quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O poeta da canção polaca


Grzegorz Turnau (gjégoje turnau - gregório) é um cantor cracoviano. Canta suas ruas, cidade e amores. Arrajador, pianista, compositor e poeta. Casado com a flautista Marina Barfuss com quem tem uma filha, Antonina. Debutou no Festival da Música Estudantil de Cracóvia com a música "Znów Wędrujemy" (znuf vendruiemi - de novo caminhamos) enquanto cursava o terceiro ano do Liceu. Seu primeiro prêmio foi conquistado nas apresentações da Piwnicy Pod Baranami (pivnitsse pod baranami - adega sob o carneiro), bar na praça central de Cracóvia, que durante muito tempo foi palco dos melhores shows de música da Polônia. Seguiram-se os prêmios Fredereryk de 1994, 95, 97, 2002, 04, 05 e 07; Mateusz de 1995, Festival Nacional da Canção Polaca de Opole de 1996; Wiktor de 1998; Philip Award de 1999, Prêmio Superjedynka 2005 e 07. Tem 13 discos gravados e o status de o poeta da música popular da Polônia. Nesta canção "Bracka" (bratsca - da irmandade) Turnau demonstra seu carinho pela rua onde mora no Centro de Cracóvia - a Ulica Bracka (ulitssa bratsska) e os acontecimentos num dia de chuva.


Versos iniciais da Letra da música:

Na północy ściął mróz / z nieba spadł wielki wóz / przykrył drogi pola i lasy / myśli zmarzły na lód / dobre sny zmorzył głód / lecz przynajmniej się można przestraszyć / na południu już skwar / miękki puch z nieba zdarł / kruchy pejzaż na piasek przepalił / jak upalnie mój boże / lecz przynajmniej być może / wreszcie byśmy się tam zakochali /a w krakowie na brackiej pada deszcz / gdy konieczność istnienia trudna jest do zniesienia / w korytarzu i w kuchni pada też / przyklejony do ściany zwijam mokre dywany / nie od deszczu mokre lecz od łez / na zachodzie już noc...

Toruń: Segunda maravilha da Polônia

Mais de 28 mil votos deram ao panorama das margens do rio Vístula e da cidade velha de Toruń a segunda posição entre as 7 maravilhas da Polônia. Participaram do concurso de jornal "Rzeczpospolita" (jetchpospolita - república) 82 mil internautas.


Toruń é mais uma das cidades polacas fundadas durante a invasão dos cruzados teutônicos. Em 28 de dezembro de 1233 o grã-mestre da Ordem Herman von Salza assinou a ata de fundação da cidade e esteve em poder dos cruzados até 1454, quando aquelas terras, onde foi fundada a cidade pelos germânicos foi reconquistada pelo Rei Kazimierz Jagiellończyk (cajimiéji iaguielonhtchik - casimiro iaguielônico). Os mais antigos restos arqueológicos encontrados na região datam de 1.100 aC, período conhecido como Luzaciano, antigo povo que deu origem aos eslavos polacos. Entre os séculos 7 e 13 a região era ocupada já por tribos polacas. Etimologicamente o nome da cidade deriva da palavra Toron, nome de um dos castelos dos cruzados no Líbano e que atualmente se chama Tebnine. Quando Toruń se tornou ciddade do Reino Polaco, documentos e moedas cunhadas em Latim usavam declinar o nome da cidade como Thorun, Thorunium, civitas Thorunensis, or civitas Torunensis, e finalmente depois do século 15, foi adotado o nome polaco Toruń (tórunh). No século 13, com a invasão dos germânicos cruzados da Ordem Teutônica e a completa dizimação da população polaca, foi fundada a cidade. A maioria da população germânica que permaneceu na cidade adotou o protestantismo, em 1557, como forma de se posicionarem contra a população e o reino polaco, desde então uma ilha católica apostólica romana na Europa Central. Em 1595, chegaram os padres jesuítas como parte dos planos de Contra-Reforma. Os protestantes da cidade tentaram limitar o fluxo de novos cidadãos católicos, mas além dos jesuítas, os monges dominicanos trataram de controlar a maioria das igrejas, permitindo apenas o uso da igreja de Santa Maria pelos protestantes. A tensão religiosa na cidade continuou nos séculos seguintes. Durante as celebrações de Corpus Christi, em 1682, os católicos ocuparam a igreja de Santa Maria dos Luteranos. Em 16 de julho de 1724 ocorreu o pior dos incidentes. Depois de uma procissão jesuita houve escaramuças de rua promovidas pelos estudantes do Ginásio Luterano, que devastaram o Colégio Jesuíta. Depos disso, tanto os jesuítas como os dominicados tentaram persuadir o prefeito Johann Gottfried Rößner, e outros cidadaõs protestantes a se converterem a igreja de Roma. Com a recusa, os jesuítas apelaram a Suprema Corte Real em Varsóvia. O Tribunal sentenciou Rößner e outros nove luteranos à morte. Estas execuções ficaram mancharam a reputação de tolerância do reino católico da Polônia. Décadas mais tarde, durante a ocupação tri-partite da Polônia, o escritor francês Voltaire, amigo da rainha Catarina - a Grande da Rússia, recordaria o incidente como exemplo da intolerância religiosa dos polacos. E foi em Toruń que nasceu o astronômo Mikołaj Kopernik (micouai copernik - nicolau copernico) em 19 de fevereiro de 1473 na casa da família na Ulica Świętej Anny (ulitssa schvient anna - rua Santa Ana). Atualmente Ulica Kopernika, 17, onde funciona o seu museu. Toruń foi considerada Patrimônia da Humanidade em pela Unesco, em 1997. A cidade ainda possui vários monumentos da idade média. Foram preservados muitas construções góticas, como igrejas, a prefeitura e muitas casas. O centro histórico conseguiu evitar a destruição durante a II Guerra Mundial. O mais recente censo populacional apontava em 2006, cerca de 208 mil habitantes. E junto com a vizinha Bydgoszcz (bidgochtch) forma uma área metropolitana de 800 mil pessoas. Atualmente a cidade é famosa também pela Universidade Nicolau Copérnico, fundada em 1945, e pelo planetário e observatório astronômico que possui o maior radiotelescópio da Europa do Leste com um diâmetro de 32 m. E Finalmente, a cidade é sede da controvertida Radio Maria, fundada em 1991 pelo padre redentorista Tadeusz Rydzyk (tadeuch ridjik). O poder do padre é grande entre os ouvintes, conseguindo com seus polêmicos conselhos mudar o resultado de muitas eleições políticas. Em 2002, o padre-diretor abriu um canal de televisão, um jornal e uma escola de comunização e jornalismo, uma escola de segundo grau e duas Fundações "Nosso futuro" e "Lux Veritatis", destinada a publicações editoriais. Foi a partir do movimento "Deus, Igreja, Patria", organizado pelo padre Rydzyk, como interlocutor político entre seus 4 milhões de militantes católicos e o partido PiS dos gêmeos Kaczyński (catchinhsqui), que as últimas eleições presidenciais na Polônia experimentaram uma reviravolta, quando todas as pesquisas de opinião davam a vitória para Donald Tusk do Partido da Plataforma da Cidadania.

