expansão da UE estava por trás da crise econômica da Europa. De fato, dados macroeconômicos mostram que o alargamento teve um impacto positivo na maioria das economias da UE-15. Os maiores ganhadores foram os que impulsionaram o comércio com a nossa região ou abriram seus mercados de trabalho aos novos membros.
A principal fonte de benefícios para todos os países da UE (ambos estados aderentes e aqueles já presentes na União) é explorar o potencial do mercado interno, neste caso, em especial, a livre circulação de mercadorias e liberdade de movimento: fato importante, especialmente quando confrontado com uma torrente de euroceticismo populista e enganoso.
Dez anos não é mais que um piscar de olhos da história. Um quarto de século cobre uma única geração. E ainda assim, neste curto espaço de tempo, conseguimos transformar nossa parte da Europa. Orgulhosos do nosso sucesso, desejamos que ele possa ser reproduzido por aqueles que atualmente implementam reformas difíceis nos países vizinhos, que muitas vezes pagam por isso com sangue, como os heróis da Maidan. O exemplo da Polônia prova que a luta deles vale todo o esforço.
RADOSŁAW SIKORSKI
ministro da Relações Exteriores da Polônia