terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

VAMOS TRAZER OS POLACOS DO BRASIL

No telão, Ulisses Iarochinski direto do Brasil,  atrás dos presidentes das associações
e representantes do Ministério das Relações Exteriores

INFORMAÇÃO DA ZPP PARA A IMPRENSA.

Uma em cada quatro pessoas de nacionalidade polaca não vive na Polônia, atualmente. Uma das maiores diásporas polacas do mundo é o Brasil, onde, de acordo com várias estimativas, existem 1,5 a 4 milhões de pessoas de origem polaca. Eles são principalmente descendentes de emigrantes da segunda metade do século XIX.

Vamos trazer nossos compatriotas do Brasil - são os apelos da Associação de Empresários e Empregadores da Polônia. Uma sociedade em envelhecimento é um dos principais desafios que a economia e a sociedade polacas devem enfrentar. Segundo as previsões, até 2050, a população do nosso país diminuirá para menos de 34 milhões de cidadãos. A fim de evitar as consequências econômicas e sociais deste fenômeno, a Polônia deve procurar inverter a tendência negativa e implementar o programa de 50 milhões de cidadãos para 2050.

Este objetivo pode ser alcançado através de uma política demográfica agressiva, apoiando a família como uma forma chave de organização da sociedade, ou emigração controlada da Bielorrússia, Vietnã e Ucrânia e países asiáticos selecionados.

Além disso, o governo deve se concentrar na fuga de cérebros de todo o mundo e, em particular, em tirar os polacos da emigração, dizem especialistas da União de Empresários e Empregadores.

De acordo com dados do GUS, em nosso país, quase 37 milhões de pessoas declaram sua nacionalidade a Polônia. Ao mesmo tempo, de 13 a 16 milhões de polacos vivem fora das fronteiras.

A ZPP - Associação de Empresários e Empregadores da Polônia pede ações a serem realizadas no sentido de para trazer o maior número possível de nossos compatriotas do exterior.

Uma das maiores diásporas polacas é o Brasil. Estima-se que haja entre 1,5 e 4 milhões de polacos, principalmente os descendentes da emigração polaca a partir da segunda metade do século XIX.

No Paraná, uma em cada dez habitantes tem raízes polacas. Devemos restaurar seus laços com a Polônia e trazer de volta o maior número possível de nossos compatriotas do Brasil - diz Piotr Palutkiewicz, diretor de programas e projetos da ZPP.

O especialista ressalta que - atingir até 1% das pessoas desse grupo é criar 30.000 novos empregados em potencial no mercado de trabalho da Polônia ou atingir consumidores de produtos polacos, porquanto é realista pensar em se chegar a 8% a 10%. destes imigrantes de origem polaca.

Tendo em mente que a reconstrução dos laços com a Polônia é importante no contexto do retorno ao país, a Associação de Empresários e Empregadores recomenda a criação de um portal on-line dedicado para expatriados polacos no Brasil. Recomendamos que o portal para os emigrantes polacos e descendentes deve incluir informações sobre todas as formas de assistência que serão destinadas a eles, em particular, sobre a possibilidade da "Carta Polaca", cursos de línguas, cultura polaca e economia, história de polacos no Brasil, as oportunidades para ir para a Polônia e obter um emprego ou iniciar estudos. O portal deve ser criado nos idiomas polaco e português - diz Piotr Palutkiewicz.

Os especialistas da Associação Nacional também postulam mudanças nos termos da obtenção da "Carta Polaca". A solução mais importante que encorajaria os emigrantes a regressar à sua terra natal será a introdução de alterações legislativas destinadas a abolir a obrigação do conhecimento do idioma polaco para os descendentes de polacos que solicitarem a Carta.

Este documento permitirá o uso de uma série de benefícios, como permissão para trabalhar na pátria ancestral ou isenção de taxas relacionadas ao procedimento de obtenção da cidadania polaca - recomenda a ZPP em relatório apresentado hoje.

Segundo Palutkiewicz, o governo deve se esforçar para trazer polacos não apenas do Brasil, mas também de outros países. A Polônia pode não apenas ter uma força nova em nosso mercado de trabalho, mas também pode ser um potencial comprador de produtos polacos, de turistas ou empresários que buscam novos mercados para investimentos. Nossos compatriotas espalhados pelo mundo podem ser uma grande força de nosso país - acrescenta o especialista.

Coletiva de Imprensa para anunciar a Karta Polaka

Associação de Empresários e Empregadores Gestão: Cezary Kaźmierczak - Presidente Marcin Nowacki - Vice-Presidente Varsóvia, 26 de fevereiro de 2019. ul. Nowy Świat 33, 00-029 Warszawa, email / biuro@zpp.net.pl, tel / 22 826 08 31,

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Lançamento do livro "CRUZ MACHADO - Lenda virou história"


O jornalista e historiador Ulisses Iarochinski lançou mundialmente, neste sábado, na maior livraria online do mundo - a Amazon.com - seu livro em formato E-book. O livro que tem 261 páginas conta a história da maior colônia de imigrantes polacos do Brasil – Cruz Machado - localizada a 40 km de União da Vitória.

