quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A nobel Wisława Szymborska se foi

A poeta polaca Wisława Szymborska já não está entre nós...se foi, ou como publicou o jornal Gazeta Wyborcza, nesta quinta-feira, Odeszła.


Wisława Szymborska 1923 - 2012. Grande Poeta laureada com Nobel de Literatura morreu ontem em Cracóvia. Tinha 89 anos.

nazajutrz - bez nas
Poranek spodziewany jest chłodny i mglisty.
Od zachodu
zaczną przemieszczać się deszczowe chmury.
Widoczność będzie słaba.
Szosy śliskie.

Stopniowo, w ciągu dnia,
pod wpływem klina wyżowego od północy
możliwe już lokalne przejaśnienia.
Jednak przy wietrze silnym i zmiennym w porywach
mogą wystąpić burze.

W nocy
rozpogodzenie prawie w całym kraju,
tylko na południowym wschodzie
niewykluczone opady.
Temperatura znacznie się obniży,
za to ciśnienie wzrośnie.

Kolejny dzień
zapowiada się słonecznie,
chociaż tym, co żyją,
przyda się jeszcze parasol.

Sua História
Szymborska morreu na noite de ontem, quarta-feira, segundo seu assistente Michal Rusinek. Morreu em sua casa de Cracóvia "tranquilamente, enquanto dormia", declarou Rusinek à agência de imprensa polaca - PAP.
Szymborska nasceu em 2 de julho de 1923, na cidade de Kórnik, região da Wielkopolska, cuja capital é Poznan.
Quando criança, sua família mudou-se para Cracóvia e a poeta cresceu e permaneceu toda a sua vida nesta cidade. Sua vida literária e artística iniciou-se durante a Segunda Guerra Mundial, ao mesmo tempo que prosseguia sua educação na resistência cultural polaca contra a ocupação nazista. Com o fim da guerra, foi estudar sociologia e língua e literatura polaca, na Universidade Iaguielônica de Cracóvia.
Seu primeiro livro foi proibido pela censura do sistema comunista por não estar de acordo com os regulamentos da literatura socialista. Ela tentou se conformar com as regras impostas pelo partido para poder publicar seus textos, rejeitando mais tarde, a partir da década de 50, a ideologia político-estética socialista.
Negou seus dois primeiros livros e retomou sua obra com o volume "Wołanie do Yeti" (Chamando por Yeti), de 1957. Em 1962, chamou a atenção da comunidade poética polaca com o pequeno volume Sól (Sal). Desde então, seu trabalho se estendeu por mais de 10 volumes de poemas. O último foi publicado em 2005, com o título Dwukropek (“Dois pontos”). Wislawa Szymborska era uma discreta poeta polaca até se tornar mundialmente conhecida em 1996, ao vencer o Prêmio Nobel de Literatura.
Sua obra inteira consiste em cerca de 350 poemas cuja função, como declarou a poeta no discurso de Oslo, é perguntar, buscar o sentido das coisas.
Com sua poesia indagadora, Szymborska foi chamada “poeta filosófica”, ou “poeta da consciência do ser”. No Brasil, teve poemas esparsos publicados em jornais e revistas ao longo dos anos, mas em 2011, a Companhia das Letras, com seleção, introdução e tradução da professora curitibana Regina Przybycien, lançou a primeira oportunidade do leitor brasileiro poder lê-la em português. A coletânea de 44 poemas é uma belíssima apresentação da obra dessa importante poeta contemporânea.

Wisława Szymborska recebe a Ordem da Águia Branca (maior condecoração da Polônia) das mãos do Presidente da República Bronisław Komorowski (em Cracóvia, 17 janeiro de 2011)
Prêmios e concessões
1954: Prêmio da Cidade de Cracóvia de Literatura
1963: Prêmio do Ministério da Cultura da Polônia
1991: Prêmio Goethe
1995: Prêmio Herder
1995: Doctor Honoris da Universidade Adam Mickiewicz de Poznań
1996: Prêmio do Clube Polaco PENA
1996: Prêmio de Nobel de Literatura

Trabalhos principais
Dlatego żyjemy, 1952, 1954 (2. edição.)
Pytania zadawane sobie, 1954.
Wołanie do Yeti, 1957.
Sól, 1962.
Sto pociech, 1967.
Wszelki wypadek, 1972.
Wielka liczba, 1976.
Ludzie na moście, 1986.
Koniec i początek, 1993.
Chwila, 2002.
Dwukropek, 2005
Tutaj, 2009.
Milczenie roślin, 2011, 2012 (2. edição)

Coleções poéticas
101 wierszy, 1966.
Wiersze wybrane, 1967.
Poezje wybrane, 1967.
Poezje: Poems (edição polaco-inglesa), 1989.
Widok z ziarnkiem piasku, 1996.
Sto wierszy – sto pociech, 1997.
Rymowanki dla dużych dzieci, 2003.
Miłość szczęśliwa i inne wiersze, 2007




Repenso o mundo
Repenso o mundo, segunda edição,
segunda edição corrigida,
aos idiotas o riso,
aos tristes o pranto,
aos carecas o pente,
aos cães botas.

eis um capítulo:
a Fala dos Bichos e das plantas,
com um glossário próprio
para cada espécie.
mesmo um simples bom-dia
trocado com um peixe,
a ti, ao peixe, a todos
na vida fortalece.

essa há muito pressentida,
de súbito revelada,
improvisação da mata.
essa épica das corujas!
esses aforismos do ouriço
compostos quando imaginamos
que, ora, está só adormecido!

o tempo (capítulo dois)
tem direito de se meter
em tudo, coisa boa ou má.
porém — ele que pulveriza montanhas
remove oceanos e está
presente na órbita das estrelas,
não terá o menor poder
sobre os amantes, tão nus
tão abraçados, com o coração alvoroçado
como um pardal na mão pousado.

a velhice é uma moral
só na vida de um marginal.
ah, então todos são jovens!
o sofrimento (capítulo três)
não insulta o corpo.
a morte
chega com o sono.

e vais sonhar
que nem é preciso respirar,
que o silêncio sem ar
não é uma música má,
pequeno como uma fagulha,
a um toque te apagarás.

morrer, só assim. Dor mais dolorosa
tiveste segurando nas mãos uma rosa
e terror maior sentiste ao som
de uma pétala caindo no chão.

o mundo, só assim. só assim
viver. e morrer só esse tanto.
e todo o resto — é como Bach
tocado por um instante
num serrote.
* Tradução da curitibana (mineira de nascimento) Profª. Dra. Regina Przebyczyen. 

Alguns gostam de poesia
Alguns —
quer dizer que nem todos.
Nem sequer a maior parte mas sim uma minoria.
Não contando as escolas onde se tem que,
e quanto a poetas, dessas pessoas, em mil, haverá duas.

Gostam —
mas gosta-se também de sopa de espaguete,
dos galanteios e da cor azul,
do velho cachecol,
brindar à nossa gente,
fazer festas ao cão.

De poesia —
mas que é isso a poesia?
Muitas e vacilantes respostas
já foram dadas à questão.
Por mim não sei e insisto que não sei
e esta insistência é corrimão que me salva.
*Tradução de Júlio Souza Gomes