Família Batdavaa da Mongólia - Foto: Krzysztof Koch |
Cuidam de filhos de polacos, cozinham, limpam, reformam casas. São os imigrantes ilegais na Polônia. Vivem em silêncio, com a cabeça curvada há anos e muitas vezes são brutalmente explorados.
Após vários dias cheios de movimentações nos meios de comunicação a respeito da família mongol que vivia, em Cracóvia, nos últimos 10 anos e que foi ameaçada de deportação, e finalmente recebeu uma estada tolerada. Os amigos abriram champanhe e os jornalistas puderam observar o sucesso de suas campanhas.
Ao mesmo tempo, o presidente Bronisław Komorowski salvou da deportação o oposicionista vietnamita Ton Van Anh, dando-lhe a cidadania polaca. Tais informações aleatórias que aparecem em jornais e programas de televisão podem causar a falsa impressão de que os problemas dos imigrantes são tratados de forma contínua, e que isso é ótimo. Infelizmente, isso não é bem assim não. A situação dos imigrantes ilegais na Polônia não é nada boa.
Segundo estimativas oficiais vivem na Polônia cerca de 200 mil imigrantes ilegais. A maioria deles são ucranianos.
Mas algumas fontes acreditam que este número chegue a meio milhão de imigrantes sem documentação. Os ucranianos, culturalmente próximos dos polacos, trabalham no país há anos. Estão de tal forma "entranhados" na vida das pessoas , que seria difícil se livrar deles, pois são os enfermeiros dos filhos dos polacos, cuidadores de pais idosos e empregadas domésticas. Geralmente são os trabalhadores que fazem reformas nas casas por preço mais baixo.
Pela falta de documentação estes imigrantes não têm acesso aos serviços de saúde. Vão ao médico somente quando estão prestes a morrer. Isto, não só é desumano, mas todos sabem que é mais barato prevenir do que remediar.
Estes imigrantes chegaram nos últimos anos a Polônia. São jovens e fortes e têm filhos pequenos. Em poucos anos, estas crianças cresceram e ficaram longe das escolas. Seus pais envelheceram no mercado de trabalho ilegal e agora não têm direito a aposentadoria e seus filhos são analfabetos e desempregados.
Representantes do governo polaco começam a se preocupar com a situação, mais movidos pelas pressões de ONG´s do que por um efetivo plano estatal.
Um grande equívoco é que o debate público ainda mistura o termo "imigrante" ao de "refugiado". Os imigrantes que podem ser meio milhões de pessoas, trabalham ilegalmente, pagam impositoriamente impostos. Já o estatuto de refugiado recebem dezenas de pessoas todos os anos. Este é um grupo muito específico de pessoas que não migram para disputar o mercado de trabalho, mas que fogem da terra natal devastada pela guerra, ou de países regidos por regimes opressivos. Pessoas com traumas e sem saída. Elas precisam de cuidados especiais - cuidados físicos, médicos e psicológicos. E se a palavra "solidariedade" na Polônia, representa alguma coisa, os polacos sentem-se obrigados a dar essa assistência.
A deportação, único meio, para sanar esta situação, de acordo o britânico Institute for Public Policy Research , levaria três décadas para dar resultados a um custo 11 mil libras por pessoa, de apenas meio milhão de imigrantes ilegais no Reino Unido.