quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Rydzyk - o padre poderoso da Polônia

O Padre Tadeusz Rydzyk é um personagem da Polônia democrática que acredita piamente nos dogmas medievais. Extrema-direita, fascista, xenófobo, racista são alguns dos adjetivos que lhe são designados.

O Padre poderoso da Polônia, Tadeusz Rydzyk

Provavelmente, seja o maior influenciador da Polônia. Homem decisivo nas eleições presidenciais e parlamentares do país.

Durante os dois dias de votação do plebiscito que decidia a entrada ou não da Polônia na União Europeia levou a maior reprimenda de sua vida, de ninguém mais ninguém menos do que o Papa João Paulo II. Rydzyk era defensor intransigente da não entrada do país no grupo europeu. No primeiro dia de votação, um sábado, o Não estava ganhando e o comparecimento mínimo dos eleitores não seria atingido. Naquela mesma noite, segundo informações da impensa polaca, o Papa telefonou para e ordenou que parasse com a campanha do não. O Papa era e foi o maior defensor da integração de seu país à Europa Ocidental. Ordenou também ao Cardeal Primaz que todas as paróquias do país na missa da manhã de domingo convocassem os fiéis irem votar e no Sim.

Os resultados oficiais finais do plebiscito da Polônia sobre a integração à União Européia (UE) mostraram que 77.45 % dos eleitores apoiaram a entrada e 22.55% votaram contra a adesão.
A participação nas urnas foi de 58.85%, acima dos 50% necessários para que os resultados fossem válidos. Na época, o social-demcrata presidente Aleksander Kwaśniewski disse que a votação expressiva pelo "sim" representava um "retorno da Polônia à família européia". Os votos, que não obrigatórios, numa população de 38 milhões de habitantes, recolocou a Polônia entre os países de maior território e população da Europa.

O padre da Congregação Redentorista, fundada em Scala, próximo de Amalfi, Nápoles, em 1732, pelo Santo Afonso de Ligório, e a mesma congregação que foi expulsa da Polônia em 1808, foi decisivo nas eleições presidenciais dos irmãos Kaczyński, Lech para presidente, e Jarosław para primeiro ministro. O que se viu foi um desastroso governo conservador e de extrema-direita, que fez tudo para se afastar da União Europeia. Aquele governo terminou com a tragédia da queda do avião presidencial polaco em terras russas em abril de 2010, e a morte de Lech kaczyński e os demais 94 ocupantes do avião.

Tadeusz Rydzyk, além do seu púlpito na igreja contruída por ele mesmo, A Bem-Aventurada Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização e São João Paulo II, começou sua prepagação política e religiosa com uma emissora clandestina Rádio Maria, onde faz seus discursos inflamados contra os estrangeiros, contra as raças humanas e políticos à favor do Partido Direito e Justiça, que comanda a Polônia desde 2015, e que levou um grande revés nas  eleições de 15 de outubro último. Além disso, ele possui dois canais a cabo e uma faculdade de jornalismo. O padre está prosa e sempre poderoso. E mais com a língua afiada.

Igreja da Virgem Maria e Santo João Paulo II, em Toruń

Na primeira entrevista após as eleições de outubro, o Padre Rydzyk afirmou que os seus meios de comunicação “dificilmente sobreviverão” e pediu doações. Também avaliou que “o que aconteceu recentemente na Polônia é o resultado de uma grande manipulação” e não poupou palavras de crítica ao presidente da Câmara dos Deputados: "Fez retiros, escreveu livros religiosos, visitou paróquias e foi convidado pelos párocos universitários. E agora está atingindo a Igreja."

Rydzyk foi questionado pela primeira vez sobre como ele conseguiu criar uma mídia católica tão grande. "Em primeiro lugar, não é tão grande como dizem. Quanto isso significa em comparação com a mídia de esquerda ou com capital estrangeiro? As necessidades são muito maiores para que toda a nação seja formada para ter personalidades fortes. Somos inundados por manipulações terríveis. Os meios de comunicação de lá são como Golias, têm recursos financeiros ilimitados e estão fortemente armados. Neste contexto, a Rádio Maria é algo minúsculo. Estamos lutando para mantê-la e pedimos a todos que nos ouvem e assistem apoio e contribuição para este trabalho comum".

O sacerdote buscou palavras duras contra a derrota de seu amado partido PiS (Direito e Justiça): "O que aconteceu recentemente na Polônia - esta é a minha opinião, subjetiva - é o resultado de uma grande manipulação. E penso que não foram indivíduos que atuaram neste teatro de manipulação, foram pessoas organizadas, formadas, financiadas, que fizeram parte de uma grande estrutura, uma grande, como lhe chamo, internacional. Estes são aqueles que odeiam a Polônia, especialmente aquela que tem fé no coração, é fiel à tradição humanista, respeita os seus heróis e santos."

