domingo, 29 de setembro de 2013

Wałęsa faz 70 anos hoje


O continente deve ter mais solidariedade e se desenvolver na direção de uma república federativa, crê Prêmio Nobel da Paz e ex-presidente polaco Lech Wałęsa, em entrevista exclusiva à Rádio Deutsch Welle, da Alemanha.
Ele faz 70 anos neste domingo. Por ocasião do seu 70º aniversário, o ex-chefe de Estado polaco Lech Wałęsa falou de seu projeto de uma Europa unida em entrevista à Deutsche Welle.
Sua biografia é singular: originalmente eletricista, em 1980 assumiu a liderança do primeiro sindicato livre do bloco comunista na Europa Oriental, o Solidariedade de Gdańsk. Dez anos mais tarde tornou-se presidente da Polônia, nas primeiras eleições livres em seu país após a queda do comunismo.
Para Wałęsa, a Alemanha, como peso-pesado no continente europeu, deveria continuar assumindo a responsabilidade pela superação das crises e pelo desenvolvimento de ideias para o futuro.
O Prêmio Nobel da Paz de 1983 afirma, ainda, que países mais abastados deveriam ajudar Estados com menos dinheiro na construção da infraestrutura, por exemplo, sendo ressarcidos posteriormente. O ex-sindicalista afirma que "divisões e fronteiras pertencem ao passado". Para a integração europeia, no entanto, é preciso prosperidade em todo o continente.

Deutsche Welle: Muitos países do leste e do sul da Europa invejam a Polônia pela virada democrática e pelos avanços econômicos das últimas duas décadas, para os quais o senhor contribuiu decididamente. Apesar disso, dezenas de milhares de polacos foram recentemente às ruas de Varsóvia protestar contra o governo liberal de Donald Tusk. O líder da oposição nacional conservadora, Jaroslaw Kaczyński, está à frente agora nas pesquisas de opinião. O que há de errado com os polacos?

Lech Wałęsa: Em primeiro lugar, nós não dispusemos de um século para o desenvolvimento da democracia e tivemos que acelerar o máximo possível para acompanhar o Ocidente. Muita coisa se acumula numa aceleração assim. Em segundo lugar: o que são algumas dezenas de milhares em relação a 40 milhões? Se tivéssemos reunido os descontentes em outro país, também nos Estados ricos, então tenho certeza que os protestos teriam uma dimensão ainda maior. Em terceiro lugar: nossa democracia provou seu valor. Embora tenha havido manifestações, esses protestos foram exclusivamente pacíficos. Recolheram-se assinaturas e a conta pela insatisfação dos cidadãos deverá ser paga na próxima eleição. Ou seja, a Polônia passou no teste com a sua democracia e pode servir como modelo de como lidar com o descontentamento.

Deutsche Welle: Em entrevista ao semanário alemão Die Zeit, o senhor expressou o desejo de que os alemães fossem mais corajosos e tivessem maior influência sobre o desenvolvimento e planejamento da Europa. Mas eles acabaram se tornando um bode expiatório, no esforço em combater a crise na Europa. A mídia grega, por exemplo, mostrou caricaturas de Angela Merkel usando uniforme nazista. Como o senhor vê a política alemã para a Europa?

Lech Wałęsa: Desde sempre os líderes políticos são criticados. E a Alemanha é um peso-pesado e isso em todos os setores. Mas os alemães também assumem a responsabilidade pela superação das crises e desenvolvem ideias para o futuro. E eles devem continuar assim. Em tempos em que fronteiras são abolidas, tudo em gira em torno da Europa, não em torno da Alemanha ou Polônia. Nós não deveríamos mais pensar em termos de fronteiras nacionais. Existem muitos temas novos, contemporâneos, como informação, ecologia, crises por exemplo, a financeira. Aqui não se trata mais de um banco, mas de um comportamento responsável por parte dos bancos em geral. Então vem a questão do dinheiro: a Alemanha tem, os outros, não. Na Europa, por exemplo, precisamos de uma boa rede de autoestradas, também na Albânia. Ali e em outros lugares, falta dinheiro para tal, então a Alemanha deveria assumir esse encargo e receber o dinheiro de volta, ao longo dos próximos 50 anos. O dinheiro não deve ficar guardado nas meias.

Deutsche Welle: Em relação à Alemanha, muitos estereótipos e preconceitos são revividos, quase 70 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial. Essa situação não se acirraria ainda mais se os alemães começassem a construir autoestradas pela Europa?

Lech Wałęsa: De jeito nenhum. Para a integração europeia, precisamos de prosperidade na Europa. Conflitos podem ser evitados somente se, por exemplo, construirmos autoestradas por todas as partes, então a situação vai melhorar em todos os lugares. Existe toda uma lista de tarefas, como, por exemplo, as redes de comunicação. Os Estados que têm dinheiro também deveriam disponibilizá-lo para países mais pobres e depois ser lentamente ressarcidos. Isso é um bom negócio para todas as partes envolvidas. Esta geração deveria começar a construir o Estado europeu, mas deveria fazê-lo com muito cuidado.

Deutsche Welle: Como esta geração devem proceder, exatamente?

Lech Wałęsa: Ninguém sabe ao certo. Para chegar até lá, precisamos de estruturas europeias maiores. Divisões e fronteiras pertencem ao passado. Em quase todas as nossas atividades, somos ainda assaltados por guerras e lembranças. Mas aos poucos nos distanciamos disso. É um processo penoso, mas temos feito grandes progressos. O importante é construir a Europa unida com base em valores comuns, que no momento ainda diferem de país para país. Nós deveríamos esboçar uma espécie de catálogo de valores, uma espécie de decálogo com dez mandamentos, desenvolvido por fiéis de todas as crenças e também por ateus. O desenvolvimento da futura Europa deveria acontecer sobre este fundamento.

Deutsche Welle: Neste domingo (29/09), o senhor está celebrando 70 anos. Olhando em retrospecto, sabe-se que contribuiu decididamente para a queda do comunismo. Hoje ainda existem muitas ditaduras que perseguem, até mesmo matam seus cidadãos. Qual é a sua receita, como se pode derrotar uma ditadura?

Lech Wałęsa: Minha receita se chama: solidariedade. Naturalmente, essa solidariedade difere de país para país. É particularmente importante que os EUA, a única superpotência que restou, também sejam encorajados a remodelar o mundo de forma que, quando antissemitismo, racismo, limpezas éticas ou armas químicas aparecerem em algum lugar, o mundo aja imediatamente e elimine os problemas.

Fonte: Rádio Deutsch Welle

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Wałęsa é exibido no Rio de Janeiro

Matéria publicada no jornal Folha de S.Paulo, por ocasião do Festival de Veneza 2013...o enviado especial entrevistou Lech Wałęsa, que esteve presente no festival italiano de cinema:

Adeus, Lênin!
RODRIGO SALEM

RESUMO

Parte da vida do ex-eletricista Lech Wałęsa  cujo bigode se impôs como símbolo dos trabalhadores na Polônia comunista dos anos 1980, virou filme nas mãos do amigo Andrzej Wajda. Em "Wałęsa: Człowiek z Nadziei", o cineasta faz um retrato edulcorado do Nobel que perdeu a mão na presidência e fez declarações contra gays.

