segunda-feira, 12 de maio de 2008

Irena Sendlerowa nie żyje

Irena Sendlerowa morreu... é a única manchete dos veículos de comunicação na Polônia nesta segunda/terça-feira.

Irena Sendlerowa (chamada apenas Sendler pelos judeus) recebeu a Ordem da Águia Branca em 10 de novembro de 2003 do governo na Polônia, máxima condecoração da Nação. E já em 1965 foi reconhecida pelo Memorial israelense Yad Vashem com o título de "Justo entre Nações", honraria concedida a todos aqueles que salvaram judeu.
Irena Sendlererowa nasceu em 15 de fevereiro de 1910 em Otwocki, Polônia e era católica apostólica romana e não judia, mesmo assim durante a segunda guerra mundial salvou 2500 crianças judias polacas da fúria assassina dos alemães nazistas. Ano passado foi indicada ao Nobel da Paz, mas parece que a comissão sueca se encantou mesmo foi com os dotes políticos do ex-presidente Norte-Americano Al Gore, que fez um documentário sobre o aquecimento global e uma série de palestras pelo mundo e não com a heroína polaca.
A TV Polsat, em seu telejornal Wydarzenia noticiou a morte e velório, contando a vida da heroína que morreu na manhã deste 12 de maio de 2008, durante toda a tarde e noite desta segunda-feira:




P.S. Enquanto o industrial alemão Oskar Schindler, com escaramuças políticas conseguiu driblar o comando nazista em Cracóvia salvando cerca de 1800 judeus da câmaras de gás, uma jovem enfermeira polaca católica de Varsóvia salvou da morte 2.500 crianças judias da também fúria assassina alemã nazista. Não ganhou de Hollywood um filme épico. Nem o Norte-americano de origem judaica Steven Spielberg criou uma Lista de Sendlerowa, como fez com seu Lista de Schindler. Mas nem por isso, Irena Sendlerowa deixou de ser reconhecida no mundo todo. Durante aqueles anos de opressão a jovem polaca conseguiu retirar em sacos, crianças de bebês judeus do gueto de Varsóvia e entregá-los a famílias polacas católicas para adoção. Sacos escondidos embaixo de macas e ambulâncias e até através das galerias de esgotos da cidade. e até escondidos debaixo de macas em ambulâncias. Ela própria providenciava certidões de nascimento e ensina aos maiores a balbuciar orações cristãs para assim poderem enganar os oficiais da Gestapo. A heroína polaca repetia que separar as crianças dos pais era de cortar o coração. Irena costumava lembrar aqueles terríveis dias contando: “Vimos cenas infernais, o pai concordar e a mãe não... A avó embalava ternamente o bebê, chorando amargamente, e negando-se a abandonar o neto fosse a que preço fosse. Houve dias em que o impossível era realmente impossível. Por vezes tínhamos que deixar estas infelizes famílias sem lhes levar os filhos”. Irena buscava famílias, que pudessem adotar como suas aqueles pequenos seres, mas estas também estavam sob o choque da guerra e nem sempre concordavam. Chorando, um menino perguntou certa vez a Irena: “Diga-me quantas mães consegue arranjar, porque esta já é a terceira para onde vou”. A pena de morte para quem ajudasse judeus na Polônia ocupada pelos nazistas não bastou para deter a enfermeira, cuja profissão lhe permitia a grande possibilidade de entrar no gueto. Católica, Irena (cujo nome em código era Jolanta) decidiu mostrar sua solidariedade com o povo judeu usando a faixa obrigatória com a estrela de David quando entrava no gueto. “Fui educada acreditando que uma pessoa deve ser ajudada se está afogando-se, independentemente da religião ou da nacionalidade. Não somos heróis pelo fato de salvar crianças. De fato, a verdade é o contrário, e continuo a ter escrúpulos do pouco que fiz”.
Embora agindo com a proteção da Żegota (a resistência secreta, apoiada pelo governo polaco no exílio) e com inúmeros colaboradores, Irena era a única que cuidava, com grande risco, de manter e proteger estes arquivos. O desastre esteve iminente em outubro de 1943 quando um pelotão nazista chegou certa madrugada, revirou toda a casa e levou Irena para o quartel da Gestapo. Foi torturada, na tentativa de lhe obterem as informações. Partiram-lhe os ossos das pernas e dos pés, mas a sua boca não se abriu. “Ainda tenho marcas no corpo do que esses super-homens alemães me fizeram. Fui condenada à morte… Mas, além disso, havia também a ansiedade de, morrendo, desaparecer o único rasto dessas crianças”. Só que, sem ela saber, os seus amigos da Żegota trabalhavam por trás da cortina e, com um punhado de dólares, conseguiram subornar um oficial alemão para deixá-la fugir. “É indescritível o que se sente a caminho da própria execução para só no derradeiro momento ver que se foi resgatado”. No dia seguinte, as autoridades alemãs, ainda sem saber de sua fuga, afixavam cartazes por toda Varsóvia anunciando que ela fora fuzilada. Depois disto, Irena passou a levar uma vida clandestina, com identidades falsas, escondida das vistas oficiais e sem poder voltar para casa. Quando sua mãe morreu, pouco depois dela escapar do pelotão de fuzilamento, apareceram agentes da Gestapo no funeral interrogando os parentes sobre a filha da morta.


