quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Terça-feira negra para o zloty

O câmbio teve seu pior momento na Polônia em mais de quatro anos no dia de ontem. A terça-feira negra levou a cotação do złoty a um record histórico negativo. O franco suíço chegou a 3,26 zł, o  Euro às alturas de 4,8 zł. (a maior cotação desde a entrada da Polônia da União europeia) e o dólar dos Estados Unidos a 3,77 zł.
Não bastasse isso, os preços do automóvel, viagem turística, passagem de avião, câmera fotográfica, computador, máquina de lavar roupa, geladeira e até roupa e sapato enloqueceram. O aumento é de mais ultrapassou todos os recordes percentuais. Os compradores não têm dinheiro e os vendedores não conseguem vender.
"No final de janeiro comprei para mim e para minha namorada duas passagens para São Paulo no Brasil.  Vamos embarcar em maio. Paguei 2.700 zł cada um. Isto parecia muito caro, umas semanas depois estou achando que tive sorte...foi barato, pois se fosse agora teríamos que desembolsar mais 400 zł", contou Paweł, um estudante de Varsóvia.
As agências de viagem que fizeram reserva mas não emitiram ainda os bilhetes estão chamando seus clientes para informar, por exemplo, que é preciso pagar mais 100 zł a mais por pessoa na excursão para o Egito, e que a passagem para a Tailândia ou Cuba ficou 700 zł  mais cara, informa Jacek Dąbrowski, diretor financeiro da agência de viagens Triada SA.
A situação no mercado ficou tão ruim nesta terça-feira, que o primeiro-ministro Donald Tusk só conseguiu com sua declaração 45 minutos de paz. "O governo polaco está fazendo tudo para tranquilizar o mercado. Após consultar o ministro das finanças e especialistas não tenho dúvidas que se o limite de 5 złotych por cada euro seja ultrapassada, já temos decisão formada de vender euro", afirmou o chefe de governo. O dinheiro, no valor de 7 milhões de euros já foi disponilizado pela União Europeia para a realizar esta operação. A pausa após as declarações do primeiro ministro não durou uma hora, 45 minutos depois a moeda polaca continuou a cair.

Boatos sobre a Euro2012

Construção da última das quatro tribunas de arquibancadas do estádio Wisła Kraków
Foto: mateus Skwarczek

Na onda das notícias que chegam da crise cada vez mais insustentável que se estabelece na vizinha Ucrânia também estão os boatos e especulações sobre as possibilidades cada vez mais prováveis da UEFA decidir em maio realizar a Eurocopa 2012 em apenas duas cidades daquele país. Dessa forma as duas cidades reservas na Polônia, Cracóvia e Chorzów subistituíriam as duas cidades ucranianas afastadas.
A verdade é que quando surgiu a idéia da Copa das Seleções de Futebol Europeias na Ucrânia e na Polônia, a prefeitura de Cracóvia não quis embarcar na "canoa furada" do magnata ucraniano que teve semelhante idéia. Mas por via das dúvidas, para não parecer do contra, a prefeitura aceitou ficar na condição de cidade reserva.
Contudo, com o anúncio em Cardiff, feito pelo presidente da UEFA, o ex-jogador francês Michel Platini, de que os dois países sediariam o torneio de 2012, tudo mudou. O que antes era uma "furada" passou a ser meta de governo.
Cracóvia vem movendo mundo e fundos para reverter a condição de cidade reserva para cidade titular e a "boca pequena" tirar o privilégio, inclusive, da capital Varsóvia, promover a festa de abertura da Copa. 
É verdade que do ponto de vista da infraestutura turística Cracóvia está na frente de todas as demais cidades dos dois países. Mas nem por isto, por sua boa rede hoteleira, razoável aeroporto internacional, o estado avançado das reformas no estádio do Clube Wisła Kraków e o anúncio recente da construção de um segundo estádio, o do Clube Cracovia, por um consórcio formado pelas prefeitura e iniciativa privada, que as coisas estão todas em seus devidos lugares na cidade.

Por exemplo, transportes. Não há metro, nem haverá. Os tramwaj (bondes elétricos) apesar de comboios novos não dá vazão a uma avalanche de torcedores. A ligação entre o aeroporto e a estação de trem central, apesar de já ter um trem especial, não é das melhores. Pois para alcançar o terminal de trem no aeroporto, o passageiro tem que esperar por um ônibus, ou ir a pé um trajeto de 2 km com malas e bolsas. As três linhas de ônibus possuem uma tabela de horários desorganizada. Como de resto é a tabela de horários das demais linhas de ônibus e bondes elétricos da cidade. Cracóvia talvez seja das únicas cidades do mundo que onde existem pausas para almoço e jantar dos motoristas. Em algumas horas do dia, simplesmente não circulam ônibus, justamente nestes intervalos. Ou então, numa avenida de grande circulação de pessoas passam 12 linhas de ônibus. Entretanto, todos os ônibus passam no mesmo horário e depois por mais de uma hora não passa nenhum. O passageiro que se atrasa acaba perdendo todos os ônibus que passa por aquela via e tem de esperar mais de uma hora por outro.
E para colocar mais lenha na fogueira, parece que os responsáveis por esta desesperada tentativa de trazer dois ou três jogos da Copa para a cidade, não sabem que torcedor de futebol não é um turista cultural ou um peregrino religioso, ou seja, duas das vocações turísticas da cidade. Já estive em quatro copas do mundo de futebol como jornalista e torcedor e o que sempre vi foram torcedores nos estádios, ao redor dos estádios e estações de trem, metrô e aeroportos. Nunca em museus, igrejas, monumentos, teatros e pontos turísticos e históricos.

Que seja, quatro ou seis cidades polacas na Euro2012 e apenas duas na Ucrânia é o boato que se apresenta no momento, mas a verdade é que em três anos será muito difícil que Cracóvia, Poznań, Varsóvia, Gdańsk, Wrocław e Chorzów-Katowice conseguiam cumprir todas as exigências da UEFA. E isto não porque falte dinheiro (apesar da crise econômica) mas porque falta mão-de-obra e cimento.