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Foto: Michał Łepecki |
O Castelo de Wawel, em Cracóvia, reviveu ontem seus melhores dias de festas. O Presidente, Bronisław Komorowski reuniu as mais importantes pessoas da sociedade polaca para condecorar com a medalha da Águia Branca a prêmio nobel de literatura Wisława Szymborska.
"Senhor Presidente, eu não sou nenhuma oradora, mas queria dizer que encontramos uma coisa incrível, porque todos nós sentimos que fazemos o que gostamos de fazer, e gosto até mesmo para conseguir medalhas", disse a poeta polaca, após receber a condecoração.
Após a cerimônia, em que participaram apenas 30 pessoas no salão real do Castelo, o Presidente Komorowski se dirigiu à Catedral e ali visitou as tumbas, do ex-presidente Lech Kaczyński e a esposa Maria.
"Não há melhor forma, e também lugar mais bonito do que o Wawel para expressar gratidão ao povo da cultura, promovê-lo, praticantes de diferentes campos da arte, aqueles que ficam de guarda de toda a herança comum e nacional", disse Komorowski, não muito longe da cripta do marechal Pilsudski, que disse que os poetas são pessoas que não devem ficar de fora, porque eles são dignos dos reis.
A Ordem da Águia Branca é a mais antiga e maior condecoração de Estado da República Polaca, concedida por méritos civis e militares proeminentes para a nação e importantes representantes de mais alto nível de países estrangeiros. A honraria já foi concedida entre outros artistas para Krystyna Janda, Janusz Gajos, Paweł Mykietyn, Jerzy Skolimowski, Jan Jakub Kolski, Leon Tarasewicz, Anda Rottenberg i Anna Polony.A homenageada do dia, Wisława Szymborska, nasceu em Kórnik, em 2 de Julho de 1923, destacou-se como poetisa com uma obra que tem como tema as vicissitudes da Polônia moderna. Emprega uma linguagem simples e coloquial, herança do realismo social que dominou a Europa oriental, mas sua modernidade se revela no tom irônico e na complexidade formal de muitas de suas poesias. Recebeu o Nobel de Literatura de 1996.
Poema de Szymborska
Nada acontece duas vezes
Nic dwa razy
Nada acontece duas vezes
e nem acontecerá. Por este motivo
nasceremos sem prática
e morreremos sem rotina.
Mesmo que fossemos os mais estúpidos
alunos do mundo na escola,
não vamos repetir
nenhum inverno, nenhum verão.
Nenhum dia se repete,
não há duas noites iguais,
dois beijos do mesmo jeito,
duas mesmas trocas de olhar.
Ontem, que alguém pronunciou
teu nome alto perto de mim,
foi como se uma rosa me tivessem
atirado por uma janela aberta.
Hoje, que estamos juntos,
virei o rosto para a parede.
Rosa? Como é uma rosa?
É uma flor? Talvez uma pedra?
Por que tu, hora ruim,
te confundes com um medo desnecessário?
Se és – então tens de passar.
Se passarás – então será bela.
Sorridentes, abraçados,
tentaremos buscar um acordo,
mesmo que sejamos diferentes
como dois pingos de água limpa.
Tradução de Tiago Halewicz