Subtrair da boca para atender à necessidade de modernos aparelhos eletrônicos? Os polacos mudaram seus hábitos alimentares durante os anos de crise. E não só isso, aprenderam a procurar os preços mais baratos na concorrência. Os dados, recém publicados pela Central de Estatística mostram que, em geral, os polacos estão comendo menos. Caiu o consumo de quase todos os alimentos.
- Pão: atualmente se come 4,3 kg por mês de pão. Cinco anos atrás, no início da crise, era de quase 5,1 kg
- Carne: Hoje - 5.4 kg / mês. Antes da crise - 5.6 kg / mês
- Peixe: Hoje - 0,42 kg / mês. Antes da crise - 0,47 kg / mês.
- Leite: Hoje - 3,4 litros / mês . Antes da crise - 3,6 l / mês.
- Legumes: Hoje - 9,6 kg / mês. Antes da crise - 10.5 kg / mês.
- Doces: Hoje - 1,67 kg / mês. Antes da crise - 1,86 kg / mês.
- Frutas: Hoje - 3,45 kg / mês. Antes da crise - 3,59 kg / mês.
Também diminuiu fortemente o consumo de arroz, massas, cereais e flocos, manteiga e margarina, ovos, chá, café ou suco de frutas.
Apenas a água mineral, entre os produtos básicos registrou um crescimento expressivo de 2,9 litros para 4 litros consumidos em média pelos polacos.
Apesar de o consumo limitado de nossas despesas de alimentos não caíram . Curiosamente, apesar da inibição da ingestão de alimentos, o polaco médio não diminuiu o apetite por equipamentos eletrônicos modernos e eletrodomésticos.
- A TV de Plasma ou LCD, que já em 2009, 22 por cento da população já possuía pelo menos uma unidade, atualmente mais da metade do moradores urbanos já a possuem, ou 55 por cento dos que vivem na cidade e 46 por cento moradores das vilas rurais.
- Computador com acesso à rede de Internet, que em 2009, era a metade da população a possuir, atualmente este percentual é de dois terços da população. - Máquina de Lavar Louça, em 2009, era de 12 por cento, agora passa dos 20 por cento dos habitantes (sendo 17,5 por cento na zona rural).
- Fogão elétrico com placa de cerâmica de cada 10 polacos 3 deles já possuem este eletrodoméstico.
De posse dos dados a imprensa está a se perguntar: por que este paradoxo de economizar em comida, mas não em equipamento eletrônico? Não comer, para comprar uma tela LCD?
Entrevistado pelo jornal Metro (sim aquele mesmo que é entregue gratuitamente nas ruas de Curitiba e São Paulo) o prof. Witold Orlowski da PwC (PricewaterhouseCoopers Polska Sp. z o.o.) respondeu que "os polacos sentiram a crise, tornaram-se cada vez mais receosos a repeito do mercado de trabalho e, certamente, isso teve um impacto nas suas compras de alimentos. Eles procuraram por alternativas mais baratas. Mas duvido que a redução quantitativa da ingestão de alimentos possa ser de ordem econômica. Comprar menos comida é sim uma conseqüência da moda por um estilo de vida mais saudável. De um ponto de vista médico, deve-se estar feliz que mais pessoas pararam de comer demais".
Já para o economista Marek Zuber da Dexus Partners, "há pessoas que adiam a decisão de comprar suas casas próprias, vivendo de alugueis em pequenos apartamentos só para ter o prazer de dirigir carros de luxo. Há também um grupo de pessoas que são capazes de comer menos para gastar esse dinheiro em gastar em produtos mais caros".
Já o prof. Tadeusz Popławski, sociólogo da Universidade de Białystok, não é de todo surpreendente que os polacos tirem da boca para tomar posse de equipamentos sofisticados: "Hoje, a tecnologia moderna não é mais um luxo, tornou-se necessidade básica. Desejá-los a um grau semelhante ao da comida pode ser explicado pela lente de como é visto o comportamento das crianças - uma vez a criança pediu aos pais dinheiro para comprar doces, batatas fritas e sorvetes. Hoje, as mesmas crianças, colocam em um cofrinho dinheiro para comprar em seu smartphone ou tablet".