domingo, 23 de novembro de 2008

Comitiva Kaczyński bombardeada na Geórgia


Foto: PAP
O comitiva do Presidente da Polônia, Lech Kaczyński, foi bombardeada neste domingo, quando se aproximava do campo de refugiados georgianos, na Osetia do Sul. Kaczyński, que no dia anterior, tinha se manifestado nas comemorações "Aos mortos na Ucrânia em 1932 pelos soviéticos", de maneira contudente contra as mortes promovidas pelo comunismo russo na Europa Central, não foi ferido e conseguiu chegar a capital Tbilisi, onde uma grande manifestação popular ouviu o presidente polaco e outros dos países vizinhos dizer que estão ao lado da Geórgia, de seu povo e de seu presidente contra a invação russa na Osetia e Abchazja.
O comboio de automóveis do presidente da Polônia, que havia deixado o aeroporto da região, foi detido na estrada. Logo em seguida foram disparadas três séries de tiros de carabina. Os tiros não atingiram qualquer um dos automóveis, mas o comboio foi desviado, sem poder chegar aos refugiados, e teve que seguir por outra estrada no sentido da capital.
O chefe de gabinete da presidência, ministro Michał Kamiński, afirmou a TVP-Telewizja Polska, que os tiros partiram do lado russo e "não da parte georgiana, com certeza". E acrescentou que não tem certeza que o alvo seria o comboio de automóveis polacos, "mas os carros foram atingidos. Felizmente ninguém saiu ferido." Numa das limusines do comboio estava além do presidente polaco, o presidente da Geórgia, Micheil Saakaszwili.

Não haverá mais polacos?


Paul Garfunkel: festa de polacos, 1979

Tenho para mim, que é sempre tempo de homenagear os polacos, esta gente que conosco construiu boa parte da mais recente história paranaense. Amo os polacos e tenho por eles uma empatia que, como dizia minha saudosa Helena Kolody (uma “quase-polaca”...), se perde “na trevosa noite dos tempos”.
Foi com eles, os polacos, que a família, recém-chegada do Norte pioneiro, migrantes de cara encardida e modos bugres, aprendemos a fazer as compotas de pepino, além do chucrute em folhas de parreira que embora não seja uma iguaria tipicamente polaca, eles dominavam à perfeição.
Nas discórdias, comuns nas vilas proletárias de então, nos xingavam --- “negrada!”; nós, de nosso lado, cuspíamos o insulto escabroso --- “polacada azeda!”... No fundo, e na superfície, em tudo éramos iguais. E a nostalgia bate espessa a cada vez que, por um motivo ou outro --- agora, foi uma comovente exposição no Museu Paranaense, chamada Raízes do Paraná ---, me vejo às voltas com eles, os polacos. Misturou-se nossa vida de tal modo à deles que, por vezes, me sinto um polaco inteiro...
Por certo não é índio, nem bugre, o sentimento em que me flagro, com freqüência, a chorar pitangas e amoras. Também me vem deles, dos polacos, e sinto isso quase como uma matéria táctil, o incurável lirismo que já me integrou o perfil e o jeito --- irreversivelmente.
Não para menos, leitor: ao tempo em que, crianças, ainda existiam os filhos de legítimos polacos vindos da velha Polska, me criei com eles, rolando nas brigas infames no chão de terra da Visconde de Nácar; ao lado deles estudei nas escolas públicas; com eles, o jogo do bafo das balas Zéquinha.
Além, claro, do privilégio de conviver, da adolescência até o último dia de sua breve vida, com, dos polacos, o mais insigne --- o poeta Paulo Leminski. A quem eu chamava de “Pablo”, como a seu irmão, outro polaco inolvidável, que, sendo Pedro, passou a se chamar “Piotr”, entre os íntimos.
Com ambos revirei as noites cachorras da Curitiba daquele tempo e pusemos, mais de uma vez, nossa vida ao avesso, não é mesmo Jaime Lechinski? Ou me desminta aí poeta Thadeu Wojciechowski! E juntos compusemos sonetos, canções, haicais. E nos passeios e escaladas ao Marumbi, melhor do que nós ou a memória de nós, que o digam mochilas, violões, estrelas...
Olho lá longe, e em meio à lembrança de meus mortos queridos, o que vejo lá é mais que um quadro de Andersen invadido pelo entardecer de Curitiba. Na memória antiga, vislumbro, como a uma fotografia, a velha “ômama”, lenço na cabeça, sentadinha numa solitária cadeira posta no quintal, o avental sobreposto ao comprido vestido até os pés - estes, por sua vez, enfiados nas meias e nos chinelos. À volta dela, muito eretos, rindo, sujinhos, as franjas cor de milho, quatro ou cinco polaquinhos --- endiabrados. Olhar lá atrás, assim, é quase uma lágrima.

Wilson Bueno, escritor.
(Ao Thadeu Wojciechowski)
Texto publicado como posfácio do livro "A Banda Polaca", de Dante Mendonça

P.S. Copiado do blog do autor, sem autorização do autor.

O rei das cartas: Tusk


Ilustração: Artur Krynicki

O primeiro-ministro Donald Tusk, apesar de seu governo não ter muito a simpatia da população, ele pessoalmente tem agradado como primeiro-ministro os polacos. E tem sido, por isto mesmo, motivo de muitas charges e cartuns, na imprensa polaca.

A neve não para de cair


Foto: Ulisses Iarochinski

Todo ano deveria ser a mesma coisa. Afinal a milhares de ano neva na Polônia. Mas a primeira nevada do inverno pega alguns desatentos. Não estradas vários acidentes. Mas também todo ano, no intervalo do verão, as ruas ganham novos motoristas. Em pelo menos 14 acidentes, morreram 8 pessoas e 3 ficaram feridas. Mas a neve causa outros problemas. Na voivodia (Estado) Zachodpormorskie (Pomerânia Ocidental) mais de 15 mil casas ficaram sem energia elétrica. Na manhã de domingo apenas 7 funcionários travalhavam para colocar a rede elétrica na normalidade. Não há, contudo, previsão de quando a "luz" volta. Casas com aquecimento elétrico terão problemas.
Na montanha cracoviana do Przegorzały cai neve há mais de 40 horas sem parar. Na sacada, do meu quarto (foto acima) o acúmulo de neve já alcança 25cm. Mas em Cracóvia já caiu quase 50 cm de neve. Os barôemtro nesta manhã marcavam 969 hPA. A temperatura se mantém entre 0 e 5 negativos. A neve cai intermitentemente no Sul do País, enquanto no Norte é acompanhada de chuva.
P.S. Ontem, finalmente, foi ao ar no Telejornal SBT Brasil, apresentado pelo Carlos Nascimento, uma reportagem produzida por mim aqui na Polônia. Justamente sobre a primeira nevada do inverno 2008-09 na Polônia.