Resultado de cinco anos de pesquisas na Polônia e no Brasil, a obra ao mesmo tempo desmiStifica e desMitifica a oralidade histórica de pessoas reais e descendentes que transformaram em lenda uma história que não teve nada de tão trágica quanto foi construída pelos moradores.

Iarochinski declara que levou 13 anos para publicar a obra. Depois de várias tentativas de publicar em papel através de patrocínio, editoras, apoios institucionais, leis de incentivo rendeu-se e acabou por lançar o livro não-impresso no formato online. “Teve que ser via E-book. Não, porque não quis lançar em papel, mas porque nunca houve dinheiro para tal”.

Cruz Machado, hoje, município no Sul do Estado do Paraná, foi criado como colônia de emigrantes polacos, rutenos e alemães, em 19 de dezembro de 1910. Era a maior em área territorial já criada. Logo nos dois anos seguintes recebeu 5.500 imigrantes. E foi aí que uma trágica lenda começou a ser contada. Mas Iarochinski ao ganhar uma bolsa de estudos do governo da Polônia, foi para Cracóvia para escrever sobre a maior tragédia ocorrida entre os fluxos imigratórios do Brasil.

Surpresas e contradições foram surgindo ao longo das pesquisas e das contraposições de informações. De um lado, o depoimento de pessoas ao redor dos cem anos de idade, que diziam ter acompanhado de perto os acontecimentos, e de outro lado, provas primárias, tais como publicações oficiais, jornais da época e relatos de viajantes polacos desmintindo e desqualilificando a oralidade dos envolvidos na tal “tragédia”.
Ulisses Iarochinski

Iarochinski afirma que teóricos da historicidade argumentam que existe ligação entre memória e identidade e que ambas se conjugam e se apoiam para produzir uma narrativa, uma história e até mesmo um mito. “A memória individual é um fragmento da memória coletiva, onde membros de um grupo produzem a respeito de uma memória comum. Fontes orais nos contam não apenas o que o povo fez, mas o que queria fazer, o que acreditava estar fazendo e o que agora pensa que fez. A história oral, trabalha com lembranças. Enquanto a memória é vida, gestada por grupos vivos, em permanente evolução; a história é uma reconstrução completa e inconclusiva da problemática do passado.”

Para Iarochinski “se a memória é afetiva e mágica; a história é uma operação intelectual. Exatamente como a memória, a ciência história pode remontar o passado e foi isto que aconteceu em Cruz Machado. A oralidade tomou conta da história e a subverteu criando uma lenda fantástica e trágica para explicar as dificuldades de seu início. Ao ignorar, omitir e confundir a história real da colônia Cruz Machado oficializaram a lenda em detrimento dos fatos, registros e documentos”.

“CRUZ MACHADO - Lenda virou história” Está disponível para venda na Amazon.com no endereço https://www.amazon.com.br/dp/B07P197Y34, no valor de R$ 22,54 (vinte e dois reais e cinquenta e quatro centavos) preço Kindleunlimited.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Kaczyński quer reescrever história recente da Polônia

Uma batalha política sobre a história agora assombra a memória mais orgulhosa da Polônia.
Como a queda do Muro de Berlim começou em uma bela cidade portuária báltica na Polônia com o Movimento Solidariedade.


O imenso museu parece um casco de navio enferrujado e pode ser um primo distante de seu equivalente mais elegante de Belfast. O Titanic Museum lembra um navio que afundou em sua viagem inaugural. Mas a nave metafórica do Solidariedade, lançada aqui em Gdańsk, em 1980, revelou-se inafundável.

A Europa está se preparando para o 30º aniversário da queda do Muro de Berlim, ocorrida em 9 de novembro de 1989, e a revolução pacífica que reformulou o continente.

O lugar perfeito para começar a jornada é o extraordinário Centro Europeu de Solidariedade (ECS). É um tributo adequado a como e onde tudo começou: na bela cidade da Polônia e aos bravos membros do sindicato Solidarność (Solidariedade), fundado no Estaleiro Lenin de Gdańsk.

O guia do aparelho de áudio do museu, em seu primeiro minuto, insta os visitantes a "descobrirem sobre a história e decidirem sobre o futuro".

Os visitantes que entram na exposição são mergulhados em uma recriação atmosférica dos salões dos estaleiros próximos com objetos-chave.

Primeiro: a cabine do guindaste amarelo de Anna Walentynowicz, uma funcionária de um estaleiro de Gdańsk e ativista sindical, demitida em agosto de 1980, apenas cinco meses antes da aposentadoria.
Anna Walentynowicz

Isso levou a uma greve e à segunda exposição: painéis de compensado exibindo 21 demandas de trabalhadores escritas à mão, incluindo: sindicatos livres; o direito legal de greve; e o fim da repressão de ativistas independentes.

