quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Uma nova Katyń é encontrada na Ucrânia

Em uma antiga prisão da NKVD - Comissariado do Povo para Assuntos Internos (ou Ministério do Interior) da Rússia Soviética, na de Vladimir, na região da Volínia polaca (atualmente em território ucraniano) foram encontrados os restos mortais de cerca de 1.000 pessoas.
Entre eles estão soldados. policiais e civis polacos. A exploração e exumações estão sendo feitas nas ruínas do antigo castelo do Rei polaco Kazimierz Wielki (Casimiro o Grande), na localidade de Vladimir, hoje, pertencente ao território da Ucrânia, e a 15 km da atual fronteira.
Nos anos de 1939 a 1956 existiu ali uma prisão do Ministério do Interior russo. A exploração arqueológica está sendo realizada por um grupo binacional de cientistas ucranianos e polacos.



"No momento já foram encontrados os restos mortais de cerca de 950 pessoas. Entre elas estão soldados polacos, mas também há civis. Também foram encontradas no local, pistolas TT junto aos mortos que possivelmente que foram mortos pela NKVD em 1940 e 1941", declarou Aleksiej Złatogorski, chefe da equipe ucraniana de arqueólogos.
A doutora em arqueologia, a polaca Dominika Siemińska, chefe da equipe polaca, acrescentou que "Os restos mortais estão em muito mau estado. Foram cobertos com cal. Já foram abertas duas cavidades na sepultura coletiva. Muitos deles, provavelmente foram abatidos a coronhadas e depois enterrados com escavadeira".
As exumações levará mais algumas semanas. O lado ucraniano inicialmente determinou que os restos dos corpos serão enterrados novamente em 23 de setembro, no cemitério municipal de Vladimir, na Volínia. Cidade, onde viviam polacos, rutenos, ciganos e judeus, antes da segunda guerra mundial, quando a região ainda era território da Polônia.


Uma nova Katyń?
É o que está se perguntando a sociedade polaca com as recentes descobertas. Katyń, também conhecido como Massacre da Floresta de Katyń, foi uma execução em massa ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial contra oficiais polacos prisioneiros de guerra.
Eram policiais e cidadãos comuns acusados de espionagem e subversão pelo NKVD - Comissariado do Povo para Assuntos Internos, a polícia secreta soviética, comandada por Lavrentiy Beria, entre abril e maio de 1940, após a rendição da Polônia à Alemanha Nazista.
Através de um pedido oficial de Beria, datado de 5 de março de 1940, o líder soviético Josef Stalin e quatro membros do Politburo aprovaram o genocídio. O número de vítimas é calculado em cerca de 22.000, sendo 21.768 o número mínimo identificado.
As vítimas foram executadas na floresta de Katyń, na Rússia, em prisões de Kalinin e Karkov e em outros lugares próximos.
Do total de mortos, cerca de 8 mil eram militares prisioneiros de guerra, outros 6 mil eram policiais e o restante dividido entre civis integrantes da intelectualidade polaca - professores, artistas, pesquisadores, historiadores, etc - presos sob a acusação de serem sabotadores, espiões, latifundiários, donos de fábricas, advogados, funcionários públicos perigosos e padres.
O termo "Massacre de Katyń" originalmente refere-se especificamente ao massacre na floresta de Katyń, perto das vilas de Katyń e Gnezdovo, localizadas cerca de 19,5 km a oeste de Smolenski.

A TV Cultura de São Paulo, exibiu no último sábado o filme "Katyń", realizado pelo maior cineasta polaco de todos os tempos Andrzej Wajda, cujo pai foi um dos oficiais assassinados em Katyń.