sábado, 10 de fevereiro de 2024

Putin: Rússia não vai invadir Polônia ou Letônia

Foto: Gavriil Grigorov/AFP 

O presidente russo, Vladimir Putin, disse em uma entrevista exibida na quinta-feira (8/2) que a Rússia não tem interesse em invadir “a Polônia, a Letônia ou qualquer outro lugar” e disse que falar que Moscou poderia fazer isso seria espalhar ameaças.

Putin fez os comentários durante entrevista de duas horas com o apresentador de televisão norte-americano Tucker Carlson, gravada, em Moscou, na terça-feira (6/2).


Questionado se poderia imaginar um cenário em que enviaria tropas russas para a Polônia, membro da OTAN. Putin respondeu:
Apenas em um caso: se a Polônia atacar a Rússia. Por que? Porque não temos interesse na Polônia, na Letônia ou em qualquer outro lugar. Por que faríamos isso? Simplesmente não temos qualquer interesse.”

A entrevista foi realizada, em Moscou, na terça-feira, e transmitida no tuckercarlson.com. Putin falou em russo e seus comentários foram dublados para o inglês. O presidente russo começou com longos comentários sobre as relações da Rússia com a Ucrânia, com a Polônia e com outros países.

Segundo o Kremlin, Putin concordou com a entrevista de Carlson porque a abordagem do ex-apresentador da Fox News é diferente da reportagem “unilateral” sobre o conflito na Ucrânia feita por muitos meios de comunicação ocidentais.

Há em acredite que Carlson tem ligações estreitas com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que está, no momento, pleiteando ser o candidato do Partido Republicano nas eleições presidenciais do próximo mês de novembro nos EUA. Trump apelou à desescalada da guerra na Ucrânia, que a administração Biden apoiou fortemente o governo do presidente ucraniano Volodymyr Żeleński, mas reclamou das centenas de milhões de dólares em ajuda enviados até agora àquele país criado, em 1922, por Vladimir Lênin.

Carlson disse que grande parte da cobertura da guerra pela mídia ocidental é tendenciosa a favor de Kiev.

As declarações de Putin, na qual descarta a ideia de invadir a Polônia ou a Letônia, "não têm qualquer credibilidade", considerou no dia seguinte, sexta-feira (9/2), o vice-primeiro-ministro e ministro da defesa polaco, Władysław Kosiniak-Kamysz.



Segundo Kosiniak-Kamysz, "a Polônia tem deveres a cumprir como Estado-membro da Otan e da União Europeia. A Polônia e as suas autoridades têm, acima de tudo, compromissos para com os seus cidadãos", disse ele.

A Polônia compartilha fronteira com a Ucrânia, país que a Rússia invadiu no final de fevereiro de 2022. Como resultado dessa ofensiva, Varsóvia empreendeu um plano milionário para reforçar as suas capacidades de defesa, ao qual atribui até 4% do seu Produto Interno Bruto (PIB).

"Façamos o nosso trabalho, preparemo-nos para situações diferentes, não podemos baixar a vigilância por nada, e palavras como essas, claro, não contribuirão para isso, muito pelo contrário", sublinhou Kosiniak-Kamysz perante a imprensa em Varsóvia.

Fontes: CNN e AFP

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Nova Embaixadora da Polônia em Curitiba

Nesta semana, a nova embaixadora da Polônia no Brasil, Sra. Bogna Janke está em Curitiba, cidade considerada a capital polaca da América Latina.

É a primeira vez que ela vem ao Paraná. Aqui, terá encontro oficial com o Prefeito de Curitiba, Rafael Greca de Macedo, com empresários, na sede da FIEP- Federação das Indústrias do Paraná, e com convidados da comunidade polaca de Curitiba, na Sociedade Polaca Marechal Józef Piłsudski.

Nos dias seguintes visitará comunidades polacas em outras cidades do Paraná.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Embaixadora Bogna Janke

Ela já apresentou credenciais diplomáticas ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 17 de novembro passado (2023). Quando o presidente brasileiro parabenizou pelo sucesso econômico polaco nos últimos anos. Lula expressou sua vontade de que a cooperação econômica entre Polônia e Brasil aumente significativamente. A entrega das cartas foi acompanhada de cerimônia solene em frente ao Palácio PlanaltoO hino polaco foi tocado e a bandeira da Polônia hasteada.

