terça-feira, 1 de agosto de 2023

Levante de Varsóvia 1944

Cansados das atrocidades... Sim!
Mas jamais esmorecidos.

Adolescentes polacos da Armia Krajowa

Os moradores de Varsóvia, naquela 17ª hora, do dia 1º de agosto, insurgiram-se.

O que garantiu a vitória contra o nazismo não foi a atuação do imperialismo civilizado, mas as insurreições revolucionárias do povo ocupado pelo Nazismo Alemão.

O Levante de Varsóvia foi a luta armada na cidade de Varsóvia, capital da Polônia, durante a 2ª Guerra Mundial. Foi a maior força de resistência contra o exército invasor que se viu na história. A verdadeira insurreição do povo de um país ocupado pelo nazismo durante a 2ª Guerra Mundial.

Quase de 50 mil moradores participaram do levante. A insurreição começou pontualmente às 17 horas, chamada de hora “W”.

Brasão da Armia Krajowa (Exército do País)

Neste ano de 2023, no mesmo horário deste dia 1º de agosto, as sirenes tocam e os varsovianos fazem 1 minuto de silêncio em memória daqueles que lutaram no Levante.

A força de resistência polaca, em Varsóvia contou com homens, mulheres de todas as idades e muitas crianças. Foi uma das maiores e a mais ativa força de resistência da Europa. Um verdadeiro movimento com o desejo de libertar a Polônia.

A principal estratégia foi tentar sabotar as operações alemãs e municiar os exércitos aliados com informações de inteligência. Stalin tinha prometido, numa reunião, em Moscou, com o governo polaco no exílio, auxiliar os moradores de Varsóvia, mas o que se viu foi o exército vermelho cruzar os braços do outro lado do rio Vístula e esperar...

... sabe-se lá o quê!

Locais dos embates na cidade de Varsóvia

A pausa russa permitiu que os alemães se reagrupassem e derrotassem a resistência polaca e destruíssem a cidade em retaliação. A Revolta durou 63 dias sem nenhum apoio externo. Cerca de 16 mil membros da resistência polaca foram mortos, e 6 mil gravemente feridos. Cerca de 200 mil civis foram mortos, principalmente em execuções em massa.

Durante o combate, cerca de 25% de prédios de Varsóvia foi destruído. Em Varsóvia, estavam a serviço cerca de 12 mil soldados alemães.

A força nazista era menor em números, mas estava abastecida de considerável poder bélico. Com o início do levante, apesar de forças de resistência polaca serem maiores em número, não estavam, suficientemente, armadas.

Hitler interpretou que o Exército Vermelho de Stalin não tinha intenção de auxiliar os polacos, e ordenou a destruição total de Varsóvia. Porém, a resistência tomou de assalto o armazém de mantimentos, dificultando a operação alemã.

A resistência conseguiu acessar armas de fogo e roupas militares, e para evitar ser confundido com nazistas, colocou braçadeiras para se identificarem. Os combates começaram antes da "hora W", notavelmente em Żoliborz, e em torno da Praça Dąbrowski.

Os alemães haviam antecipado a possibilidade de uma insurreição, embora não tivessem percebido seu tamanho ou força, e às 16h30 o governador Fischer colocou a guarnição alemã em alerta máximo.

Naquela noite, a resistência capturou um importante arsenal alemão, a principal estação de correios e a central elétrica e o prédio da Prudential.

No entanto, a Praça do Castelo, o distrito policial e o aeroporto permaneceram nas mãos dos alemães. Após as primeiras horas de luta, muitas unidades adotaram uma estratégia mais defensiva, enquanto civis começaram a erguer barricadas, apesar de todos os problemas, em 4 de agosto a maioria da cidade estava em mãos polacas, embora alguns pontos-chave estratégicos permanecessem inalterados.

Bach-Zelewski

Neste mesmo dia 4 de agosto, o general da SS Erich von dem Bach foi nomeado comandante de todas as forças empregadas contra a revolta.

Os contra-ataques alemães visavam unir-se aos bolsões alemães remanescentes e depois cortar a Revolta no rio Vístula. Entre as unidades de reforço estavam forças sob o comando de Heinz Reinefarth, tais forças retomaram brutalmente o bairro de Wola.

Muitos civis se juntaram à resistência, construindo barricadas. No dia 05 de agosto de 1944 chegou à Varsóvia o comandante da SS Erich vom dem Bach-Zelewski, que reúniu tropas e iniciou o contra-ataque.