O padre parece indignado com a vitória parlamentar da oposição. "Os polacos devem mobilizar-se, hoje, porque muitas questões estão em risco. Eles também vão querer atacar a Rádio Maria. Mas não só em nós. Não gosto da televisão polaca em tudo, tem algumas coisas más lá, mas hoje, dá voz aos polacos que antes eram silenciados. Eles também querem assumir o controle e destruí-la", disse Rydzyk sobre a tomada do poder na Polônia pela coalizão oposicionista.

O padre disse ainda, que houve um “ataque ilegal ao Banco Nacional da Polônia”, bem como um “ataque” ao CBA e ao Instituto da Memória Nacional. "Isso os incomoda? Ou talvez o desenvolvimento polaco, o fato de a Polônia ter avançado tanto nos últimos anos?", continuou o padre de Toruń.

E os jovens embevecidos com Rydzyk o chamam de Pai.

Rydzyk também criticou o novo presidente da Câmara dos Deputados, Szymon Hołownia. "O próprio Sr. Presidente também me surpreende - afinal, ele fazia retiros, escrevia livros religiosos, visitava paróquias e os párocos universitários o convidavam. E agora está atacando a Igreja. Então eu pergunto – ele não estava nos enganando, levando-nos a cumprir nossas tarefas? Isso não é algum tipo de força-tarefa? Isto é o que parece", ele disse.

Na entrevista, sobre o tema da União Europeia e a discussão sobre possíveis alterações nos tratados, ele se pronunciou assim: "Não somos contra a Alemanha, não somos contra outras nações. Somos contra o mal, a escravização dos polacos. É triste que tenham manipulado os polacos desta forma, com a ajuda dos meios de comunicação social e também com a ajuda de alguns vendedores. Estamos caminhando para a escravidão por nossa própria vontade. Por isso, precisamos despertar a consciência e a consciência. E muito importante: não se deixem dividir, porque eles vão tentar", afirmou padre Rydzyk.

Na entrevista diretor da Rádio Maria foi questionado sobre as ações do novo presidente do Câmara, ele incentiva os polacos a comprar pipoca porque haverá um show divertido no parlamento.

"Este é o caminho errado porque os tempos estão difíceis. O preço de uma abordagem imprudente dos assuntos públicos pode ser muito, muito elevado. O próprio Sr. presidente da câmara também me surpreende. Gostaria de salientar: eles querem brincar constantemente com as nossas emoções, não querem que tomemos decisões racionalmente. Algumas pessoas são tão fascinadas pela Alemanha, que tirem essa dos alemães, porque falam sério de política e de assuntos públicos, não há lugar para esses circos lá"enfatizou o diretor da rádio que há tempos deixou de ser clandestina.

"Lembro-me de como nasceu em mim a ideia da rádio, de como foram e estão a ser criadas questões subsequentes. A segunda parte do milagre é que muitas pessoas aderiram à causa. Você pode ter ideias ótimas e muito boas, mas elas não serão implementadas, os arquivos e bibliotecas privadas estão cheios delas. E sempre houve e há pessoas maravilhosas na rádio que assumiram esta tarefa. Às vezes não sei como agradecê-los.", agradeceu Rydzyk.

Sobre a Polônia e patriotismo ele foi enfático: "Também penso o tempo todo na Polônia, porque a nossa pátria é a mais próxima de mim depois de Deus. Quantas vezes na história a Igreja salvou a Polônia, os Polacos, a Polónia. Aprendo isto constantemente com grandes polacos do passado, incluindo o cardeal Stefan Wyszyński, que pude ouvir várias vezes quando era jovem, e depois, como jovem sacerdote, conheci pessoalmente, uma vez até na rua Miodowa. Ele disse: “Depois de Deus, o que mais amo é a Polónia”. Porque essa é a nossa família, que linda, que corrente maravilhosa de gente marcante".

Segundo o padre mais conservador da Polônia, "no mundo de hoje, sem mídia, somos como mudos. Os adversários da Igreja sabem disso, e os comunistas sabiam-no perfeitamente. Quando supostamente deixaram o poder e caíram, garantiram que a mídia estivesse em suas mãos. E outras estruturas nodais e chave. Por isso fizeram tudo para impedir a criação da Rádio Maria e depois para destruí-la."

