sexta-feira, 24 de maio de 2013

Há 470 anos morria Mikołaj Kopernik

Digitalização de Dariusz Zajdel
O jornal Gazeta Wyborcza, publicou hoje, ilustração de como poderia aparentar o astrônomo polaco Mikołaj Kopernik (pronuncia-se micoúai copérnik). O rosto de Kopernik foi elaborado por Dariusz Zajdel do Instituto Forense da Polônia.
Há 470 anos, exatamente em 24 de maio de 1543, morria em Frombork, Voivodia da Vármia-Mazúria o homem que revolucionou o mundo com sua teoria heliocêntrica do Sistema Solar. 
Kopernik foi também cónego da Igreja Católica, governador e administrador, jurista, astrólogo e médico. Estudou nas universidades Jagiellonski de Cracóvia, de Bologna, Padua e Ferrara.
Nascido em Toruń, em 19 de Fevereiro, os restos mortais de Mikołaj Kopernik só foram enterrados novamente na catedral de Frombok, em 2010. Ele teve três irmãos Andrzej, Katarzyna e Barbara.

Dois sepultamentos
Kopernik teria sido sepultado na catedral de Frombork, onde os arqueólogos há mais de dois séculos, procuraram em vão por seus restos mortais. Esforços para localizar os restos mortais foram feitos em 1802, 1909, 1939 e 2004 sem sucesso.
Em agosto de 2005, no entanto, uma equipe liderada por Jerzy Gąssowski, chefe do Instituto de Arqueologia e Antropologia em Pułtusk, após a digitalização sob o piso da catedral, descobriu o que eles acreditavam ser restos mortais de Kopernik.
A descoberta foi anunciada somente após anos de pesquisa, em 3 de novembro de 2008. Gąssowski disse que estava quase 100 por cento de certeza de que era Mikołaj Kopernik.
Dariusz Zajdel do Laboratório Central da Polícia Forense da Polônia usou o crânio para reconstruir um rosto que se assemelhasse a um retrato de Kopernik, incluindo um nariz quebrado e uma cicatriz acima do olho esquerdo.
O especialista também determinou o crânio pertencia a um homem que morreu em torno da idade de 70 anos, tal como Kopernik estava no momento da sua morte.
A sepultura estava em más condições, e nem todos os restos do esqueleto foram encontrados, entre outras coisas, faltava o maxilar inferior.
O DNA dos ossos encontrados correspondeu às amostras de cabelo guardadas num livro de propriedade de Kopernik, que foi mantido na Biblioteca da Universidade de Uppsala, na Suécia.
Em 22 de maio de 2010, Kopernik teve um segundo funeral liderado por Józef Kowalczyk, ex-núncio papal e Primaz recém-nomeado da Polônia. Os restos do grande astrônomo polaco foram enterrados no mesmo lugar na Catedral de Frombork, onde parte de seu crânio e outros ossos foram encontrados.
A lápide de granito preto agora o identifica como o fundador da teoria heliocêntrica, e também um cânone da Igreja Católica Apostólica Romana.
A lápide tem uma representação do modelo do sistema solar, um sol dourado de Kopernik rodeado por seis dos planetas. A teoria de Kopernik.

Quadro a óleo do pintor Jan Matejko

O Sol é o centro, não a Terra
A teoria do modelo heliocêntrico, a maior teoria de Kopernik, foi publicada em seu livro, "De revolutionibus orbium coelestium" (Da revolução de esferas celestes), durante o ano de sua morte, 1543.
Apesar disso, ele já havia desenvolvido sua teoria algumas décadas antes.
O livro marcou o começo de uma mudança de um universo geocêntrico, ou antropocêntrico, com a Terra em seu centro.
Kopernik acreditava que a Terra era apenas mais um planeta que concluía uma órbita em torno de um sol fixo todo ano e que girava em torno de seu eixo todo dia.
Ele chegou a essa correta explicação do conhecimento de outros planetas e explicou a origem dos equinócios corretamente, através da vagarosa mudança da posição do eixo rotacional da Terra.
Ele também deu uma clara explicação da causa das estações: O eixo de rotação da terra não é perpendicular ao plano de sua órbita. Em sua teoria, Kopernik descrevia mais círculos, os quais tinham os mesmos centros, do que a teoria de Ptolomeu (modelo geocêntrico).
Apesar de Kopernik colocar o Sol como centro das esferas celestiais, ele não fez do Sol o centro do universo, mas perto dele. Do ponto de vista experimental, o sistema de Kopernik não era melhor do que o de Ptolomeu.
E ele sabia disso, e não apresentou nenhuma prova observacional em seu manuscrito, fundamentando-se em argumentos sobre qual seria o sistema mais completo e elegante.
Da sua publicação, até aproximadamente 1700, poucos astrônomos foram convencidos pelo sistema de Kopernik, apesar da grande circulação de seu livro (aproximadamente 500 cópias da primeira e segunda edições, o que é uma quantidade grande para os padrões científicos da época).
Entretanto, muitos astrônomos aceitaram partes de sua teoria e seu modelo influenciou muitos cientistas renomados que vieram depois dele, como Galileu e Kepler, que conseguiram assimilar a teoria do polaco astrônomo e desenvolve-la.
As observações de Galileu das fases de Vênus produziram a primeira evidência observacional da teoria de Kopernik. Além disso, as observações de Galileu das luas de Júpiter provaram que o sistema solar contém corpos que não orbitavam a Terra.
O sistema do polaco pode ser resumido em algumas proposições, assim como foi o próprio a listá-las em uma síntese de sua obra maior, que foi encontrada e publicada em 1878.

As principais partes da teoria são:
- Os movimentos dos astros são uniformes, eternos, circulares ou uma composição de vários círculos (epiciclos).
- O centro do universo é perto do Sol.
- Perto do Sol, em ordem, estão Mercúrio, Vênus, Terra, Lua, Marte, Júpiter, Saturno, e as estrelas fixas.
- A Terra tem três movimentos: rotação diária, volta anual, e inclinação anual de seu eixo.
- O movimento retrógrado dos planetas é explicado pelo movimento da Terra.
- A distância da Terra ao Sol é pequena se comparada à distância às estrelas.
Se essas proposições eram revolucionárias ou conservadoras era um tópico muito discutido durante o vigésimo século.
Thomas Kuhn argumentou que Kopernik apenas transferiu algumas propriedades, antes atribuídas a Terra, para as funções astronômicas do Sol. Outros historiadores, por outro lado, argumentaram a Kuhn, que ele subestimou quão revolucionárias eram as teorias do polaco de Toruń, e enfatizaram a dificuldade que ele deveria ter em modificar a teoria astronômica da época, utilizando apenas uma geometria simples, sendo que ele não tinha nenhuma evidência experimental.