quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Jovens Judeus equivocados

foto: Tel Aviv University
Aconteceu esta semana, na Universidade de Tel Aviv, em Israel, um encontro internacional Israel-Polônia, reunindo professores, estudantes e diversas entidades, para discutirem a “Marcha de Estudantes Judeus” a Auschwitz.
Ao que consta, o que chocou o ministro da cultura polaco, Waldemar Dąbrowski, em 2003, continua ocorrendo, mesmo depois da intensa participação dos estudantes católicos da Polônia, que atenderam ao chamamento do ministro e junto com israelenses e estrangeiros de origem judaica marcham até o campo de concentração alemão. Os equivocos, agora são, não só dos estudantes israelenses, mas também dos estudantes de origem judaica de outros países.
Não se sabe ainda com certeza se são os professores destes estudantes, a falta de informação, ou a idade precoce para uma visita de tal magnitude num local de tristes recordações (Diga-se de passagem, não só para judeus, mas também para ciganos, católicos, mulçumanos e diversas etnias), a causa de tantos disparates históricos.
Frases como: “Nossa! Não sabia que Auschwitz era na Polônia.”; “Então foram os polacos que mataram os nossos judeus!”; “Os polacos são anti-semitas.”;
Ou então, perguntas como: “O nome da cidade é Oświęcim? Que engraçado!”; “Por que esta marcha é realizada na Polônia e não na Alemanha?”; Por que não vamos para o campo de concentração de Munique?”; "Os alemães não nos querem na Alemanha?", "Os polacos estão explorado turismo com nosso sofrimento, é isso?".
O fato dos campos de concentração de Auschwitz, Birkenau, Belzec, Majdanek, Chelmno, Sobibór, Treblinka e outros terem sido edificados em território polaco, tem levado estes estudantes de origem judaica a deduzirem que o Holocausto foi obra dos católicos polacos e não dos alemães de Hitler. Numa confusão histórica que só fomenta discriminação e desentendimento. O que precisa ficar claro para estes estudantes é que a Polônia foi vítima e não carrasco; que a Polônia durante séculos foi a única terra dos judeus (expulsos pelos reis católicos da Espanha, Portugal, França, Itália, Alemanha e outros países); que muitos dos fundadores do Estado de Israel nasceram em território polaco e ali se casaram com católicos, aprenderam a comer pierogi e a beber vodka.

Marcha de estudantes israelenses

Foto: Jarmen

Desde 1988, o Ministério da Educação de Israel promove a "Marcha de estudantes judeus", em cooperação com a organização „March of the Living”, na Polônia.
Na primeira marcha, realizada sempre no mês de abril, estiveram cerca de 1,5 mil estudantes israelenses, no trajeto de 70 km entre Cracóvia e Auschwitz (na cidade de Oświęcim, na Polônia). Em 2003, o Ministro da Cultura da Polônia, depois de ler na imprensa, declarações equivocadas dos estudantes israelenses sobre a história da segunda guerra mundial, convocou todos os estudantes polacos a se juntarem aos israelenses. O que chocou o ministro foi que muitos destes estudantes de segundo grau de Israel estivessem surpresos de que o campo de concentração alemão era na Polônia e não na Alemanha. Alguns, nas entrevistas, deduziam então de que quem assassinou os judeus na segunda guerra mundial eram os polacos e não os alemães, numa completa inversão de valores. O chamamento do ministro polaco levou mais de 20 mil estudantes de 50 países a marcharem até o campo de concentração, em 2005. Nas solenidades daquele ano estiveram presentes também os primeiros ministros de Israel – Ariel Szaron, e da Polônia – Marek Belka, e o prêmio Nobel Elie Wiesel. Em anos anteriores também estiveram na marcha os ex-presidentes Aleksander Kwaśniewski, da Polônia e Ezer Weizman, Mosze Kacaw, de Israel, além dos primeiros ministros Jerzy Buzek, da Polônia, e Benjamin Netanjahu, de Israel. Em 2006, esteve Szymon Peres.
Neste ano, de 2007, estiveram marchando também cerca de 150 estudantes brasileiros de origem judaica, procedentes de São Paulo.

Vandalismo em Częstochowa

Foto Polícia de Częstochowa
O prefeito de Częstochowa, Tadeusz Wrona, reuniu estudantes de arte, na última terça-feira, para limpar cerca de 100 túmulos, no cemitério judeu da cidade, que foi profanado com símbolos nazistas por vândalos. A Polícia descobriu, no domingo, inscrições SS, suásticas e frases de "Fora judeus", escritas em alemão, nas lápides. A Polícia ainda não descobriu quem são os culpados.
O líder dos rabinos na Polônia, Michael Schudrich, foi junto com o prefeito acompanhar os trabalhos de limpeza dos estudantes. O rabino disse que, "muito freqüentemente o resto da sociedade tolera estas coisas. Mas neste caso, o prefeito e os jovens não ficaram sentados em casa esperando que outros limpassem isto. Eles vieram e agiram, não ficaram só no discurso”.
A Polônia foi casa de mais de 3.5 milhões de judeus - a maior comunidade judia da Europa - até a Segunda Guerra Mundial, quando então, a maioria foi assassinada pelos alemães. Estima-se que vivam hoje 30.000 judeus no país predominantemente católico.