Meu coração polaco voltou
coração que meu avô
trouxe de longe para mim
um coração esmagado
um coração pisoteado
um coração de poeta
coração que meu avô
trouxe de longe para mim
um coração esmagado
um coração pisoteado
um coração de poeta
Paulo Leminski
Meu bisavô Piotr Jarosiński, em foto tirada em Harmonia, Monte Alegre, no Paraná, na década de 40.
Meu bisavô polaco nasceu em Dobre, próximo a Minsk Mazowiecki, na Mazóvia, em 5 de dezembro de 1880.
Filho de Jan Jarosiński (nascido em 1834) e de Wiktoria Jackowska.
Casou em Wojcieszków com Anna, filha de Antony Filip e Katarzyna Ognik em 1900. Ainda em Wojcieszków nasceram os filhos Wiktoria (1901), meu avô Bolesław (1905), Józef (1908) e Maria (1911).
Participou como soldado convocado pelo invasor russo na Guerra Rússia X Japão, em 1905. Foi ferido de guerra de primeira categoria.
Na volta, já pensando em imigrar e fugir da opressão russa fez seu passaporte em 1906. Mas somente imigrou em maio de 1911.
Saiu de Wojcieszków com a esposa e os quatro filhos a pé até a estação de trem mais próxima, em Krzywda (distante 12 km). Dali partiram até Trieste na Itália, passando por Cracóvia e Viena.
O Navio Columbia da empresa Janowitzer Wahle & Cia. fez escala em Gênova e Lisboa antes de aportar no Rio de Janeiro, em 14 de junho de 1911. Foram 24 dias no mar. Ficou 10 dias em quarentena na Ilha das Flores até receber a notícia de que havia ganhado terra colonial em Castro - PR, na Colônia do Tronco.
Viajou com a família no Ita Itaúba (navio de cabotagem brasileiro) até Paranaguá. Dali até Ponta Grossa, passando por Curitiba de novo de trem.
O último trecho da longa viagem de imigrante fez em carroça do governo paranaense. Em Castro ainda iriam nascer os filhos Władysław (Ladislau) Angelina, Jan (João) e Anaztacja.
Em 1928, vendeu a terra colonial e comprou terreno na Vila Rio Branco, onde iria morar até morrer em 1955. Na década de 40 trabalhou na construção da fábrica de papel da Klabin em Monte Alegre, Parana, Brazil.
Era alfabetizado e poliglota, lia e falava com desenvoltura polaco, russo e português. Foi antes de tudo um corajoso homem como soldado e pai de família imigrante.