domingo, 29 de outubro de 2017

Polônia quer a estátua que a França quer mutilar

Foto: AFP / Damien Meyer
A primeira-ministra da Polônia, Beata Szydło, se ofereceu neste sábado para "salvar" uma estátua de seu compatriota, o falecido papa João Paulo II, da "censura" francesa e acolhê-la em solo polaco, se as autoridades francesas decidirem remover uma parte do monumento.

Em entrevista à agência polaca "PAP", Szydło reagiu à decisão do Conselho de Estado francês, a máxima instância administrativa do país, que ordenou na semana passada a retirada da cruz presente em uma estátua de João Paulo II na pequena cidade de Ploërmel, no oeste do país, porque este símbolo viola o laicismo estabelecido pela legislação francesa.

"O ditado da correção política - da secularização estatal - dá espaço a valores estranhos a nossa cultura e conduz ao terror na vida cotidiana dos europeus", advertiu Szydło.

Assim, a primeira-ministra se comprometeu a salvar o monumento e a transferi-lo para solo polaco "se as autoridades francesas e a comunidade local estiverem de acordo".

Após assinalar que João Paulo II advertiu que a democracia sem valores conduz ao totalitarismo, Szydło afirmou que o papa, "um grande polaco e um grande europeu", é o símbolo de uma Europa unida e cristã.

Em abril de 2015, um tribunal de Rennes determinou que a estátua fosse totalmente retirada, com base na reivindicação da Federação do Livre Pensamento do departamento de Morbihan, onde fica Ploërmel, e de dois moradores da cidade. Esta decisão, no entanto, foi anulada em dezembro daquele mesmo ano pelo tribunal administrativo de apelação de Nantes.


Agora, o Conselho de Estado aprovou parcialmente a decisão do tribunal de Rennes, ao determinar a remoção somente da cruz desta estátua que está na praça de Ploërmel, na região da Bretanha, desde 2006, quando sua instalação foi aprovada pela Câmara Municipal.

A estátua, doada pelo artista russo Zourab Tsereteli, foi instalada em uma praça em Ploërmel, sob um arco adornado por uma cruz, após uma deliberação da comunidade em 28 de outubro de 2006.

A obra tem 7,5 metros de altura e possui em seu topo um arco e uma cruz. Para o Conselho de Estado, segundo a legislação francesa, o arco não constitui um elemento que simboliza a religião, mas a cruz sim.

Se não retirar a cruz, o município terá de pagar 3 mil euros à Federação do Livre Pensamento, que fez a queixa.

Fontes: agências EFE e PAP