Embaixadora extraordinária e plenipotenciária da República da Polônia na República Federativa do Brasil, Bogna Janke tem mestrado em filologia alemã pela Universidade de Varsóvia e  pós-graduada em Serviço de Relações Exteriores, na Escola de Economia de Varsóvia.

Bogna Joanna Gawinek-Janke nasceu em 9 de julho de 1973, na cidade de Białystok, no nordeste da Polônia. Cresceu na cidade de Olsztyn. É filha do oposicionista do período da República Popular da Polônia, sr. Wiesław Gawink.

Em 1997, ela se formou em Estudos Germânicos na Faculdade de Neofilologia da Universidade de Varsóvia. Doutoranda na mesma faculdade teve sua tese de doutoramento  fechada. Em 2023, ela completou estudos de pós-graduação sobre Serviço de Relações Exteriores, na Escola de Economia de Varsóvia.

Bogna esteve ligada à mídia durante a maior parte de sua vida profissional. Inicialmente, ela trabalhou na Telewizja Polska - TVP1, na redação do "Teleexpress", depois na redação da TVP2.

A partir de 1998, trabalhou no Departamento de Relações Exteriores da PAP - Agência de Imprensa Polaca nos anos 2001-2003. Foi editora do semanal "Gazeta Południe" da cidade de Piaseczno. De 2004 a 2006, ela trabalhou na televisão TVN24, onde se tornou editora e  do site de informações da Internet. Em 2006, juntamente com o marido, fundou o portal Salon24.pl. Em 2007, ela foi nomeada para o Dariusz Fikus na categoria de editora. Em 2010, ela não teve êxito no conselho da cidade de Konstancin-Jeziorna do comitê local.

Janke é autora de vários artigos publicados na imprensa polaca. Por muitos anos, ela se envolveu socialmente, entre outras atividades, como voluntária no projeto "Mães no Trabalho" da Fundação São Nicolau. Também foi fundadora e presidente da Fundação de Hospitais de Campanha de Varsóvia, cujo objetivo era comemorar as atividades dos hospitais de campo durante o Levante de Varsóvia de 1944.

Em 2021, ela parou de gerenciar seu portal de Internet e vendeu as ações da empresa

Em 13 de julho de 2021, o Presidente da República da Polônia, Andrzej Duda a nomeou como Secretária de Estado, no Gabinete da Presidência da República da Polônia, onde foi responsável pelo diálogo social. Em 14 de outubro do mesmo ano, ela foi nomeada para o Conselho da Juventude no Conselho Nacional de Desenvolvimento.

Bogna Janke encerrou seu trabalho no Gabinete da Presidência da República, em 30 de junho de 2022. Então, começou como colaboradora, entre outros, nos jornais Dziennik, Rzeczpospolita e portal Onet.

Em 8 de setembro de 2023, o Presidente da República da Polônia a nomeou Embaixadora Extraordinária e a representante da República da Polônia na República Federativa do Brasil.

A sra. Bogna Janke é embaixadora da República da Polônia no Brasil desde o último dia 24 de outubro de 2023. Ela fala, além do idioma polaco, o inglês, o alemão e o português.

Ela é casada ​​com o também jornalista Igor Janke, com quem tem dois filhos adultos.

Em sua primeira entrevista à imprensa brasileira concedida à Rádio Senado, em Brasília, Janke afirmou que vai procurar incrementar as relações bilaterais Polônia-Brasil, dando especial atenção e apoio às empresas e empreendedores polacos que pretendam fazer negócios no Brasil.

Janke começou opinando, na entrevista, sobre os principais desafios da União Europeia, que são a migração e a agressão da Rússia à Ucrânia.