Na veia, o traço polaco

Na cena editorial e artística, a paranaense Márcia Széliga dispensa maiores apresentações. Para quem não a conhece, é uma das mais admiradas ilustradoras do Brasil, polaca que me concedeu a honra de ilustrar o livro que estarei lançando na noite de hoje na Casa Romário Martins (Largo da Ordem). Nesta Banda Polaca, Márcia escreveu os textos que acompanham as ilustrações. Este é um deles, por exemplo:
Foi assim que começou a história de ilustrar esse livro. Eu desenhei no passado algo que o Dante me pediria no futuro, agora presente em A Banda Polaca - Humor do Imigrante no Brasil Meridional.
Márcia Széliga conta: "Entrei num túnel do tempo e fui parar na Polônia, em Cracóvia, lápis e papel na mão, desenhos safra 1989. Tudo bem que outros são vinhos frescos, recém-saídos dos barris de carvalho da imaginação (ou seriam provenientes de butelkas de vódka?).
Importa é que fui estudar Desenho Animado na Academia de Belas Artes de Cracóvia, e chegar lá em 89 ou 40, 50, 60 anos atrás dá tudo na mesma.
Foi um tempo de antes, de costumes distantes no espaço, de figuras interessantes, caricatas, umas sisudas, outras carismáticas, no silêncio polonês. Lá entendi minhas raízes, lá entendi Curitiba.
E nesse traço quieto, na captura da expressão de cada rosto, da velha com seu gato manso à Romiseta levando um louco, esse é o sangue polaco que trago na veia."

Dante Mendonça [26/09/2007]

Repercussão da Banda Polaca


Desenho de Márcia Széliga

Este livro do Dante tem vários méritos, inclusive o literário. Enquanto idéia e motivo intelectual, me agrada a atitude de cultivar a alma curitibana e discutir o universo polaco, inclusive ao polemizar e revisar o uso da palavra maldita. Aceitar o termo polaco, limpo de estigmas, significa aceitar a liberdade de um povo e a dívida que nós, outras etnias, temos com ele.
Prosador maduro moldado pela lida diária do jornalismo, Dante tenta e consegue, como compromisso básico, estabelecer uma demanda para o humor, coluna mestra deste glossário de piadas sobre polacos e afins.
Não fosse ele um cartunista de plantão 24 horas por dia. Méritos também para a narrativa que funciona como memória de uma cidade petrificada pelo ascetismo e rigidez das culturas imigrantes, na medida em que rir de si mesmo é a melhor sugestão no receituário tropical. Como bem proclama o autor fazendo uma síntese da querela internacional: O Polaco é nosso!
Toninho Vaz
(Autor de “O Bandido que Sabia Latim” - biografia de Paulo Leminski, “Pra Mim Chega”– biografia de Torquato Neto e “Edwiges, a Santa Libertária”)