Por Fernando Freire
Curitiba
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Seleção de brasileiros descendentes de polacos aplicou sonora goleada de 18 X 0 nos descendentes de ucranianos de Curitiba |
A Eurocopa é o foco das atenções de quase todo mundo desde sexta-feira e até o dia 1° de julho. O evento, sediado na Ucrânia e na Polônia, reúne as 16 principais seleções europeias e craques como o Cristiano Ronaldo, Robben, Schweinsteiger e muitos outros. A cerca de 10 mil quilômetros dos países que recebem o torneio, descendentes fazem uma - improvável e genérica - final em Curitiba.
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Abertura das Festividades com as bandeiras do Brasil, Ucrânia e Polônia |
Para comemorar a disputa da Euro e confraternizar, ucranianos e polacos realizaram um amistoso no
Estádio do Trieste, em Curitiba-PR, na manhã de sábado.
O evento teve comida e roupa típicas, hinos dos países e até futebol - muito longe do apresentado nos gramados europeus, claro.
Antes da partida, a cônsul da Ucrânia em Curitiba, Larissa Mironenko, e o cônsul da Polônia, Marek Makowski, fizeram breve discurso e exaltaram a reunião.
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Coral Polaco João Paulo II |
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Coral Ucraniano Haidamak |
Depois, corais de descendentes cantaram o hino da Ucrânia, da Polônia e, por fim, do Brasil. A mistura cultural ficou evidente no grito de guerra do time vermelho,
meio polaco, meio brasileiro.
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Um, dois, três... Polska - gritaram os 11 titulares antes do jogo.
Quando a bola rolou, a Polônia massacrou a Ucrânia. Antes do intervalo,
o placar já marcava 9 a 0 para os polacos.
E depois do quinto gol, um torcedor mais animado não se conteve:
- Tem que levar este time para jogar a Eurocopa lá - pediu, aos risos.
No intervalo, as arquibancadas do Estádio do Trieste ficaram vazias. Os torcedores foram para a praça de alimentação, na parte interna.
Os
polacos tinham à disposição o tradicional
pierogi, além de recheio de ricota com batata e de carnes defumadas com repolho, bigos (semelhante à feijoada,
mas só que com repolho no lugar do feijão) e sonho.
Já os ucranianos puderam provar o perohê (o mesmo pierogi dos polacos) e o perohê com holubsti, o medivnêk (mel com nozes), o napoleon (folhada com creme), o muraveinyk (bolacha com nozes e papoula) e a zapicanka (requeijão com amêndoas).
No sistema de som, porém, nada de músicas típicas. Durante os 15 minutos, canções brasileiras tocaram mais alto, como os sambas de Arlindo Cruz e de Jorge Aragão.
Depois do intervalo, os descendentes de
polacos não diminuíram o ritmo e marcaram mais nove gols: 18 a 0. Antes do apito final, alguns torcedores da Ucrânia protestaram.
"Vergonha". Outros mostraram uma (falsa) confiança.
"Vamos virar, time".
Animada, a torcida vermelha e branca até gritou o nome do goleiro adversário e tirou sarro.
"Um, dois, três... Genillson é polonês". E, preocupado com a goleada, um jogador da Polônia brincou:
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Pô, a gente vai causar uma guerra lá.
O atacante
Carlos Henze Júnior, de 29 anos - que tem o experiente Schevchenko, artilheiro da Ucrânia, como referência - não balançou as redes, mas falou da importância da confraternização na capital paranaense:
- O lema da Eurocopa é "fazendo história juntos". Este é um lema perfeito para a história de Polônia e Ucrânia. Esta amizade que está se formando entre os povos é um novo tempo. No Brasil, especialmente, em que a gente já tem o costume de ser um país multi-cultural, é importante mostrar esta integração pacífica e de muita amizade.
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As torcidas de brasileiros descendentes de polacos e ucranianos no Estádio do Triste E.C. de Curitiba |
Depois do jogo, o time azul, apesar da goleada sofrida, fez a festa, dançou e recebeu medalhas. O torcedor
Meroslau Vodiani, descendente de ucraniano por parte de pai e mãe, comentou sobre o evento em Curitiba:
- Foi uma oportunidade única de os países se cruzarem, se confraternizarem em um local que nos acolheu com muito carinho - afirmou.
Os descendentes de p
olacos também comemoraram a conquista.
Eles, porém, preferiram uma canção brasileira e fizeram a coreografia do
"Eu quero tchu, eu quero tcha", música da dupla João Lucas e Marcelo e que se tornou famosa pelas comemorações do craque Neymar, atacante do Santos.
O organizador do evento e secretário do Consulado da Polônia,
Paulo César Kochanny, de 51 anos, comentou sobre a "Eurocopa em Curitiba".
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A realização deste evento partiu por parte do Consulado Geral da Polônia, como idealizador disto. Imediatamente, nós convidamos o pessoal do Consulado da Ucrânia, para poder juntar grupo folclórico, coral e times de descendentes de polacos e de ucranianos. O objetivo principal era justamente a confraternização e a comemoração pela abertura da Eurocopa. Aqui no Brasil e principalmente no Paraná, a imigração é extremamente forte. Além do encontro esportivo, é também para colocar em foco as duas culturas.
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Ao final do amistoso, as duas equipes desfilaram com as bandeiras da Ucrânia e da Polônia |
Na Eurocopa tradicional, a Polônia tem um ponto no Grupo A. Ela empatou com a Grécia em 1 a 1 na sexta-feira, no Estádio Nacional de Varsóvia. Já a Ucrânia estreia hoje, segunda-feira, pelo Grupo D. Ela encara a Suécia, no Estádio Olímpico de Kiev.