* O Festival de Veneza é o mais tranquilo do trio de grandes eventos cinematográficos europeus que se fecha com Berlim e Cannes. Na pequena ilha do Lido, convidados, executivos, jornalistas, moradores e público visitante se esbarram com naturalidade. Mas no dia 5 de setembro, uma quinta-feira, os "carabinieri" fecharam a entrada principal do Palazzo del Festival, espalhando-se pelas ruelas charmosas e floridas ao redor do Cassino, onde funciona a organização do evento.

Não era George Clooney (ele já tinha ido embora), nem James Franco (que perambula pelos quatro cantos do mundo sem muito alarde) e muito menos Scarlett Johansson, cujo filme havia sido vaiado dois dias antes. Naquela noite, Lech Wałęsa fazia uma de suas raras aparições fora da Polônia, país onde nasceu e vive. País que ele mudou para sempre.

Wałęsa, aos 69 anos, ainda ostenta seu simpático e simbólico bigodão -agora totalmente branco. Um bigode que talvez não represente muito para a geração que não viu o simples eletricista de Gdańsk fundar o partido Solidariedade, que, por meio de greves e protestos adotados por milhões no início dos anos 1980, pôs um fim ao regime totalitário comunista e serviu de estopim para a derrocada de toda a União Soviética, em 1991.

Um bigode que ganhou o Nobel da Paz, em 1983. Um bigode que virou símbolo da luta pelos direitos dos trabalhadores. Foi para manter esse bigode "vivo" que o diretor Andrzej Wajda, nome fundamental do cinema polaco, decidiu filmar "WałęsaCzłowiek z Nadziei" (Wałęsa: homem da esperança), biografia ficcional daquele que chama "amigo" há mais de três décadas.

"Acho que a nova geração está procurando o herói do tempo atual e quis mostrar o que fizemos 30 anos atrás", conta Wajda, 87, ganhador de um Oscar honorário em 2000 e indicado quatro vezes para o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas na categoria de melhor filme estrangeiro -por "Terra Prometida" (1975), "As Senhoritas de Wilko" (1979), "O Homem de Ferro" (1981) e "Katyn" (2007). "A nova geração está perdida, sem um líder, sem uma referência. Talvez esse filme mostre uma luz."

Exibido na penúltima noite de Veneza, "WałęsaCzłowiek z Nadziei"  é claramente um atestado de idolatria. Usando a entrevista do sindicalista à italiana Oriana Fallaci (1929-2006), uma das mais conhecidas jornalistas dos anos 1970, interpretada por Maria Rosaria Omaggio ("Para Roma, com Amor"), o cineasta restringe o período de tempo coberto pelo filme na vida de seu retratado.

Viaja para 1978, quando mostra Wałęsa (Robert Wieckiewicz) assinando um contrato de "informante" para o governo comunista em troca de liberdade, até sua liderança ao unir os principais sindicatos do país, em 1980. Apesar de mostrar o descaso do político em relação à mulher, Danuta Gołoś (Agnieszka Grochowska) e aos filhos, o longa exclui seu controvertido e criticado período como presidente da Polônia (1990-95).

Da mesma forma, nem passa perto de retratar os posicionamentos de Wałęsa contra o aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo. E ignora sua retumbante declaração contra o partido gay polaco - no início do ano, Wałęsa falou que os representantes da minoria deveriam ficar no fundo do Congresso ou fora dele.

"O ataque ao filme vai ser grande quando ele estrear na Polônia, em outubro", admite Wajda. "Mas a responsabilidade é toda minha." O próprio Wałęsa mostrou-se menos cioso em Veneza: falando à Folha, não se esquivou dos assuntos polêmicos. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

* Folha - O senhor carrega algum ódio no coração?

Lech Wałęsa - Sinto raiva, mas diferente. É um rancor sobre o que está acontecendo na Síria. Por 20 anos eu tenho falado para a Nações Unidas e para todo mundo que precisamos reorganizar o planeta, porque precisa haver um sistema político-econômico novo. Mas ninguém ouve. Não é o comunismo nem o neocapitalismo. Temos três pessoas em escritórios decidindo regras e dizendo como devemos nos comportar, mas ninguém está fazendo nada. Os EUA não sabem o que fazer, porque não tem uma contrapartida financeira. Se os EUA não conseguem resolver, passem para os polacos, que nós fazemos isso. E se há outro ponto pelo qual sinto raiva, é porque minha mulher não está aqui comigo.

O que significa esse símbolo em sua lapela?

É a Ave Maria. No início dos anos 1980, um grupo de peregrinos me forçou a usar. Eu falei: "Enquanto eu estiver combatendo governos, eu sempre usarei o broche". Desde então, nunca deixei de usá-lo. Mantive minha promessa até hoje. Sempre tenho um terço comigo, porque sou católico e vou à igreja todos os domingos, mas isso é outra coisa. Não gosto de demonstrações explícitas de religiosidade.

Como foi se ver no filme, com outra pessoa o interpretando?

Não pensei muito nisso. O mais importante para mim, quanto ao filme, é ver que nossa vitória está conservada para sempre, que podemos dar o exemplo para uma nova geração. Uma luta não é vencida completamente se você não fala sobre ela para os outros. O filme de Wajda tem uma mensagem sobre lutar pelas causas em que você acredita. Como sou uma pessoa meio conhecida, essa mensagem poderá ser "lida" pelo mundo. Lutas ainda são importantes e, se conseguirmos reformar o mundo e obter melhores salários para os trabalhadores, eu terei alguns monumentos erguidos em minha homenagem (risos).

O senhor se envolveu diretamente com as filmagens do longa?

Eu fugi dele. Estava curioso sobre a visão de Wajda e sobre como ele representaria, no cinema, esse período difícil. Minha presença seria uma interferência, e eu queria que esse grande artista que é Wajda apresentasse a história da maneira dele. Um filme é como um dominó: se você derrubar uma peça, ele cai inteiro.

No filme, podemos ver que foram tempos difíceis para sua mulher. Como foi reviver isso na tela?

Eu e minha mulher fomos criados de maneira conservadora. A mulher é responsável por tudo relacionado à casa e aos filhos. E o marido precisa prover o dinheiro. Eu tentava fazer o simples, que era trazer o dinheiro para casa, mas precisei me sacrificar por inteiro pela política, e ela sofreu com isso, porque tínhamos seis filhos. Eu não falava nada sobre política com ela, não pedia conselho e nem a informava. As decisões eram todas minhas. Hoje vejo que talvez não tenha sido a melhor decisão. Ela soube do Nobel pelo rádio e ficou surpresa [depois ela iria a Oslo receber o prêmio em nome de Wałęsa . Então, eu não tenho direito a ser líder nenhum (risos).

Recentemente o sr. ocupou o noticiário devido a declarações contra a presença de representantes de minorias gays no Congresso polaco. O sr. tem a dimensão de quanto isso pode ter manchado sua imagem de defensor da liberdade?

Não foi bem isso que eu falei na televisão [que as minorias devem ficar na última fileira do Congresso ou até fora dele], mas tenho uma visão clara sobre a política de hoje: a sociedade precisa se refletir nas eleições democráticas, que têm de mostrar como ela é dividida. E essas frações significam que os partidos menores têm menos espaço no Congresso. Essa é minha opinião, mas eu não estava tentando eliminar ninguém.

Então, o senhor não acha que os gays deviam ser presos?

Não, claro que não. Isso foi um mal-entendido. Eu sei que Deus criou essas pessoas e sei que precisamos compreendê-las. Mas não vou deixar que elas me dominem.

O que o sr. acha do casamento gay?