O terceiro objeto: uma picape amarela, do tipo que foi usada por Lech Wałęsa, um eletricista de estaleiro com bigode, como um palco móvel para ganhar apoio público.

Enfrentando a fúria dos trabalhadores sem precedentes, o governo socialista de Varsóvia reconheceu o Solidariedade como o primeiro sindicato do bloco soviético. Seus membros cresceram para 10 milhões em seu primeiro ano - uma sensação em um país de 36 milhões - e a organização desafiou a ficção de que a República Popular representava os trabalhadores.

A luta surgiu depois que as promessas do pós-guerra dos líderes socialistas resultaram na queda dos padrões de vida e na crescente opressão. A revolta dos trabalhadores em 1970 foi derrubada violentamente pelo exército, com pelo menos 42 mortes.



Jaqueta perfurada à bala
Era um trabalhador de estaleiro de 20 anos de idade, Ludwik Piernicki. Sua jaqueta de couro, perfurada por balas está pendurada no museu ao lado de fotos policiais de manifestantes polacos: trabalhadores, estudantes e aposentados. Seus olhares - de medrosos a desafiadores - nos lembram das muitas faces do protesto policial contra o regime.

Companheiros carregam o corpo do jovem assassinado pela polícia, Ludwik Piernicki, pelas ruas de Gdańsk 
Varsóvia tentou de tudo para domar o Solidariedade. A lei marcial - imposta em 1981, suprimiu a organização e aprisionou seus líderes. Mas em 1989, o jogo estava em alta. Com Moscou não vendo mais a parte de trás de seu satélite polaco, a intimidação estava fora da mesa.

Uma perspectiva econômica desastrosa na primavera de 1989 levou as autoridades polacas a realizar conversas em mesas redondas de fevereiro a abril.

Eleições semi-livres se seguiram em junho. Em todo o bloco soviético, a transição para a democracia estava em andamento. Este triunfo trouxe a Wałęsa a fama mundial, o Prêmio Nobel da Paz de 1983 e a presidência democrática da Polônia.

Lech Wałęsa

Mas agora Wałęsa, uma figura complexa e muitas vezes enfurecedora, e o legado do Solidariedade estão sob ataque de Jarosław Kaczyński. Este era uma figura marginal do Solidariedade na década de 1980, mas agora é o líder de fato da Polônia, como chefe do partido governista Direito e Justiça - PiS.

Jarosław Kaczyński
Desde que venceu a eleição de 2015, o PiS (com maioria absoluta no Congresso) reformulou os tribunais, a televisão pública e o Ministério Público da Polônia, para libertá-los do que o partido vê como estruturas incrustadas de compadrio.

Os críticos descartam isso, dizendo que as reformas são para colocar as instituições públicas sob controle direto do PiS. Mas agora o inquieto Kaczyński quer mais: reformular o mito do Solidariedade fundador da Polônia moderna.

Como? Ao denegrir a transição negociada de Wałęsa para a democracia como um compromisso preguiçoso que permitiu que as figuras comunistas se apegassem ao poder e à influência, às custas dos polacos comuns que se sentem deixados de fora da transição neoliberal.

Para eles, o PiS tem um mito fundador alternativo: o desastre aéreo de Smoleńsk de 2010, que custou a vida de 96 pessoas, incluindo o irmão gêmeo do líder do PiS, o presidente Lech Kaczyński.

Com ele a bordo do avião estavam altos funcionários do Estado e importantes figuras públicas - incluindo a mãe fundadora do Solidariedade, Anna Walentynowicz.

Relatórios denominaram a queda do avião de acidente, mas o irmão gêmeo do presidente, o sobrevivente Kaczyński construiu uma contra-narrativa sobre como o avião foi abatido por russos, em conluio com seus rivais políticos. Mas para sua lenda de Smonlensk decolar, com seu falecido irmão e a Sra. Walentynowicz como suas novas figuras fundadoras, o museu Solidariedade de Gdańsk precisa ser trazido para o calcanhar da história.

O governo da Polônia cortou o financiamento do Centro quase pela metade, argumentando que seu programa educacional e instalações para as ONGs são abertamente políticos. Funcionários do centro sugerem que o problema é mais que o trabalho deles, e que não refletem, por isso mesmo, os interesses políticos do PiS.

"Ao invés de uma compreensão mais ampla da sociedade civil, a atitude do governo é: porque estamos financiando mais, devemos ser capazes de controlá-lo", diz Kacper Dziekan, da ECS.

Ele diz que a ECS vê sua missão como adaptar a mensagem do Solidariedade para o século 21. Mas sua visão de uma Polônia progressista, inclusiva e liberal está em conflito com a visão do PiS: conservadora, nacionalista, patriótica.

Mas o corte de fundos do PiS saiu pela culatra: polacos furiosos lançaram uma campanha de financiamento coletivo que substituiu a lacuna de financiamento. E agora até velhas lendas do Solidariedade voltaram para a batalha.

