terça-feira, 9 de agosto de 2011

Kunce: é hoje no MON

Cartazes Piotr Kunce – Polônia (confira o serviço completo da exposição). Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico), (41) 3350 4400. Terça a domingo, das 10 às 18 horas. R$ 4 e R$ 2 (meia). Até 11 de setembro. Palestra com o artista hoje, às 19 horas, seguido de bate-papo e abertura da exposição.

Kunce, que fica em Curitiba para uma Oficina com estudantes entre os dias 11 e 16 de agosto, é hoje um dos principais nomes da arte em cartazes na Polônia – país que se destaca na criação gráfica desde o fim do século 19.

Poema: A irmã da Nobel polaca

Wisława Szymborska
Pochwała siostry
Wisława Szymborska

Moja siostra nie pisze wierszy

i chyba już nie zacznie nagle pisać wierszy.

Ma to po matce, która nie pisała wierszy,

oraz po ojcu, który też nie pisał wierszy.

Pod dachem mojej siostry czuję się bezpieczna:

mąż siostry za nic w świecie nie pisałby wierszy.

I choć to brzmi jak utwór Adama Macedońskiego,
nikt z krewnych nie zajmuje się pisaniem wierszy.



W szufladach mojej siostry nie ma dawnych wierszy
ani w torebce napisanych świeżo.

A kiedy siostra zaprasza na obiad,

to wiem, że nie w zamiarze czytania mi wierszy.

Jej zupy są wyborne bez premedytacji,

a kawa nie rozlewa się na rękopisy.



W wielu rodzinach nikt nie pisze wierszy,

ale jak już - to rzadko jedna tylko osoba.

Czasem poezja spływa kaskadami pokoleń,

co stwarza groźne wiry w uczuciach wzajemnych.



Moja siostra uprawia niezłą prozę mówioną,

a całe jej pisarstwo to widokówki z urlopu,

z tekstem obiecującym to samo każdego roku:

że jak wróci,

to wszystko
wszystko
wszystko opowie.

TRADUÇÃO do Prof. Dr. Henryk Siewierski



ELOGIO DA IRMÃ
Wisława Szymborska

Minha irmã não escreve poemas
e é improvável que vá começar de repente a escrever poemas.
Puxou isso à mãe, que não escrevia poemas,
ou ao pai, o qual também não escrevia poemas.
Sob o teto de minha irmã me sinto segura:
por nada neste mundo, o marido dela escreveria poemas.
E apesar de isso soar como uma obra de Adam Macedoński,
nenhum dos parentes se ocupa de escrever poemas.

Nas gavetas de minha irmã não há antigos poemas
nem na bolsa os escritos recentemente.
E quando minha irmã me convida para almoçar,
sei que não pretende ler para mim seus poemas.
Suas sopas são excelentes sem premeditação,
e o café não se derrama nos manuscritos.

Em muitas famílias ninguém escreve poemas,
mas nas que isso se faz — raro é só uma pessoa.
Às vezes a poesia flui em cascatas de gerações,
nos sentimentos mútuos criando redemoinhos sérios.

Minha irmã cultiva boa prosa,
e toda a sua obra escrita são cartões postais de férias,
com um texto prometendo a mesma coisa, todo ano:
que ao retornar
tudo
tudo
tudo vai contar.