Deveria haver uma nova regra baseada no casamento tradicional para permitir aos gays se unirem. Casamento é diferente, porque é entre um homem e uma mulher e envolve procriação. Precisamos de uma nova regra, para que todos sejam respeitados.

P.S.
a pronúncia correta dos nomes é:
Lech Wałęsa (atente para os sinais nas letras) é lérrreehh vaúensa
Andrzej Wajda é andjei vaida
O jornalista da Folha, parece ter se informado à respeito do líder polaco apenas por informes das agências internacionais de notícias, pois o tom de seu texto demonstra um certo preconceito contra a figura de Wałęsa e por Wajda não ter apresentado o homem criticado pelos partidos políticos de oposição.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Polacos trocam comida por telas LCD


Subtrair da boca para atender à necessidade de modernos aparelhos eletrônicos? Os polacos mudaram seus hábitos alimentares durante os anos de crise. E não só isso, aprenderam a procurar os preços mais baratos na concorrência. Os dados, recém publicados pela Central de Estatística mostram que, em geral, os polacos estão comendo menos. Caiu o consumo de quase todos os alimentos.
-  Pão: atualmente se come 4,3 kg por mês de pão. Cinco anos atrás, no início da crise, era de quase 5,1 kg
- Carne: Hoje - 5.4 kg / mês. Antes da crise - 5.6 kg / mês
- Peixe: Hoje - 0,42 kg / mês. Antes da crise - 0,47 kg / mês.
- Leite: Hoje - 3,4 litros / mês . Antes da crise - 3,6 l / mês.
- Legumes: Hoje - 9,6 kg / mês. Antes da crise - 10.5 kg / mês.
- Doces: Hoje - 1,67 kg / mês. Antes da crise - 1,86 kg / mês.
- Frutas: Hoje - 3,45 kg / mês. Antes da crise - 3,59 kg / mês.
Também diminuiu fortemente o consumo de arroz, massas, cereais e flocos, manteiga e margarina, ovos, chá, café ou suco de frutas.
Apenas a água mineral, entre os produtos básicos registrou um crescimento expressivo de 2,9 litros para 4 litros consumidos em média pelos polacos. Apesar de o consumo limitado de nossas despesas de alimentos não caíram . Curiosamente, apesar da inibição da ingestão de alimentos, o polaco médio não diminuiu o apetite por equipamentos eletrônicos modernos e eletrodomésticos.
- A TV de Plasma ou LCD, que já em 2009, 22 por cento da população já possuía pelo menos uma unidade, atualmente mais da metade do moradores urbanos já a possuem, ou 55 por cento dos que vivem na cidade e 46 por cento moradores das vilas rurais.
- Computador com acesso à rede de Internet, que em 2009, era a metade da população a possuir, atualmente este percentual é de dois terços da população.     - Máquina de Lavar Louça, em 2009, era de 12 por cento, agora passa dos 20 por cento dos habitantes (sendo 17,5 por cento na zona rural).
- Fogão elétrico com placa de cerâmica de cada 10 polacos 3 deles já possuem este eletrodoméstico.
De posse dos dados a imprensa está a se perguntar: por que este paradoxo de economizar em comida, mas não em equipamento eletrônico? Não comer, para comprar uma tela LCD?
Entrevistado pelo jornal Metro (sim aquele mesmo que é entregue gratuitamente nas ruas de Curitiba e São Paulo) o prof. Witold Orlowski da PwC (PricewaterhouseCoopers Polska Sp. z o.o.) respondeu que "os polacos sentiram a crise, tornaram-se cada vez mais receosos a repeito do mercado de trabalho e, certamente, isso teve um impacto nas suas compras de alimentos. Eles procuraram por alternativas mais baratas. Mas duvido que a redução quantitativa da ingestão de alimentos possa ser de ordem econômica. Comprar menos comida é sim uma conseqüência da moda por um estilo de vida mais saudável. De um ponto de vista médico, deve-se estar feliz que mais pessoas pararam de comer demais".
Já para o economista Marek Zuber da Dexus Partners, "há pessoas que adiam a decisão de comprar suas casas próprias, vivendo de alugueis em pequenos apartamentos só para ter o prazer de dirigir carros de luxo. Há também um grupo de pessoas que são capazes de comer menos para gastar esse dinheiro em gastar em produtos mais caros".
Já o prof. Tadeusz Popławski, sociólogo da Universidade de Białystok, não é de todo surpreendente que os polacos tirem da boca para tomar posse de equipamentos sofisticados: "Hoje, a tecnologia moderna não é mais um luxo, tornou-se necessidade básica. Desejá-los a um grau semelhante ao da comida pode ser explicado pela lente de como é visto o comportamento das crianças - uma vez a criança pediu aos pais dinheiro para comprar doces, batatas fritas e  sorvetes. Hoje, as mesmas crianças, colocam em um cofrinho dinheiro para comprar em seu smartphone ou tablet".

sábado, 21 de setembro de 2013

Wiesenthal esbarrou em bispo católico quando buscava Wächter

Otto Wächter (esq.) com Heinrich Himmler (centro), durante a ocupação alemã na Polônia

Por Roberto Almeida e Vitor Sion | Viena e São Paulo

Terminada a Segunda Guerra Mundial, em 1945, centenas de sobreviventes do Holocausto passaram a procurar nazistas fugitivos para tentar levá-los à Justiça ou fazê-la com as próprias mãos. Aquele que ficou mais conhecido com essa iniciativa foi Simon Wiesenthal (1908-2005), cuja história se ligou à de Otto Wächter, comandante da SS e ex-governador da Cracóvia, na Polônia, e da Galícia, noroeste da Ucrânia.
Em seu livro “Assassinos Entre Nós”, Wiesenthal diz ter visto Wächter no dia 15 de agosto de 1942 coordenando os trens da morte que levaram judeus de Lwów, hoje Ucrânia, para o extermínio. Cerca de quatro mil idosos foram arregimentados e enviados para campos de concentração. Entre eles, relembra o ativista judeu, estava a mãe que nunca mais tornaria a ver.
O filho de Wächter, Horst, nega a informação. Ao receber a reportagem de Opera Mundi no Castelo Hagenberg, Horst apresentou como prova uma carta do líder nazista à mulher, dizendo que estava em reunião do partido na Cracóvia. Ele diz ainda que Wiesenthal confundiu seu pai com Fritz Katzmann, que era o chefe da SS em Lwów. 