Bogdan Borusewicz
Bogdan Michał Borusewicz que organizou as greves de estaleiros originais, foi aprisionado e viveu durante anos na década de 1980 nos subterrâneos polacos. Em seu escritório no senado em Varsóvia, ele é magnânimo sobre como o resultado e muita atenção - e crédito - foi mudado por Lech Wałęsa.

"Eu empurrei e Wałęsa puxou", ele brinca. "Mas do começo ao fim eu estava no olho do ciclone, eu e muita gente."

Ao contrário de Wałęsa e Kaczyński, Borusewicz ficou longe das negociações da mesa redonda de 1989, e criticou o cronograma de transição como tendo sido "apressado". Mas hoje Borusewicz defende Wałęsa e descreve como “escandaloso” o que o PiS está fazendo ao tentar deslegitimar o passado.

"A história contrafactual não é história", diz o historiador de 70 anos que virou político, insistindo que os fatos da revolução do Solidariedade não estão em discussão.

“O PiS deveria ter esperado mais até morrermos e tentar mudar a narrativa histórica. O problema é que Jarosław Kaczyński tem a minha idade, então ele não pode esperar mais.”

Texto: Derek Scally
Tradução: Ulisses Iarochinski
Fonte: The Times Irish  

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

"Guerra Fria" em cartaz no Brasil

"É um poema ajudado não apenas pelas músicas, mas pela incrível fotografia e delicadeza de imagens e sentimentos".
Rubens Ewald Filho


Este é um dos filmes mais premiados deste ano, em todo o mundo. Este romance foi nomeado para 12 Eagle Awards (incluindo melhor diretor e filme) e também o European Awards (5 prêmios).

O romance após guerra é uma coprodução entre França, Polônia e Inglaterra. Este ano no Oscar, ele foi indicado a concorrer como melhor filme estrangeiro, melhor diretor e fotografia. Sem esquecer quatro indicações para o BAFTA britânico.

A história é baseada na vida dos pais do diretor do filme Pawlikowski e foi todo rodado em preto e branco, ou monocromático, o que o torna mais romântico e trágico o complicado romance entre músico (Tomasz Kot) e sua musa (Joanna Kulig).

Pawlikowski foi também premiado como melhor diretor no Festival de Cannes.

Dados importantes: o romance entre os principais personagens foi inspirado na vida real de seus pais, que romperam o casamento algumas vezes chegando a se mudarem de uns pais para outro. O filme é dedicado a esses seus “pais”, inclusive usando os nomes reais dos protagonistas.

Este foi o primeiro filme de língua polaca desde 1990 a ser exibido no Festival de Cannes (bem depois de outros polacos como Polański e Kieślowski). O sucesso foi tão grande que teve uma ovação de 18 minutos.

Importante: os personagens principais foram baseados na vida real de uma famosa escola e grupo folclórico polaco que se chamava Zespól Pieśni i Tanca Mazowasze (no filme o sobrenome foi mudado para Mazurek).

Foi assim que Tadeusz e Mira se casaram e depois da guerra se mudaram para o interior onde procuraram cantores e dançarinos folclóricos. Eles também compuseram a canção Dwa Serduzka, Cztery Oczky são as que servem de motivação para o filme.



Joanna Kulig fez antes também um papel de cantora em outro filme de Paweł Pawlikowski , chamado "Ida". A influência dela foi tentar ficar parecida com a atriz americana Lauren Bacall

Outra informação importante: Paweł chamou para o grupo dançarinos do grupo Mazowsze (que ainda estava ativo até hoje) que ilustrava a sociedade e polaca da época.

O Mazowsze além de um grupo folclórico de canto e dança também é uma escola. E está para as danças folclóricas de todo o mundo, como o Bolshoi russo está para as danças clássicas.  Os estudantes moram na própria escola, numa cidadezinha nos arredores de Varsóvia.

O filme era para ser feito a cores (se reparar bem, apenas a cena em que a Joanna canta há certo tom de cores). Todos os números de Jazz foram executados por Marcin Masecki. Este foi o único filme do Oscar deste ano que foi indicado como melhor diretor e não apenas filme.

Conclusão artística: tantos elogios, tanta repercussão para um filme musical e de amor. Só que é muito mais. Certamente é um dos poucos filmes recentes da Polônia corajoso o suficiente para questionar o passado e colocar o amor mais importante do que se sacrificar pelo comunismo stalinista. É um poema ajudado não apenas pelas músicas, mas pela incrível fotografia e delicadeza de imagens e sentimentos. Não perca.

Paweł Pawlikowski - Foto: Mario Anzuoni/Reuters
"Guerra Fria" fala de paixão sob o stalinismo
Luiz Carlos Merten, O Estado de S. Paulo

Foi no fim do ano passado. Quando conversou com o Estado, pelo telefone, o diretor polaco Paweł Pawlikowski estava em Los Angeles para promover "Guerra Fria" entre os votantes da Academia.

Indicado pela Polônia, o longa – em cartaz nos cinemas – terminou entre os cinco indicados que disputam na categoria de melhor filme em língua estrangeira, na premiação de domingo, dia 24.

