terça-feira, 21 de outubro de 2014

Rússia propôs dividir Ucrânia com a Polônia

Reuters

O presidente russo, Vladimir Putin, propôs ao então primeiro-ministro da Polônia que dividissem a Ucrânia entre eles ainda em 2008, afirmou o presidente do Parlamento polaco, Radosław Sikorski, em entrevista publicada no site norte-americano, Político.
De acordo com Sikorski, que até setembro serviu como ministro das Relações Exteriores da Polônia, Putin fez a proposta durante a visita do primeiro-ministro Donald Tusk, a Moscou em 2008.

“Ele queria que participássemos dessa partição da Ucrânia... essa foi uma das primeiras coisas que Putin disse ao meu primeiro-ministro, Donald Tusk, quando ele visitou Moscou."
“Ele (Putin), em seguida, disse que a Ucrânia é um país artificial e que Lwów é uma cidade polaca, e perguntou por que simplesmente não a repartimos”, teria declarado Sikorski, na entrevista de 19 de outubro último.

Lwów em 1900 era uma cidade da Polônia
Antes da Segunda Guerra Mundial, o território polaco incluía regiões do atual Oeste ucraniano, inclusive algumas grandes cidades como Lwów, conhecida como Lviv, na Ucrânia.
Segundo Sikorski, que acompanhou o premiê em sua estada na capital russa, Tusk não respondeu à sugestão de Putin por saber que estava sendo gravado, mas a Polônia jamais expressou qualquer interesse em se unir à operação russa. "Nós deixamos isso muito, muito claro para eles, não queríamos nos envolver com isso", disse Sikorski na entrevista.

Após a publicação da entrevista, Sikorski disse que esta não estava inteiramente correta. "Algumas das palavras foram mal interpretadas", escreveu Sikorski em sua conta no Twitter, na noite desta segunda-feira (20), acrescentando que a Polônia não participa de anexações.
Nem o Ministério das Relações Exteriores da Polônia, nem oficiais russos estavam imediatamente disponíveis para comentar o assunto. "Se tal proposta foi feita por Putin, então isso é escandaloso", disse Ewa Kopacz, que substituiu Tusk como premiê, na noite desta segunda-feira em uma entrevista à emissora pública TVP.
Tusk deixou o cargo para assumir o cargo de Presidente da Conselho Europeu, em Bruxelas, na Bélgica. "Nenhum primeiro-ministro polaco vai participar de uma atividade tão vergonhosa como particionar outro país", disse ela, acrescentando que não tinha ouvido falar sobre essa proposta antes.
O relato de Sikorski reafirma que não é a primeira vez que a Rússia buscou apoio da Polônia para dividir a Ucrânia. Após a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia, o presidente do Parlamento russo, Vladimir Zhirinovsky, enviou uma carta aos governos de Polônia, Romênia e Hungria propondo uma divisão conjunta do país.