Para saber mais sobre a heroína acesse o que já publicamos aqui neste blog:
http://iarochinski.blogspot.com/2007_10_10_archive.html

UFPR cria curso de polaco

Universidade Federal do Paraná - a primeira do Brasil
Parece que a visita do reitor Carlos Augusto Moreira Junior a Cracóvia um ano atrás começa a ter frutos concretos. Depois de assinar a renovação de velhos acordos entre a UFPR - Universidade Federal do Paraná e a Uniwersytet Jagielloński de Cracóvia (as duas universidades mais antigas de Brasil e Polônia) , que pouco ou nada foram cumpridos, o reitor Carlos Moreira já pode afirmar com "todas as letras" que o Curso de Letras-Polacas será inaugurado em 2009.
Segundo o reitor, os cursos já estarão disponíveis para os candidatos que prestarem vestibular no fim deste ano. “Resta definir se será incorporado apenas ao bacharelado, ou se incluirá também a licenciatura”. Atualmente a graduação em Letras da UFPR oferece sete opções de língua estrangeira: inglês, espanhol, alemão, italiano, grego, latim e francês. Esses idiomas podem ser cursados individualmente ou simultaneamente com o português. A licenciatura forma professores dos ensinos fundamental e médio. Já com o título de bacharel o aluno pode optar pela ênfase em estudos literários (tornando-se crítico ou escritor), lingüístico (atuando como revisor de texto) ou da tradução (tornando-se tradutor).
Viabilizado pelo Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação das Universidades Federais), que prevê mais recursos para as instituições em troca de ações como abertura de novos cursos e aumento de vagas, o curso de idioma polaco vem acompanhado do curso de japónês. As duas novas habilitações visam à valorização cultural e social de duas das etnias mais importantes na formação do Paraná. Os polacos chegaram no século XIX e transformaram Curitiba na terceira maior colônia polaca do mundo. Mas a valorização da identidade regional não é o único motivador das novas habilitações.
Uniwersytet Jagielloński - a primeira da Polônia
O professor Eduardo Nadalin, será o responsável direto pela habilitação em idioma polaco da UFPR, ele que foi estudante de idioma polaco, na Universidade de Cracóvia, sendo inclusive personagem do manual de ensino de lingua polaca "Cześć, jak się masz? de autoria do prof. dr. hab Władysław Miodunka, atual vice-reitor daquela universidade polaca. Para Nadalin, mercado paranaense e brasileiro já dá sinais da necessidade de mais profissionais que dominem o idioma do Papa Karol Wojtyła. “Recentemente a Junta Comercial do Paraná abriu vagas para tradutores de polaco e não foi fácil encontrar”. Para Nadalin, entretanto, uma universidade pública não deve se preocupar apenas com questões mercadológicas. “A forte imigração polaca, sobretudo na região de Curitiba, exige um resgate de identidade. Trata-se de uma parcela considerável da população que ajudou a construir a sociedade paranaense”, afirma. A graduação em polaco da UFPR será a primeira do país, o que prevê que não só curitibanos e paranaenses vão procurar se candidatar ao curso, mas também catarinenses e gaúchos, já que a etnia é bastante representativa nos dois Estados do Sul. Para o vestibular de 2009 está prevista a abertura de 10 vagas inicialmente.
Para maiores informações sobre o vestibular da FFPR acesse http://www.nc.ufpr.br ou o Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas

