sexta-feira, 15 de junho de 2012

Polacos não são xenófobos

O artigo abaixo recolhi no site do jornal da cidade de León, na Espanha, traduzi-o dos espanhol e coloco a disposição dos meus leitores:








Pedro Llamas Rodrigo
Ex-chanceler da Embaixada da Espanha em Varsóvia
14/06/2012

A vida nos reserva assuntos inesperados que de repente afloram, que surgem e se destacam como choques e golpes desagradáveis e inoportunos. Fazer com que sejam palatáveis e amenos e que se acomodem em nossos sentimentos, pareceres e formas na senda de nosso caminhar ao porvir é difícil e escabroso.
Navegando na Internet alguns dias atrás, qual foi meu grande assombro e estranheza ler um pensamento e ideia descabelada e incorreta em relação a minha maneira de pensar. Refiro-me a uma crítica exacerbada. Não cito autor nem autores, "não lhes pareceria melhor que os jogos europeus de futebol tivessem lugar na Polônia e Ucrânia". Diziam e comentavam os familiares de jogadores que participam na EuroCopa que eles ficassem em casa porque senão acabariam voltando em ataúdes.
Citavam os familiares que já tinham se posicionado contra. Pareceu-me demasiado forte, ilógico e inconsequente, porque expunham razões débeis e frouxas ao serem «de ouvido» tal afirmação e acertiva lúgubre.
Os argumentos para a confirmação daquela ideia não eram convincentes ao indicar o absoluto desconhecimento da história, costumes, tradições e idiosincrasia de tais nações onde se celebram os jogos.
Minha intenção nestas linhas são expor minhas razões com absoluta e retumbante oposição e sua desacabida e deslocada opinião sem fundamento nem base na crença de xenofobia existente na Polônia. Nada falo da Ucrânia, pois não conheço. Sim, a visitei apenas.
Primeira, principal e essencial razão para poder fazer uma afirmação desse gênero é ter conhecimento profundo, sério e objetivo, após viver entre os nativos polacos durante anos. Não basta nem é suficiente uma longa excurssão turística nem viagens de grandes e numerosos negócios.
Saber o idioma e linguagem dos nativos para não ter que acudir aos intérpretes e tradutores que não duvido de suas fidelidades, porém não podem superar a certeza e verdade de conhecimentos de primeira mão, qual seja o mútuo entendimento sem recorrer ao apoio e ajuda de tradutores e intérpretes.
Pouco a pouco deve se ir conhecendo através da leitura da história, tradições, costumes… pois essa é uma valiosa e insuperável ajuda.
Os amigos e contactos com pessoas de distintas profissões, escalas, cargos e classes sociais são excelentes meios para poder melhor compreender e comparar conhecimentos adquiridos, pareceres e opiniões alcançados a partir dos diferentes e diversos grupos de falantes.
Os intérpretes seguem a proposta oficial e rotinera do governo de momento e acabam por levar e dizer aos turistas aquilo que convém e está de acordo com a tendência ideológica do partido de turno. Existem outras razões que posso citar, mas creio que as expostas são suficientes e não vejo utilidade mencionar outras para provar e argumentar minha opinião e parecer de que o povo polaco, em geral, e a nação Polônia é um país acolhedor, educado, cortês e dá as boas vindas a todo estrangeiro da raça que seja. Ao mesmo tempo, não descarto a existência de algum abobado, maluco ou retrógrado como acaba sucedendo nos demais países. Minha defesa de parecer se fundamenta e se baseia no que vivi entre los polacos desde o ano de 1992, tenho amigos de famíliares e membros de diversas e diferentes profissões como juízes, advogados, cartorários, médicos, políticos, historiadores, negociantes, operários, camponeses e toda classe de professionais artísticos do teatro, cinema e ciências que se encontram entre meus muitos amigos. Poderia expor milhares de razões para provar que nunca notei, sentido nem percebido essa tendência de xenofobia dos que consideram, achacam, inculpam e acusam de ser xenófobos os polacos.
Minha conclusão é que estas assertivas são infundadas e suas afirmações são falsas e incorretas, descentralizadas, deslocadas e injustificadas... e isto falando com suavidade e delicadeza. Suas faltas de convincentes e rotundas provas da existência de xenofobia, os fazem cair mais ainda em suas destacadas faltas de cientificismo e notável incultura sobre a história, costumes e tradições dos polacos e não ter tido experiência de vida entre e com eles.
Finalmente concluo con um dito polaco que tanto me impresionou quando em minha aprendizagem do idioma polaco. Um professor me disse o que pensan os polacos de seus hóspedes: «Um hóspede em casa é Deus em casa». Conhecendo a tradição religiosa e costumes polacos não fazem falta comentários. Só posso dizer com minha experiência que o ditado segue e seguirá no coração de todo polaco, sendo recibidos todos sem exclusão de raça nem credo.