sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tusk feliz, Pawlak nem tanto


Foto significativa após as eleições parlamentares de domingo, o primeiro-ministro Donald Tusk (à esquerda) sorri, enquanto o vice-primeiro ministro Waldemar Pawlak, ao lado, parece aborrecido (para dizer o mínimo). Tusk obteve mais de 350 mil votos, enquanto seu parceiro, embora reeleito, apenas 24 mil e poucos.
Os jornais polacos falam hoje de uma coalização entre o partido de centro-direita de Tusk e o de esquerda de Pawlak. Será que é este o motivo de tão diferentes semblantes entre os dois homens que governam o país? Pawlak, que além de vice-primeiro ministro, ocupa o cargo de ministro da economia, não parece muito confortável, na foto. Será que na nova realidade política do país, ele também não está?

Polônia se volta para a esquerda

Boatos na Krakowskie Przedmieście (avenida do Palácio Presidencial), em Varsóvia, dão conta que estas eleições foram o batismo de fogo de Janusz Palikot. Os resultados mostraram que, em um país cristão, governado por um partido cristão e com uma oposição cristã, ninguém deverá incorporar a cruz. É o que diz o eurodeputado Paweł Kowal, chefe do PJN - Polska Jest Najważniejsza (partido de centro-direita).
Marcin Wojciechowski: O que acontece com a direita polaca? Perdeu as eleições,ou não?
Paweł Kowal
Paweł Kowal: Sofreu uma derrota, porque definiu mal, qual é o problema mais grave para o polaco hoje. Isto, porque dois anos atrás, durante uma conversa com um grupo de colunistas de direita, disse que poderia surgir em torno de Palikot, um movimento poderoso em direção à esquerda, e que este seria o maior perigo para a direita polaca. Um dos presentes protestou fortemente contra essa ideia. E hoje, o que era uma previsão, simplesmente aconteceu.
A direita subestimou a ameaça. Ela não está, nem mesmo preparada ainda para refletir que a Polônia está indo para à esquerda, e provavelmente este movimento deverá avançar ainda mais. Este movimento é o principal inimigo, e não o PO (partido do primeiro-ministro), como tenta apresentar Jarosław Kaczyński.

MJ: Em que condições a Polônia está se encaminhando para à esquerda? O Movimento Palikot e o SLD recebeu um total de pouco mais de 20 por cento dos votos apenas.
PK: Palikot deverá usar da chantagem moral contra o centro e, desta forma, a Polônia vai se inclinar para à esquerda. O Movimento Palikot não tinha como vencer esta eleição, mas o resultado lhe dá uma identidade bem forte. Donald Tusk, portanto, não pode estar contra isso.
MJ: E o que se passa com a direita? O PiS (partido de extrema-direita) obteve quase 30 por cento de votos.
PK: Desta vez a direita esteve congelada como um cubo de gelo pelo PiS e Kaczyński. Este escolhe mal quem é seu principal adversário. Portanto, sua escolha, a longo prazo está condenada ao fracasso. Sozinho, contribui para a derrota, da ala mais à direita de cada indivíduo. Nos últimos seis anos a cena política polaca foi apropriado pela direita. A idéia comum era o enfrentamento PO-PiS. Mas o PO tem sido bastante conservador. O PiS era forte. Mas agora começa a aumentar a simpatia para com a esquerda, justamente por essa dominação da direita.
MJ: Quem vai governar a política polaca nos próximos anos?
PK: Tenho medo de que seja Palikot. Há chances dele chantagear o PO e o SLD. A maneira confiável seria acomodar a realidade. Se alguém faz na Polônia, o que ocorreu em Budapeste, isto seria um retorno espetacular na política, em que pese Palikot.


P.S. Trechos da entrevista publicada, no jornal Gazeta Wyborcza, desta sexta-feira, 14 de outubro de 2011. Lembro, que na esquerda está o partido de Waldemar Pawlak (ministro da economia) e o partido do ex-presidente Aleksander Kwaśniewski, na centro-esquerda.