Carreira de Wiesenthal
Em favor da versão de Horst, além do documento, está o histórico de erros da obra de Wiesenthal. Ao tentar capturar o famoso médico de Auschwitz, Joseph Mengele (1911-1979), que veio para o Brasil após a guerra, o pesquisador disseminou ao menos duas informações falsas. A primeira delas dizia que Mengele estava em Porto São Vicente, na região do Alto Paraná, no Paraguai.
No entanto, autoridades paraguaias responderam que tal localidade nem sequer existia. Antes disso, em novembro de 1968, Wiesenthal distribuiu à imprensa e aos órgãos policiais supostas fotos de Mengele nas ruas de Assunção.
O fotografado, porém, não era o médico de Auschwitz. O trabalho de Wiesenthal, no entanto, foi fundamental para muitos sucessos em prisões de nazistas. Teve papel relevante nas buscas por Adolf Eichmann (1906-1962), finalmente capturado em 1960 na Argentina e levado a Israel por agentes do serviço secreto do país, o Mossad.
Eichmann foi o responsável pela montagem burocrática do sistema de extermínio nazista, e seu julgamento, em 1962, foi um marco na história da condenação de criminosos de guerra. O caso também é bastante conhecido por ter sido objeto de reflexão da filósofa Hannah Arendt, que resultou no livro “Eichmann em Jerusalém”.
A prisão de outro nazista de alto coturno, o chefe do campo de Treblinka, Franz Stangl (1908-1971), é resultado direto das pesquisas de Wiesenthal. Um genro de Stangl teria fornecido ao austríaco, já famoso pela busca de nazistas, a localização de Stangl, preso em 1967 no Brasil.
Na época, ele trabalhava com o nome verdadeiro na Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP) e foi extraditado para a Alemanha, onde foi julgado e condenado a prisão perpétua. Logo em seguida à prisão de Eichmann, animado com a captura, passou a considerar Wächter “o fugitivo nazista mais odiado”. Seu paradeiro, até então, era desconhecido e as circunstâncias de sua morte, duvidosas.
O comandante da SS e governador havia escapado para Roma sob nome falso, no pós-guerra. Passara a se chamar Alfredo Reinhardt e estava sob os cuidados do bispo austríaco Alois Hudal, responsável pela chamada “Linha dos Ratos”, que acobertou e facilitou a fuga de criminosos de guerra para a América do Sul – entre eles, Mengele e Stangl. Ele manteve sob proteção Wächter e seu arquivo, conhecido como “Arquivo Wächter”, no mosteiro Santa Maria Dell’Anima, perto da Piazza Navona, em Roma.
Opera Mundi teve acesso às correspondências do ativista judeu depositadas no Instituto Simon Wiesenthal, em Viena, que narram a investigação sobre o paradeiro do comandante da SS e sobre seu arquivo, uma caixa de documentos do governo nazista na Galícia polaca, que continha informações importantes sobre a morte de milhares de judeus no leste europeu.
Em sua investigação, Wiesenthal conseguiu reunir farta documentação proveniente de Berlim, como a ficha completa do comandante da SS e todos os seus passos na carreira militar, mas ainda buscava informações relevantes sobre os guetos e os trens da morte das cidades polacas de Cracóvia (Polônia) e Lwów (hoje Ucrânia), de onde saíram as locomotivas e vagões que levaram sua mãe.
As correspondências, porém, mostram que os pedidos de informações preciosas sobre o paradeiro de Wächter e seu arquivo esbarraram nas negativas do esquivo bispo Hudal.

Insistência e frustração
Durante as décadas de 1950 e 1960, período em que Wiesenthal mais se esforçou em encontrar o arquivo, a morte de Wächter em Roma já havia sido noticiada por jornais austríacos e italianos. Mesmo assim, desconfiado das circunstâncias, o ativista judeu pediu diversas vezes ajuda a terceiros, que sondaram o bispo Alois Hudal sobre a morte e os pertences do comandante da SS.
“Meu colega, um alto aristocrata austríaco, visitou o bispo Hudal em 1950 e perguntou sobre o Arquivo Wächter. Hudal disse a ele que o arquivo estava depositado na ‘Anima’, mas que ele não poderia acessá-lo”, escreveu Wiesenthal em 21 de junho de 1961 a um procurador da cidade de Waldshut, no sul da Alemanha.
Sem desistir, Wiesenthal endereçou mais cartas a procuradores alemães e italianos, expondo a necessidade de encontrar os documentos. Em 28 de março de 1962, o ativista judeu recebeu uma resposta desanimadora da procuradoria de Ludwigsburg, dedicada a investigar os crimes do nazismo.
“Bispo Hudal declarou que nunca viu o Arquivo Wächter. Ele viu Wächter uma única vez e ele tinha sido envenenado, morrendo em um hospital de Roma. Ele é o diretor da igreja alemã assim chamada e deu a ele o último sacramento”, afirma o procurador. Ele continua: “Não vejo necessidade de continuar a investigação, afinal, as informações comprovam que Dr. Wächter não está mais vivo.” Mesmo depois da negativa, Wiesenthal manteve correspondência com um de seus informantes, Theodor Faber, em Salzburgo.
Em 3 de abril de 1962, pouco depois de receber a carta da procuradoria de Ludwigsburg, o ativista judeu afirmou que ainda acreditava que os documentos estariam na igreja, confiando na primeira informação recebida. No entanto, o arquivo nunca foi encontrado. O destino do arquivo Horst Wächter, filho do comandante da SS, afirmou a Opera Mundi que sua mãe, “desesperada e sem saber o que fazer com os documentos”, destruiu o arquivo e deixou para sempre uma lacuna na história.
Mesmo sem acesso aos números, dados e protocolos da administração nazista na Galícia, há documentos depositados no Castelo Haggenberg e compilados por Horst, sob análise de acadêmicos alemães, que podem ser considerados uma nova fonte de valor incalculável para a história do nazismo. São centenas de fotos e correspondências entre Otto Wächter e sua mulher, Charlotte Bleckmann, que trazem informações inéditas sobre a atuação do comandante da SS à frente da administração da Galícia.
As cartas atravessam a Segunda Guerra Mundial e chegam ao período em que o nazista estava escondido em Roma, sob proteção do bispo Hudal. As informações desenham um perfil detalhado do nazista, que encheriam os olhos de Simon Wiesenthal. O ativista judeu morreu em 2005 sem saber o paradeiro daquele que considerava seu maior inimigo.
Wiesenthal tentou, até a década de 1980, buscar mais informações sobre Wächter, novamente sem sucesso. Horst afirma que, àquela época, “não estava preparado” para abrir o arquivo. Foi a partir dos anos 2000 que mergulhou nos documentos. “Com o passar dos anos, a necessidade de dizer a verdade aumentou, assim como a reação contrária da minha família”, disse.

Em carta do arquivo, Wächter fala em fugir para o Brasil


Caro Ladurner! 

