Foto: Rafał Michałowski |
O carvão e os mineiros estão intimamente ligados à história da Polônia. Não só porque a principal fonte de energia do país é o carvão, mas também porque sem o mineiros polacos a queda da União Soviética poderia ter retardado muitos anos. Não fosse a marcha de 70 mil mineiros de Katowice até Gdańsk a pé (mais de 700 km), Lech Wałęsa e os trabalhadores dos estaleiros do Norte, do Sindicato "Solidariedade", não teriam naquele 1989 derrubado o regime soviético das Europa Central e do Leste.
Mais recentemente, quando da entrada da Polônia, na União Europeia e o perigo do fechamento das usinas termoelétricas movidas à carvão, os mineiros temeram pela sua sorte. E mais, o país como um todo começou a se perguntar: como vamos sobreviver sem carvão. Afinal, os rios de planície não têm potencial hidrelétricos para substituir o carvão e a os ventos não sopram o suficiente para rodar as hélices dos modernos moinhos.
Quando a Ucrânia fechou as torneiras dos gazodutos russos que passam por seu território e levaram italianos e alemães ao desespero, descobriu que a Rússia - uma das maiores reservas mundiais de gás natural estava construindo em parceria com a Alemanha um gasoduto sob o mar Báltico, justamente para não contemplar a Polônia. A Gazprom, binacional russo-alemã do gás era presidida pelo ex-chanceler alemão Gebhard Schroeder.
Tudo isso é passado!
A U. S. Energy Information Agency (EIA) acaba de anunciar que a Polônia pode ter 5.300.000 bilhões de metros cúbicos de gás sob a camada de xisto. Tal quantidade é 2,5 vezes mais do que os depósitos da Noruega.
O Relatório sobre os recursos de gás de xisto em 32 países ao redor do mundo foi publicado ontem pela EIA. É um gás disperso em rochas de xisto. Sua exploração começou apenas nos últimos anos graças às inovadoras tecnologias da American Gas Industry.
Com a exploração do xisto, os EUA se tornaram o maior produtor de gás do mundo, e assim, os preços da matéria-prima nos Estados Unidos estão caindo nos últimos três anos. Agora, o gás está custando 150 dólares mil metros cúbicos. Isso é mais de 2,5 vezes mais barato do que Gazprom cobra pela mesma quantidade de gás vendido.
De acordo com as previsões da EIA do xisto polaco podem ser extraídos 22.400.000 bilhões de metros cúbicos de gás. Com o consumo atual na Polônia, esta perspectiva anunciada permitirá gás suficiente por 380 anos.
"Isso para nós é uma notícia muito boa. Garante-nos os investidores que já estão conosco, e outros que queiram trabalhar na prospecção de gás de xisto.", disse Henryk Jacek Jezierski, vice-ministro do meio-ambiente, o geólogo-chefe do país.
P.S. Apresenta-se aí, mais uma oportunidade para o Brasil estreitar seus laços comerciais com a Polônia. A Petrobrás em São Mateus do Sul é uma exploração pioneira do óleo, nafta, enxofre e gás combustível, a partir do xisto betuminoso, no Brasil. E o responsável por esse ineditismo foi um polaco-paranaense, Roberto Angewitz, que em 1935 numa pequena usina construída por ele, naquela cidade do Sul do Estado do Paraná, chegou a produzir 318 litros de óleo de xisto por dia. Há quem diga que o polaco era alemão. Mentem! Era polaco da nhanhã méessmooo!