Morreu Nicolau Witkowsky do Itajaí Mirim

Por Celso Deucher
Neste último dia do mês de julho o Vale do Itajaí Mirim ficou de luto. Faleceu no interior de Botuverá um dos mais importantes filhos de imigrantes polacos da nossa história, Nicolau Witkowsky.
Ele se despediu de nós aos 90 anos, mas qualquer um que conversasse com ele não lhe dava esta idade, pela sua versatilidade e sua memória simplesmente extraordinária. Tive a oportunidade de entrevista-lo por duas vezes e sei de mais uma dúzia de jornalistas que também se encantaram com esta verdadeira lenda da saga polaca em nossa região.
Nas vezes que estivemos juntos ele me chamava pelo nome e perguntava se eu queria mais detalhes sobre determinados assuntos. Ria de si mesmo pela capacidade de lembrar dias e até horas dos fatos que narrava de 70 e até 80 anos atrás. “Uma missidade” como dizia meu pai. Um homem verdadeiramente extraordinário que deixa uma multidão de pessoas que lhe queriam bem.
Nunca me esqueço do primeiro dia que eu e Sérgio Witkowsky fomos até a sua casa entrevista-lo. Nos recebeu como se já tivesse me abraçado um milhão de vezes. Mesmo sofrendo com uma gripe malina que não lhe deixava falar muito tempo sem tossir, ele fazia caso da moléstia e desancava a relembrar coisas que aqui na cidade a gente diz que são “lá do arco da véia”.
Foram quase quatro horas de gravação que com muito orgulho guardo aqui comigo e que muita coisa já publiquei no livro "Brusque Polonesa" em 2009. Em 2010 numa outra entrevista, desta vez aqui em Brusque na casa da sua filha Cristina, ele me falava sobre os afrodescendentes daquela região, pedindo reserva para algumas coisas que acreditava pudesse ferir suscetibilidade dos seus compadres e amigos lá do Ourinho, sua “pátria” desde a mais tenra idade.
De acordo com um e-mail que recebi de Sérgio Witkowsky, pesquisador da história da família, o “Tio Nicolau” era um dos mais idosos e um dos últimos filhos da primeira geração de polacos natos ainda nascidos na Polônia. Ficou entre nós, dos “Witkowsky da primeira geração nascida no Brasil, a dona Alice Witkowsky Mariani, residente em Blumenau e a dona Tereza Witkowsky, residente em Brusque”, diz Sérgio.
Seu sepultamento aconteceu ontem, dia 1º em Botuverá às 15 horas. Deixou viúva uma outra pessoa extraodinária, Dona Aldemoa Muller Witkowsky, a quem também nutro especial carinho. Infelizmente não consegui ir lá me despedir do meu amigo pois as segundas feiras é fechamento editorial deste jornal e realmente não tem como sair daqui de Brusque.
Mas não quero terminar este pequeno artigo sobre o “Tio Nicolau” sem dizer que fiquei por demais sentido com a falta que este homem vai me fazer. Não era parente, não era nada meu... Simplesmente um amigo que parece que já conheci na minha infância. Eu sou apenas um jornalista que simplesmente se apaixonou pela pessoa humana que ele foi e com a fonte de conhecimento histórico que ele era.
Por culpa minha fiquei lhe devendo uma visita e uma entrevista. Dois dias antes ainda falava com sua sobrinha e nossa Colunista aqui no EM FOCO, Ivania Witkowsky, e lhe pedia para que quando falasse com ele, lhe comunicasse que quando ele menos esperasse eu estaria lá na sua casa para comer uma polenta e preparar nosso próximo livro, o "Brusque Polaca II", que já tinha tratado com ele que iria fazer se possível ainda em 2011.
Infelizmente ontem a noite fiquei sabendo do seu passamento e a polenta e a entrevista vou ter que esperar mais uns tempos para fazer com ele... Seja onde ele estiver…
Vai com Deus indio véio... Sei que tu estais num lugar que o patrão velho lá de cima reservou só para aqueles que são os melhores aqui na terra. Um dia nos encontraremos na Estância do Céu e vamos com toda certeza tomar um chimarrão bem cevado e enfrenar aqueles potros xucros que tu domou por aqui. E num trote largo e com tempo vou te contar por que não consegui ir lá na tua casa bater aquele papo demorado, botar a conversa em dia e fazer a nossa última entrevista.

(publicado originalmente no JORNAL EM FOCO – Brusque 2 de agosto de 2011. Página 31)