"A migração é um problema complexo e abrangente. Os Estados-Membros da União Europeia estão intensificando esforços para estabelecer uma política migratória efetiva, humanitária e segura. Nós temos na Europa várias direções de chegada dos imigrantes. A da África é diferente, por exemplo, daquela que vem da Ucrânia. Quando em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia iniciou a agressão militar contra a Ucrânia, milhões de pessoas fugiram da Guerra. O primeiro destino, onde eles encontraram segurança foi o meu país, Polônia. Isto porque fazemos fronteira com a Ucrânia, fronteira que também é a da União Europeia." explicou a embaixadora.

Janke afirmou que, no momento, mais de "3 milhões de ucranianos estão vivendo na Polônia. Eles vivem, trabalham e seus filhos vão para a escola. Todos tem acesso aos serviços sociais comuns aos cidadãos polacos. A Polônia é um país amistoso com os refugiados. A Polônia também se tornou a segunda casa de 250 mil bielorrussos que fugiram das pressões políticas em seu país. Outros países da União Europeia recebem um número muito grande de refugiados de países não europeus. O tema imigração é muito discutido e difícil na União Europeia, mas eu acho que o fluxo de pessoas no mundo é natural. Por exemplo, a sociedade brasileira foi construída por imigrantes. Muitos deles vieram da Polônia."  

O outro assunto abordado por ela foi a agressão russa.

"É claro, um tema muito difícil. A Polônia é membro da União Europeia e esta apóia a Ucrânia. A Rússia também ameaça outros países. Isto tem impacto na segurança da União Europeia e na ordem global. Por isso, é importante enfrentar este desafio. Outro problema importante é o das mudanças climáticas. E nestas relações globais há que se mencionar com destaque o Brasil nesta importante questão. Outros assuntos também importantes são os digitais, como os dados privados, a cyber segurança, a infra-estrutura digital ou a desinformação. Também as desigualdades sociais são de extrema importância".  

Na sequência, a embaixadora foi questionada sobre qual seria o segredo do sucesso econômico polaco, que seu país vem experimentando ao longo dos últimos anos, com um crescimento permanente e significativo.

Embaixadora da Polônia no Brasil: Sra. Bogna Janke

A sra. Bogna antes de entrar no mérito da pergunta fez questão de ressaltar seu imenso orgulho pela sua Polônia e pela economia polaca:

"sim, estou muito orgulhosa da minha Polônia e sua economia. Porque nossa economia está indo muito, muito bem. E é agora a sexta entre as economias europeias. É ótimo, porque vocês sabem, há 30 anos nós éramos um país socialista, com uma economia que se desmantelou. E nesses últimos 30 anos, a Polônia tem tido o mais alto crescimento percapita entre todos os países da OCDE. O PIB da Polônia é o que cresce mais rápido na União Europeia, hoje em dia. Temos uma taxa muito baixa de desemprego, de 2,9%, o que significa na prática que não temos desemprego na Polônia. Precisamos cada vez mais de trabalhadores, inclusive temporários. A Polônia é o terceiro parceiro da Alemanha, depois da França. A Polônia foi o único país europeu que não foi atingido pela recessão mundial de 2008 a 2010."

Para encerrar a entrevista aos jornalistas da Rádio Senado, Ivan Godoy perguntou a sra. embaixadora da Polônia o que ela pretende fazer para avançar nas relações bilaterais entre os dois países. Ela respondeu:

"Nossas relações têm sido muito boas e amistosas por mais de cem anos. Os meus objetivos aqui são desenvolver ainda mais nossos contatos políticos e econômicos. Primeiro, do ponto de vista econômico, eu gostaria de ajudar empresas e empreendedores polacos a fazerem negócios aqui no Brasil. O interesse na Polônia pelo Brasil é muito alto. O Presidente Lula me disse, quando tive a oportunidade de falar com ele, que os nossos dois países, precisam explorar o potencial mútuo para a cooperação econômica. Então, esperamos aumentar a cooperação entre nossos países. Há também que explorar a cooperação cultural, científica e acadêmica. Estamos trabalhando nisso, em nossa Embaixada, agora. O que é importante é que aqui no Brasil temos uma grande comunidade polaca formada por descendentes de imigrantes polacos. E esse é o potencial de cooperação entre nossos países."    

Compilação da entrevista radiofônica e redação: Ulisses Iarochinski