Foto: Wojciech Kardas |
Alguns restaurantes populares e discotecas no centro da cidade de Poznań não permitem a entrada de ciganos. Quando um deles se esgueira, entra em ação um segurança. Embora a discriminação ostensiva seja proibida pela Constituição, a polícia rejeita uma queixa formal. Cenas de discriminação se repetem. Semanas atrás na Discoteca Cuba Libre, seguranças aproximaram-se da mesa onde quatro homens estavam sentados:
- "Quais são as nacionalidades dos senhores?"
Bem-vestido, um dos homens, aparentando de 35 anos de idade responde francamente:
- "Eu sou um cigano."
Um dos seguranças então ordenda:
- "Ciganos... vocês devem sair. Mas os senhores polacos podem ficar."
O desconvidado de 35 anos de idade, de nome Adam, motorista de profissão, acompanhado pelos seguranças deixa o estabelecimento. Antes de sair forçado ainda pergunta:
- "Este é um bar apenas para os polacos?" Em resposta, ele ouve a explicação de que o gerente não admite a entrada de ciganos.
O relato foi feito para a reportagem do jornal Gazeta Wyborcza. A reação do jornalista foi:
- "Foi difícil para nós acreditar na história do Adam. Mas por via das dúvidas resolvemos fazer uma prova: fomos à mesma discoteca, juntamente com vários ciganos uma semana depois. O segurança nos deteve na entrada. Isto pode ser comprovado pela gravação com câmeras escondidas":
A proprietária do Cuba Libre, Klaudia Lopez afirmou sem hesitação que os ciganos são barrados.
- "Não só eu introduzi essa proibição. Grupos de ciganos são um inferno. Além de sujos, a mesa ocupada por eles, depois da sua saída parece saiu de um terremoto."
Nem todos os donos de restaurantes se utilizam de seguranças para retirar convidados indesejados. O gerente do popular Piano Bar, Maciej Kurzawa declara:
- "Nós nos recusamos silenciosamente os ciganos. Dizemos, por exemplo, que todas as mesas já estão reservadas."
Desconvidado do Cuba Libre, Adam queixou-se à uma Organização Cigana. E o relato acabou na polícia. A polícia, contudo, explicou que não havia motivos para iniciar uma investigação.
O cigano buscou então Patrick Pawelczak, defensou público da Voivodia da Wielkopolska (Grande Polônia). A questão foi levada ao Ministério do Interior, onde trabalha uma equipe sobre o Racismo e Xenofobia. Małgorzata Woźniak do Ministério disse que, "Vamos enviar mediadores para um diálogo iniciado entre a comunidade cigana e os proprietários de lojas.
Por sua vez, a Fundação de Helsínque para os Direitos Humanos declarou que irá ajudar a preparar um processo contra os donos de restaurantes e discotecas na região da Wielkopolska por discriminarem os ciganos.
Dorota Pudzianowska da Helsinque disse que os ciganos têm o direito de exigir indenização. Ouvido pelo jornal Gazeta, Roman Kwiatkowski, co-fundador da Associação Cigana da Polônia, disse que "Neste país, não há um dia que não aconteça violência contra um cigano. Wrocław e Lublin nos recusam entrada nas lojas. Em Bytom ocorreram ataques brutais contra ciganos. Perturba-me que essas coisas aconteçam também em Poznań, pois lá residem ciganos de sucesso. Por gerações, vivemos na Polônia. Infelizmente, há hoje na Europa mais minorias ciganas discriminadas. Nossa situação começa a assemelhar-se à condição dos judeus antes da Segunda Guerra Mundial."
O motorista cigano Adam - Foto: Piotr Skórnicki |
Klaudia Lopes, de origem cubana, nascida na Polônia diz que não é racista. "Com a gente trabalham pessoas do Chile, Tunisia e Inglaterra. Nosso restaurante é famoso pelo fato de que é seguro, divertido, colorido. Para alguns, até mesmo a cor da pele, porque às vezes nossos clientes escuros cheiram mal, o que significa que há muitos negros no local. Os ciganos também nos perguntam - Klaudia, você nos espulsará daqui? - Mas eu digo: Não!"
Klaudia trabalha no setor há 15 anos, foi garçonete, e diz que desde aquele tempo, o gerente daquele estabelimento não permitia a entrada de ciganos. Por que, segundo ela, os ciganos sempre faziam arruaças no local.