terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Gralha azul polaco do Paraná



Pensei inicialmente em responder ao comentário postado no texto sobre o lançamento de meu livro em Telêmaco Borba, no próprio espaço dos comentários. Mas o tema é longo e merece um tratamento mais adequado. Assim vamos começar respondendo, dizendo que - não tenho procuração para defender a Klabin. 
Mas... A história registra que por determinação da Klabin, na década de 40, foi criado o Departamento de Reflorestamento da Klabin do Paraná, com sede na localidade de Lagoa, na Fazenda Monte Alegre, então pertencente ao município de Tibagi. Fugindo dos horrores da Segunda Guerra Mundial, um engenheiro polaco Zygmunt Wieliczka, junto com outros seis engenheiros vindos da Polônia, viu na Araucária Angustifolia - o Pinheiro do Paraná, a solução para o papel que iria começar a ser fabricado em Harmonia.
O engenheiro Wieliczka (o primeiro à direita)
Wieliczka nasceu, na Polônia, em 25 de setembro de 1890 e combateu na 1ª. e na 2ª. Guerra Mundial. Logo após desembarcar no Brasil foi contratado pelos irmãos lituanos-polacos Klabin e Lafer para trabalhar nas Indústrias Klabin do Paraná.
Logo ao chegar em Lagoa, na Fazenda Monte Alegre, ele percebeu que o trabalho seria imenso. Enquanto quando maus paranaenses e imigrantes gaúchos estavam devastando o Sudoeste do Paraná, eliminando toda a araucária daquela região, o engenheiro polaco Wielicka, a partir de 1944, começou em Monte Alegre um trabalho extraordinário. Daquele ano até 1954, este verdadeiro gralha azul polaco plantou mais de 100 (cem) milhões de pés de araucária. Algum tempo depois de tudo estar plantado, fez novas pesquisas e substituiu o pinheiro pelo pinus e pelo eucalipto.
Ninguém plantou mais pinheiro no Paraná do que ele. Assim a Klabin não pode ser acusada de devastar as terras paranaenses. Pois mesmo com a substituiçao das espécies, a plantação de pinheiros continuou a crescer. Um grande número morreu é verdade, outro tanto foi cortado para construção de habitações para os trabalhadores dos diversos acampamentos e localidades da Fazenda. Uma outra grande parte das árvores foi tragicamente atingida da década de 60, pelos grandes incêndios florestais que atingiram não só Monte Alegre, como todo o Estado do Paraná.
Mas milhares de árvores continuam balançando na Fazenda Monte Alegre, preservando não só a flora, mas também a fauna paranaense. Além da mata de pinheiros plantada, a Klabin mantém no município de Telêmaco Borba uma mata virgem original intacta.
Quanto a Wieliczka, antes de se desligar da empresa, naturalizou-se brasileiro, em 30 de março de 1951. Pela lei das indenizações (anterior ao FGTS) após 9 anos de trabalho na Klabin foi morar no Estado de São Paulo, e assim a partir da década de 50, dividiu residência entre São Paulo e Bragança Paulista. O Engenheiro Wieliczka faleceu em 5 de junho de 1975.