terça-feira, 20 de novembro de 2007

Mandado europeu de detenção para Wolińska

O Tribunal Marcial da Polônia conseguiu agora um “mandado europeu de detenção” para Helena Wolińska. De acordo com as leis européias, o pedido de extradição é um método de detenção entre os países da União Européia de busca de pessoas suspeitas, ou consideradas bandidas. O pedido formulado pela Corte Marcial foi enviada para o Governo Britânico e não para o departamento de Administração, que ano passado negou a extradição sob a alegação de que Helena Wolińska-Brus agora é cidadã britânica, está muito idosa e não goza de boa saúde. O coronel Sławomir Puczyłowski, informou que o mandato foi enviado pelo Instytut Pamięci Narodowej da Polônia.
Puczyłowski declarou contudo, que apesar da Grã-Bretanha ser membro da União Européia, não significa que a decisão será automática, mas que o normal agora é que finalmente a Corte Marcial possa ouvir Helena Wolińska. A qual, desde 1971, reside na Grã-Bretanha com seu marido Włodimierz Brus e, portanto, além da cidadania polaca, possui a cidadania britânica. A intenção do Tribunal Marcial de ouvir a ex-promotora militar do governo stalinista polaco, entre 1950 a 1953, arrasta-se há vários anos. Pelo menos desde 1998. Wolińska é acusada pela promotoria da Corte Marcial de ordenar ilegalmente a prisão de pelo menos 24 pessoas nos anos cinqüenta, e entre estes a do general Emil Fieldorf. Durante a II Guerra, Fieldorf, cujo pseudônimo era Niel, foi chefe do alto-comando da Armia KrajowaAK (literalmente Exército Nacional, ou Exército Territorial), principal movimento de resistência polaca durante a Segunda Guerra Mundial. A AK foi, mais tarde, o braço armado do chamado “Estado Secreto Polaco”. De espírito de luta inquebrantável na defesa da Pátria, Fieldorf voltaria a combater quem considerava inimigos da nação. Desta vez foi contra o governo comunista instalado na Polônia, por pressão de Stalin e consentimento de Norte-americanos, franceses, ingleses e todos os aliados. Wolińska, que era promotora militar, acusou o general Fieldorf de tentar subverter o Estado comunista polaco. Devido a ordem ilegal de prisão expedida por Wolińska, o herói da resistência polaca na segunda guerra mundial foi preso e condenado a morte em abril de 1952. O general Emil Fieldorf foi finalmente executado em 1953. Depois da queda do regime comunista na Polônia, em 1989, o general Fieldorf foi reabilitado e considerado uma das vítimas do regime policialesco comunista. Em 2006, o governo polaco pagou a Wolińska 1.500 Złotych como aposentadoria militar, pelos 15 anos em que ela traballhou como promotora militar. Mas ela agora, com 88 anos de idade, diz ser "cidadã britânica e não quer voltar ao país de Auschwitz-Birkenau" (palavras de Wolińska) para responder qualquer que seja a questão, pois se considera inocente e injustiçada. Para Wolińska, este processo da justiça militar polaca nada mais é do que manifestação do anti-semitismo, do qual foi vítima durante a campanha anti-sionista promovida pelo governo comunista poalco em 1968 e que a obrigou a imigrar. "Se eles não gostarem de você, eles o acusam de ser um ex-comunista e um judeu," declarou Wolińska.
A filha do general Fieldorf, contudo, não concorda com isto. Para Maria Fieldorf Czarska, isto de dizer que "ela é velha, que ela está doente, que somos anti-semítas é totalmente improcedente". Por sua vez, o coronel Janasz Palus, porta-voz da promotoria militar "São comuns histórias de pessoas que fizeram coisas desagradáveis durante tempos desagradáveis e coisas heróicas em tempos heróicos na Polônia. E Helena Wolińska não é exceção”.