Eis que volto agora da cidade completamente acabado. Durante o dia a temperatura chega a graus consideravelmente mais quentes. Mas as noites esfriam maravilhosamente. Eu agora entendo porque todos os homens aqui vestem camiseta regata por baixo da camisa. Resfria-se muito facilmente com a mudança de tempo, razão pela qual o guia Baedecker e a experiência de Deterling acham aqui muito pior que no Norte.
Agora, vamos ao que interessa:
I. Documentos: nenhum progresso desde minha última carta. Situação em nada mudou! – O P.A. prometido [passaporte, possivelmente] tampouco tenho em mãos ainda; devo conseguir na próxima ou nas próximas duas semanas.
II. Emigração. – Aqui lhe dou o resultado das conversas que tive nos últimos dias a respeito desse assunto. Garantias sobre a pertinência deles, naturalmente não posso endossar.
Segundo Hu. [Alois Hudal, possivelmente], passaportes da Cruz Vermelha não serão mais expedidos após o fim de maio. Essa função será então transferida para um departamento do Vaticano. Ele acredita que o documento emitido pelo Vaticano poderá ter menos valor que os atuais (que por sua vez já possuem reconhecimento bastante limitado).
Detering tem outra opinião e diz que esse tipo de afirmações já se repetiram várias vezes sem jamais terem sido provadas. – O processo de obtenção você conhece. É preciso ter prova de apátrida. H. poderia lhe fornecer uma, mas somente sob o seu nome verdadeiro! – D. tem outro caminho, que também possibilita outras coisas.
Como o lance da “Libre” continua e continuará evidentemente enrolado, H. sugere pegar um visto de turista, que segundo ele é possível obter com um passaporte da Cruz Vermelha, para conseguir chegar até lá. As cerca de 150.000 liras necessárias, ele sugere pegar emprestado aqui, pois ficaria muito feliz com a possibilidade de conseguir dinheiro bom em troca. – (Eu sei o quão teórica é a coisa, mas quero lhe reportar sobre tudo, e especialmente as possibilidades discutidas. E quem sabe se, enquanto isso, você mesmo já não tenha encontrado um financiador de peso!?). Aqui achamos que, quando você estiver já do outro lado, você vai se virar de alguma forma. – Segundo H., um visto de turista é concedido mediante apresentação de quaisquer informações sobre intenção ou motivos de visita.
Em conversas com atuais candidatos à Argentina, pude verificar que estes, devido às conhecidas dificuldades, foram até o Brasil para mudar de profissão. –Você deverá fazer o mesmo quando estiver do outro lado, para aumentar suas chances de sucesso. –O consulado que emite o visto (Br. [Brasil] não tem conhecimento de nenhum “Libre”) exige:
1) Passaporte (também da Cruz Vermelha, desde que junto com qualquer documento mais antigo, de antes da Guerra, e com fotografia; carteirinha de clube alpino, por exemplo, deve servir).
2) Certidão de Nascimento
3) Certidão de Casamento
4) Carteira profissional (do tipo técnico ou agronômico), ou um atestado de que trabalhou por mais de dois nessa tal profissão (atestado da firma é suficiente).
5) Declaração de que não é comunista (anexo nesta).
Também conversei com um senhor que se encontra na mesma situação que você, e que também espera (para ir à) Argentina desde dezembro.
Ele me contou uma notícia direto da fonte: os brasileiros na verdade não reconhecem os passaportes da Cruz Vermelha, mas se contentariam com um passaporte austríaco ou I.Karte [carteira de identidade]. Além disso, é possível falar de maneira bem aberta com eles, sem que as autoridades austríacas tomem conhecimento. As outras quatro exigências supracitadas são, segundo ele, também necessárias.
Ele mais tarde comentou, quando falávamos do seu caso, que acreditava poder levantar o financiamento para lhe ajudar (da mesma maneira que havia conseguido para si). Condição indispensável para isso é que você declare ser Protestante (isso mesmo: Protestante!!). – Trata-se aqui da organização que já financiou a viagem de um grande número de interessados, e da qual até há pouco fazia parte aquela famosa dama americana. Naquela época também pagavam, excepcionalmente, para pessoas de outras confissões, mas agora, com a mudança de regime, essa opção está infelizmente descartada. – Eu devo dizer que essa pessoa de que falo me parece ser um homem bastante sério, depois de tudo que pude saber sobre ele. – O dito cujo também disse que daqui dez dias, ou seja, lá pelo dia 20, estará aqui pra pegar seu navio. Nesse tempo ele poderia lhe dar uma ajuda nessas coisas, conforme ele mesmo disse. –Eu sei muito bem que essas coisas não lhe agradam por princípio, mesmo assim não gostaria de deixa-lo desinformado sobre esta possibilidade, e lhe manterei informado do que acontecer.
Quanto a uma eventual permanência aqui, seria possível lhe arranjar almoço e jantar de graça no refeitório papal, em princípio por uma semana (renovável). É meio primitivo, assim como a companhia, mas é o que há. – A grande dificuldade continua sendo como sempre o bairro. Eu acabei agora mesmo de falar sobre isso com D. Nós não vemos nenhuma outra possibilidade (para pernoite), além do instituto onde eu dormi na minha primeira semana (400 por noite com café-da-manhã 450) ou uma pensão que D. citou (300 a 350 por noite). Se você ficar apenas na semana até o dia 20, é possível agitar. – Eu aguardo assim a sua decisão.
Eu gostaria ainda de enfatizar, como já o fiz na minha primeira carta, que se você quiser vir até aqui por documentos, os custos e despesas no momento não valem a pena. Se você tem interesse nas coisas aqui discutidas e ainda consegue encarar todos os obstáculos e cumprir todos os requisitos, aí sim as suas despesas e o seu tempo estarão mais que justificados. No caso de você não querer ir ao Brasil, e essa oferta vale só para lá, você poderá economizar seu dinheiro tranquilamente e deixar a manivela girando comigo, como venho fazendo há tanto tempo durante essa longa estadia aqui. De toda maneira haverá sempre nuances aparecendo, as quais, quando eu achar relevante, continuarei lhe informando como nesta.
Aquele sujeito que o Pri. e o seu amigo Redator bem chamavam de Croata infelizmente já se foi para a Argentina há bastante tempo. E não deve voltar nunca mais.
Se você vem até aqui, melhor tomar o trem noturno que chega de manhãzinha para não passar pelas mesmas complicações que eu passei, e me avise com antecedência por telegrama.
Neste ínterim, cordiais saudações,

Alfredo Reinhardt

Por favor me escreva o endereço daquele parente meu de nome, o seu antecessor R., que está na Argentina. Gostaria de escrever a ele e me informar sobre o mapa (pode ser também um cartão).

Grande abraço e um beijo nas mãos de Frau F.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Alemanha está exportando idosos para a Polônia

A pacata Szklarska Poręba nas montanhas silesianas
Por Naomi Kresge, 
da Bloomberg

Sonja Miskulin se esqueceu de seu amado gato, Pooki. Ela não pode lembrar se tem netos e não recorda a viagem de nove horas realizada num recente domingo, no qual ela abandonou para sempre sua casa na Alemanha.
A ex-tradutora, que sofre de demência e anda em cadeira de rodas, comemorou seus 94 anos, no mês passado, em uma casa de repouso na Polônia. Sua filha a mandou para o local para que tenha uma vida melhor e um tratamento mais econômico. Miskulin uniu-se à vanguarda de um movimento controvertido: residentes de asilos que emigram.
A tendência à “exportação de avós” tem causado indignação na Alemanha. O maior jornal de Munique denunciou o fenômeno como sendo de “colonialismo gerontológico” e o comparou às nações que exportam lixo próprio.
Contudo, cada vez mais famílias como a de Miskulin afirmam que é a melhor opção para dar uma velhice digna aos seus pais idosos – e poupar dinheiro – perante a falta de atenção de boa qualidade em casa. Segundo uma pesquisa feita em março pela TNS Emmid, uma das maiores empresas de sondagens da Alemanha, um em cada cinco alemães consideraria atualmente viajar ao exterior para procurar uma casa de repouso. “Eu somente posso dizer: crianças, quando seus pais ficarem velhos, mandem-nos à Polônia”, disse a filha de Miskulin, Ilona von Haldenwang, de 66 anos.
Idosos que migram da Alemanha são um sinal de alerta para um desafio de proporções globais. À medida que a taxa de natalidade decresce, que a esperança de vida aumenta e a geração de baby boomers chega à velhice, as Nações Unidas estimam que a população mundial de pessoas com mais de 60 anos mais do que triplicará, chegando a quase 2 bilhões em 2050. Enquanto isso, mesmo em países como a Alemanha, onde o governo assiste aos idosos, o custo dos asilos está tornando-se rapidamente proibitivo.
Espera-se que os gastos dos alemães em atenção médica com seus idosos aumentem, no longo prazo, de 1,4 por cento para 3,3 por cento do PIB em 2060, segundo um relatório da Comissão Europeia publicado no ano passado.

