domingo, 30 de janeiro de 2011

Olbrychski despreza Jarosław Kaczyński

Daniel Olbrychski - Foto: Wojciech Surdziel
Na infância, os Kaczyński foram espancados.

A frase é de ninguém mais, ninguém mais do que o ator polaco mais representativo do cinema da Polônia e certamente o mais conhecido em todo o mundo. O polêmico Daniel Olbrychski, o mesmo que um dia entrou a cavalo num salão de exposições em Varsóvia e de espada em punho destruiu todos os posteres do Adolf Hitler.
A frase faz parte de uma longa entrevista concedida pelo ator ao jornal Rzeczpospolita e reproduzida pelos demais, neste sábado.
Para Olbrychski, Jarosław Kaczyński é desprezível. Como também são o PiS (Partido da Lei e Justiça) dos irmãos políticos. Na entrevista para Robert Mazurek no caderno "Plus Minus" , Olbrychski anuncia que vai votar a favor do PO (Partido da Plataforma Cívica), porque tem confiança neste partido, e porque "não pode admitir que os polacos possar dar o poder ao PiS.
"Eu não posso nem dizer que eu não gosto de Jarosław Kaczyński", diz Olbrychski. "Mas eu gostei de seu irmão, e da esposa. No entanto, em política, eu confio e tenho reconhecimento por pessoas como Tadeusz Mazowiecki, Jan Krzysztof Bielecki e Hanna Suchocka, e certamente não tenho por Kaczyński, Lepper, Giertych, ou Macierewicz", salienta.
Olbrychski avalia que um político que inspira "semelhante admiração sentida por Mazowiecki" é Donald Tusk. Segundo Obrychski, o ex primeiro-ministro Tadeusz Mazowiecki era a única pessoa adequada para servir como elemento de transição no período entre o fim do comunismo e a democracia que se instalou na Polônia em 1990. E ele foi um excelente primeiro-ministro naquele momento. "Eu lamento muito, quando o prejudicaram, e o que está acontecendo no momento, no entanto, as discussões dentro do PO", diz ele.
E, apesar das alegações de que "não gosto de Kaczyński", o ator fala muito fortemente: "Eu olhei para ele por muitos anos, não só agora, quando decidiu substituir o seu irmão, e eu sempre pensava nele como um homem perigoso para a política nacional e a cooperação internacional. (...) suspeito de sua liderança e de sua condição mental e que agora canta - Pátria livre, dai-nos de volta Senhor -. Kaczyński é o líder de um partido partido com fortes traços bolchevique, que avalia que a maioria da sociedade é estúpida. (...) Ele é um homem profundamente inadequado para representar a Polônia e os polacos, como gostaria de ver. Nós todos sabemos que da sua personalidade, da sua agitação,da sua falta de compreensão do mundo." Perguntado como "conhece tão bem Kaczyński", ele responde: "Por terceiros que o conhecem desde a infância, porque eu conheço pessoas que participaram juntos com os irmãos Kaczyński da elaboração do filme - Os dois que roubaram a Lua - (...) Olhando para eles como um ator tentando entender o personagem que eu fará, vejo que eles deviam ter sido espancados por colegas de classe. Um colega da produção de "Os Dois", disse que Kaczyński, estava chorando alto quando falou que deveriam voltar à escola, pois lá iriam vencer mais do que antes.(...) Eles foram espancados. Talvez indevidamente, podem ter sido provocados a agredir as pessoas com violência ali", avalia.

PS. A entrevista com o ator no caderno Plus Minus do Jornal Rzeczpospolita só pode ser acessada via Internet mediante cadastro e pagamento.

Daniel Olbrychski
Nasceu em 27 de fevereiro de 1945 em Łowicz, na Polônia, e possui uma das mais longas carreiras artísticas de um ator polaco, inclusive internacionalmente. Mais conhecido por ter sido protagônista nos filmes dirigidos por Andrzej Wajda, ele está presente em muitos filmes alemães, franceses, ingleses e hollywoodianos.
Entre suas atuações se destacam as participações no filme "O tambor", baseado no livro ganhador do Prêmio Nobel, o alemão Günther Grass, e tambem no filme "A insuportével levesa do ser". Além da atuação em "As senhoritas de Wilko", "O bosque das betulas", "Wesele" (todas dirigidas por Wajda); "Vida familiar" (dirigido por Krzysztof Zanussi), "Retratos da vida" de Claude Lelouch, "Rosa Luxemburgo" (dirigido por Margarethe von Trotta), "O barbeiro da Sibéria" (dirigido por Nikita Mijalkov) e em um dos curta-metragem do "Decálogo", de Krzysztof Kieślowski.
Em 1986, foi agraciado na França com a "Legião de Honra" e 2007, recibeu o "Prêmio Stanislavsky" no Festival de Cinema de Moscou por sua trajetória como ator e sua devoção aos princípios da escola desse grande mestre do teatro universal.