Os ministros da Defesa e das Relações Exteriores dos dois países se reuniram em VarsóviaADAM STEPIEN/REUTERS |
O novo ministro da Defesa da Grã-Bretanha, Michael Fallon, foi a Polônia anunciar que o seu país vai participar num exercício da OTAN, às portas da Rússia, com uma força composta por 1350 soldados e 350 veículos militares — a maior que Londres envia para aquela região nos últimos seis anos.
Num sinal claro do maior protagonismo que o Grã-Bretanha vem assumindo em relação à anexação da península da Crimeia pela Rússia e ao conflito no Leste da Ucrânia, o ministro britânico visitou Varsóvia, acompanhado pelo seu colega das Relações Exteriores, Philip Hammond, e revelou a dimensão do contingente militar do país no exercício Black Eagle, que vai decorrer no Outono na Polônia.
"Os membros e parceiros da OTAN devem demonstrar o nosso compromisso com a segurança coletiva dos nossos aliados na Europa de Leste", declarou Michael Fallon, em resposta às preocupações de países como a Polônia sobre supostas ameaças da Rússia ao seu território — Varsóvia tem manifestado receios de que o Presidente Vladimir Putin queira prosseguir uma estratégia expansionista na sequência do conflito na Ucrânia, mas Moscou sempre disse que não tem qualquer intenção de o fazer, acusando a OTAN de querer desestabilizar a região com manifestações de poderio militar.
"Em particular" — sublinhou o ministro da Defesa britânico —, "a participação de um grupo de combate no exercício Black Eagle mostra o nosso apoio sustentado e substancial à fronteira Leste da OTAN".
O Reino Unido enviou quatro caças Typhoon para a missão da OTAN no Báltico, com base na Lituânia, depois da anexação da Crimeia. Depois do início dos combates no Leste da Ucrânia entre as tropas fiéis a Kiev e os separatistas pró-russos, essa missão passou a incluir quatro F-16 da Dinamarca e quatro MiG-29 da Polônia.
Varsóvia tem insistido para que a OTAN coloque no seu país uma força permanente, mas os membros da aliança têm resistido à ideia, com receio de hostilizar a Rússia. Apesar disso, este é um dos assuntos que deverá ser discutido na próxima reunião de Cúpula, que vai acontecer no País de Gales em Setembro.
Ouvido pela BBC, Michael Clark, diretor-geral do Instituto Royal United Services, considera que os exercícios da OTAN "estão a tornar-se bastante sérios. Não estamos enviando apenas uns quantos homens, estamos deslocando um grupo de combate completo — a unidade básica de combate", alertou o analista.
"O que estamos dizendo é que vocês [os russos] não se comportaram de acordo com as nossas relações da década de 1990. O que queriam que fizéssemos? Os nossos novos aliados da OTAN [da Europa de Leste] esperam que os descansemos; é isso que estamos fazendo", disse o director-geral do instituto Royal United Services.
O novo ministro da Defesa do Reino Unido, que entrou para o Governo na profunda remodelação operada pelo primeiro-ministro, David Cameron, em meados de Julho, tem sido uma das vozes mais duras contra o papel da Rússia no conflito na Ucrânia.
Pouco depois do desastre do voo MH17 da Malaysia Airlines, que ao que tudo indica foi abatido por um míssil numa região controlada pelos combatentes separatistas, Michael Fallon exigiu que a Rússia "saia do Leste da Ucrânia e deixe a Ucrânia para os ucranianos".
Descrevendo o provável derrubada do avião (também provavelmente por erro) como um ato de "terrorismo patrocinado", o ministro britânico deixou uma ameaça a Moscou: "Se a Rússia é a principal culpada, podemos tomar mais medidas contra eles e deixar bem claro que este tipo de guerra patrocinada é completamente inaceitável."
Fonte: Jornal Público, de Lisboa