terça-feira, 20 de maio de 2008

Inaugurada Casa da Memória em Virmond

Casa da Memória de Virmond

O munícipio de Virmond, no Sudoeste do Paraná, na microrregião de Guarapuava, distante 345 Km de Curitiba, comemorou neste 17 de maio, mais um aniversário de fundação. E aproveitou para inaugurar a Casa da Memória, que resgata a história das 70 famílias de descendentes de polacos que formaram a Colônia Amola Faca (localidade precursora do município de Virmond).
A casa foi construída na praça central da cidade e é uma réplica da residência de Paulo Palinski um dos pioneiros. O projeto foi uma parceria entre Prefeitura e Braspol e coordenado por Geraldo Zapahowski. Cada uma das famílias homenageadas ganhou um quadro com uma foto antiga e texto explicativo. Ao mesmo tempo foi iniciada uma campanha visando dotar a casa de móveis e utensílios típicos da época da colônia.

O processo que antecedeu a emancipação política de Virmond teve participação de uma associação criada por Nelson Segundo, Joersio Carlos de Vargas, Cláudio Benderowicz, Aldino Milani, Valdecir Milani, Salete de Vargas, Edvino Cherpinski, Antônio Szczerba, Pe. Renato Gotti, Casemiro Dombrovski, Joel de Lima Lentch, Osmar Luíz Palinski e Afonso Timm. Pela Lei n.º 02, de 10 de outubro de 1947, foi criado o Distrito Administrativo de Virmond. Em 17 de maio de 1990, através da Lei Estadual n.º 9.250, foi criado o município, com território desmembrado de Laranjeiras do Sul. A instalação oficial ocorreu no dia 1º de janeiro de 1993.

Embora possua como denominação um sobrenome de origem alemã-francesa, o munícipio é uma forte concentração de famílias de origem polaca. A maioria de sua população descende dos imigrantes polacos da Colônia Amola Faca.

Este núcleo colonizatório foi organizado pelo então cônsul da Polônia, Kazimierz Głuchowski, que em 1920, adquiriu terras no munícipio de Guarapuava. O primeiro cônsul da Polônia, no sul do Brasil, logo ao tomar posse em 1921, formou uma sociedade de colonização junto com Franciszek Łyp e Władysław Radecki. Emprestou então 10 mil réis de Władysław Kamiński e comprou a Fazenda Amola Faca para efeitos de colonização. Para formar a colônia chamou famílias de imigrantes polacos espalhados pelo Brasil, que haviam se desfeito de suas terras por um motivo ou outro. A primeira escola surgiu em 1924 e a primeira igreja em 1928, período em que chegou à localidade o padre Paulo Schnneider, juntamente com irmãs carmelitas.

Władysław Kamiński é a mesma pessoa que, em 1922, contribuiu com a restauração do Castelo de Wawel, em Cracóvia, e que por isso tem seu nome entre as placas dos polacos de todo o mundo que ajudaram na reconstrução do símbolo da nação polaca. Sua placa está colocada logo no início da muralha que dá acessos aos portões de Wawel.

A área adquirida tinha sido a Fazenda Amola Faca, que havia pertencido a Frederico Guilherme Virmond (nascido em 1791 e morto em 1876), prussiano que estudou medicina em Berlim e contribuiu para a construção da Cadeia Velha e da Fundação da Sociedade Harmonia Lapoense da cidade da Lapa. O médico e pintor Virmond comprou a fazenda em 1852, no então município de Guarapuava, embora continuasse a morar na Lapa. O opúsculo escrito por David Carneiro, em 1929, que deu início à sua carreira de historiador foi justamente sobre a figura Frederico Guilherme Virmond. Segundo Carneiro, Virmond foi possivelmente o primeiro pintor a se radicar no Paraná. Mais tarde, a Fazenda Amola Faca de 24 mil hectares foi vendida para o guarapuavano Ernesto Queiroz. Este vendeu, em 1923, 4 mil hectares da fazenda para a Sociedade Colonizadora do Cônsul Głuchowski.

Mapa com as áreas onde a Sociedade do cônsul Głuchowski estaria colonizando

Władysław Radecki era o encarregado das vendas das parcelas de terras às famílias polacas, que eram originárias de Curitiba, São Mateus do Sul (Água Branca), Prudentópolis e do Rio Grande do Sul. O médico J. Czaki foi contratado para atender num ambulatório construído pela sociedade colonizadora. O preço máximo do alqueire era de 70 mil réis.

Mapa da Colônia Amola Faca (atual Virmond) com seus lotes numerados

Estas foram as primeiras pessoas a comprar terra na Colônia de Amola Faca: 1 - Władysław Radecki, 2 - Piotr Walicki, 3 - Józef Jasiński, 4 - Władysław Jasiński, 5 - Walenty Jasiński, 6 - Franciszek Mierzwa, 7 - Walenty Mierzwa, 8 - Józef Warchoł, 9 - Jakób Szichta, 10 -Macin Belinowski, 11 - Józef Telasko, 12 - Józef Grzeszczyszyn, 13 - Józef Wasiak, 14 -Katarzyna Chmielowska, 15 – Dr. J. Czaki, 16 - Walenty Jasiński, 17 - Jan Jasiński, 18 -Szczepan Jagas, 19 - Michał Lisowski, 20 - Adam Wasiak, 21 - Adam Fidryszewski, 22 - Walenty Mierzwa, 23 - Franciszek Wojdyła, 24 - Paweł Leniewicz, 25 - Andrej Fidryszewski, 26 - Franciszek Kochanowski, 27 - Józef Miński, 28 - Sylwester Wojdyła, 29 - Franciszek Karmański, 30 - Władysław Karmański, 31 - K. Kasan, 32 - Aleksander Rabel, 33 - Bernard Gurkowski, 34 - J. Półchołopek, 35 - J. Michałowicz, 36 - Wawrzyniec Michałowicz, 37 - Jan Cirruścinski, 38 - Kazimierz Kochanowski, 39 - Stanisław Dąbrowski, 40 - Aleksander Malinowski, 41 - A. Paliński, 42 - Paweł Paliński, 43 - Michał Radłowski, 44 - J. Rolak, 45 - Stefan Chociaj, 46 - Stanisław Zawadzki, 47 - Michał Zimbros, 48 - Jan Wojciechowski, 49 - Adam Frydrych, 50 - Józef Grad, 51 - Józef Kłaczek, 52 - Klara Rolakowa, 53 - Dr. Arystydes Queiroz, 54 - A. Frydrych, 55 - Paweł Pietrzek, 56 - Jan Pilarski, 57 - Aleksander Radecki, 58 - Henryk Radecki, 59 - Dr. J. Czaki e A. Kawecki, 60 - Celuśniak, 61 - A. Łukasiewicz, 62 - M. Józwiak, 63 - W Buszkiewicz, 64 - Józef Pietrzak e 65 - Marcin Krakowski. (Os números correspondem aos lotes no mapa).

fonte: arquivo particular de Ulisses Iarochinski