A Armia Krajowa (Exército do País), no entanto, estava com moral alta por ter reconquistado pontos importantes, e o ataque alemã não obteve resultado esperado. Outro empecilho era união dos polacos e a existência da Brigada Kamiński entre a tropa nazista, que era composta de membros nacionalistas bielorrussos, ucranianos, russos. Isso aumentou ainda mais a união de resistência polaca.

Bronislav Kamiński

A Brigada Kamiński foi uma das responsáveis por crimes bárbaros ocorridos em Varsóvia, como chacinas e estupros. Apesar de ter declarado lealdade aos nazistas, o líder da brigada foi executado após ser condenado, na corte marcial, acusado de crime de apropriação indevida de propriedade do Reich.

No dia 07 de agosto de 1944 a tropa alemã reconquistou alguns prédios públicos e libertou tropas que estavam no poder de resistência.

Mas a Armia Krajowa era resiliente.

Em 19 de agosto de 1944 a resistência ocupou o prédio de telefonia, mantendo 120 soldados alemães como prisioneiros. O exército vermelho estava do outro lado do rio Vístula imóvel, assistindo a tudo com sorriso nos lábios.

O governo polaco no exílio, sediado em Londres, realizou frenéticos esforços diplomáticos para obter o apoio dos aliados ocidentais antes do início da batalha, mas os aliados não iriam agir sem a aprovação soviética.

O governo polaco, em Londres, pediu várias vezes aos britânicos que enviassem uma missão aliada à Polônia, no entanto, a missão britânica não chegaria, até dezembro de 1944, logo após a sua chegada, eles se reuniram com as autoridades soviéticas, que os aprisionaram.

No entanto, de agosto de 1943 a julho de 1944, mais de 200 voos da Força Aérea Britânica (RAF) lançaram cerca de 146 militares polacos treinados na Grã-Bretanha, mais de 4 mil caixas de suprimentos e US$ 16 milhões em notas e ouro para a Armia Krajowa.

A Inglaterra, na tentativa vergonhosa de ajudar os polacos, fez 200 lançamentos aéreos com suprimentos de baixa altitude pelas forças aéreas. Os Estados Unidos da América do Norte, através da Operação Frantic, lançou um lançamento aéreo de suprimento de alto nível. Mas, infelizmente, 80% desses lançamentos aterrissaram em áreas controladas pelos alemães. Apesar de toda resistência, a Armia Krajowa não foi páreo diante da força bélica alemã, que estava municiada dcom tanques, lança-chamas e metralhadoras.

A "Operação Tempestade" (outro nome para o Levante) deveria durar apenas alguns dias, até que o Exército Soviético chegasse à cidade, conforme prometido por Józef Stalin, em Moscou, ao governo polaco no exílio.

O avanço soviético, no entanto. nunca aconteceu, mas a resistência polaca continuou por 63 dias, até sua rendição às forças alemãs em 2 de outubro.

Tadeusz Bór-Komorowski
comandante da Armia Krajowa

Entre tantos objetivos dos insurgentes estava a libertação da cidade antes da chegada dos soviéticos, conquistando assim seu direito de soberania e desfazendo a divisão da Europa Central em esferas de influência sob os poderes aliados. Os revoltosos esperavam reinstalar as autoridades de seu país antes que o Polski Komitet Wyzwolenia Narodowego (Comitê de Liberação Nacional Soviético Polaco) assumisse o controle.

O líder soviético Józef Stalin esperava pelo fracasso da insurreição para que pudesse assim ocupar a Polônia de forma incontestável. Após a rendição das forças polacas, as tropas alemãs destruíram sistematicamente, quarteirão a quarteirão, 35% da cidade.

Juntamente com os danos provocados pela Invasão da Polônia, em 1939, e o Levante do Gueto de Varsóvia, em 1943, mais de 85% da cidade estava destruída, em 1945, quando os soviéticos finalmente ultrapassaram suas fronteiras.


CRONOLOGIA

25/04/1943:
Stálin rompe relação Polônia-URSS após ser denunciado pela Alemanha pela morte de oficiais polacos no Massacre de Katyn. Stalin alegou ser propaganda alemã.

26/10/1943:
Emissão de uma instrução do governo polaco no exílio, em que, caso as relações diplomáticas com a URSS não fossem retomadas antes da entrada dos sovietes na Polônia, as forças do ARMIA KRAJOWA (Exército do País) permaneceriam no subterrâneo, aguardando novas decisões.

