Em linha preta, o que era o território da Polônia em 1939 e como ficou após a divisão imposta por Stalin, em vermelho.
Em 12 de março de 1938, os exércitos alemães invadiram a Áustria e a tornaram parte do Reich alemão. Hitler na seqüência pressionou para tomar parte dos Sudetos na Tchecolováquia. Os líderes da Itália, França, Grã-Bretanha assinaram um acordo com a Alemanha, em Munique, entregando a região dos Sudetos aos alemães. Em março, a Alemanha ocupou a Tchecoslováquia, incluindo Praga e criando o Protetorado Tcheco-Morávio. Logo em seguida ocupou também Klaipede. Os polacos esperavam pela ajuda dos franceses e ingleses, que haviam declarado apoio através de acordos. O inglês Charberlain parecia ter se esquecido de sua declaração: “de nós, evidentemente, dependerá que ação consideraremos como ameaçadora da independência da Polônia. Isso preservar-nos-á ante o envolvimento numa guerra causado por um problema fronteiriço”.
No final de outubro de 1938, Hitler exigiu que a Polônia concordasse na anexação de Gdańsk à Alemanha, ao mesmo tempo em que permitisse a construção de uma ferrovia e de uma rodovia extraterritorial que passasse pela Pomerânia polaca. Em 22 de agosto de 1939, Hitler deu a ordem para atacar a Polônia quatro dias depois: “Em primeiro lugar encontra-se a destruição da Polônia. Que a piedade não tenha acesso aos vossos corações. Atuem brutalmente.” A data foi prorrogada para o dia 1º de setembro, em função do pacto Ribbentrop-Molotov, firmado no dia seguinte e que demarcava a futura fronteira russa-alemã, após a extinção da Polônia.O criminoso pacto dos totalitarismos nazista e comunista iria por fim à soberania e integridade da Polônia. As repressões soviéticas tomaram a forma de revanche de classe. A sovietização das áreas ocupadas foi antecipada por uma limpeza ética.
A dificuldade polaca no caso, estava em que, para os aliados era imperioso destruir Hitler, não se importando de se unir a Stalin. A verdade sobre os crimes soviéticos, não só frente aos polacos, era então incômoda para os aliados, como também mais tarde, o mundo não quis saber deles. Entre o armistício de novembro de 1918, até a agressão da Alemanha hitlerista foram exatos 20 anos, 9 meses, 2 semanas e 5 dias. Atacada, a Polônia resistiu, mas não pôde repelir a dupla invasão promovida pela Alemanha e a União Soviética. Dezessete dias após os nazistas, os comunistas também invadiram a Polônia. Acuados em dois "fronts" de batalha, os polacos resistiram bravamente durante um mês, sem nunca terem capitulado. Destino que a França, superior em contingente militar à Polônia, não conseguiu suportar, caiu em menos de duas semanas. Tempo bastante inferior a resistência solitária e heróica dos polacos do início da guerra. Uma vez mais a Polônia, caiu presa ante as ambições de seus vizinhos poderosos e a um custo muito mais alto do que qualquer nação havia pagado anteriormente.
Resistência heróica
Eram 4 horas da madrugada de 1° de setembro de 1939, quando um milhão e oitocentos mil soldados da elite do exército nazista apoiados por 9000 peças de artilharia, 2500 tanques, 1500 aviões bombardeiros invadiram a Polônia, dando início a maior guerra da história da humanidade. Para se defender, a Polônia dispunha de apenas 900 mil soldados, 3000 peças de artilharia, 475 tanques e 400 aviões de combate. Hitler ordenou que seus soldados fossem tão cruéis quanto fosse possível. Que não se importassem em desrespeitar e violar as normas do direito internacional. Pois era necessário matar também a população civil.
Os polacos suportaram três dias na primeira linha de defesa. As inúmeras baixas, obrigou-os a recuar até a principal linha defensiva dos Cárpatos à Pomerânia, que passava por Bydgoszcz, Poznań, Łódż e Silésia. A defesa da Pomerânia, Mława, Łódż e Cracóvia durou até 6 de setembro. Em Gdańsk, 200 soldados rechaçaram durante uma semana forças inimigas muito maiores em contingente, aviação e artilharia. Em 9 de setembro, começou a grande ofensiva polaca no vale do Rio Bzura sob o comando do general Tadeusz Kutrzeba. O êxito foi total, mas não influiu no desenrolar dos acontecimentos.
