sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A Polònia catalã

Página do sitio do programa na Internet

Na Catalunha, região mais rica da Espanha, uma publicação com mais de um milhão de leitores se chama Polònia. Além do semanário seus proprietários produzem um programa com o mesmo nome da TV3 Catalunha e mantém um sitio na Internet. Os três veículos, ao contrário do que se poderia supor, não falam da Polônia, ou dos polacos. O título é nada mais do que uma ironia, pois o conteúdo é humor político espanhol. Seus idealizadores contabilizam aumento de vendas nas bancas e de audiência da televisão regional espanhola. O semanário e o sitio da Internet, na verdade são suporte ao programa de televisão que é produzido pela Veranda Televisió S.L. e tem como diretores Toni Soler, Carles Gené, Joan Rufas e Minoria Absoluta. Assim como o "Casseta & Planeta" da Tv Globo brasileira conta com atores para representarem as "esquetes" da semana. São eles: Queco Novell, Cesc Casanovas, Carlos Latre, Agnès Busquets, Sergi Mas, Mireia Portas, Toni Albà, Xavier Serrano, Manel Lucas, Gemma Deusedas, David Olivares, Xavier Ricart, Xavier Noms e Jordi Ríos.




O humor catalão vai da fina ironia a mais escrachada piada. Um exemplo é a última edição do semanário com a manchete, "POLÒNIA, TENIM UN PROBLEMA!' és la gran aventura dels últims catalans per descobrir què va causar l'apocalipsi a Catalunya. Una història més trepidant que la negociació del finançament i més emocionant que el crash de les borses." (tradução : Polônia tem um problema! É a grande aventura dos últimos catalães para descobrir que vão cuasar um apocalipse na Catalunha. Uma história mais trepidante que a negociação do financiamente e mais emocionante que a quebra das bolsas).
Embora a ilustração mostre os políticos sobre o mapa da Catalunha, na verdade o mapa se parece muito mais ao do Brasil do que o da Região Autonômica Espanhola.

Mas por que "diabos" esta iniciativa catalã tem o nome de Polònia? Por que um programa de "humor negro" político na televisão tem o nome de uma nação europeia que fica a pelo menos 2 mil km de distância? Com que liberdade se prestam a fazer humor com o nome de um país que aparentemente não possui nenhuma ligação com os espanhóis? Seria a soberba espanhola de antigos conquistadores das Américas? Ou algum complexo originado no passado?
Também na Catalunha, assim como no Brasil, a palavra polaco tem sentido pejorativo para um grande número de pessoas. Sobre a questão brasileira peço ler meu artigo publicado neste blog no dia 21 de julho de 2005. Aliás minha primeira publicação aqui, quando este blog ainda tinha o nome de Tibagi (meu município natal).
Em relação ao complexo catalão a explicação teria origem na Legião Polaca, o mais formidável batalhão de guerra da idade média e do renascimento. Em anos posteriores a Legião Polaca foi a ponta de lança da invasão napoleônica na península ibérica. Em troca deste apoio Napoleão Bonaparte prometeu ajudar na Independência da Polônia, que havia sido repartida entre Rússia, Prússia e Império Austro-Húngaro. O que acabou não acontecendo.
Mas os próprios catalães, chamados pelos demais espanhóis de polacos, têm outras explicações. Algumas delas como estas:
1 - O uso deste adjetivo surgiu a partir da guerra civil espanhola nos quarteis. Até ós anos 70 se popularizou entre a população. De acordo com alguns a origem estaria no paralelismo entre os fatos históricos quase simultâneos: a ocupação da Catalunha pelas tropas franquistas no início de 1939 (durante a guerra civil espanhola) e a invasão da Polônia pelos alemães setembro de 1939.
2 - Outra hipótese, afirma que a origem do preconceito teria surgido em Cuba, no princípio do século 19. O governador francés designado por Napoleão vinha acompanhado de um grupo de polacos. Estes seriam os primeiros extrangeiros que os habitantes da ilha viam e desde este momento usariam a palavra "polaco" como sinônimo de extrangeiro. Despois, o nome seria aplicado aos imigrantes catalães, por serem considerados "extrangeiros".
3 - Os catalães seriam chamados polacos por falarem uma língua distinta da castelhana e supostamente ininteligível.
4 - Em Madrid no início do século 19 "chorizos" e "polacos" eram os nomes dos partidarios de duas companhias rivais de teatro (a segunda tinha uma pessoa de nacionalidade polaca que dirigia, ou financiava o grupo).
5 - Também se chamou "polaco" o partido que governou a Espanha entre 1850 e 1854. O D.R.A.E. recorre a "polacada" comi significado de "ato despótico ou de favoritismo" e acrecenta que "Teve origem na palavra, aplicada por seus adversários, aos atos do partido polaco que gobernou a Espanha".
6 - A Catalunha era para a Espanha o que a Polônia era para a Rússia, ou seja, um estado oprimido dentro de outro Estado.
7 - Se denomina os catalães de polacos e não de Tchecos, por que tanto polacos como catalães têm como símbolo religioso mais importante uma madona negra. Em Catalunha La Morenetea e na Polônia, Nossa Senhora de Czestochowa.