Pawlikowski, que já venceu o Oscar por "Ida", concorre pela segunda vez. É sinal de prestígio, mas, dessa vez, trombando com "Roma", do mexicano Alfonso Cuarón, que também está na disputa, será mais difícil.

É curioso que ambos estejam concorrendo não apenas com filmes pessoais, mas autobiográficos.

“A história de um casal que não consegue viver junto nem separado já é antiga no meu imaginário. Me persegue há muitos anos e, na verdade, é a história de meus pais. E porque mexe com coisas que são muito profundas e até dolorosas para mim, eu queria, mas não sabia como abordar um tema tão pessoal. Foi uma longa caminhada. Cada filme me aproximava do meu objetivo. E creio que a solução veio com Ida, com sua narrativa elíptica. Deixei de pensar num roteiro construído como encadeamento de causas e efeitos, mas como uma sucessão de momentos fortes, emotivos e plásticos, com o mínimo de palavras e o máximo de ambientação. Atirei-me com paixão, a paixão de meus pais, mas nunca me senti tão inseguro num set. O tempo todo me perguntava se daria certo. Estava assumindo um risco.”

Há alguns anos, Pawlikowski quase contou essa história, mas disfarçada. “Seria um filme sobre os poetas Sylvia Plath e Ted Hughes. Eles também se amavam, e brigavam, e Sylvia se matou quando Ted a abandonou. Era uma história parecida com a de meus pais, mas seria uma grande produção hollywoodiana, com astros e estrelas, e eu senti que não teria espaço para o tipo de intimismo que queria criar. Desisti. Veja que, no filme, dei os nomes de meus pais aos personagens, Wiktor e Zula, diminutivo de Zuzanna. O problema é que, quanto mais me aprofundava na história, menos entendia as motivações de meus pais. O que ajudou foi o contexto histórico, o stalinismo, o folclore. O background deu consistência e coerência à dupla.”

A música vira personagem. “Demorei meses pesquisando as músicas do filme. São canções folclóricas em versões de jazz. O próprio jazz tem um significado. Era sinônimo de decadência no stalinismo, e por isso mesmo foi sempre associado, na Polônia, a contestação e resistência.” O plano-sequência, na cena do check-point, não é só tecnicamente brilhante.

“Como todo o filme, foi muito pensado. Metaforiza a dificuldade de decidir. Filmei em seis meses, que é muito tempo. Achava a história pesada. Foi na hora, no set, ao filmar o fim, que tive o insight de fazer Zula dizer aquela frase. Faz toda a diferença na relação do filme com o público. E prova que improvisar também pode ser bom.”

Guerra Fria (Cold War)
Polônia, França, Inglaterra, 2018.
Direção de Paweł Pawlikowski.
Roteiro e direção de Paweł, colaboração de Janusz Głowacki e Piotr Borkowski.
Atores: Joanna Kulig, Tomasz Kot, Borys Szyc, Agata Kulesza, Cédric Kahn, Jeanne Balibar.

O filme está em cartaz em Curitiba, esta semana, numa das salas do Cinema Itaú Cultural, do Shopping Cristal, nos horários de 15h40, 17h40 e 21h40.

Jovens polacos cada vez mais direitistas

Foto: TV Republika
Partidos conservadores e de direita receberam apoio de dois terços do eleitorado jovem nas últimas eleições gerais na Polônia.

Defendendo valores pós-materialistas, juventude anseia por tradição e segurança.Nas comemorações do centenário de independência da Polônia, em novembro último, os espectadores se depararam com uma cena incomum: jovens marchando por Varsóvia, com o corpo enrolado em bandeiras brancas e vermelhas e cantando o Hino Nacional polaco.

Somente uma marcha patriótica ainda poderia atraí-los para as ruas. Porque quando os mais velhos se manifestam contra a política conservadora do governo, os mais jovens ficam em casa. Eles defendem valores conservadores e votam em partidos de direita.

A guinada para a direita da geração mais jovem na Polônia não é uma tendência temporária nem uma expressão de protesto. Ele representa uma nova autoimagem que cresceu com a política dos últimos anos. Os jovens polacos se voltam para valores pós-materialistas, que foram desprezados durante um longo tempo. Eles anseiam pela Igreja, por tradição e segurança.

Nas eleições gerais de 2015, a guinada para a direita da geração mais jovem foi percebida pela primeira vez. Dois terços de todos os eleitores com idade entre 18 e 29 anos votaram em partidos à direita do centro do espectro político. O extrema-direita PiS, atualmente no poder, angariou 27% de seus votos.

Outros 21% foram para o novo movimento populista de direita Kukiz'15, e 17%, para a legenda antissistema Partido da Liberdade. As eleições regionais de outubro confirmaram o padrão: o PiS conquistou o maior número de votos dessa faixa etária, e também o Kukiz'15 continuou a contar com esse apoio.

