terça-feira, 9 de junho de 2020

Carroções polacos no Sul do Brasil

Foto: Filmakoteka Narodowa Polski
O carroção polaco visto no filme de 1933, "POLACOS NAS FLORESTAS DO BRASIL", recuperado pela FINA-Filmakoteka Narodowa da Polônia é uma contribuição da etnia polaca ao Brasil.

Antes dos polacos chegarem no Espírito Santo, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, o meio de transporte usado por portugueses, alemães e outras etnias...era o carro de boi. O polaco da Colônia Murici, em São José dos Pinhais, construiu rodas com raios (como a das bicicletas) e usou tábuas para fazer a carroça.

Os carros de boi eram de madeira maciça e as rodas eram rodelas do próprio tronco...tudo muito pesado. Para puxar só mesmo touros. Mas o polaco com um carroção leve pode trocar os bois pesados e lentos, por cavalos mais leves e ágeis.

Carroções polacos no Sul do Paraná. Foto: Arquivo Ulisses Iarochinski

O Visconde de Taunay viajando pelo interior do Paraná notou carroções tão diferentes do resto do país. Segundo o nobre brasileiro este transporte típico era o "único meio de locomoção dos Campos Gerais" e que "esses imensos carroções" faziam "todo o movimento comercial do interior para Curitiba".

"A existência, frequente e numerosa dessa carroça no Sul do Brasil, constituindo uma das suas notas mais características, leva o observador menos avisado a supor que a mesma seja originária dessa região. Ela, porém, veio de outras terras, longínquas e bem diferentes, trazida pelo estrangeiro imigrante. Seu país de origem eram as estepes europeias da Polônia ocupada pelos russos, trouxeram-na os colonos polacos e rutenos, no último quartel do século XIX". (Revista Geografia. 1942, p. 161)

Para aumentar a carga transportada, o polaco da Araucária colocou toldo de pano e Curitiba começou a ver nas suas estradas e ruas os carroções polacos.

O toldo só era colocado quando a mercadoria exigia ser abrigada. A parte da frente, às vezes se prolongava até a altura dos primeiros animais e era chamada de "tapão" e servia para proteger da chuva, não só a caga, mas principalmente o condutor.

E assim, o polaco podia fazer 14 viagens por dia da colônia Tomás Coelho até as fábricas da Mate Leão e Mate Real (dos Fontanas) nas proximidades da Vila Capanema (perto da Rodoferroviária) com o que tinha colhido de erva-mate nos seus lotes coloniais.

Ilustração: Revista Brasileira de Geografia, v. 4, n. 1. jan/mar. 1942
O caboclo, vizinho do polaco, que fazia uma viagem por dia, com duas cangas no lombo de um jumento...ficou indignado!

"Aquela polacada está tirando o nosso ganha pão... Estão vendendo mais erva-mate do que nóis".

E então os caboclos da Araucária começaram a raptar os filhos dos imigrantes polacos, para segundo eles, forçar os polacos a parar de transportar erva com aqueles carroções "dos infernos".

P.S. Mas isso é outra história....até encontrar provas primárias documentais a respeito.