O novo lar de Miskulin é uma pitoresca estância de esqui chamada Szklarska Poręba, (próxima a cidade de Jelenia Góra, quase fronteira com a República Tcheca) cuja tradução aproximada é “Clareira para fazer vidro”, nome derivado das muitas fábricas de vidro que antes estavam na região.
Sua filha escolheu a casa de repouso sem vê-la, depois de estudar seu site e reunir-se com uma agente de colocação em casas de repouso. O que começou como um ato de desespero – exportar sua própria mãe – logo começou a fazer sentido.
Durante quatro anos, Von Haldenwang viu como a saúde da sua mãe se deteriorava no que ela atribuiu ao mau atendimento na Alemanha. Agora, por um terço do preço dos cuidados cobrados na Alemanha, Sonja mora em um lugar de cem anos, luxuoso e restaurado, onde desfruta de boa comida, da atenção permanente e de terapia ocupacional.
Os donos afirmam que no futuro próximo metade dos pacientes virá da Alemanha, que possui, por lei, um seguro de longo prazo oferecido pelo Estado em um programa de quase vinte anos de antiguidade, benefício que está fora do alcance da maioria fora da Europa, como nos EUA.
O seguro paga 1.550 euros (US$ 2.060) por mês aos cidadãos alemães como Miskulin, que precisam do maior nível de atenção. É menos da metade do custo médio para tal tratamento na Alemanha, que chega a 3.250 euros.
As casas de repouso na Polônia estão anunciando o que, podem ser em alguns casos similares ou até melhores, os serviços por 1.200 euros por mês. O governo alemão paga até 700 euros pela atenção fora do país. Trata-se de uma equação persuasiva para os alemães mais velhos e seus filhos adultos. Além disso, é provável que os custos no país somente aumentem: espera-se que a população da Alemanha figure entre as mais idosas do mundo em 2050 junto com a japonesa, a sul-coreana e a italiana, com 15 por cento de pessoas com mais de 80 anos, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
O atrativo dos alemães idosos com dinheiro no banco chamou a atenção dos empreendedores polacos e dos donos de fazendas que já viveram tempos melhores. Um dos novos estabelecimentos tentou transferir um pedacinho da Alemanha para a localidade polonesa de Zabełków.
Como Szklarska Poręba, Zabełków fica na Silésia, uma região que durante muito tempo foi ocupada pelos alemães da Prússia e pelo Império austríaco dos Habsburgo, integrando-se finalmente à Polônia após a Segunda Guerra Mundial.
Na casa de Zabełków, as enfermeiras falam alemão, os anúncios do elevador estão em alemão e a cozinha foi feita pela Robert Bosch GmbH. Seus pacientes comem refeições clássicas da Alemanha como o jantar frio com pão, carne defumada e queijo.
Na televisão grande de tela plana, é possível ver o jogo de futebol entre o Wolfsburg e o Mönchengladbach, pela Bundesliga alemã.
A roupa de cama, o sistema de ligação de emergência e as luvas sanitárias são feitas na Alemanha – até mesmo as colheres de chá são fabricadas pela marca alemã BSF.
Desde que abriu na última Páscoa, a residência já ocupou suas 34 camas e está terminando de construir seis quartos individuais no sótão, que já estão reservados para novembro, conta Fabrice Gerdes, que foi gerente na inauguração.
Gerdes, consultor de gestão nascido na Alemanha, construiu a casa com seu sogro polaco em frente à fazenda onde sua sogra nasceu. “Superamos por muito as metas que tínhamos estabelecido”, disse Gerdes. A casa que Von Haldenwang acabou escolhendo para sua mãe foi pensada, originalmente, para polacos com dinheiro.
Após a abertura em setembro de 2012, os donos – que também possuem um centro médico no distrito de Karpacz – descobriram que a maioria dos seus clientes era de alemães e de polacos que moravam no exterior. 
Miskulin teve sorte: ela tinha passado parte da sua vida como funcionária pública, recebendo uma pensão relativamente generosa de 1.500 euros por mês, quase suficiente para cobrir sua parte dos custos da casa de repouso do lado da casa da sua filha onde ela estava originalmente.
Mesmo assim, acumulavam-se custos extras de até 250 euros mensais por cortes de cabelo, manicure e pedicure, “somente para fazer dinheiro”, disse Von Haldenwang.
Enquanto isso, ela começou a procurar uma casa nova, primeiro, nas redondezas, e depois, desanimada, pelo preço da atenção e com a qualidade, mais longe. Para achar uma residência na Polônia, Von Haldenwang acudiu a um intermediário: o empresário Günther Stobrawe. Um ex-agente de vendas à distância, Stobrawe criou, no ano passado, um serviço de colocação para alemães em casa de repouso na Polônia.
Ele criou o local com sua mulher – polaca e ex-administradora desses estabelecimentos na Alemanha – e um amigo. Muito longe Stobrawe conta que o negócio começou a decolar nos últimos meses. A companhia já aconselhou mais de cem famílias, recebeu oito idosos e assinou contratos para mudar mais sete para a Polônia nos próximos meses.
A companhia possui parcerias com oito casas de repouso na Polônia. “Nossos clientes não dependem da previdência social”, explica Stobrawe enquanto bebe seu cappuccino e uma água mineral na estação de trem em Wiesbaden, uma luxuosa cidade perto de Frankfurt, famosa pelos seus banhos. “São pessoas que pouparam algo”. Von Haldenwang afirma que a saúde da sua mãe está melhor agora do que quando morava perto dela.
Ela não toma sedativos, está mais desperta e ciente do que acontece em volta dela, conta a filha. Ela voltou a se lembrar do polaco – uma das muitas línguas que falava como tradutora – nas conversas com a diretora Grab, que por sua vez recebe lições de alemão de um paciente. “A nacionalidade não parece ter a mínima importância”, disse Grab. “Estávamos um pouco nervosos pelo aniversário da guerra, mas vimos que uma das pacientes, uma polaca que lutou na Revolta de Varsóvia, sentou-se à mesma mesa com dois alemães e viraram amigos”.

Eleições alemãs não despertam interesse na Polônia

Merkel ao lado de Donald Tusk em visita a Polônia
Entre a opinião pública alemã, a atual chanceler federal alemã é apresentada na maioria das vezes como uma parceira confiável na Europa. A simpatia por se tornou tanto maior quando se veio a público que seu pai era polaco. "Quando ela falava antigamente que era fã da Polônia, pensávamos que era por causa de viagens que ela tinha feito ao país na época do comunismo. Hoje, essas palavras encontram-se num contexto totalmente diferente", escreve o maior diário polaco, a Gazeta Wyborcza.
Angela Merkel
De maneira geral, contudo, o interesse da mídia polaca pelas eleições alemãs é pequeno. Parte-se do princípio de que Merkel irá continuar governando. O escritor e jornalista Adam Krzemiński critica também a falta de vigor da campanha eleitoral alemã: "Nenhum assunto, nenhum debate, nada sobre o que se pudesse realmente brigar", descreve Krzemiński.
Ele questiona se "as fraquezas estruturais dos social-democratas" podem ser responsabilizadas, pois o partido, na oposição, não engrenou com força na campanha.
E num ponto Krzemiński dá razão a Peer Steinbrück: o social-democrata vê no passado de Angela Merkel (ela cresceu na ex-Alemanha Oriental) seu desinteresse pela Europa. "O pensamento de comunidade na Europa não era algo conhecido dos cidadãos lá", diz o jornalista, apontando "uma pontinha de verdade" nas polêmicas declarações de Steinbrück.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Câmara Federal aprova acordos com Polônia