A crise chegou pra valer

Destino destes imigrantes polacos da Irlanda: literalmente a rua.

Finalmente se reconhece que a crise econômica mundial chegou a Polônia. O jornal Gazeta Wyborcza, um dos mais importantes do país, traz em sua primeira página reportagem com o título: A crise começou.
Segundo análise do jornal, "pode-se dizer oficialmente que a crise já está na Polônia. O desemprego avança mais rapidamente do que há quatro anos. Não se vislumbra uma chance para os empregadores resolverem a questão, me proteger os postos de trabalho."
O número de desempregados em dezembro último registrou 76 mil pessoas, segundo dados do Ministério do Trabalho e Política Social. Desde o início do ano os departamentos regionais do ministério têm registrado uma média de 170 a 200 pessoas procurando pelo seguro desemprego.
Maja Goettig, economista do banco BPH, estima que no final de 2010 o número de desempregados poderá chegar a 2 milhões e 200 polacos, ou seja, 700 mil acima dos dados atuais. Empresas como Telekomunikacja Polska SA em todo país já despediu 2300 pessoas, o banco PKO BP 1722 pessoas. Em Wrocław (Sudoeste), o centro automobilístico do país, a empresa produtora de geladerias e máquinas de lavar roupa Whirlpool anunciou que pretende despedir 400 trabalhadores. Em Krośno (Sudeste), a termoelétrica quer liberar 800 pessoas.
Enquanto o desemprego atinge as pessoas que trabalham na Polônia, prefeitos de 12 cidades polacas vão em missão especial a Grã-Bretanha pedir aos polacos emigrantes que voltem para casa, pois aqui lhes será concedido uma série de benefícios e empregos.
Por sua vez, o milagre irlandês parece ter chegado ao fim. Os polacos da construção civil naquele país estão sendo demitidos. Segundo estimativas não oficiais, mil deles já perderam o emprego. O jornal "Irish Independent" informou que o desemprego espera por 65 mil a 279 mil pedreiros e carpinteiros. O desemprego não escolhe entre um operário desqualificado nem um arquiteto...todos têm como destino o "olho da rua".

Embaixada polaca protesta contra jornal


A Embaixada da Polônia na Espanha informou que conversou com a direção do jornal espanhol “Público” para que corrija informação falsa publicada sobre "período nazista" na Polônia.
Um anúncio do filme "O Pianista" de Roman Polanski, publicado como um suplemento na edição de fim-de-semana do jornal incluia o título: "uma história de romper corações que acontece na Polônia nazista ." Um carta explicativa do embaixador Ryszard Schnepf deveria ser publicada no dia de hoje no "Público" como reconhecimento do erro.

P.S. Porém, fazendo busca no site do jornal nesta sexta-feira não foi encontrada nenhumaa cartado embaixador polaco e nem mesmo a menção a expressão "Polonia nazi". Tampouco qualquer informação sobre o "Pianista" de Polanski, ou as palavras Polanski,  Embajada, Embajador de Polonia oferecerem qualquer resultado no serviço de busca nas páginas do jornal.
Ao que parece os "esquerdistas" do jornal espanhol estão precisando aprender um pouco mais sobre história, segunda guerra mundial e Polônia. Confundir os invasores alemães e seu nefasto partido nazista como sendo polaco ou que tenha tido a Polônia um período nazista, é no mínimo ignorância, para não dizer outra coisa.