Há 3 anos atrás, o Consulado Honorário do Brasil, em Cracóvia, estimava que havia cerca de 30 brasileiros vivendo na cidade, entre estudantes bolsistas, ex-estudantes e esposas e/ou maridos de polacas(os). Na mesma época, a Embaixada Brasileira informava que extra-oficialmente deveria existir do país em torno de 150 brasileiros, sendo a maioria estudantes e religiosos.
Na atualidade, com a desativação do Consulado Honorário de Cracóvia (em vista da morte do então cônsul Paweł Świderski) e a chegada de mais estudantes e alguns brasileiros com contrato de trabalho, além de outros que vieram para aqui só para se casar, este número é uma incógnita. Muitos dos estudantes voltaram formados, outros não conseguiram vencer o "banzo", a depressão e o frio e desistiram no meio da caminhada, outros o casamento não lhes deu o que esperava, ou seja a cidadania e o passaporte polaco. Estes arrumaram as malas e voltaram para algum país da União Europeia.
O blog JAROSINSKI do Brasil quer apresentar estes brasileiros que vivem aqui. Deseja saber o que os impactou na Polônia, saber de seus gostos e desgostos na terra de João Paulo II. A opinião de cada um está sendo filtrada através de um questionário padrão. A primeira a responder foi a estudante Denise Formicki Beganskas, uma paulista, que há dois anos e meio chegou aqui para fazer o curso de "Estudos de Gestão Internacional" na Universidade Iaguielônia de Cracóvia. As perguntas são as mesmas para todos e os escolhidos, o são, porque de alguma forma mantêm algum contato comigo, ou com o blog, mas está explicitamente aberto a outros que oficialmente tem "zameldowania", ou seja realmente residem na Polônia. Basta copiar as perguntas, responder e enviar pelo email, iarochinski@gmail.com , com uma foto retrato (rosto), ou que o identifique como estando na Polônia.
JAROSINSKI do Brasil - Por que você veio parar Polônia?
JAROSINSKI do Brasil - O que você mais gosta da Polônia?
Denise - Da liberdade de poder andar na rua tranquilamente, sem ter medo da violência, como em São Paulo.
JAROSINSKI do Brasil - O que você não gosta da Polônia?
Denise - Não gosto da frieza das pessoas e principalmente das "tias" que trabalham em mercados. Quando você vai pedir presunto, elas vem com aquela cara emburrada e perguntam bem de mal-humor “Co dla Pani”? Isso é terrivel!!!
JAROSINSKI do Brasil - Quais as maiores dificuldades que encontrou na Polônia?
Denise - Adaptação com a cultura do País.
JAROSINSKI do Brasil - O idioma é assim tão difícil como se orgulham os polacos?
Denise - É! Mas não é impossível de se estudar e de aprender. O Idioma polaco não e difícil de falar, nem de entender, mas a gramática deles e todas as declinações, prefixos e sufixos dos verbos são terríveis. Quando comecei a aprender polaco, minhas professoras vinham com as regras, na verdade tinha uma regra e uma lista de centenas de exceções. Costumava dizer que a única regra da gramática é que não tem regra nenhuma, tudo e exceção. Hoje em dia, acho um dos idiomas mais bonitos.
JAROSINSKI do Brasil - É possível viver aqui sem aprender o idioma polaco?
Denise - Acredito que não, vir pra cá mesmo como turista é difícil, não existem placas em inglês, principalmente nos pontos turísticos. Ponto de informação nas estações de trem não tem uma pessoa que fale inglês. Nos trens é engracado porque, as placas de instruções de emergência estão nos idiomas: Polaco, Alemão, Francês e Russo. Inglês não tem. Acho isso uma comédia. Quando cheguei aqui, no comeco era muito difícil sem falar polaco, qualquer coisa que precise resolver, como na prefeitura, ou seguro saúde, sem o idioma é uma tarefa quase impossível.
JAROSINSKI do Brasil - A Polônia que você encontrou é diferente daquela cultuada pelos descendentes de imigrantes no Brasil?
Denise - Os costumes continuam praticamente os mesmos. A comida não muda, é a mesma desde sempre, nem um tempero diferente eles experimentam. Aquela coisa da tradição é muito forte por aqui. Eles nunca desistem de suas tradições e religiosidades.
JAROSINSKI do Brasil - Você acredita que a Polônia já se libertou de seu passado comunista?
Denise - Não sei responder.
JAROSINSKI do Brasil - Como você define a juventude polaca?
Denise - Diferentemente de nós brasileiros, eles não tem malícia. Se você disser para um deles que é sim, será sim, não será não, para eles não existe meio termo.
JAROSINSKI do Brasil - Qual sua opinião sobre os idosos polacos?
Denise - Não tenho muito contato com idosos aqui, mas como em qualquer lugar do mundo, alguns são amáveis, outros nem tanto. É legal quando estou no ônibus e algum deles puxa conversa, mas infelizmente isso raramente acontece.
JAROSINSKI do Brasil - Que nomes famosos polacos você cita sem muito esforço?
Denise - Sou péssima pra nomes, ainda mais em polaco.
JAROSINSKI do Brasil - Qual o prato da cozinha polaca que você mais gosta?
Denise - Pierogi, mas tem um detalhe, gosto mais do pierogi que é feito no Brasil.
JAROSINSKI do Brasil - Qual prato da cozinha polaca você sabe preparar?
Denise - Batatas! Não tem segredo.
JAROSINSKI do Brasil - Beber aqui é um prazer, ou uma imposição ditada pela tradição?
Denise - Acredito que seja um pouco de imposição. É aquela velha estória, você está no meio dos amigos e se você não bebe é o careta da turma. Mas acredito que eles bebem tanto quanto nos demais países, por exemplo, o Brasil.
JAROSINSKI do Brasil - Com que frase você define a Polônia?
Denise - Terra que meu avô amava.
JAROSINSKI do Brasil - Qual teu conselho para quem vem para visitar a Polônia?
Denise - Se vier no inverno se prepare pro frio. Se for possível aprenda o idioma, pelo menos as frases básicas, pra não passar aperto e estude bem um roteiro, pesquise bem antes de vir os lugares e como chegar lá, porque como eu disse antes, aqui e difícil encontrar placas de informações em inglês.
JAROSINSKI do Brasil - Volta para o Brasil com saudades do que viveu na Polônia?
Denise - Sem dúvida. Tenho amigos aqui, bons amigos. Conheci muita gente boa que me ajudou. Todos os momentos, bons e ruins, ficarão marcados pra sempre. A experiência de voltar pra terra dos meus avôs não tem como explicar em palavras, só mesmo vivendo pra saber.