Os jovens não só votam nos conservadores e direitistas, mas também pensam dessa forma. Isso foi demonstrado num estudo publicado em novembro pelo Instituto de Opinião e Pesquisa - IQS. Os cientistas entrevistaram poloneses sem filhos e na faixa dos 16 aos 29 anos de idade.

"Nos últimos três anos, os jovens poloneses se voltaram para valores ainda mais conservadores", resumiu a psicóloga social Marta Majchrzak, uma das coautoras do estudo. "Eles confiam em autoridades, sonham com o casamento e têm orgulho de serem cidadãos polacos." O estudo classificou apenas 9% dos entrevistados de "cosmopolitas" e "abertos à alteridade".

Esquecendo o socialismo
A atitude conservadora da geração mais jovem pode ser explicada pelas reformas econômicas após o fim da União Soviética. Polacos com menos de 30 anos já não se lembram do socialismo. Eles cresceram numa época em que seus pais montaram seus próprios negócios.

O sucesso econômico passou a vir em primeiro lugar, com o Ocidente como ideal. Os pais prometiam aos filhos que sua nova Polônia logo se tornaria um membro igualitário da União Europeia (UE) e que iria se desenvolver até estar em pé de igualdade com os vizinhos alemães.

Mas logo as promessas foram seguidas de decepção. Sob o partido liberal de centro-direita PO, que governou o país de 2007 a 2015, a economia cresceu, mas não a segurança econômica dos mais jovens. O desemprego juvenil aumentou até atingir o pico de mais de 27%, em 2013.

Aos jovens polacos restaram contratos temporários de emprego, com salários menores que o esperado. Após ainda terem ajudado o PO a vencer a eleição de 2007, eles se afastaram do partido nos anos seguintes e votaram em nacional-conservadores, que lhes prometeram uma política mais voltada para o lado social.

De acordo com o estudo do IQS, a geração mais jovem vê o país como um enclave seguro, que a protege das incertezas do mundo. Três em cada quatro entrevistados disseram ser contra o acolhimento de refugiados. Quase um terço afirmou que abriria mão da liberdade pessoal em prol de mais lei e ordem.

Isso não significa, no entanto, que os jovens polacos estejam se afastando dos valores democráticos. "Esta geração não é de forma alguma de extrema direita", aponta Henryk Domański, sociólogo e diretor do Instituto de Filosofia e Sociologia da Academia de Ciências de Varsóvia. "Os jovens poloneses são apolíticos, por esse motivo os votos para os partidos mais radicais pesam mais".

Isso também foi demonstrado na eleição regional no fim do ano passado: a principal disputa eleitoral ocorreu entre PO e PiS. Desde 1990 não se viam tantas pessoas votando: o comparecimento eleitoral foi de 51%. Mas apenas 37% dos eleitores entre 18 e 29 anos foram às urnas.

"Um partido de direita como Kukiz'15 só conseguirá se beneficiar de forma temporária do conservadorismo dos jovens", afirma Domański. O sociólogo recorda os partidos antissistema Ruch Palikota (Movimento Palikota) e o Samoobrona (Autodefesa), que conseguiram conquistar a preferência do eleitorado jovem alguns anos atrás. Politicamente, ambas as legendas já não têm, há muito, mais nenhuma importância.

Domański disse estar convencido de que os jovens polacos permanecerão leais ao conservador PiS nas eleições do ano que vem. Além disso, aqueles com menos de 30 anos deverão continuar conservadores.

Atualmente, vê-se crescer uma geração de jovens na Polônia, cujos pais emigraram para países do Oeste da UE em busca de melhores salários. Os chamados "euro-órfãos" cresceram longe dos pais ou mães duranre meses. Eles também anseiam por tradição e segurança.

Tradução: Nossa Polonidade, Nosso Orgulho
Uma outra Pesquisa
A pesquisa do CBOS (Centro de Pesquisa e Opinião Social) mostra claramente que os jovens polacos na faixa etária dos 18 aos 24 anos estão se tornando mais direitistas em seus pontos de vista do que esquerdistas e bem mais que as pessoas que viveram os tempos do comunismo.

Tradução: Os pontos de vista políticos declarados dos entrevistados de 18 a 24 anos acabou em segundo plano. Médias móveis centralizadas de três meses. Esquerdista (18-24 anos) - Direitista (18-24 anos),  (total)

De novo a tradição, cultura e história polacas, simplesmente a polonidade se torna mais fria para os jovens.

A ideologia esquerdista está experimentando um declínio total de sua existência na Polônia.  A pesquisa tenta admitir que cada vez mais os jovens polacos estão levando a vida a sério, além de "serem capazes de distinguir entre ideologias que levam à destruição da tradição e dos valores daqueles que a valorizam", opina o redator do site da Telewizja Republika (de extrema-direita).

O redator da Republika afirma que não é surpreendente que a pesquisa do CBOS mostre que a ideologia de direita está se tornando um pão diário para a maioria dos jovens polacos.