Difícil compra da casa própria

Novos edíficios sem compradores
Por que os polacos não conseguem financiamento para construir suas casas?
Esta é a pergunta que intitula uma reportagem do jornal Metro (publicação distribuída gratuitamente em estações de metrô, bonde elétrico e ônibus nas principais cidades da Polônia) desta segunda-feira.
A reportagem procurou saber por que, ao contrário, do período comunista mais e mais polacos não têm onde morar. Antes o sistema providenciava moradia para todos, hoje, a livre concorrência criou os “sem tetos”. São muitos os polacos que não têm onde viver. Se antes era impossível pensar em mendigos nas ruas da Polônia, atualmente os turistas são frequentemente interpelados por pessoas com trajes sujos pedindo alguns trocados.
O que aconteceu com as promessas eleitoreiras?
Segundo, o jornal, mais de três milhões de famílias polacas não conseguem ter sua casa própria, o que significa que mais ou menos 12 milhões de pessoas de uma população estimada de quase 40 milhões de habitantes vivem em situação precária. Ontem foi lançada a campanha "Dach nad głową" (telhado na cabeça) que vai tentar mobilizar os políticos para se ocuparem deste grave problema de moradia.
Em Varsóvia, Gdańsk, ou Wrocław, o preço do metro quadrado mais em conta está em torno de 7 mil złoty, o que só podem sonhar pessoas que ganham magnificamente. Para se conseguir financiamento, ou hipoteca nos bancos é preciso ter no mínimo 2 mil złoty mensais durante 30 a 40 anos para fazer o reembolso do crédito adquirido. De acordo com a empresa de pesquisa “Domu Badawczy Maison”, para 40% dos polacos, o principal problema do país é moradia. Para outros 96%, o governo pouco faz para resolver a situação.
Michał Gos, entrevistado pela reportagem, disse que trabalha como motorneiro (condutor) de Tramwaj (bonde elétrico) em Varsóvia e recebe de salário apenas 2.300. "Quando é que vou conseguir crédito para comprar uma casa com este ganho mensal? Nunca!"
Kamila e Paweł Kustroniów vieram a Varsóvia para estudar. Foram 16 anos de estudos. Ela é de Świdnik e ele de Krosno. Conheceram-se na faculdade, após 4 anos de namoro se casaram. Um ano depois nasceu a primeira filha, Jagoda. Paweł começou a trabalhar no Instituto de Meteorologii i Gospodarki Wodnej. Kamila permaneceu na faculdade, onde começou a fazer doutorado. Cinco anos atrás defendeu a tese e recebeu o título de doutora. Por essa época nasceu a segunda filha, Milena. “Estivemos vivendo em casa de estudante da universidade todo este tempo. Quisemos comprar um apartamento não muito grande. Antes de nascer Milena, tentamos empréstimo num banco. Mas nossos salários são muito baixos, mesmo para alguém com doutorado. Meu marido buscou ajuda no serviço social. Mas se recusaram a atender, pois não temos zameldowania (registro de residência) em Varsóvia e morar em casa de estudante não dá direito a este registro, ou seja, oficialmente não moramos em Varsóvia, mesmo estando aqui há 16 anos. Como é possível isto? E em nossas cidades, tampouco temos, pois lá os donos são nossos pais.”

Fotógrafas polacas 7

Foto de 1915 de Jadwiga Wolska intitulada "Mieszkancy wsi Dołęga" (moradores da vila rural de Doleg) e que tambémpresente na Exposição Fotográfica, "Ela - Documentalista - As mulheres polacas fotógrafas do século 20", com o subtítulo "Kobiety nie są sentymentalne" (Mulheres não são sentimentais), que fica aberta apenas mais esta semana, até 18 de maio, em Varsóvia, na Galeria Zachęta.

Wolska ainda muito jovem fez esta e muitas outras fotografias do moradores da vila rural de Dołega, no distrito de Szczurowa, cidade de Brzesko, na Małopolka, muito próximo a Cracóvia. Jadwiga provavelmente era da familia Wolski Tumidajski, proprietário de um palácio em Dołęga. A jovem Jadwiga, fotografou amadoristicamente cerca de 60 moradores das terras de sua família. Estes polacos eram também chamados de galicianos, por serem da província ocupada pelo Império Austro-húngaro, e dos quais muitos deles emigraram para o Paraná e se concentraram principalmente na colônia Tomás Coelho, em Araucária.