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Este post é um alerta do amigo e leitor Marcos Cordiolli. O texto originalmente foi na revista científica "Nature" e reproduzida por vários jornais do mundo. No Brasil, entre outros, a Folha de São Paulo, numa colaboração da Giuliana Miranda.
Os fósseis dos primeiros tetrápodes foram encontrados na Góra Świętokrzyski (Montanha de Santa Cruz), próximo a cidade de Kielce. Os dois pesquisadores Piotr Szrek e Grzegorz Niedźwiedzki fazem parte do Państwowy Instytut Geologiczny (Instituto Nacional de Geologia da Polônia).
Grzegorz Niedżwiedzki (à direita) e Piotr Szrek ao lado do fóssil que encontraram no Sul da Polônia
Ou seja, há 395 milhões de anos, os tetrápodes --vertebrados com quatro patas-- já caminhavam por aí. E com dedos, pés e mãos articulados.
A descoberta está descrita em um estudo na edição desta quinta-feira (7) da revista "Nature", liderado por Grzegorz Niedzwiedzki, da Universidade de Varsóvia. Seu grupo encontrou, entre 2002 e 2007, várias trilhas e pegadas fossilizadas em pedra que contrariam o cenário mais aceito hoje para o surgimento dos vertebrados terrestres.
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Os vestígios encontrados, porém, são aproximadamente 18 milhões de anos mais velhos que os primeiros registros dessa transição. Segundo os autores, isso "força uma revisão radical" de teorias sobre a transição.
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Arte e ilustração: jornal Folha de São Paulo
Os rastros do animal estavam numa região que provavelmente abrigou uma lagoa de águas salgadas e rasas, de leito lamacento. É um cenário diferente do que andava sendo proposto para a origem dos vertebrados terrestres. O Tiktaalik, por exemplo, tinha vivido no delta de um rio.De qualquer maneira, no caso polaco, as condições marinhas favoreceram a preservação das marcas pré-históricas. Ainda assim, boa parte das pegadas está incompleta ou precisaria de mais exemplos para ser interpretada com precisão.
Apesar do material encontrado ter formas e características bem diversificadas, o tamanho médio das pegadas surpreendeu os cientistas. Com 15 cm, os vestígios sugerem animais de quase 2,5 metros de comprimento. Bem mais que o esperado. Uma pegada isolada com 26 cm sugere a existência de exemplares ainda maiores.