Apelando de forma nada jornalística, o redator da TV Republika afirma que "com certeza", o poder do atual governo de extrema-direita contribui para a mudança ideológica dos jovens, "porque pela primeira vez desde 1989 temos 100% de um governo da Polônia, que não é de escravos de russos, nem de alemães! Há também jovens que consideram a fé católica algo importante, e não apenas para avós e avós".

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Fontes: Rádio Deutsche Welle (Estatal alemã)  e Telewizja Republika

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

O significado da palavra Tatra

Foto: National Geographic
As montanhas mais belas da Polônia: Tatras

Os Tatras são um setor da cadeia de montanhas Cárpatos, nas fronteiras da Polônia com a República Tcheca e Eslováquia. Os Cárpatos da fronteira com a República Tcheca tem o nome de Beskide (em polaco Beskidy; em tcheco e eslovaco, Beskydy; em ucraniano, Бескиди)

Mas na fronteira com a Eslováquia os Cárpatos ganham o nome de Tatra. E também na fronteira entre a Ucrânia e a Hungria, já que até 1945 toda a região pertencia para a Polônia.

Ao longo dos séculos foi recebendo os nomes de "Tritri" (em 1086) "Tatry" (em 1255), no século XIV em húngaro foi chamado de "Thorholl" (1256), "Thorchal", "Tarczal" ou "tutur", "Thurthul" que com esta denominação poderia significar poderia Inferno.

O poeta polaco Adam Mickiewicz usou o nome Tatry e Krępak de forma intercambiável, exatamente como cem anos antes Spener fazia o mesmo.

Em 1790, Baltazar Hacquet escreveu que os eslavos chamavam aquelas montanhas de Tatari ou Tatri, querendo dizer que o nome tinha relação com as hordas de Tártaros (mongóis) que invadiram a região várias vezes.

De acordo com o professor de etimologia de Jan Michał Rozwadowski o nome Tatry (do antigo idioma polaco Tartry deve ser combinada com o celta "tertre", que significa Colina.

Assim, as Montanhas Tatra teriam originalmente significado colinas.

Os picos mais altos das montanhas Tatras e suas denominações no idioma polaco

Da justaposição das palavras "Tertre Tatras", o poeta Norwid a escreveu assim.

Alguns autores também sugerem que a origem da palavra poderia ser dácia ou trácia. No início dos Tatras do século XIX foram chamados Karpat (ou seja, montanha mais alta coberta de neve) com a versão Dacko-iliryski "Karpe" que significa rocha em língua polaca antiga, preservada na forma de, por exemplo "karp", que significa "afiada", ou "es - carpa", ou seja, encosta da montanha.

E que também dá o nome à espécie de peixe muito abundante da região que é a carpa, que ao contrário do que muitos pensam não é só húngara, mas também é eslocava, ucraniana e polaca.

No lado polaco, uma cidade se destaca por ser considerada a capital do inverno da Polônia: Zakopane (que em polaco antigo significa encoberta), além das localidades de Kościelisko, Poronin, Biały Dunajec, Bukowina Tatrzańska, Białka Tatrzańska, Murzasichle, Małe Ciche, Ząb, Jurgów e Brzegi.

No lado eslovaco se destaca a cidade de  Wysokie Tatry.

Nos Tatras estão localizados  25 Albergues (Hostel em inglês e Schronisko em polaco), sendo 9 na Polônia e 16 na Eslováquia.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Origem da palavra Wawel


A famosa colina de Wawel, em Cracóvia, onde estão três lugares históricos dos mais importantes para a Polônia: o castelo real, a catedral metropolitana e a caverna do dragão, tem uma denominação muito conhecida em todo o mundo, não só na Polônia, mas também em Curitiba, que abriga um edifício com este nome.

Mas pouco se comenta, ou quase ninguém sabe explicar o que realmente significa esta palavra. Muitas explicações já foram tentadas, mas ninguém ainda chegou a um veredito final.

Para alguns Wawel tem origem no eslavo antigo, ou proto-eslaco "Wąwel". Cuja pronúncia em polaco seria "vonvél". Seu significado: Ravina. Esta ravina teria no passado distante dividido a colina cracoviana em duas, ou mais partes.

Outros argumentam que a palavra significa "protrusão dos pântanos" que circundava a colina. E protrusão por sua vez significa: movimentação, ou deslocamento. No caso movimentação do pântano que circundava a colina em tempos passados.

Pintura a óleo de 1847 ( x50 cm) do artista Jan Nepomucen Głowacki
Já a teoria mais recente é de que "Wawel" é uma continuação regular do palavra em grego Babel, a da torre que motivou a criação dos diferentes idiomas humanos.

E que nas línguas eslavas das antigas Igrejas, a consoante B teria se convertido em W.

O castelo, catedral e demais edificações da colina estão numa altitude de 228 metros acima do nível do mar e nas margens do rio Vístula que corta a Polônia de Sul a Norte.


O castelo foi construído pelo rei Casimiro III - o Grande.  No século XIV foi reconstruído por sua filha a Rei Edvirges (Santa Jadwiga) e seu esposo lituano Jogaila.