Câmara Federal em Brasília
A Câmara Federal dos Deputados, do Brasil, aprovou nesta quinta-feira (12), os projetos de decreto legislativo (PDC 825/13) e (PDC 873/13), que tratam, respectivamente, dos acordos assinados com Canadá, na área de Previdência Social; e Polônia, na área de Defesa.
O PDC 825/13 assegura que cada sistema pague ao beneficiário, em sua própria moeda, apenas o equivalente ao período de contribuição efetuado no respectivo país. Como, por exemplo, a soma dos períodos de contribuição para os sistemas de previdência de ambos os países, para fins de aposentadoria e outros benefícios previdenciários.
O Brasil já mantém acordos semelhantes com Argentina, Uruguai, Paraguai, Espanha, Grécia, Itália, Portugal e Japão.
Já o PDC 873/13 estimula a troca de experiências e conhecimentos com a Polônia, a realização de programas e projetos comuns em tecnologia, produtos e serviços de defesa, além da realização de eventos conjuntos.

Por J.Maurício dos Santos

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Polônia investe em xisto e carvão


O primeiro-ministro da Polônia disse esta semana que o país vai apostar no carvão e no gás de xisto para sustentar a sua independência energética, com investimentos limitados em energias renováveis.
A Alemanha é outro país europeu que volta a investir em carvão para compensar o fim das usinas nucleares, depois do acidente com a central de Fukushima, no Japão, em 2011. “Nós queremos ter fontes de energias renováveis, mas são a hulha, o lignito e, no futuro, o gás de xisto, que serão as nossas principais fontes de energia.
Este é o futuro do setor energético”, afirmou Donald Tusk, ao inaugurar uma feira internacional da indústria de minas em Katowice, no sul do país. “Nós decidimos que as fontes de energia renováveis, um complemento importante para o setor energético polaco, serão limitadas enquanto as regras europeias permitirem”, observou.
 “É preciso respeitá-las mas não podem nos privar do nosso bem nacional. Cada país constrói a sua independência energética e industrial com as suas próprias fontes. Percebemos isso durante o período de crise econômica.” Tusk lembrou que, nos últimos anos, a Polônia investiu em pesquisas para diminuir a poluição gerada com o tratamento do carvão.
Atualmente, 91% da energia elétrica do país vem da hulha e do lignito, cujas reservas são suficientes para atender as demandas do país nos próximos 150 anos. Cerca de dois terços dos 14 bilhões de metros cúbicos de gás consumido na Polônia hoje são importados da Rússia.
Preocupado em garantir a sua independência energética, o país também aposta na exploração do gás de xisto. Em julho, uma primeira extração, a título experimental, foi realizada. O governo espera investir 12,5 milhões de euros até 2020 para extrair este combustível fóssil.
As reservas do país são estimadas entre 800m e 2 milhões de metros cúbicos. Na Alemanha, o debate sobre a transição para as energias renováveis está a pleno vapor, a menos de duas semanas das eleições legislativas.
A chanceler Angela Merkel, que briga pela reeleição, prometeu fechar todas as usinas nucleares nos próximos 10 anos. Entretanto, para suprir as necessidades do país, novas usinas de carvão estão sendo abertas no país, embora o objetivo do governo seja que as energias limpas representem 80% da produção elétrica alemã até 2050.

Fonte: RFI

domingo, 8 de setembro de 2013

A admiração de Wajda por Wałęsa

A última grande produção do cineasta polaco sobre o sindicalista que mudou o mundo vai estrear apenas em outubro nas telas dos cinemas da Polônia. Mas nesta, sexta-feira, ele foi apresentado no Festival de Cinema de Veneza 2013. Foi bastante aplaudido e o crítico de cinema do jornal o Estado de São Paulo sentiu assim, a exibição:

Do enviado especial Luiz Zanin
ao Festival de Veneza 2013 de
O Estado de S. Paulo

O filme mais badalado de ontem, 5, não estava em concurso, mas o fato se explica: não é sempre que um grande personagem contemporâneo é retratado no cinema como foi Lech Wałęsa por seu conterrâneo, mestre Andrzej Wajda.
O título não esconde o sentido do projeto - Wałęsa - O Homem da Esperança é uma hagiografia do líder sindicalista que se tornou a figura mais importante do seu país, enterrou o stalinismo na Polônia e ganhou o Prêmio Nobel da Paz, foi eleito presidente e comandou a nação na primeira fase pós-comunista. Sua trajetória é, de fato, impressionante.
Wajda, aos 86 anos, autor de clássicos como Cinzas e Diamantes, O Homem de Ferro, Katyń e tantos outros, também o é. Consegue imprimir ritmo frenético a essa vida de luta, quer dizer, fazendo-nos sentir como era o dia a dia de Wałęsa quando contestava as autoridades do seu país e tentava liderar os trabalhadores rumo a um sindicato independente.
O filme tem um atrativo a mais para os italianos. Serve de âncora à narrativa a recriação de uma entrevista concedida em 1981 por Wałęsa à mítica jornalista Oriana Fallaci (1930-2006). Controversa, agressiva e cheia de ideias sobre tudo, era, ela própria, uma personagem e tanto. É interpretada por Maria Rosario Omaggio, que tem semelhança física com a personagem real e a mesma voz rouca esculpida em nicotina. No papel de Lech WałęsaRobert Wieckiewicz, assustadoramente parecido ao original.


As primeiras cenas entre os dois são muito boas. A uma pergunta agressiva, Walesa acusa a repórter de ditadora e ameaça encerrar a entrevista. Num momento em que ele se gaba de si, pergunta a Oriana se o considera presunçoso. Também ela dotada de um ego monstruoso, responde: "Não, por que acharia?" É engraçado.
Esse colóquio entre entrevistadora e entrevistado pontua a narrativa relembra os momentos-chave da ascensão de Wałęsa.  Wajda filma como jovem. E ele, ou seu roteirista, Janusz Głowacki, mostra-se capaz de encontrar recursos interessantes de narrativa. Por exemplo, a primeira vez em que o ainda anônimo Wałęsa é detido, antes de sair de casa tira a aliança e o relógio e recomenda à mulher: "Se eu não voltar, venda para pagar as compras". Será sempre assim. Mesmo quando já homem famoso, mas ainda perseguido pelas autoridades, deixará sempre o relógio e o anel em casa.
O retrato que emerge é fascinante: eletricista de formação, Wałęsa sabe, intuitivamente, dirigir-se à multidão. É líder nato. Esnoba intelectuais: "Fazem reuniões intermináveis de cinco dias para chegar à mesma conclusão a que eu chego em cinco segundos". Gaba-se de nunca ter lido um livro. "Vou até a página cinco, depois desisto." No final da entrevista, despede-se de Oriana e diz: "Se você escrever um livro dessa entrevista, mande para mim. Vai ser o primeiro que vou ler".