Em 20 de setembro, o exército de Kutrzeba foi desbaratado numa das batalhas mais sangrentas da guerra. Os poucos que sobreviveram foram reforçar as trincheiras da Varsóvia sitiada. Três dias antes, os comunistas tinham cruzado a fronteira polaca. Os combates na cidade de Gdynia duraram até o dia 18. Os alemães sitiaram Lwów até o dia 22 sem conseguir tomá-la. Em Lublin duas grandes batalhas ocorreram antes do dia 26, nos arredores de Tomaszów. Varsóvia conseguiu resistir até 28 de setembro quando caiu e o exército Polasie sob o comando do general Franciszek Kleeberg resistiu de 2 a 5 de outubro, na cidade de Kock, quando capitulou sem munições. Esta foi a última batalha da campanha de 39 e a que acabou por estimular as demais nações européias a enfrentar o terror nazista.
O significado militar e político da defesa polaca foi enorme. A meta hitleriana de uma campanha curta e rápida não teve êxito. A invasão à Polônia custou 40 mil soldados, mil tanques e 700 aviões em apenas um mês. Estas perdas equivaleram às baixas sofridas pelos alemães até começar os ataques terrestres a União Soviética 4 anos mais tarde.Desconsiderando o óbvio, alguns fatos menos conhecidos sobre o papel de Polônia durante a Segunda Guerra Mundial provam o quanto, os polacos foram preponderantes para a derrota nazista.
Primeiro, a Polônia realizou o maior movimento de resistência entre todos os países da Europa. Sensibilizados pelas sucessivas partilhas de seu território, os polacos tinham consciência que estavam lutando em prol de seu país. Segundo, o pior dos campos de concentração e o maior número de vítimas ocorreu em terras polacas. Esta distinção horrorosa foi devida principalmente à longa história de tolerância religiosa e cultural da Polônia, que resultou na maior população judaica da Europa. Em oposição ao pensamento de seus vizinhos, os polacos auxiliaram muito os judeus antes, durante e depois da ocupação nazista. Esta atitude auxiliadora foi algo sem precedentes na história da humanidade. Os polacos católicos por isso acabaram castigados da mesma forma como os polacos judeus pelos nazistas. Terceiro, a União Soviética jogou sua cartada expansionista habilmente ao longo de toda a guerra. Para mover suas fronteiras para Oeste, os russos se uniram aos polacos apenas com o objetivo de os colocar para fora das fronteiras do Leste europeu, ou simplesmente acabar com os mais promissores oficiais polacos.
Inicialmente os dados alemães eram de que foram massacrados 40.231 oficiais em Katyń, em 1940, pelo exército vermelho. Entretanto, informações recentes, indicam, após escavações na região, que oficiais foram massacrados, não só em Katyń, como também em Charków, Starobielsk, Ostaszków e outros campos de prisioneiros militares. Na área política, Stalin impôs um Partido Comunista pseudo-polaco que depois veio a servir como coluna vertebral do Partido Operário Polaco.
As maiores artimanhas de Stalin aconteceram perto do fim da guerra. Em 1944, soldados soviéticos se pararam para contemplar o exército polaco enfrentar os nazistas durante três meses na insurreição de Varsóvia. Derrotados, os poucos polacos assistiram impotentes, o exército alemão destruir 85% de Varsóvia nos dois meses seguintes. Enquanto isto, o exército soviético esperou seis meses do outro lado do rio para cruzá-lo apenas em janeiro de 1945 e entrar em Varsóvia vitorioso sem ter tido nenhuma participação e conseqüentemente perdas. O egoísmo brutal desta ação ainda hoje é algo difícil de ser aceito. A nova realidade dos polacos foi expressa na dependência a Moscou, sancionada em Ialta e na submissão da sociedade ao experimento da transformação comunista preconizada por Jozéf Stalin.
MAIORES PERDAS
No final de tudo, a Polônia perdeu mais que qualquer outro país envolvido na Guerra. Mais de 25% de sua população foi completamente dizimada, sua capital foi transformada em ruínas, sua população anteriormente multirracial tornou-se 100% polaca e seu futuro político foi determinado por potências estrangeiras sem a sua participação.
Os polacos com sua atitude exerceram forte influência sobre outras nações que apenas começavam a perceber o perigo que as ameaçava. Ao contrário das expectativas de Hitler, a guerra contra a Polônia transformou-se em guerra mundial. Segundo o coronel Eugeniusz Kozłowski, “a Polônia foi a primeira vítima da guerra produzida pela Alemanha de Hitler e ao mesmo tempo o primeiro país da Europa que não capitulou sem luta e interrompeu a série de anexações do III Reich”. De um contingente inicial de cerca de um milhão de soldados, as perdas alcançaram 200 mil soldados, sendo que 75 mil pereceram devido aos graves ferimentos.