São Maximiliano Kolbe - o mártir de Auschwitz |
A Igreja na Polônia celebra hoje o “Dia do martírio do clero polaco durante a Segunda Guerra Mundial”.
Recorda-se o exemplo dos 861 sacerdotes polacos mortos sob o regime nazista no campo de concentração de Dachau, na Alemanha.
Um testemunho de fé vivido “até a morte”, mas também uma prova do “desejo” de viver a Eucaristia e os Sacramentos apesar da impossibilidade de fazê-lo. No “Dia do Martírio do Clero polaco durante a Segunda Guerra Mundial”, que é celebrado nesta quarta-feira (29) pela Igreja da Polônia, este é o exemplo dos 861 sacerdotes filhos da nação mortos sob o regime nazista no campo de concentração de Dachau.
O porta-voz da Conferência Episcopal da Polônia, padre Paweł Rytel-Andrianik fala sobre isso. “É o sangue daqueles mártires que nos dão o ‘fruto na fé’ até hoje, quando em plena emergência da Covid-19, somos impossibilitados de participar fisicamente às celebrações".
A entrevista
Foto: TVP.info |
No dia de hoje - 29 de abril - recordamos o martírio, ou melhor, o testemunho da fé até a morte e ao mesmo tempo recordamos todos os mártires, não só de Dachau mas de todas vítimas: as vítimas dos totalitarismos, do nazismo e do comunismo.
Este é o dia da memória, do testemunho e da providência, porque aqueles sacerdotes prisioneiros em Dachau fizeram um voto: se sobrevivessem fariam uma peregrinação ao santuário de São José em Kalisz. Duas horas antes da destruição do campo de concentração, no dia 29 de abril de 1945 os prisioneiros foram libertados. Os sacerdotes interpretaram como um sinal da providência de Deus.
- Mais de 1.700 sacerdotes polacos foram deportados para os campos de concentração alemães. Quem eram e porque mais de 800 foram mortos?
Padre Paweł: Os nazistas levaram os sacerdotes para o campo de concentração em Dachau, também para outros campos de concentração polacos, simplesmente porque eram sacerdotes e eram o ponto de referência para as comunidades paroquiais. Para destruir a nação começaram exatamente pelos sacerdotes e os intelectuais do país. Estes 1.700 sacerdotes polacos fazem parte do grupo de quase 3.000 entre sacerdotes, bispos e irmãs que estavam em Dachau. E nos campos de concentração na Polônia também havia outros sacerdotes. E devemos recordar que os que estavam livres em suas casas também sofriam, tanto sob o regime nazista quanto o comunista.
- Que testemunhos permanecem da época, depois que o último sobrevivente faleceu em 2013?
Padre Paweł: Testemunhos de fé. São João Paulo II em 1995, no 50º aniversário da libertação do campo de concentração e extermínio alemão de Auschwitz, falou sobre o quanto aqueles sacerdotes, bispos e irmãs foram fiéis até o fim, dando testemunho de caridade e perdão. Falou também da dignidade de vida e justiça: sobre isso podemos recordar um mártir conhecido em todo o mundo, São Maximiliano Kolbe, que deu a própria vida por um pai de família.
Também na minha diocese de Drohiczyn há um exemplo, o sacerdote Antoni Beszta-Borowski. Seus amigos disseram que deveria fugir porque os nazistas tinham seus documentos e queriam prendê-lo ou matá-lo. Mas ele disse que não poderia deixar os seus paroquianos e os seus sacerdotes, porque se não o prendessem, prenderiam todos eles.
Quando foi capturado, algumas crianças assistiram a cena: um soldado alemão entrou na sacristia e pegou sua estola. Falou às crianças que nenhum sacerdote ficaria na cidade, rasgando a estola e jogando-a no chão. Uma senhora a juntou e guardou consigo. Anos depois, uma daquelas crianças, sobrinho do padre Antoni, na sua primeira Missa depois da ordenação sacerdotal, recebeu a estola daquela senhora.
Desde então nasceram muitas vocações naquele local. Acredito que seja um exemplo de que o sangue dos mártires leva a frutos na fé.
- Estava programado para estes dias uma peregrinação a Dachau, e adiada por causa do coronavírus. Quais são as esperanças para o futuro?
Padre Paweł: A peregrinação nacional em Dachau foi adiada para o fim da emergência da Covid-19. A comemoração tinha sido organizada em colaboração com a Conferência Episcopal alemã, e previa a participação do presidente, dos bispos locais, do clero e dos fiéis, assim como aconteceu cinco anos atrás quando foram celebrados os 70 anos da libertação do campo de concentração de Dachau.
Fonte: Vatican News
Texto: Giada Aquilino