20/11/1943:
Comandante do Armia Krajowa, Tadeusz Bór-Komorowski esboçou o seu próprio plano, a “Operação Tempestade”. Quando a forças soviéticas se aproximassem, as unidades locais do Exército do País soviéticas quando possível. Embora existissem dúvidas sobre a necessidade militar de uma grande revolta, o general Bór-Komorowski foi autorizado pelo governo no exílio a proclamar uma revolta geral.

13/07/1944:
ofensiva soviética cruzou a antiga fronteira polaca.

20/07/1944:
fracasso do plano para assassinar Adolf Hitler, através da “Operação Valquíria”. Os alemães de Varsóvia estavam fracos e visivelmente desmoralizados, mas receberam reforços no final de julho.

27/07/1944:
o governador do distrito de Varsóvia solicitou que 100 mil polacos trabalhassem em fortificações ao redor da cidade. O povo ignorou, e o comando do Exército do País ficou preocupado com as represálias. As forças soviéticas aproximaram da cidade, e através de transmissão de rádio incitaram o povo para pegar em armas.

31/07/1944:
as forças polacas marcaram a “hora-W (explosão)”, para início da revolta para às 17 h do dia seguinte. A decisão foi um erro de cálculo estratégico, porque as forças de resistência estavam mal equipadas e não estavam prontas para uma série de ataques coordenados surpresa.
Além disso, embora muitas unidades já estivessem mobilizadas e aguardando nos pontos de reunião, em toda a cidade, era difícil esconder a mobilização de milhares de jovens homens e mulheres. Os combates começaram antes da “hora W”, notavelmente em Żoliborz, e em torno da Praça Dąbrowski.
Os alemães haviam antecipado a possibilidade de uma insurreição, embora não tivessem percebido seu tamanho ou força, e às 16h30, o governador Fischer colocou a guarnição alemã em alerta máximo. Naquela noite, a resistência capturou um importante arsenal alemão, a principal estação de correios e a central elétrica e o prédio da Prudential. No entanto, a Praça do Castelo, o distrito policial e o aeroporto permaneceram nas mãos dos alemães.

01/08/1944:
às 17 horas, inicia o Levante da Varsóvia, como parte de uma revolta nacional, a “Operação Tempestade”. O levante deveria durar apenas alguns dias, até a chegada do Exército Soviético à cidade.

03/08/1944:
O chefe do governo polaco no exílio se reuniu com Stalin, em Moscou, e levantou as questões da libertação iminente de Varsóvia, o retorno ao poder do governo na Polônia, bem como as fronteiras orientais de Polônia, embora tenha recusado categoricamente a reconhecer a Linha Curzon como base para as negociações. Comandante nazista Erich von dem Bach-Zelewski entrou na Varsóvia, reunindo a tropa.

05/08/1944:
Sob o comando de Bach-Zekewski, começa o contra-ataque alemão.

07/08/1944:
A tropa alemã reconquistou alguns prédios públicos e libertou tropas que estavam no poder de resistência. Mas a resistência polaca era resiliente.

09 a 18/08/1944:
Travaram-se batalhas em torno da Cidade Velha e da praça Bankowy, com ataques bem-sucedidas dos alemães e contra-ataques dos polacos. As táticas alemãs dependiam do bombardeio por meio do uso de artilharia pesada e bombardeiros táticos, contra os quais os polacos não conseguiam se defender com eficácia, pois não dispunham de armas de artilharia antiaérea. Mesmo os hospitais claramente marcados foram bombardeados por Stukas.

19/08/1944:
Resistência polaca ocupou o prédio de telefonia, mantendo 120 soldados alemães como prisioneiros.

07/09/1944:
O general nazista Rohr propôs negociações, que Bór-Komorowski concordou em prosseguir no dia seguinte.

8 a 10/09/1944:
cerca de 20 mil civis foram evacuados por acordo de ambos os lados, e Rohr reconheceu o direito de soldados da Resistência de serem tratados como combatentes militares. 

14/09/1944:
o lado leste do rio Vístula, do outro lado da resistência polaca, foi tomada pela tropa polaca que combatia sobre o comando soviético. 1200 soldados polacos atravessaram o rio, mas eles não receberam o reforço do Exército Vermelho, apesar de base aérea soviética estar localizado a 5 minutos de voo.

02/10/1944:
Rendição oficial da Resistência polaca.

12/01/1945:
Reinício de ataque do Exército Vermelho, ocupando a Varsóvia devastada.

Até 1950:
Sobreviventes do Levante fugiram para a floresta, sendo conhecidos como partizans anticomunistas da floresta. Eles começaram a atacar os membros do governo soviético.

Varsóvia devastada



Fontes: Diversas
Texto: Ulisses iarochinski