Também na colina de Wawel estão os edifícios que foram usados pelos empregados e artesãos reais, além do clérigos como os cardeais, bispos e padres. Também estão as muralhas e torres defensivas chamadas de Jordanka, Lubranka, Sandomierska, Tęczyńska, Szlachecka, Złodziejska e Panieńska.

Em Curitiba, no coração da cidade, na praça Ozório, o médico Edwino Donato Tempski construiu um enorme edifício e lhe deu o nome de Wawel e fez colocar um mosaico no hall de entrada, no térreo, retratando a colina e o dragão símbolo das lendas da cidade de Cracóvia.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Polônia vende carne estragada para 9 países

França e outros dez países da União Europeia busca carne estragada vendida pela Polônia e distribuída no país.

Foto: TVN24
O governo francês ainda não sabe se a carne chegou às prateleiras. A vigilância sanitária francesa encontrou 795 quilos de carne estragada polaca em nove empresas do setor agroalimentar do país.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (1) pelo ministro da Agricultura, Didier Guillaume. No total, 150 quilos do produto já foram recuperados nas empresas de transformação que foram ludibriadas pelo fornecedor polaco.

Segundo o ministro francês, a justiça polaca abriu um inquérito para investigar a comercialização de gado doente por um abatedouro local, que teria distribuído a carne estragada para vários países da União Europeia. “Durante o dia saberemos onde está o restante. A rastreabilidade na França funciona bem, disse Guillaume. “É uma fraude terrível, econômica e sanitária”, disse o ministro francês.

Ainda não se sabe se parte da carne chegou às prateleiras para consumo. A comissária europeia para a Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andiukaitis, anunciou a realização de uma inspeção na Polônia na próxima semana e pediu às autoridades polacas que assegurassem o respeito às normas europeias.

A inspeção veterinária no país anunciou nesta quinta-feira (31) que 2,7 toneladas de carne de bois doentes, provenientes de abatedouros clandestinos, foram exportadas para dez países europeus além da França: Finlândia, Hungria, Estônia, Romênia, Suécia, Espanha, Lituânia, Portugal e Eslováquia.

Vídeos chocantes
Um repórter do canal de televisão polaco TVN24, que passou três semanas em um abatedouro em Kalinowo, no norte, traz imagens chocantes de animais doentes, puxados com uma corda pelo pescoço, dentro de um caminhão. Em seguida, os vídeos exibem carcaças e pedaços de carne visivelmente impróprios para consumo.

Segundo o Ministério da Agricultura polaco, trata-se de um incidente “isolado”. As autoridades eslovacas também descobriram pelo menos três carregamentos de carne de boi importados da Polônia, que estariam associados ao caso.

Foto: TVN24
As autoridades sanitárias portuguesa ja apreenderam, no país ibérico, a totalidade do lote de carne, com 99 quilos, vindas da Polônia que foi encaminhado para destruição, após ter sido divulgado que carne de gado bovino doente vindo daquele país tinha sido exportado para vários países europeus.

A operação das autoridades portuguesas seguiu-se a um comunicado da Rede de Alerta Rápido, que integra o sistema de Segurança Alimentar da União Europeia (RASFF - Food and Feed Safety Alerts | Food Safety).

O alerta dizia da detecção de um lote de carne de vaca sem condições para entrar na cadeia de consumo, com origem na Polônia, e tendo como destino um atacadista em Portugal.

A Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) apresentou já o relatório da situação às autoridades europeias, segundo informou ao final da manhã de ontem, o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

Na Polônia
O chefe do departamento de veterinária, Paweł Niemczuk, informou que a carne das vacas doentes e mortas do matadouro perto da cidade de Ostrowia Mazowiecki além dos 10 países foi para outros 20 locais na Polônia. As carnes ainda sendo retiradas do mercado.

Niemczuk quer que os frigoríficos sejam obrigados a instalar monitoramento nos locais onde animais são mortos e também os lugares onde os animais são levados para serem abatidos.

Os matadouros deveriam manter registros das operações por um período de três meses. O acesso às gravações teria que ter: a inspeção veterinária e agências encarregadas da aplicação da lei.

O diretor veterinário também informou que, num futuro próximo, as inspeções sem aviso prévio serão realizadas nos matadouros. Niemczuk informou que o abate no matadouro, mostrado no relatório do "supervisor" era ilegal, sem a supervisão da Inspeção Veterinária.

Além disso, os animais para abate foram adquiridos ilegalmente. For vendidas 2,5 toneladas de carne para o mercado interno e 9,5 toneladas foram para o exterior.

Niemczuk enfatizou que após a divulgação, o frigorífico já foi fechado e perdeu o direito de abate dos animais.

Em conexão com as informações sobre a operação do matadouro ilegal em 4 de fevereiro, especialistas da Comissão Européia virão à Polônia para investigar o abate ilegal de gado.

Fontes: RFI- Rádio França Internacional, RPT - Rede de Rádio e Televisão Portuguesa e jornal Rzeczpospolita.