Liderando greves, tornando-se conhecido mundialmente, consegue colocar o governo nas cordas. Associando sua figura à do papa Wojtyła, e valendo-se espertamente da queda de braço final entre as superpotências, Wałęsa acaba por se impor.
"Foi o homem perfeito para aquele momento”, diz Wajda. “O Solidariność chegou a 10 milhões de associados. Só um operário poderia ter conduzido o movimento que levou ao fim do socialismo na Polônia e à queda do Muro de Berlim, fato esse que me proporcionou enorme prazer”. Esse retrato enérgico, traçado por um mestre do cinema e anticomunista feroz, tem lá seus limites. Gostaríamos talvez de ver algumas contradições humanas que Wałęsa como todos, deve ter.
Ao contrário do que pensam os hagiógrafos, essas ambivalências humanizam os personagens e não o apequenam. Mas Wajda preferiu mantê-lo numa esfera unilateral, construída apenas pela infinita admiração que nutre pelo personagem.

Reportagem da Televisão EURONEWS com entrevista do cineasta Andrzej Wajda ( pronuncia-se andjei vaida) sobre o filme Lech Wałęsa - homem da esperança.  (pronuncia-se léérrrrr vauensa).


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Justiça alemã avalia processar 30 ex-guardas de Auschwitz

Campo de Concentração e Extermínio Alemão-Nazista de Auschwitz-Birkenau
Departamento que investiga crimes do nazismo identificou 49 suspeitos, um deles mora no Brasil.
Envolvidos têm até 97 anos.
A condenação do ucraniano Demjanjuk, em 2011, abriu precedente para novos julgamentos. O escritório especial alemão para investigação de crimes nazistas anunciou nesta terça-feira (03/09) que recomendará a abertura de processos contra 30 supostos ex-guardas do Campo de Concentração e Extermínio Alemão-Nazista de Auschwitz-Birkenau, onde foram mortos cerca de 1,5 milhão de prisioneiros, dos quais, pelo menos 1,1 milhão eram judeus.
A medida pode provocar uma série de novos julgamentos contra supostos criminosos nazistas quase 70 depois do fim da Segunda Guerra Mundial. "Os casos serão entregues aos respectivos ministérios públicos", afirmou o procurador Kurt Schrimm, diretor do Escritório Central para a Investigação de Crimes do Nacional-Socialismo, sediado em Ludwigsburg.
Kurt Schrimm
O departamento investigou mais de sete mil casos, mas não tem poderes para abrir processos. Os documentos serão enviados a ministérios públicos estaduais, que deverão decidir se denunciam formalmente os 30 suspeitos residentes na Alemanha. "Gostaria de advertir contra expectativas exageradas", disse Schrimm. "Não sabemos nada sobre a saúde das pessoas afetadas. Talvez só alguns possam ser processados."

 Estado de saúde pode ser entrave
Além da qualidade das provas e indícios, o estado de saúde dos acusados pode ser impedimento para a abertura de muitos processos. Os envolvidos, incluindo mulheres, têm idades que vão até 97 anos. O mais velho nasceu em 1916, o mais novo, em 1926.
Fundado em 1958, o Escritório Central para a Investigação de Crimes do Nacional-Socialismo realiza investigações preliminares, procura provas e encaminha os resultados aos ministérios públicos responsáveis.
Segundo Schrimm, seu departamento conseguiu identificar 49 guardas ainda sobreviventes do campo de concentração Auschwitz-Birkenau, dos quais 30 tiveram seus dados encaminhados para abertura de possíveis processos.
Duas outras pessoas não tiveram ainda seu lugar de residência determinado, enquanto uma outra já tem processo sendo encaminhado pela procuradoria em Stuttgart.
Dos restantes, nove morreram durante as investigações; sete moram fora da Alemanha: em Croácia, Áustria, EUA, Argentina, Polônia, Israel e Brasil. Estes casos serão encaminhados para a Corte Federal de Justiça alemã, que analisará a competência jurisdicional.

Precedente desde 2011
O Escritório Central para a Investigação de Crimes do Nacional-Socialismo conseguiu ampliar sensivelmente seu campo de busca por criminosos nazistas após o veredicto contra o ex-guarda do campo de concentração de Sobibór (pronuncia-se sobibur) John Demjanjuk (o ucraniano Ivan Mykolaiovych Demianiuk).
Ivan Mykolaiovych Demianiuk
A sentença do Tribunal Regional de Munique contra ele abriu um precedente jurídico. Até então, os tribunais seguiam determinação da Corte Federal de Justiça de 1969, segundo a qual a condenação de um ex-guarda de campo de concentração dependia da comprovação da culpa individual do réu em um crime determinado, o que muitas vezes era impossível. A corte de Munique interpretou que a comprovação da mera atividade como funcionário em um campo de extermínio já é suficiente para uma condenação por participação em assassinato. Demjanjuk foi condenado a cinco anos de prisão por participação na morte de mais de 28 mil pessoas.
Schrimm também informou que o Escritório Central voltou a analisar juridicamente as atividades de todos os ex-membros dos campos de extermínio e dos chamados Einsatzgruppen, grupos paramilitares ligados à SS.
O departamento planeja encerrar nos próximos seis meses investigações nesse sentido envolvendo o campo de concentração de Majdanek, na Polônia. "O Escritório Central também está atualmente realizando pesquisas para tentar achar nomes de outros possíveis criminosos em arquivos na Rússia, Bielorrússia e Brasil", acrescentou Schrimm.

Julgamentos atuais
Além de ex-guardas dos campos de concentração atualmente há outros supostos criminosos de guerra nazistas sob investigações criminais. A promotoria pública de Dortmund continua uma investigação contra seis acusados de participação no massacre de Oradour-sur-Glane, na França. No incidente, em junho de 1944, 642 pessoas foram brutalmente assassinadas por tropas da SS, entre elas 247 crianças.
O presidente alemão, Joachim Gauck, pretende visitar o local em que ocorreu o crime nesta quarta-feira no âmbito de uma visita à França. Nesta segunda-feira, começou, além disso, o julgamento de um ex-membro da SS num tribunal da cidade de Hagen, no oeste da Alemanha.
O réu, o holandês naturalizado alemão Siert Bruins, hoje com 92 anos, é acusado de participação no assassinato de um integrante da resistência holandesa em setembro de 1944, na Holanda.

Fonte: MD/afp/dpa/ap

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Exposição de designers polacos em São Paulo


Entre os dias 15 e 18 de agosto passado aconteceu  durante a exposição “The Spirit of Poland” durante o maior festival brasileiro do design, o DW!São Paulo Design Weekend.
A exposição apresentou marcas polacas da jovem geração de criadores. A iniciativa idealizada por designers polacos tem o objetivo de mostrar internacionalmente o valor e o potencial das marcas polacas que se desenvolvendo com muito dinamismo.
Foram exibidas peças de 7 expositores, incluindo cerâmica, candeeiros e bijuterias feitas de carvão.
A chave para a escolha dos objetos foi o conceito: espirito/alma do material. Abordava a relação entre o designer e o material, através da apresentação de objetos, cuja origem foi determinada pelo material.
Entre eles encontraram-se produtos criados em cooperação com artesãos, como bijuteria de carvão. Foram apresentados, também objetos que existem graças à utilização consciente pelo designer das possibilidades de maquina digitais. Todos as peças apresentadas refletiram a curiosidade e fascinação pelo material. A exposição “The Spirit of Poland” despertou o interesse dos visitantes, dos criadores brasileiros e do mundo do design.
 A exposição foi organizada no âmbito do programa de promoção do design polaco realizado pelo Instituto Adam Mickiewicz contou com o apoio e patronato do Consulado Geral da República da Polônia em São Paulo.