Rydzyk acredita na tese de que o Santo São João Paulo II é vitima de um ataque deliberado.
"Todos provavelmente percebem que este é um ataque internacional e coordenado. Eles não conseguiram matá-lo no início do seu pontificado, por isso estão tentando agora, postumamente. Uma tentativa de tirar a dignidade, o bom nome, atribuindo falsamente atos indignos - isto é, afinal, o assassinato póstumo de uma pessoa. Com estes métodos, tentam manipular, especialmente, os jovens que não se lembram daqueles anos, do grande bem que os polacos experimentaram do Papa polaco, do seu cuidado com cada pessoa, da sua sabedoria. Por isso faço um apelo: falemos com os jovens, contemo-los como foi, vamos incentivá-los a procurar fontes de informação que digam a verdade".

E ele continua sua pregação contra o que considera inimigos da religião, do povo e da Polônia. "Os polacos devem mobilizar-se hoje porque muitas questões estão em risco. Eles também vão querer atacar a Rádio Maria. Mas não só em nós. Não gosto da televisão polaca em tudo, lá também há coisas más, mas hoje dá voz aos polacos que antes eram silenciados. Eles também querem assumi-lo e destruí-lo. Assistimos a um ataque muito forte e ilegal ao Banco Nacional da Polônia, que poderá ter consequências econômicas muito negativas para o país. Ataque ao Escritório Central Anticorrupção. Eles planejam atacar o Instituto da Memória Nacional, ou seja, nossa memória. Uma nação que não se lembra do passado morre e não tem futuro. O Instituto da Memória Nacional, por exemplo, mostra-nos soldados firmes e restaura a sua memória nacional. Isso os incomoda? Ou talvez o desenvolvimento polaco, o fato de a Polônia ter avançado tanto nos últimos anos?"

Suas baterias se voltam contra a universidade: "Tudo isto sob os belos lemas de prosperidade e liberdade. Mas quando um homem chega à Universidade da Silésia alertando contra a tragédia da chamada “mudança de sexo”, eles iniciam uma campanha e o reitor não permite que ele compareça. Esta é a liberdade deles? Onde está a busca da verdade pela universidade? Não, este é o pensamento marxista. Não podemos ceder a isto. Queremos um diálogo argumentativo, queremos uma conversa séria sobre o bem comum e o futuro de toda a família polaca neste mundo conturbado".

Como responder aos ataques à Igreja e aos anúncios de “arquivamento dos católicos”, que podem estar agora a entrar na fase de implementação, é a pergunta que foi feita ao padre Rydzyk e a qual ele respondeu assim:  "Quando ouço tais anúncios, sempre pergunto: “você é polaco? Você não sabe como seria a Polônia sem a Igreja? Você não vê o quanto ela deu e está dando à Polônia? O fato do escândalo acontecer em algum lugar, de haver algumas coisas ruins, exige condenação e reparação, há ovelhas negras em todos os ambientes. Mas isto não significa que assim seja a Igreja na Polônia. Todos cometemos erros, somos todos mais ou menos pecadores, devemos advertir uns aos outros - mas com amor. A Igreja é de Cristo e quer conduzir todos nós ao Reino de Deus, à verdade, à justiça, ao amor, à paz e à alegria no Espírito Santo, ou seja, ao Céu."

Em relação à guerra na Ucrânia e ao ataque de Israel na Palestina, o padre acredita que:  "Sim, isto é uma ameaça à independência e é claro que a Alemanha está a tentar fazê-lo. Bismarck falhou, Hitler falhou, mas eles continuam tentando. Não somos contra a Alemanha, não somos contra outras nações. Somos contra o mal, a escravização dos polacos. É triste que tenham manipulado os polacos desta forma, com a ajuda dos meios de comunicação social e também com a ajuda de alguns vendedores. Estamos caminhando para a escravidão por nossa própria vontade. Por isso, precisamos despertar a consciência. E muito importante: não nos deixemos dividir, porque eles vão tentar".

E para concluir, ele é taxativo: "Se vierem para destruir a nação, atacarão primeiro a Igreja. É por isso que todos precisam da Família Rádio Maria. Quando atingem um padre, uma freira ou um católico, as pessoas que pensam, superficialmente, se afastam. Queridos amigos, sabemos e lembramos. Aleluia e mãos à obra na evangelização!"

Não resta dúvida que a guinada à extrema-direta que a Polônia, experimentou na última década é em grande parte responsabilidade deste senhor, que impõe costumes medievais, que se mete na política..e eleva a igreja católica apostólica romana ao status de igualdade como o Estado, quando o assunto é Pátria.

Fontes: wPolityce.pl, onet.pl, agências internacionais de notícias.
Texto: Ulisses iarochinski